terça-feira, 31 de janeiro de 2012
O "adeus" de "berros"
Nos dois últimos dois meses nomes grandes da Rádio de autor deixaram o mundo da Rádio e entraram na reforma:
Luís Filipe Barros, Humberto Boto e Aníbal Cabrita.
De forma distinta, foram autores de referência dos últimos mais de 30 anos.
Nas imagens, a despedida em directo de Luís Filipe Barros na Antena3, entrevistado por Ana Galvão, no passado dia 30 de Dezembro de 2011:
Luís Filipe Barros – A Despedida na Antena 3:
Luís Filipe Barros ficou conhecido principalmente por ter realizado o programa «Rock em Stock» no antigo FM-Estéreo da Rádio Comercial.
Foi um dos realizadores de maior referência da Rádio de autor. Para além do célebre «Rock em Stock», assinou também «Café da Manhã» [o primeiro programa a ser transmitido em simultâneo na Onda Média e no FM-Estéreo da Rádio Comercial, em 1982]; «Ondas Luisianas» e «O Sol da Meia-Noite» [já na RDP-Antena1]. Foi um dos fundadores da Antena3.
«Rock em Stock» acabou em 1993 aquando da privatização da Rádio Comercial.
Eis o inconfundível indicativo do programa «Rock em Stock»:
Styx – "I'm OK" (1978):
Na Televisão, Luís Filipe Barros fez parte do programa «Berros e Bocas» com Manuela Moura Guedes na RTP nos anos 80.
Na música, realizou em 1983 a aventura discográfica “Os Lusitansos”, a partir do tema "Rappers Delight" dos Sugar Hill Gang.
Em 1999 e 2000, foram editadas duas colectâneas duplas em CD com os principais temas musicais que fizeram história no programa «Rock em Stock».
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Crónicas Americanas (III)
Resgatadas do espólio que sobrou de uma antiga estação de Rádio, aqui fica a terceira e última das «Crónica Americanas» que gravei na RSS entre Janeiro e Junho de 1992.
Vinte anos depois, a publicação de três pequenas amostras de uma grande obra da autoria de Sam Shepard, escritor, dramaturgo, actor e encenador norte-americano.
A que hoje se publica pela primeira vez na Internet é acerca de uma desconcertante cadeira que parece ter vida própria.
A riqueza conotativa da escrita de Sam Shepard é incomensurável.
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O indicativo é da autoria do músico Ry Cooder, num extracto da banda sonora do filme «Paris-Texas» de Wim Wenders.
Os textos são do livro «Crónicas Americanas» do dramaturgo Sam Shepard.
O som de base é da autoria de Roger Eno.
Os textos completos encontram-se no livro [edição portuguesa] cuja capa se vê na fotografia em baixo.
Crónicas Americanas #3
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
João David Nunes
Ao longo desta semana na TSF, o ex-radialista João David Nunes apresenta a suas escolhas musicais no espaço «A Playlist de», de Segunda a Sexta-feira, entre as 13:00 e as 14:00.
João David Nunes colaborou no mítico programa «Em Órbita».
Foi o director fundador do antigo FM-Estéreo da Rádio Comercial em Março de 1979.
Gestor inovador e arrojado. Um director de Rádio com mente aberta para o novo e para o diferente. Um sonho de chefe para radialistas criativos, com uma mentalidade moderna de liderança impossível de se encontrar hoje em dia.
Autor, realizador e apresentador de programas de grande prestígio na Rádio portuguesa nas décadas de 60, 70 e 80, como por exemplo, «O Homem no Tempo» [com João de Sousa Monteiro], «Trópico de Dança» e «W» [com Miguel Esteves Cardoso].
João David Nunes é o principal responsável pelo que de melhor existiu na Rádio em Portugal na década de 80, através da Rádio Comercial, especialmente em frequência modulada (a Onda Média também tinha uma programação muito interessante).
Deixou de apresentar programas com regularidade na Rádio em 1989, mas actualmente podemos reencontrá-lo (desde Setembro de 2011) em apontamentos na regressada Rádio Nostalgia.
É desde há muitos anos uma voz conhecida através da apresentação de trailers de Cinema.
Ouvir aqui a emissão completa em versão compacta no site da TSF (num total de 80 minutos).
Uma amostra do que se pode escutar nas escolhas musicais de João David Nunes na TSF:
Neil Young – “Only Love Can Break Your Heart” (1970):
Para além de Neil Young, outros artistas foram escolhidos por João David Nunes:
Bob Dylan, Leonard Cohen, Tom Waits, Lou Reed, Jimi Hendrix, Cat Stevens, Stevie Wonder, Chuck Berry, James Brown, Frank Zappa, Bruce Springsteen, Paul Simon, David Bowie, Peter Gabriel, Van Morrison, Sting, Prince, Michael Jackson, Madonna.
Curiosamente não constam desta lista os Rolling Stones. João David Nunes confessou em público gostar mais dos Rolling Stones que dos Beatles.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Crónicas Americanas (II)
Nesta segunda edição, Sam Shepard faz alusão à Rádio:
A antena cromada suavemente cortando os ares. Uma terrível varinha mágica, caçando sons vindos de torres longíquas.
O dramaturgo norte-americano sempre mostrou grande paixão pela Rádio. É dele a autoria do mais fantástico texto que alguma vez li sobre Rádio. Está incluído na obra «Crónicas Americanas» e serviu de tema para uma das composições de John Cale no álbum «Music for a New Society», editado em 1982.
Esse mesmo texto foi o primeiro a ser publicado aqui na «Rádio Crítica», no dia da inauguração deste blogue.
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O indicativo é da autoria do músico Ry Cooder, num extracto da banda sonora do filme «Paris-Texas» de Wim Wenders.
Os textos são do livro «Crónicas Americanas» do dramaturgo Sam Shepard.
O som de base é da autoria dos músicos Brian Eno, Roger Eno e Daniel Lanois.
Na próxima segunda-feira será aqui publicada a terceira e última das Crónicas Americanas que sobreviveram ao tempo. Foram por mim lidas na extinta RSS entre Janeiro e Junho de 1992.
Os textos completos encontram-se no livro [edição portuguesa] cuja capa se vê na fotografia em baixo.
Crónicas Americanas #2
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Elis
Faz hoje 30 anos que morreu Elis Regina.
Na altura soube da notícia pela Televisão e doeu. Lembro-me das imagens de uma mulher moribunda. Tinha vestidas umas calças à boca-de-sino, a ser transportada em braços para um carro, talvez uma ambulância.
Não sei se eram imagens de arquivo, ou do momento, daquele dia 19 de Janeiro de 1982.
Havia discos da antiga musa da Bossa Nova lá em casa. A melhor parceira musical que Mestre Jobim teve. “Águas de Março”, “Retrato a Preto e Branco” e “Inútil Paisagem” eram canções habituais. Mas naqueles dias do dealbar dos anos 80, o que mais ouvia era “Fascinação”. Inclusive na Rádio, palco imaterial onde Elis Regina sempre esteve presente. Hoje também.
A carreira de Elis Regina conheceu variadas fases, mas a melhor de todas - em minha opinião - foi a da parceria com António Carlos Jobim.
Era um desejo antigo de Elis trabalhar com o maestro soberano da Bossa Nova, anos depois da própria cantora ter sido uma das vozes do movimento cultural que mudou para sempre a música brasileira.
O sonho tornado realidade materializou-se no álbum «Tom & Elis» em 1974.
Clássicos como "Águas de Março", "Retrato em Branco e Preto", "Inútil Paisagem" e "Triste" fazem parte desse disco fundamental na vida artistica de Elis Regina.
Clássico de Tom Jobim, aqui numa apresentação ao vivo na TV Bandeirantes em 1976:
Elis Regina – "Triste"
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Crónicas Americanas (I)
De Janeiro a Junho de 1992 foram por mim lidas na extinta RSS algumas das «Crónicas Americanas» da autoria de Sam Shepard.
Uma crónica transmitida três vezes por semana (segundas, terças e quartas-feiras) logo depois do noticiário da meia-noite.
A RSS foi a minha primeira casa da Rádio e, do espólio sonoro que dela conservei, sobram apenas três de todas as Crónicas Americanas que percorreram o virar do dia na Rádio ao longo de seis meses.
Aqui fica a primeira das três crónicas que sobreviveram ao tempo e atravessaram duas décadas até serem agora publicadas pela primeira vez na Internet.
É esta a maior das maravilhas das novas tecnologias digitais. A de trazer à vida o que no éter se evaporou na eterna efemeridade dos ares da Rádio:
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O indicativo é da autoria do músico Ry Cooder, num extracto da banda sonora do filme «Paris-Texas» de Wim Wenders.
Os textos são do livro «Crónicas Americanas» do dramaturgo Sam Shepard.
A voz no indicativo é do meu então colega Rui Quintas (actualmente actor e encenador).
Na próxima segunda-feira será aqui publicada a segunda das três Crónicas Americanas sobreviventes ao tempo.
Os textos completos encontram-se no livro [edição portuguesa] cuja capa se vê na fotografia em baixo.
Crónicas Americanas #1
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Hoje no Porto
Esta noite no Porto, o autor do “tal blogue que dava um grande programa de Rádio” tratará de evocar as eternas memórias musicais da década de 80.
O ambiente de sempre, esta quinta-feira num local diferente.
Para quem gosta e pode, a partir das onze da noite.
Na rememoração desses dias da synth-pop dos anos 80, aqui ficam duas demonstrações do poder teutónico dos Propaganda no álbum de estreia «A Secret Wish», editado em 1985, pela etiqueta ZTT (casa dos Frankie Goes to Hollywood e The Art of Noise) co-fundada por Trevor Horne, o criador dos Buggles.
Os Propaganda foram um caso de sucesso imediato ao primeiro disco, com temas que se tornaram clássicos da pop electrónica da década musicalmente mais colorida do século XX.
Editaram ainda o primeiro single [“Dr. Mabuse”] ainda nos inícios do ano de 1984.
Liderados pela singular vocalista Claudia Brucken, apenas editaram dois álbuns com a presença da carismática protagonista. O suficiente para deixarem marcas na história de quem viveu saudavelmente e intensamente esses dias.
A Rádio não esteve indiferente ao talento de Cláudia Brucken. "Duel" e "P-Machinery" tiveram ampla divulgação na Rádio de autor em Portugal, que nessa altura vivia dias de glória autoral nas então poucas estações existentes.
Entre 1998 e 2000 aconteceu a reunião da banda com Brucken, mas novos desentendimentos abortaram um novo álbum de originais dos Propaganda, que já se encontrava em adiantado estado de finalização.
Propaganda – "Duel" (Maio de 1985):
Propaganda – "P-Machinery" (1985):
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Hoje na RADAR
Os australianos The Avalanches estão no programa «Álbum de Família» desta semana na RADAR.
É o disco de estreia deste colectivo electrónico, editado no ano 2000. Numa altura em que se espera – e muito! – por um prometido e sucessivamente adiado segundo trabalho dos Avalanches, oportunidade rara de podermos ouvir um dos discos mais surpreendentes do virar de milénio.
Os australianos The Avalanches são como que os The Art of Noise do hemisfério Sul.
Mestres na arte de samplar, exploradores dos limites do sarcasmo e da ironia non sense.
Hoje e Domingo, «Since I Left You» estará a ser transmitido na íntegra no programa realizado por Tiago Castro, que vai numa muito saborosa sétima temporada.
Quarta-feira às 14:00; Domingo ao meio-dia.
Nas imagens, dois exemplos do álbum «Since I Left You» dos Avalanches:
The Avalanches – "Since I Left You":
The Avalanches – “Frontier Psychiatrist”: