quinta-feira, 30 de setembro de 2010
B.O.M. 2010
Há semelhança da última edição deste festival, o cartaz foi pouco ambicioso se compararmos com o mesmo certame de 2008, onde nomes internacionais de inegável qualidade estiveram no cardápio, como foram os casos de Vic Chesnutt e de Mark Eitzel com os American Music Club. O encolhimento de largueza já se tinha verificado no passado ano de 2009.
Em matéria de nomes consagrados no B.O.M. 2010 pontificou a sempre surpreendente Lula Pena, que trouxe ao palco um novo disco: «Troubadour».
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (X)
O fim do RCP-Rádio Clube Português
Projecto falhado
No dia 29 de Janeiro de 2007 arrancava o renovado RCP-Rádio Clube Português. As novas metas traçadas eram ambiciosas e isso nunca foi escondido, pelo contrário. Não faltaram frases eloquentes e até acutilantes aquando do lançamento do novo projecto de radiodifusão em Portugal. Roubar ouvintes às rádios TSF e Antena1, ultrapassando-as nas audiências, por exemplo.
Para além das ambições irrealistas num mercado exíguo que não perdoa desvarios e tiros na água, houve bons momentos no este Verão "descontinuado" RCP. Programas de interesse, gente interessante à qual vale sempre a pena dedicarmos o nosso tempo de escuta, e boas intervenções de convidados, colaboradores, colunistas, etc. Boas vozes e bons profissionais. O RCP tinha tudo para ser uma boa Rádio em Portugal. Tinha tudo e teve tudo, menos orientação forte e definida.
O maior lamento
Quando encerra uma estação de Rádio com as características do RCP [uma rádio de palavra] não é mesma coisa de quando encerra uma estação estritamente musical [mega-giradiscos, sem pessoas a comunicarem]. A palavra é a essência da Rádio, é a sua razão de existir. E nos dias actuais ainda mais essa sagrada premissa é válida. Ninguém, ou já muito pouca gente necessita da Rádio para ouvir apenas e só música. Sem palavra, a Rádio está destituída da sua razão primordial de existir.
Quando morre uma estação de Rádio não morre apenas um nome, uma sigla ou uma marca. Equivale a algo mais que a morte de um conhecido ou dum ente querido. É uma família inteira que desaparece.
O que mais se lamenta neste encerramento é o conjunto de profissionais que ficam afastados do mundo da Rádio. Poderá ter sido o fim da carreira de pessoas que quiseram fazer Rádio na vida e que podem não poder voltar a ter uma oportunidade de continuarem na profissão. Um verdadeiro horror para quem se dedicou anos e anos a uma causa e até a própria vida à Rádio.
11 de Julho 2010
Na noite em que Espanha se sagrou campeão do Mundo em Futebol, as duas últimas canções do RCP antes do encerramento à meia-noite de Domingo para segunda-feira: “Spanish Bombs” dos The Clash e o icónico “E Depois do Adeus” na voz de Paulo de Carvalho, o tema emblema de uma revolução nacional que teve história no Rádio Clube Português original, em 1974, e que também encerraria no ano seguinte. Enfim, encerrar está na história desta estação.
A última voz no RCP foi a de Nuno Infante do Carmo, na última «Banda Sonora» da estação: “Boa noite e até sempre”.
E depois da meia-noite
“It’s Now or Never” de Elvis Presley e “The Long And Widding Road” dos The Beatles. Foram as primeiras canções do defunto espaço hertziano até então ocupado pelo RCP. O regresso da Rádio Nostalgia, com as mesmas canções que ouvíramos durante anos a fio antes do fecho enquanto Rádio Nostalgia (na rede regional sul) e até à refundação do RCP pelas mãos do então administrador da Média Capital Pedro Tojal em 2003.
Mais tarde ficou a saber-se que vai chamar-se Star FM.
O último relato
Poderia ter sido o último relato de Fernando Correia na Rádio portuguesa. Foi na transmissão da final do campeonato do mundo.
Aos 74 anos de idade e com uma carreira com mais de cinquenta anos na Rádio, continua a ser o melhor narrador radiofónico de futebol ainda vivo. Ainda vivo, em actividade e em grande forma. A despedida foi com palavras de conforto dizendo que, para um narrador, nunca é o último relato, nunca é o último jogo. E o próximo é sempre o mais importante. Seja como for, e independentemente de não o podermos voltar a ouvir narrar (a nível nacional) como ninguém um jogo de futebol, não é ele que precisa da Rádio. É a Rádio que precisa dele.
O regresso
Fernando Correia regressou aos relatos logo no mês seguinte, no dia 28 de Agosto, no relato do encontro da primeira liga entre o Benfica e o Vitória de Guimarães. Com ele estavam o comentador de arbitragem Carlos Cardoso e o comentador técnico Octávio Machado.
Foi na rádio regional NFM. Desconheço o projecto NFM e não posso pronunciar-me sobre esta estação de Rádio. Sabe-se que não é uma das grandes no panorama nacional, mas soube avaliar a importância de ter um narrador de Futebol como Fernando Correia. É lá que o podemos continuar a ouvir.
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O que eles dizem (51)
O RCP não morreu. Foi morto. Foi assassinado por espanhóis.
José Nuno Martins
In: RTP-N
04 Agosto 2010 (23:37)
O mercado inverteu as regras.
Álvaro Costa
In: RTP-N
04 Agosto 2010 (23:49)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Dez Coisas do Verão 2010 (IX)
"50 anos" de Beatles
Só em Portugal é que se ouviu falar disto. Um disparate completo. Foi notícia em alguns jornais e
telejornais nacionais, mas não apareceu nenhuma referência do género na imprensa especializada em música no estranjeiro. É estranho? Não há uma data de nascimento dos Beatles. A única data em que a história se pode agarrar é ao conhecimento pessoal entre John Lennon e Paul McCartney, algures em 1957. As únicas datas em que se podia e devia agarrar este ano é a da comemoração dos 50 anos sim, mas da primeira actuação da banda - já enquanto Beatles - num club nocturno em Hamburgo, na Alemanha, e a do próprio fim dos Beatles enquanto banda - há 40 anos - no ano de 1970.
telejornais nacionais, mas não apareceu nenhuma referência do género na imprensa especializada em música no estranjeiro. É estranho? Não há uma data de nascimento dos Beatles. A única data em que a história se pode agarrar é ao conhecimento pessoal entre John Lennon e Paul McCartney, algures em 1957. As únicas datas em que se podia e devia agarrar este ano é a da comemoração dos 50 anos sim, mas da primeira actuação da banda - já enquanto Beatles - num club nocturno em Hamburgo, na Alemanha, e a do próprio fim dos Beatles enquanto banda - há 40 anos - no ano de 1970.
Em Portugal não se dá ouvidos a quem sabe e inventa-se muito.
Luís Pinheiro de Almeida (jornalista; ex-radialista autor de programas como «Amigos de Alex» e «Ob-La-Di Ob-La-Da» na Renascença-FM/RFM; autor do blogue «IÉ-IÉ»; co-autor do livro «Beatles em Portugal») alertou para a verdade dos factos. O maior especialista e conhecedor de Beatles em Portugal sabe do que fala quando fala dos Beatles. E não inventa.
A Luís Pinheiro de Almeida devo o agradecimento de não ter cometido uma das maiores 'gaffes' que cometeria na minha carreira de radialista se tivesse dito que os Beatles faziam 50 anos em Agosto deste ano, em todas as vezes que neste Verão de 2010 passei temas - e não foram tão poucos assim - dos quatro de Liverpool. Também devo dizer das maravilhosas horas (e anos de ouvinte) na escuta de dois dos melhores programas que "apanhei" na Rádio [das poucas coisas que gostei de ouvir na Renascença]: os supra citados «Amigos de Alex» e «Ob-La-Di, Ob-La-Da».
Para além, é claro, das pérolas de várias faunas oferecidas desde 2007 no blogue «IÉ-IÉ» (http://guedelhudos.blogspot.com/).
Já agora, informo os ouvintes/leitores da «Rádio Crítica» que Luís Pinheiro de Almeida será um dos próximos convidados do programa «A Playlist de...»* na TSF (2ª a 6ª feira, das 13:00 às 14:00 + versão compacto Domingos das 17:00 às 18:00).
Claro que, entre outras escolhas, haverá Beatles!
* O programa «Amigos de Alex» também está homenageado na lista de escolhas, com o som do
indicativo, mais concretamente os coros iniciais no tema "You Can’t Always Get What You Want" dos Rolling Stones.
indicativo, mais concretamente os coros iniciais no tema "You Can’t Always Get What You Want" dos Rolling Stones.
O regresso do urso
A vida é feita de pequenos nadas, já lá diz a canção de Sérgio Godinho. Na verdade, a vida é feita de pequeníssimos nadas que valem muito e às vezes valem tudo na Vida.
Isto para dizer que foi com uma alegria imensa que redescobri uma canção - mais uma! - que
procurava há anos e anos a fio (com hiatos), sem nunca a encontrar. Em rigor, desde há mais de 26 anos. E, de repente, na semana em que conheço pessoalmente o autor de «Amigos de Alex», vem-me parar à sopa da Rádio esse tema há muito procurado: a canção "Ode to a Koala Bear". E em vários formatos digitais. Enfim, nestes domínios hoje em dia quase tudo é possível. E não há fome que não dê em fartura. Não acredito cegamente em provérbios, mas neste caso aplica-se. Esta canção andou a soar nos meus ouvidos de consumidor acérrimo da Rádio Comercial na primeira metade dos anos 80. Conhecia-a ouvindo as manhã de Carlos Pinto Coelho, onde "Ode to a Koala Bear" foi presença assídua. Também à noite, no programa «24ª Hora», com apresentação de Pedro Castelo.
procurava há anos e anos a fio (com hiatos), sem nunca a encontrar. Em rigor, desde há mais de 26 anos. E, de repente, na semana em que conheço pessoalmente o autor de «Amigos de Alex», vem-me parar à sopa da Rádio esse tema há muito procurado: a canção "Ode to a Koala Bear". E em vários formatos digitais. Enfim, nestes domínios hoje em dia quase tudo é possível. E não há fome que não dê em fartura. Não acredito cegamente em provérbios, mas neste caso aplica-se. Esta canção andou a soar nos meus ouvidos de consumidor acérrimo da Rádio Comercial na primeira metade dos anos 80. Conhecia-a ouvindo as manhã de Carlos Pinto Coelho, onde "Ode to a Koala Bear" foi presença assídua. Também à noite, no programa «24ª Hora», com apresentação de Pedro Castelo.
McCartney com back vocals de Michael Jackson aparecia no éter da Rádio Comercial muitas vezes ao lado de "Oh, Sherrie" de Steve Perry. Que tempos!
"Ode to a Koala Bear" é o lado B do single "Say, Say, Say" de Paul MacCartney em dueto com
Michael Jackson. Na altura parecia-me que as back vocals eram de vozes femininas e a letra da canção parecia-me dirigida a crianças. Mas não. Vendo agora, ao fim destes anos todos, afinal o tema "Ode to a Koala Bear" é uma canção de amor.
Michael Jackson. Na altura parecia-me que as back vocals eram de vozes femininas e a letra da canção parecia-me dirigida a crianças. Mas não. Vendo agora, ao fim destes anos todos, afinal o tema "Ode to a Koala Bear" é uma canção de amor.
A imagem fixa neste vídeo no YouTube é a contracapa desse single. Vemos MaCartney e Jackson (nos bons velhos tempos deste) fotografados em estúdio pela então mulher de Paul, Linda McCartney.
Imagem e som de 1983:
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (VIII)
Marta Blasco & Letras Com Vida
Já o Verão estava de partida quando a fotógrafa/artista plástica Marta Blasco inaugurou a esposição «Papeles Rotos», no espaço Arthobler na Livraria «Ler Devagar» na LX-Factory, em Lisboa.
Oportunidade de falar e conhecer pessoalmente a autora espanhola - que compreende bem a língua portuguesa - linda e gravidíssima (não só de esperanças).
Marta Blasco nasceu em 1974 em Valência e vive em Mallorca.
Arthobler Lisboa - Galeria de Arte Contemporânea
Marta lasco – Papeles Rotos
Exposição de 23 Setembro a 31 Outubro
Horário: 4ª – Dom. 15h00 – 20h00
Galeria Arthobler-Lisboa
Lx Factory – Edifício G03 1300-501
Lisboa tel. +351 965 865 186
lx@arthobler.com
www.arthobler.com
Na mesma Livraria «Ler Devagar» na LX-Factory, em Lisboa, e na mesma noite de Marta Blasco, o lançamento de uma nova revista literária.
«Letras Com Vida» é semestral e custa 18,75 €. É dirigida por Miguel Real e Béata Cieszynska. No número inaugural destaque para a entrevista a Fernando Savater, às evocações de Jacinto do Prado Coelho e Mário Dionísio e ainda para o dossiê temático sobre literatura e política.
«Letras Com Vida» é Literatura, Cultura e Arte. Bom grafismo e refinada arte final, apenas escasseiam imagens, a fim de descongestionar o olhar da densidade textual.
Ópimo encontro no jantar e ao serão, na companhia da escritora Ana Constança Messeder, da professora Ana Silva, Miguel Real (co-director), José Eduardo Franco (coordenador editorial), Rosa Fina (conselho de redacção) e do colega da Rádio Luís Caetano (jornalista da área cultural na Antena2).
No segundo número, daqui a quase seis meses, chamada de atenção para o Estado da Arte 2000-2010 e para uma entrevista ao filósofo francês Gilles Lipovetsky.
Vida longa a estas letras!
Já o Verão estava de partida quando a fotógrafa/artista plástica Marta Blasco inaugurou a esposição «Papeles Rotos», no espaço Arthobler na Livraria «Ler Devagar» na LX-Factory, em Lisboa.
Oportunidade de falar e conhecer pessoalmente a autora espanhola - que compreende bem a língua portuguesa - linda e gravidíssima (não só de esperanças).
Marta Blasco nasceu em 1974 em Valência e vive em Mallorca.
Arthobler Lisboa - Galeria de Arte Contemporânea
Marta lasco – Papeles Rotos
Exposição de 23 Setembro a 31 Outubro
Horário: 4ª – Dom. 15h00 – 20h00
Galeria Arthobler-Lisboa
Lx Factory – Edifício G03 1300-501
Lisboa tel. +351 965 865 186
lx@arthobler.com
www.arthobler.com
Na mesma Livraria «Ler Devagar» na LX-Factory, em Lisboa, e na mesma noite de Marta Blasco, o lançamento de uma nova revista literária.
«Letras Com Vida» é semestral e custa 18,75 €. É dirigida por Miguel Real e Béata Cieszynska. No número inaugural destaque para a entrevista a Fernando Savater, às evocações de Jacinto do Prado Coelho e Mário Dionísio e ainda para o dossiê temático sobre literatura e política.
«Letras Com Vida» é Literatura, Cultura e Arte. Bom grafismo e refinada arte final, apenas escasseiam imagens, a fim de descongestionar o olhar da densidade textual.
Ópimo encontro no jantar e ao serão, na companhia da escritora Ana Constança Messeder, da professora Ana Silva, Miguel Real (co-director), José Eduardo Franco (coordenador editorial), Rosa Fina (conselho de redacção) e do colega da Rádio Luís Caetano (jornalista da área cultural na Antena2).
No segundo número, daqui a quase seis meses, chamada de atenção para o Estado da Arte 2000-2010 e para uma entrevista ao filósofo francês Gilles Lipovetsky.
Vida longa a estas letras!
domingo, 26 de setembro de 2010
Dez Coisas do Verão 2010 (VII)
A-25
Foi o mais grave acidente de viação de sempre em Portugal. De cada vez que há um acidente mais grave que o anterior parece que não poderá existir um ainda maior. Mas há. E, até agora, foi este ocorrido na A-25. Em rigor foram dois acidentes, um em cada sentido, na zona do nó de Talhadas. Na tarde do dia 23 de Agosto o tempo não era de Verão naquela zona do Centro do País. Nevoeiro intenso e chuva. Mais de cinquenta veículos envolvidos, choques em cadeia, carros incendiados, pessoas mortas e muitos feridos, grande parte deles com gravidade.
Há dez anos fiz algumas vezes os dois sentidos do então IP-5. Vivia-se um Verão bastante quente e seco e nunca apanhei mau tempo, quer sendo de dia ou de noite. Havia a então chamada "tolerância zero" (assim como, entre outras, na Estrada Nacional 125 no Algarve e na Estrada Nacional nº10 entre Lisboa e Setúbal). Era obrigatório a utilização de faróis médios ligados e velocidades máximas estabelecidas. Seguindo todas as regras não se vislumbrava o mínimo de perigo. E é este o ponto fulcral: o cumprimento das regras de segurança. De preferência sempre com o auto-rádio ligado numa estação que transmita informações de trânsito.
Há dez anos fiz algumas vezes os dois sentidos do então IP-5. Vivia-se um Verão bastante quente e seco e nunca apanhei mau tempo, quer sendo de dia ou de noite. Havia a então chamada "tolerância zero" (assim como, entre outras, na Estrada Nacional 125 no Algarve e na Estrada Nacional nº10 entre Lisboa e Setúbal). Era obrigatório a utilização de faróis médios ligados e velocidades máximas estabelecidas. Seguindo todas as regras não se vislumbrava o mínimo de perigo. E é este o ponto fulcral: o cumprimento das regras de segurança. De preferência sempre com o auto-rádio ligado numa estação que transmita informações de trânsito.
sábado, 25 de setembro de 2010
Dez Coisas do Verão 2010 (VI)
Ocean Spirit
É evento para ser acompanhado por rádios como a Cidade, Mega ou Antena3 (não tanto para esta última). O festival de demonstrações de desportos radicais no Mar decorreu mais uma vez na Praia de Santa Cruz. Desportos radicais para todos num Mar para poucos. Bandeira vermelha na maior parte das vezes. É assim o Mar de Santa Cruz. Sempre foi. Quem gosta de ondas grandes e fortes não se queixa.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (V)
Leonard Cohen
One of Us Cannot be Wrong
O serão de dia 10 de Setembro foi um soporífero fatal para uma noite de sexta-feira. O concerto do canadiano Leonard Cohen em Lisboa. O terceiro em três anos consecutivos. O escritor de canções intemporais como “Suzanne” ou “So Long, Marianne” encontra-se a anos-luz do seu passado primordial. O Cohen que mais aprecio e verdadeiramente me enche as medidas é o Cohen de 1967 a 1971, dos álbuns «Songs of Leonard Cohen», «Songs From a Room» e «Songs of Love and Hate» (especialmente este último). Um Cohen trovador, filho da neve, rasante e solitário no grito da dor e da condição humana. Um Cohen de uma escrita riquíssima. Nesse aspecto, uns passos à frente de Bob Dylan. Até mesmo a nível melódico. Desde então para cá foi sempre a descer [excepção feita à colaboração com Philip Glass em 2007]. Este Verão, nas duas semanas antecedentes ao concerto de Cohen em Lisboa, fui divulgando na Rádio o regresso do autor de canções como “Bird on The Wire”; “Chelsea Hotel”; “Suzanne” e “So Long, Marianne”. Passei-as a par de outras como “The Stranger Song”, “Sisters of Mercy” e “Hey, That’s No Way To Say Goodbye”. Mas não era exactamente esse o artista a que o público ia afluir.
O compositor, cantor e intérprete que esteve no Pavilhão atlântico é uma personificação do seu próprio fantasma. Um espelho irreal do seu irrepetível passado de trovador de guitarra acústica em punho. E até mesmo as canções mais antigas perderam todo o sal, apresentadas que foram sempre sob o mesmo manto demasiado warm and friendly.
Let's Sing Another Song, Boys
O Cohen do actual jubileu/celebração surgiu em 1985, com o álbum «Various Positions» (já não editava desde «Recent Songs» de 1979) e muito à custa de uma hit-song chamada "Dance me to the End of Love". Desde então, Leonard Cohen tornou-se irremediavelmente num baladeiro burguês e acomodado, sem uma nesga da acutilância poética e performativa de finais de 60, inícios de 70.
Este processo "transformista" não é caso único. A história da música popular está cheia de exemplos destes. O mais sonante a nível mundial foi o caso de Elvis Presley. De roqueiro irreverente e inovador passou a baladeiro romanesco, num arrastar de decadência até ao último concerto semanas antes de morrer. Outro caso que estava a começar a seguir o mesmo caminho foi o de John Lennon. Não sabemos o que se seguiria a «Double Fantasy» (último álbum editado em vida, em 1980), mas o outrora inconformado Beatle já começava a "encostar-se" à toada baladeira. Por cá, temos o exemplo de Rui Veloso. De (quanto a mim falsamente) denominado "pai do rock português" (com muito caldo de blues) passou a lamentável cantor romântico. Desde o disco homónimo de 1986 - que apesar de traçar já algum do caminho que se verifica agora, foi um bom trabalho - nunca mais fez nada de melhor e, desde essa, altura foi sempre a cair. Comparem o primeiro álbum de Rui Veloso [«Ar de Rock»; está agora a completar 30 anos] com o mesmo homem hoje e vejam as diferenças.
Teachers
A questão da idade não é desculpa. Há quem tenha a idade de Cohen e mais ainda e continua a ser o que sempre foi. Compay Segundo, já com mais de 90 anos de idade, continuava a ser uma força da natureza em palco. Até morrer foi o que sempre foi. Quer em palco, quer em disco. O mesmo se pode dizer do também cubano Ibrahim Ferrer, ou do norte-americano B.B. King, que ainda este ano arrasou numa actuação no norte de Portugal (B.B. King tem mais nove anos que Cohen!). Assim foi também o padrinho da Soul, James Brown. O brasileiro João Gilberto, pai da «Bossa Nova», aos 79 anos de idade continua a actuar sozinho em palco e assim é desde 1958 (já o mesmo não se pode dizer do seu discípulo Caetano Veloso, que há anos escorrega vertiginosamente para a baladice). E o que dizer de Bob Dylan ou de Mick Jagger dos Rolling Stones se não a mesma coisa? A idade não é desculpa e Cohen está em boa forma física e intelectual, e a voz - embora mais farfalhenta e grave - continua em bom estado.
Os artistas têm todo o direito de mudar de rumo na carreira. De fazerem opções e mudarem de objectivos musicais. Esses direitos estão fora de questão e não se discutem. Mas há um preço a pagar. Mudam os rumos musicais e com isso mudam os seus públicos. Mas eles - os artistas musicais - sabem muito bem que a mudança lhes engrossa os rendimentos financeiros. Perdem os selectos da origem, mas alcançam novas multidões menos conhecedoras e exigentes, que vão na música. Business is business!
Hey, That´s no Way to Say Goodbye
...................................................................................................................................
Love Calls You By Your Name
A canção "Love Calls You By Your Name" [do álbum «Songs of Love and Hate»] estava no alinhamento, mas por falta de tempo já não pôde ser incluída. Seria a última desse programa.
Na última noite em que a IF foi transmitida pela TSF, eu estava em emissão e quis dedicar os quinze minutos que lhe antecederam incluindo esta canção de Leonard Cohen. Foi a última vez que a pude passar na rádio. Agora, nestes tempos de songs they never play on the radio, ela ainda pode ser escutada na emissão do 23º aniversário da IF. As melhores canções são como as pessoas: é nos momentos maus que se revelam. E a rádio já não passa as melhores canções.
As canções que gostaria que Leonard Cohen tivesse cantado:
Avalanche; Master Song; The Stranger Song; Hey That’s no Way to Say Goodbye; Dress Rehearsal Rag; Diamonds In The Mine; Last Yar’s Man; Joan Of Arc; Love Calls You By Your Name; Sing Another Song Boys; You Know Who I Am; Tonight Will Be Fine; The Partisan; The Old Revolution; The Bucher; Story of Isaac; Seem So Long Ago Nancy; Lady Midnight; A Bunch of Lonesome Heroes; The Guests.
(+ estas que Cohen cantou, mas que fossem no estilo original despido de orquestrações e singers):
Bird on a Wire; Who by Fire; Chelsea Hotel #2; The Partisan; ; Suzanne ; Sisters of Mercy ; So Long, Marianne.
One of Us Cannot be Wrong
O compositor, cantor e intérprete que esteve no Pavilhão atlântico é uma personificação do seu próprio fantasma. Um espelho irreal do seu irrepetível passado de trovador de guitarra acústica em punho. E até mesmo as canções mais antigas perderam todo o sal, apresentadas que foram sempre sob o mesmo manto demasiado warm and friendly.
O Cohen do actual jubileu/celebração surgiu em 1985, com o álbum «Various Positions» (já não editava desde «Recent Songs» de 1979) e muito à custa de uma hit-song chamada "Dance me to the End of Love". Desde então, Leonard Cohen tornou-se irremediavelmente num baladeiro burguês e acomodado, sem uma nesga da acutilância poética e performativa de finais de 60, inícios de 70.
Este processo "transformista" não é caso único. A história da música popular está cheia de exemplos destes. O mais sonante a nível mundial foi o caso de Elvis Presley. De roqueiro irreverente e inovador passou a baladeiro romanesco, num arrastar de decadência até ao último concerto semanas antes de morrer. Outro caso que estava a começar a seguir o mesmo caminho foi o de John Lennon. Não sabemos o que se seguiria a «Double Fantasy» (último álbum editado em vida, em 1980), mas o outrora inconformado Beatle já começava a "encostar-se" à toada baladeira. Por cá, temos o exemplo de Rui Veloso. De (quanto a mim falsamente) denominado "pai do rock português" (com muito caldo de blues) passou a lamentável cantor romântico. Desde o disco homónimo de 1986 - que apesar de traçar já algum do caminho que se verifica agora, foi um bom trabalho - nunca mais fez nada de melhor e, desde essa, altura foi sempre a cair. Comparem o primeiro álbum de Rui Veloso [«Ar de Rock»; está agora a completar 30 anos] com o mesmo homem hoje e vejam as diferenças.
Teachers
A questão da idade não é desculpa. Há quem tenha a idade de Cohen e mais ainda e continua a ser o que sempre foi. Compay Segundo, já com mais de 90 anos de idade, continuava a ser uma força da natureza em palco. Até morrer foi o que sempre foi. Quer em palco, quer em disco. O mesmo se pode dizer do também cubano Ibrahim Ferrer, ou do norte-americano B.B. King, que ainda este ano arrasou numa actuação no norte de Portugal (B.B. King tem mais nove anos que Cohen!). Assim foi também o padrinho da Soul, James Brown. O brasileiro João Gilberto, pai da «Bossa Nova», aos 79 anos de idade continua a actuar sozinho em palco e assim é desde 1958 (já o mesmo não se pode dizer do seu discípulo Caetano Veloso, que há anos escorrega vertiginosamente para a baladice). E o que dizer de Bob Dylan ou de Mick Jagger dos Rolling Stones se não a mesma coisa? A idade não é desculpa e Cohen está em boa forma física e intelectual, e a voz - embora mais farfalhenta e grave - continua em bom estado.
Os artistas têm todo o direito de mudar de rumo na carreira. De fazerem opções e mudarem de objectivos musicais. Esses direitos estão fora de questão e não se discutem. Mas há um preço a pagar. Mudam os rumos musicais e com isso mudam os seus públicos. Mas eles - os artistas musicais - sabem muito bem que a mudança lhes engrossa os rendimentos financeiros. Perdem os selectos da origem, mas alcançam novas multidões menos conhecedoras e exigentes, que vão na música. Business is business!
Hey, That´s no Way to Say Goodbye
Diz, quem lá ficou as quase três horas e meia de espectáculo, que a segunda e terceira partes foram melhores, sendo a última uma série de encores. Foi, talvez, a última vez que Leonard Cohen actuou em Portugal. Admiro o estoicismo de quem aguentou a noite no Pavilhão Atlântico. Eu saí no primeiro intervalo.
Alinhamento do concerto:
Primeira parte
01. Dance Me to the End of Love
01. Dance Me to the End of Love
02. The Future
03. Ain't No Cure for Love
04. Bird on a Wire
05. Everybody Knows
06. In My Secret Life
07. Who by Fire
08. The Darkness
09. Born in Chains
10. Chelsea Hotel #2
11. Waiting for the Miracle
12. Anthem
Segunda parte
13. Tower of Song
14. Suzanne
15. Sisters of Mercy
16. The Gypsy Wife
17. Feels So Good
18. The Partisan
19. Boogie Street
20. Hallelujah
21. I'm Your Man
22. Take This Waltz
Encores
23. So Long, Marianne
24. First We Take Manhattan
25. Famous Blue Raincoat
26. If It Be Your Will
27. Closing Time
28. I Tried to Leave You
29. Heart With No Companion
29. Heart With No Companion
...................................................................................................................................
O que ele diz (ou já disse):
Não percebo o fascínio que as pessoas têm com o número de mulheres que tive. A grande maioria das minhas noites passei-as sozinho. E não foi por opção.
É sempre uma surpresa agradável quando uma mulher nos dá acesso ao seu coração e ao seu ventre. É a mulher que escolhe. Todas as técnicas da sedução são irrelevantes.
Não falamos sobre a vida e a morte. O que é provavelmente a coisa mais importante que nos une: eu falo com o Dylan como um amigo verdadeiro, como um ser humano normal. Não espero dele lições de moral, conselhos ou palavras profundas e sábias.
Love Calls You By Your Name
Há uma forte ligação desta canção a certos momentos da Rádio. Conheci-a através da «Íntima Fracção», passei-a em muitas noites da rádio durante mais de uma década. É uma canção que salva – pode salvar – a alma e o coração. É purgatória e reflexiva. "Love Calls You By Your Name" não faz parte do grande lote das canções mais conhecidas deste canadiano, filho da neve, mas também podia - e pode - estar entre as melhores do século XX. É a descida àquilo que o pensador George Steiner chama de “tribunal das memórias”, uma espécie de auto-exame em que, segundo Steiner, se formos verdadeiramente sinceros, chumbamos. Sem excepções. Descobrimos “o estranho” que há em nós ("I Was The Stranger", como cantou Cohen).
Na série de programas «Como no Cinema», houve uma edição intitulada "Canções de Amor e Ódio". O programa foi para transmitido em directo na TSF em Junho de 2001 e publicado na Internet em Fevereiro de 2007. É, até hoje, a emissão da série com mais procura e com mais downloads efectuados.A canção "Love Calls You By Your Name" [do álbum «Songs of Love and Hate»] estava no alinhamento, mas por falta de tempo já não pôde ser incluída. Seria a última desse programa.
Na última noite em que a IF foi transmitida pela TSF, eu estava em emissão e quis dedicar os quinze minutos que lhe antecederam incluindo esta canção de Leonard Cohen. Foi a última vez que a pude passar na rádio. Agora, nestes tempos de songs they never play on the radio, ela ainda pode ser escutada na emissão do 23º aniversário da IF. As melhores canções são como as pessoas: é nos momentos maus que se revelam. E a rádio já não passa as melhores canções.
Interessante entrevista, para um programa de TV, a Leonard Cohen em 2009, a meio da digressão que o trouxe três vezes a Portugal em três anos consecutivos (2008, 2009, 2010). Em sua própria casa, na cidade canadiana de Montreal:
As canções que gostaria que Leonard Cohen tivesse cantado:
Avalanche; Master Song; The Stranger Song; Hey That’s no Way to Say Goodbye; Dress Rehearsal Rag; Diamonds In The Mine; Last Yar’s Man; Joan Of Arc; Love Calls You By Your Name; Sing Another Song Boys; You Know Who I Am; Tonight Will Be Fine; The Partisan; The Old Revolution; The Bucher; Story of Isaac; Seem So Long Ago Nancy; Lady Midnight; A Bunch of Lonesome Heroes; The Guests.
(+ estas que Cohen cantou, mas que fossem no estilo original despido de orquestrações e singers):
Bird on a Wire; Who by Fire; Chelsea Hotel #2; The Partisan; ; Suzanne ; Sisters of Mercy ; So Long, Marianne.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (IV)
António Pocinho
Antropólogo, escritor, cronista e dramaturgo, António Pocinho foi um dos nomes que participaram na série de programas «Como no Cinema» que realizei na TSF nos anos 2000 e 2001. Antes, já tinha participado nos espaços «Sons & Palavras» que também realizei na TSF durante todo o ano de 1999. Nesses espaços foi feita a estreia absoluta do livro «Os Pés Frios Dentro da Cabeça» [edições FENDA] pela voz do próprio autor. Um livro que retrata muitos dos inúmeros aspectos do desconforto psicológico.
António Pocinho também é autor dos livros «Elucidário Sexual», «Quanto Custa Criar Uma Sardinha», «A Ilustre Máquina de Ramires» e «Rosto Pintado de Anjo no Cinema», e das peças de teatro «Balada a Mr. Brandy» e «Unidril 500».
No frio das noites de Janeiro de 1999, António Pocinho deslocava-se no seu vetusto Renault 4L branco à Rua 3 da Matinha para gravar - a troco de nada - os textos inéditos da obra «Os Pés Frios Dentro da Cabeça» que viriam a povoar muitos dos espaços de «Sons & Palavras» na emissão de continuidade da TSF.
Também dessas sessões fundas na noite resultaram as participações cruciais de António Pocinho nas emissões "Estrada Perdida" da série «Como no Cinema».
António Pocinho em «Como no Cinema»:
António Pocinho morreu no dia 12 de Agosto deste ano, aos 52 anos de idade.
Antropólogo, escritor, cronista e dramaturgo, António Pocinho foi um dos nomes que participaram na série de programas «Como no Cinema» que realizei na TSF nos anos 2000 e 2001. Antes, já tinha participado nos espaços «Sons & Palavras» que também realizei na TSF durante todo o ano de 1999. Nesses espaços foi feita a estreia absoluta do livro «Os Pés Frios Dentro da Cabeça» [edições FENDA] pela voz do próprio autor. Um livro que retrata muitos dos inúmeros aspectos do desconforto psicológico.
António Pocinho também é autor dos livros «Elucidário Sexual», «Quanto Custa Criar Uma Sardinha», «A Ilustre Máquina de Ramires» e «Rosto Pintado de Anjo no Cinema», e das peças de teatro «Balada a Mr. Brandy» e «Unidril 500».
No frio das noites de Janeiro de 1999, António Pocinho deslocava-se no seu vetusto Renault 4L branco à Rua 3 da Matinha para gravar - a troco de nada - os textos inéditos da obra «Os Pés Frios Dentro da Cabeça» que viriam a povoar muitos dos espaços de «Sons & Palavras» na emissão de continuidade da TSF.
Também dessas sessões fundas na noite resultaram as participações cruciais de António Pocinho nas emissões "Estrada Perdida" da série «Como no Cinema».
António Pocinho em «Como no Cinema»:
"Estrada Perdida" (1ª parte) DOWNLOAD
"Estrada Perdida" (2ª parte) DOWNLOAD
"Estrada Perdida" (3ª parte) DOWNLOAD
António Pocinho morreu no dia 12 de Agosto deste ano, aos 52 anos de idade.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (III)
04 de Agosto 2010
75 anos de serviço público de radiodifusão em Portugal
A Televisão, que sempre tratou mal (ou nunca soube tratar bem) a Rádio, fez uma emissão muito interessante sobre os 75 anos de serviço público de radiodifusão em Portugal na RTP-Memória.
Quer através do programa «No Ar - A História da Rádio em Portugal», tendo como convidado o director da RDP (Rui Pego), quer pela transmissão de programas de TV mais antigos sobre Rádio. Entre eles, a magnífica conversa de Ana Sousa Dias com o radialista da Antena2 António Cartaxo, na recuperação do programa «Por Outro Lado», originalmente emitido na RTP2 em 2004.
Na RTP-N, à noite, também houve um interessante debate com vários convidados: Adelino Gomes, José Nuno Martins, Sansão Coelho e Álvaro Costa.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (II)
Editado no dia 7 de Junho, «ARK» de Brendan Perry foi o disco que mais ouvi neste Verão. Primeiramente programado para ser editado em Fevereiro, o segundo trabalho a solo do fundador dos Dead Can Dance foi sendo adiado até às portas do Verão 2010.
Já em Março, em pleno concerto inaugural da digressão mundial de «ARK» - no palco do Santiago Alquimsta em Lisboa - o próprio autor anunciou a edição para Junho sob o selo da Cooking Vinyl. A nova editora representa o fim da longa duração (1984 - 2009) de Brendan Perry com a casa-mãe 4AD, a label independente britanica que também acolheu a totalidade da profícua carreira dos Dead Can Dance, para além da primeira fase da carreira a solo da co-fundadora Lisa Gerrard. Mas a obra de mister Brendan continua irrepreensível. Voz e estilo inconfundíveis, o cantor e multi-instrumentista irlandês mantém-se em grandiosa forma. Excelentes letras, magníficos arranjos e uma originalidade única. Mesmo subtraindo à melodia grande parte das orquestrações de outros tempos em detrimento de uma abordagem mais electrónica, o resultado final de «ARK» é uma aposta ganha. E, por esse mundo fora, actuações ao vivo com lotações esgotadas. Incluindo Lisboa e Braga.
«ARK» contém oito temas no alinhamento. Oito canções que não passam na Rádio.
Brendan Perry - "This Boy" [ARK; 2010]
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Dez coisas do Verão 2010 (I)
Sem grande brilho, mas com vitórias eficazes à tangente, a Espanha sagrou-se pela primeira vez campeã do Mundo de Futebol. Quanto à selecção Portuguesa, nada de especial. Foi até onde se esperava. Fez um Campeonato do Mundo normal para as condições com que se apresentou no maior certame da modalidade. Decepcionante foi o que se seguiu. Um seleccionador acossado com o objectivo de ser corrido da Federação. De folhetim em folhetim lá correram com o treinador, mas os folhetins não acabaram aí. E continuam.
O prejuízo maior recaiu sobre o rendimento da equipa no arranque da fase de qualificação para o Europeu de Futebol 2012. A selecção nacional, ao fim dos primeiros dois jogos de apuramento, já se encontra de calculadora na mão.
No jogo propriamente dito, foi bom voltar a ver a "laranja mecânica" numa final do Campeonato do Mundo. Pela terceira vez não conseguiu ganhar, mas até ao jogo da final espalhou classe e categoria pelos relvados dos estádios na África do Sul.
No jogo propriamente dito, foi bom voltar a ver a "laranja mecânica" numa final do Campeonato do Mundo. Pela terceira vez não conseguiu ganhar, mas até ao jogo da final espalhou classe e categoria pelos relvados dos estádios na África do Sul.
Quem esteve mesmo mal foi a própria FIFA. A conservadora rejeição do recurso às novas tecnologias continua a desvirtuar a verdade desportiva. Foi assim que, por exemplo, a selecção inglesa foi eliminada logo na primeira fase. Este conservadorismo de quem manda na organização mundial do Futebol só é explicável com o interesse da manutenção de resultados pouco transparentes, em prol do negócio e das enormes verbas envolvidas. Quando a verdade desportiva for um dado adquirido e inequívoco, já não serão sempre os mesmos [os países mais ricos e poderosos] a chegarem mais longe. E os grandes sponsors estarão interessados nisso?
Contudo a FIFA, logo após o Mundial, apressou-se a declarar "ir pensar no assunto". Até agora nada!
Uma palavra final para a Jabulani: a bola de trajectórias imprevisíveis, difícil de dominar com os pés, cabeça e peito. Um terror para os guarda-redes, mas que produziu golos de belo efeito. O melhor de todos foi assinado pelo holandês Giovanni van Bronckhorst.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
A LUGAR COMUM apresenta:
Dana Falconberry & Matt Bauer (USA)
Sábado, 18 Setembro 2010, 22:00
Oficina Municipal do Teatro – COIMBRA
Desde há alguns anos a esta parte que Dana Falconberry reside na cidade texana de Austin [EUA], um dos pontos de maior efervescência no roteiro indie norte-americano, pelo que não é de estranhar que cedo tivesse dividido o seu tempo entre os estudos e a composição, actuando em pequenas salas e captando progressivamente a atenção do público de Austin. Red Hunter, fundador do projecto Peter & the Wolf , interessou-se pela voz de Dana, que a partir de 2006 passou a integrar o referido projecto.
No entanto, o seu percurso a solo há muito que se encontrava traçado, e nesse mesmo ano editou "Paper Sailboat", um EP que reunia seis das suas composições, todas elas portadoras de uma inegável autenticidade folk, traduzindo-se num registo de storyteller, evocativo de um passado distante. "Oh Skies of Grey", o seu primeiro longa-duração, ancorado ao território folk, contemplava ainda assim a presença do piano e da bateria, elementos que vieram adornar a voz da autora, esta sim, ainda cativa de um prato de vinyl poeirento, ecoando pelo velho soalho de um quarto de hotel.
Pela primeira vez na Europa, Dana Falconberry transporta consigo o legado do bluegrass e da folk do midwest norte-americano, fazendo-se acompanhar nesta jornada por Matt Bauer, singer songwriter nova-iorquino que percorre os mesmos trilhos da compositora texana. Tendo por parceiros respectivamente a guitarra e o banjo, fica a promessa de uma noite de estórias e de cumplicidade.
Links:
Dana Falconberry - MySpace
Matt Bauer - MySpace
Preços:
€ 6,00 (associados Lugar Comum)
€ 8,00 (bilhetes adquiridos na FNAC Coimbra e na OMT)
€ 9,00 (bilhetes adquiridos por reserva e na data do concerto)
As entradas encontram-se antecipadamente disponíveis na FNAC Coimbra e OMT, ou através de reserva, para isso bastando o envio de e-mail do qual conste nome completo, contacto e nº BI para geral@lugarcomum.pt
LUGAR COMUM – Associação de Promoção e Divulgação Cultural
Lugar comum na rede social Facebook: http://www.facebook.com/lugar.comum