domingo, 28 de outubro de 2012
Dead Can Dance – a noite do encontro
Finalmente, a noite do encontro
Sentia-se no ar a ansiedade do que estava para vir. Vivia-se o prazer do ante-gozo da consumação de uma longa espera. Todas as pessoas que acorreram à Casa da Música na cidade do Porto, na passada quarta-feira, sabiam que – acontecesse o que acontecesse – aquela noite não seria como as outras. Na verdade, como nenhuma outra antes.
Para quem foi acompanhando os vídeos e as imagens publicadas na actual digressão dos Dead Can Dance, iniciada em Agosto passado, as surpresas não poderiam ser muitas e já sabia o que esperar.
A expectativa era no entanto muito grande, não propriamente pela performance inovadora em si, mas em ver e ouvir como seria realmente ao vivo, sem filtros, sem ecrãs, sem outras imagens e outros sons que não as captadas pelos nossos próprios olhos e ouvidos. Como soaria aquilo tudo em palco, naquele cenário multicolor e poliglótico. Que sons transbordariam dos instrumentos exóticos que acompanham aquela esotérica banda desde sempre.
Até a indumentária de Lisa Gerrard – longos vestidos (negro, castanho, azul escuro ou azul claro) com uma gola baixa dourada, de pontas caídas quase até ao chão – foi a utilizada aqui. No concerto em Portugal calhou ser o vestido de veludo azul claro, produzindo uma grande presença. Uma escultural diva em palco.
Do alinhamento musical não surgiram novidades. Esteve de acordo com tudo o que tem sido realizado pela banda desde o passado dia 9 de Agosto, data em que a actual digressão mundial principiou no Canadá, poucos dias antes de «Anastasis» ser oficialmente publicado.
Para além do desfile integral dos novos oito temas do álbum «Anastasis», não faltaram incursões ao imenso espólio da dupla de compositores Gerrard/Perry.
Seria talvez evitável a interpretação de temas que não são dos Dead Can Dance. Lisa interpretou “Now We Are Free” da banda sonora que assinou (juntamente com Hans Zimmer) do filme «The Gladiator» e Brendan interpretou o clássico “Song To The Siren”, de Tim Buckley, à semelhança do que já havia feito em actuações a solo.
Não está em causa a qualidade dos temas, nem dos autores, nem as respectivas interpretações (apesar de, dêem-se as voltas que se derem, nunca ter aparecido até à data uma interpretação de “Song To The Siren” que superasse a da ex-vocalista dos Cocteau Twins, Elizabeth Fraser, em 1983/1984, no projecto multi-colectivo This Mortal Coil, do qual os Dead Can Dance fizeram igualmente parte). Simplesmente roubaram espaço a temas que poderiam vir do reportório dos próprios Dead Can Dance. Teria certamente sabido melhor ouvir-se temas como “Cantara” ou “Severance”, para só evocar dois exemplos.
Excepção feita às duas canções tradicionais grega “Ime Prezakias” e árabe “Lamma Bada” vocalizadas magistralmente por Brendan Perry, apresentando-as e contextualizando-as previamente. Sobre “Ime Prezakias” Brendan explicou tratar-se de um velho tema grego (dos anos 30 do século passado) cujo título em inglês seria traduzível para algo como I’m a junkie (sou um vagabundo), acrescentando ainda que, ironicamente nos dias que correm, ganha um outro sentido, aludindo à actualidade grega em tom de crítica política: seems the actual Greece loose a leg in the game of dice.
Sobre “Lamma Bada”, Perry disse tratar-se de uma antiquíssima canção árabe, escrita em árabe antigo, há cerca de oitocentos anos, no período em que a cultura árabe ocupava o território da actual região espanhola da Andaluzia.
Sentia-se no ar a ansiedade do que estava para vir. Vivia-se o prazer do ante-gozo da consumação de uma longa espera. Todas as pessoas que acorreram à Casa da Música na cidade do Porto, na passada quarta-feira, sabiam que – acontecesse o que acontecesse – aquela noite não seria como as outras. Na verdade, como nenhuma outra antes.
Para quem foi acompanhando os vídeos e as imagens publicadas na actual digressão dos Dead Can Dance, iniciada em Agosto passado, as surpresas não poderiam ser muitas e já sabia o que esperar.
A expectativa era no entanto muito grande, não propriamente pela performance inovadora em si, mas em ver e ouvir como seria realmente ao vivo, sem filtros, sem ecrãs, sem outras imagens e outros sons que não as captadas pelos nossos próprios olhos e ouvidos. Como soaria aquilo tudo em palco, naquele cenário multicolor e poliglótico. Que sons transbordariam dos instrumentos exóticos que acompanham aquela esotérica banda desde sempre.
Até a indumentária de Lisa Gerrard – longos vestidos (negro, castanho, azul escuro ou azul claro) com uma gola baixa dourada, de pontas caídas quase até ao chão – foi a utilizada aqui. No concerto em Portugal calhou ser o vestido de veludo azul claro, produzindo uma grande presença. Uma escultural diva em palco.
Do alinhamento musical não surgiram novidades. Esteve de acordo com tudo o que tem sido realizado pela banda desde o passado dia 9 de Agosto, data em que a actual digressão mundial principiou no Canadá, poucos dias antes de «Anastasis» ser oficialmente publicado.
Para além do desfile integral dos novos oito temas do álbum «Anastasis», não faltaram incursões ao imenso espólio da dupla de compositores Gerrard/Perry.
Seria talvez evitável a interpretação de temas que não são dos Dead Can Dance. Lisa interpretou “Now We Are Free” da banda sonora que assinou (juntamente com Hans Zimmer) do filme «The Gladiator» e Brendan interpretou o clássico “Song To The Siren”, de Tim Buckley, à semelhança do que já havia feito em actuações a solo.
Não está em causa a qualidade dos temas, nem dos autores, nem as respectivas interpretações (apesar de, dêem-se as voltas que se derem, nunca ter aparecido até à data uma interpretação de “Song To The Siren” que superasse a da ex-vocalista dos Cocteau Twins, Elizabeth Fraser, em 1983/1984, no projecto multi-colectivo This Mortal Coil, do qual os Dead Can Dance fizeram igualmente parte). Simplesmente roubaram espaço a temas que poderiam vir do reportório dos próprios Dead Can Dance. Teria certamente sabido melhor ouvir-se temas como “Cantara” ou “Severance”, para só evocar dois exemplos.
Excepção feita às duas canções tradicionais grega “Ime Prezakias” e árabe “Lamma Bada” vocalizadas magistralmente por Brendan Perry, apresentando-as e contextualizando-as previamente. Sobre “Ime Prezakias” Brendan explicou tratar-se de um velho tema grego (dos anos 30 do século passado) cujo título em inglês seria traduzível para algo como I’m a junkie (sou um vagabundo), acrescentando ainda que, ironicamente nos dias que correm, ganha um outro sentido, aludindo à actualidade grega em tom de crítica política: seems the actual Greece loose a leg in the game of dice.
Sobre “Lamma Bada”, Perry disse tratar-se de uma antiquíssima canção árabe, escrita em árabe antigo, há cerca de oitocentos anos, no período em que a cultura árabe ocupava o território da actual região espanhola da Andaluzia.
We are ancient
As ancient as the sun
We came from the ocean
Once our ancestral home
O Palco das delícias
Exactamente duas horas de actuação. Início às 22:03 e final, após três encores, à meia-noite e três minutos.
Um total de sete músicos em palco, sendo que a maioria do tempo foi ocupado com seis, já contando com a dupla de autores. A saber: Jules Maxwell (teclista/corista) que já tinha participado na digressão de Brendan Perry em 2010; David Kuckermann (percussionista/teclista) a quem a primeira parte estava entregue mas que foi cancelada poucos dias antes; Dan Gresson (percussionista); Astrid Williamson (teclista/corista) que fez parte da segunda parte da digressão de Brendan Perry em 2010 e ainda Richard Yale (baixista/teclista) que apareceu em menos de metade do alinhamento do concerto.
O jogo de percussão foi sempre muito forte no som dos Dead Can Dance e esse facto é notório em palco, com um recurso quase permanente a poderosos ritmos tribais.
Os sons provenientes, na sua origem, de instrumentos clássicos são reflectidos através de sintetizadores. Há quem critique esta opção por parte do grupo, mas o contrário seria muito complicado a nível logístico, para além de ser incomportável a nível financeiro remunerar cerca de 40 ou 50 pessoas em palco numa tão longa digressão.
A própria experiência dos Dead Can Dance no passado o demonstrou, nas digressões de 1985/86 e 1987 em que estiveram presentes nos concertos todos os músicos necessários para reproduzir fielmente o som obtido nos álbuns «Spleen And Ideal» e «Whitin The Realm of a Dying Sun». Para o público foram momentos inesquecíveis, mas para a banda não resultou nenhum lucro pecuniário. Mais tarde Brendan justificou essa opção assumida em não ganhar financeiramente em detrimento de poder mostrar às pessoas o verdadeiro som da banda que fundou.
Na digressão de 2005 houve uma curta série de espectáculos ao vivo com a presença de uma orquestra, dirigida por Jeff Rona, mas foram actuações especiais.
Actualmente Brendan leva consigo para palco uma Bouzouki grega, uma espécie de Balalaica helénica. Também toca uma aproximação a um Obukano arabesco (electrificado), para além de tocar tambor na interpretação dos temas “Nierika” e “Opium”. O timoneiro em palco.
Em frente a Lisa Gerrard está colocado, como de costume, um Yangqin (instrumento milenar chinês, originalmente proveniente da antiga Pérsia) – nesta digressão são dois –, ou usando outro termo menos técnico, uma mesa chinesa. É o instrumento clássico por definição do som original dos Dead Can Dance, tocado por Lisa. Brendan só se ocupa dele para libertar a cantora de dotes líricos na interpretação do tema “Dreams Made Flesh”.
O primeiro tema a ser gravado e editado pelos Dead Can Dance, “Frontier”, teve como base estrutural a combinação do som deste vetusto instrumento com a voz de mármore, cristal e safira de Lisa Gerrard. Só por uma ocasião se viu neste concerto no Porto Lisa Gerrard tocar Yangqin e cantar em simultâneo, no tema “Agape”.
Brendan adensou ao longo dos anos o seu tom barítono médio/grave, situando-se num registo vocal crooner, com um timbre entre Frank Sinatra e Lee Hazlewood, ou como analisou recentemente um jornalista da revista ‘Uncut’, possuidor de um lirismo dramático entre Scott Walker e Jim Morrison.
Lisa e Brendan contrastam vocalmente de uma maneira altamente complementar. Grandes vozes! Quando soam juntas parecem beijar a eternidade.
As ancient as the sun
We came from the ocean
Once our ancestral home
O Palco das delícias
Exactamente duas horas de actuação. Início às 22:03 e final, após três encores, à meia-noite e três minutos.
Um total de sete músicos em palco, sendo que a maioria do tempo foi ocupado com seis, já contando com a dupla de autores. A saber: Jules Maxwell (teclista/corista) que já tinha participado na digressão de Brendan Perry em 2010; David Kuckermann (percussionista/teclista) a quem a primeira parte estava entregue mas que foi cancelada poucos dias antes; Dan Gresson (percussionista); Astrid Williamson (teclista/corista) que fez parte da segunda parte da digressão de Brendan Perry em 2010 e ainda Richard Yale (baixista/teclista) que apareceu em menos de metade do alinhamento do concerto.
O jogo de percussão foi sempre muito forte no som dos Dead Can Dance e esse facto é notório em palco, com um recurso quase permanente a poderosos ritmos tribais.
Os sons provenientes, na sua origem, de instrumentos clássicos são reflectidos através de sintetizadores. Há quem critique esta opção por parte do grupo, mas o contrário seria muito complicado a nível logístico, para além de ser incomportável a nível financeiro remunerar cerca de 40 ou 50 pessoas em palco numa tão longa digressão.
A própria experiência dos Dead Can Dance no passado o demonstrou, nas digressões de 1985/86 e 1987 em que estiveram presentes nos concertos todos os músicos necessários para reproduzir fielmente o som obtido nos álbuns «Spleen And Ideal» e «Whitin The Realm of a Dying Sun». Para o público foram momentos inesquecíveis, mas para a banda não resultou nenhum lucro pecuniário. Mais tarde Brendan justificou essa opção assumida em não ganhar financeiramente em detrimento de poder mostrar às pessoas o verdadeiro som da banda que fundou.
Na digressão de 2005 houve uma curta série de espectáculos ao vivo com a presença de uma orquestra, dirigida por Jeff Rona, mas foram actuações especiais.
Actualmente Brendan leva consigo para palco uma Bouzouki grega, uma espécie de Balalaica helénica. Também toca uma aproximação a um Obukano arabesco (electrificado), para além de tocar tambor na interpretação dos temas “Nierika” e “Opium”. O timoneiro em palco.
Em frente a Lisa Gerrard está colocado, como de costume, um Yangqin (instrumento milenar chinês, originalmente proveniente da antiga Pérsia) – nesta digressão são dois –, ou usando outro termo menos técnico, uma mesa chinesa. É o instrumento clássico por definição do som original dos Dead Can Dance, tocado por Lisa. Brendan só se ocupa dele para libertar a cantora de dotes líricos na interpretação do tema “Dreams Made Flesh”.
O primeiro tema a ser gravado e editado pelos Dead Can Dance, “Frontier”, teve como base estrutural a combinação do som deste vetusto instrumento com a voz de mármore, cristal e safira de Lisa Gerrard. Só por uma ocasião se viu neste concerto no Porto Lisa Gerrard tocar Yangqin e cantar em simultâneo, no tema “Agape”.
Brendan adensou ao longo dos anos o seu tom barítono médio/grave, situando-se num registo vocal crooner, com um timbre entre Frank Sinatra e Lee Hazlewood, ou como analisou recentemente um jornalista da revista ‘Uncut’, possuidor de um lirismo dramático entre Scott Walker e Jim Morrison.
Lisa e Brendan contrastam vocalmente de uma maneira altamente complementar. Grandes vozes! Quando soam juntas parecem beijar a eternidade.
Saw the demonstration
On remembrance day
Lest we forget the lesson
Enshrined in funeral clay
History is never written
By those who've lost
The defeated must bear witness to
Our collective memory loss
Os Dead Can Dance nunca tinham actuado em Portugal
Apenas Brendan Perry o fez – a solo – em Março de 2010, em Lisboa (Santiago Alquimista) e Braga (Theatro Circo). Lisa Gerrard nunca tinha actuado em solo lusitano.
Havia pessoas que esperaram variadíssimos anos por esta ocasião. Houve quem viesse do estrangeiro para assistir ao concerto dos Dead Can Dance na Casa da Música no Porto. Gente vinda de Espanha, França e Suécia.
Do país, para além dos residentes locais da cidade invicta e arredores, havia pessoas que se tinham deslocado de Lisboa, Cascais, Braga, Guimarães, Coimbra, Guarda, Aveiro, etc.
Para muitos foi o chegar ao fim de uma espera de décadas. A digressão mundial realizada em 2005, o mais perto que esteve dos portugueses foi em Madrid.
Houve quem se comovesse de tão forte emoção. “Também choraste?”, perguntavam-se algumas das pessoas que se conheciam, ainda no interior da sala, decorridos escassos minutos após o fim do concerto. Parecia que ninguém queria sair dali de dentro. Foi necessário alguns dos funcionários pedirem para as pessoas abandonarem a magnífica sala Suggia, que encheu. Mais de 1.200 lugares lotados desde a manhã em que os bilhetes foram postos à venda (desapareceram num ápice nesse dia 2 de Março).
No foyer era uma procura imensa pelas t-shirts, posteres e CD’s que o staff da banda colocara à disposição para venda directa.
Já fora da casa de espectáculos, ainda na escadaria de acesso e nas imediações, o público permanecia à conversa, numa noite amena sem chuva e com uma Lua em fase de quarto crescente a ultrapassar algumas nuvens densas. Alguns fãs mais esperançosos juntavam-se à porta dos artistas na ânsia de chegar à fala com os protagonistas após tão arrebatador arroubo musical.
A parte europeia da digressão de «Anastasis» entrou agora na fase final. Londres na passada sexta-feira, e Dublin neste Domingo.
O regresso à capital do Reino Unido trinta anos depois de Lisa Gerrard e Brendan Perry terem aterrado no aeroporto de Heathrow, em 1982, vindos de uma Austrália onde não conseguiam obter o sucesso que procuravam. Seria em Londres (curiosamente a cidade natal de Brendan Perry) nesse dealbar da década de 80 do século passado que a dupla viria a alcançar a projecção que entretanto atingiu no contrato com a editora independente 4AD. Viviam-se os tempos da grande aventura alternativa discográfica, com projectos musicais de vanguarda. Os Dead Can Dance estiveram desde então na proa, fazendo deles a banda mais importante da editora fundada por Ivo Watts-Russel.
Hoje é o último concerto da actual digressão em solo europeu, na capital da Irlanda, país onde Brendan Perry vive há mais de vinte anos.
Seguir-se-à uma série de concertos na América do Norte, Central e do Sul. Depois, já em 2013, a Austrália, onde tudo começou há mais de trinta anos.
A etapa final da maior digressão de sempre dos Dead Can Dance está reservada para a Ásia, com datas no Japão em Fevereiro do próximo ano.
On remembrance day
Lest we forget the lesson
Enshrined in funeral clay
History is never written
By those who've lost
The defeated must bear witness to
Our collective memory loss
Os Dead Can Dance nunca tinham actuado em Portugal
Apenas Brendan Perry o fez – a solo – em Março de 2010, em Lisboa (Santiago Alquimista) e Braga (Theatro Circo). Lisa Gerrard nunca tinha actuado em solo lusitano.
Havia pessoas que esperaram variadíssimos anos por esta ocasião. Houve quem viesse do estrangeiro para assistir ao concerto dos Dead Can Dance na Casa da Música no Porto. Gente vinda de Espanha, França e Suécia.
Do país, para além dos residentes locais da cidade invicta e arredores, havia pessoas que se tinham deslocado de Lisboa, Cascais, Braga, Guimarães, Coimbra, Guarda, Aveiro, etc.
Para muitos foi o chegar ao fim de uma espera de décadas. A digressão mundial realizada em 2005, o mais perto que esteve dos portugueses foi em Madrid.
Houve quem se comovesse de tão forte emoção. “Também choraste?”, perguntavam-se algumas das pessoas que se conheciam, ainda no interior da sala, decorridos escassos minutos após o fim do concerto. Parecia que ninguém queria sair dali de dentro. Foi necessário alguns dos funcionários pedirem para as pessoas abandonarem a magnífica sala Suggia, que encheu. Mais de 1.200 lugares lotados desde a manhã em que os bilhetes foram postos à venda (desapareceram num ápice nesse dia 2 de Março).
No foyer era uma procura imensa pelas t-shirts, posteres e CD’s que o staff da banda colocara à disposição para venda directa.
Já fora da casa de espectáculos, ainda na escadaria de acesso e nas imediações, o público permanecia à conversa, numa noite amena sem chuva e com uma Lua em fase de quarto crescente a ultrapassar algumas nuvens densas. Alguns fãs mais esperançosos juntavam-se à porta dos artistas na ânsia de chegar à fala com os protagonistas após tão arrebatador arroubo musical.
A parte europeia da digressão de «Anastasis» entrou agora na fase final. Londres na passada sexta-feira, e Dublin neste Domingo.
O regresso à capital do Reino Unido trinta anos depois de Lisa Gerrard e Brendan Perry terem aterrado no aeroporto de Heathrow, em 1982, vindos de uma Austrália onde não conseguiam obter o sucesso que procuravam. Seria em Londres (curiosamente a cidade natal de Brendan Perry) nesse dealbar da década de 80 do século passado que a dupla viria a alcançar a projecção que entretanto atingiu no contrato com a editora independente 4AD. Viviam-se os tempos da grande aventura alternativa discográfica, com projectos musicais de vanguarda. Os Dead Can Dance estiveram desde então na proa, fazendo deles a banda mais importante da editora fundada por Ivo Watts-Russel.
Hoje é o último concerto da actual digressão em solo europeu, na capital da Irlanda, país onde Brendan Perry vive há mais de vinte anos.
Seguir-se-à uma série de concertos na América do Norte, Central e do Sul. Depois, já em 2013, a Austrália, onde tudo começou há mais de trinta anos.
A etapa final da maior digressão de sempre dos Dead Can Dance está reservada para a Ásia, com datas no Japão em Fevereiro do próximo ano.
I feel like I want to leave
Behind all these memories
And walk through that door
Outside
The black night calls my name
But all roads look the same
They lead nowhere
O alinhamento completo do concerto:
Children of the Sun [do álbum «Anastasis»]
Anabasis [do álbum «Anastasis»]
Rakim [do álbum ao vivo «Toward The Whitin», 1994]
Kiko [do álbum «Anastasis»]
Lamm Bada [canção tradicional árabe]
Agape [do álbum «Anastasis»]
Amnesia [do álbum «Anastasis»]
Sanvean [do álbum ao vivo «Toward The Whitin», 1994; Incluído posteriormente no álbum «The Mirror Pool», disco a solo de Lisa Gerrard, 1995]
Nierika [do álbum «Spiritchaser», 1996]
Opium [do álbum «Anastasis»]
The Host of Seraphim [do album «The Serpent's Egg», 1988]
Ime Prezakias [canção tradicional grega]
Now We Are Free [da banda Sonora do filme «Gladiator»; disco de Lisa Gerrard e Hans Zimmer; 2000]
All in Good Time [do álbum «Anastasis»]
Primeiro encore:
The Ubiquitous Mr. Lovegrove [do album «Into the Labyrinth», 1993]
Dreams Made Flesh [do album «It’ll End in Tears»; disco do projecto multi-colectivo This Mortal Coil, 1984]
Segundo encore:
Song to the Siren [versão da canção de Tim Buckley]
Return of the She-King [do álbum «Anastasis»]
Terceiro encore:
Rising of the Moon [também conhecido por outros dois nomes: “Wandering Star” e “Minus Sanctus”; tema inédito levado a palco na digressão dos DCD em 2005]
Behind all these memories
And walk through that door
Outside
The black night calls my name
But all roads look the same
They lead nowhere
O alinhamento completo do concerto:
Children of the Sun [do álbum «Anastasis»]
Anabasis [do álbum «Anastasis»]
Rakim [do álbum ao vivo «Toward The Whitin», 1994]
Kiko [do álbum «Anastasis»]
Lamm Bada [canção tradicional árabe]
Agape [do álbum «Anastasis»]
Amnesia [do álbum «Anastasis»]
Sanvean [do álbum ao vivo «Toward The Whitin», 1994; Incluído posteriormente no álbum «The Mirror Pool», disco a solo de Lisa Gerrard, 1995]
Nierika [do álbum «Spiritchaser», 1996]
Opium [do álbum «Anastasis»]
The Host of Seraphim [do album «The Serpent's Egg», 1988]
Ime Prezakias [canção tradicional grega]
Now We Are Free [da banda Sonora do filme «Gladiator»; disco de Lisa Gerrard e Hans Zimmer; 2000]
All in Good Time [do álbum «Anastasis»]
Primeiro encore:
The Ubiquitous Mr. Lovegrove [do album «Into the Labyrinth», 1993]
Dreams Made Flesh [do album «It’ll End in Tears»; disco do projecto multi-colectivo This Mortal Coil, 1984]
Segundo encore:
Song to the Siren [versão da canção de Tim Buckley]
Return of the She-King [do álbum «Anastasis»]
Terceiro encore:
Rising of the Moon [também conhecido por outros dois nomes: “Wandering Star” e “Minus Sanctus”; tema inédito levado a palco na digressão dos DCD em 2005]
As you rise to the very top
Of your mountain
Just remember those
Poor lost souls
On their way down
Música que não passa na Rádio
Apesar dos Dead Can Dance serem uma ausência permanente na Rádio – onde em tempos ficaram conhecidos por parte de muitos dos presentes no concerto na Casa da Música – está mais do que provado que a falta de divulgação radiofónica da música que fazem é desnecessária para encherem salas e venderem muitos discos. Vive-se hoje em dia uma época completamente diferente dessa. É a Internet que faz o caminho deixado vago pela Rádio. E fá-lo das mais diversas formas. Quer seja em plataformas sonoras como o Soundcloud, o MySpace ou a partilha de ficheiros em formato MP3, FLAC, AAC (e outros), quer seja através da junção imagem/som do YouTube, ou das redes sociais como o Facebook ou o Twitter. A informação circula a uma velocidade vertiginosa via smartphone e os meios tradicionais (Rádio, TV, Jornais) estão cada vez mais à margem desta torrente digital.
Na Casa da Música, na noite do concerto dos Dead Can Dance, não estiveram presentes nem a Rádio nem a Televisão.
No entanto, nas horas imediatamente seguintes, já circulavam no ciberespaço imagens, sons, comentários e reacções ao que ali se tinha passado.
A dificuldade em classificar num género a música composta pelos Dead Can Dance não pode servir de desculpa para não passar na Rádio. Pelo contrário. É exactamente pelo ecletismo étnico que abarca, pela multi-culturalidade que exala e pelos tempos imemoriais que atravessa que teria na Rádio um meio privilegiado de difusão. E a Rádio, isto é, quem a ouve, agradeceria.
Of your mountain
Just remember those
Poor lost souls
On their way down
Música que não passa na Rádio
Apesar dos Dead Can Dance serem uma ausência permanente na Rádio – onde em tempos ficaram conhecidos por parte de muitos dos presentes no concerto na Casa da Música – está mais do que provado que a falta de divulgação radiofónica da música que fazem é desnecessária para encherem salas e venderem muitos discos. Vive-se hoje em dia uma época completamente diferente dessa. É a Internet que faz o caminho deixado vago pela Rádio. E fá-lo das mais diversas formas. Quer seja em plataformas sonoras como o Soundcloud, o MySpace ou a partilha de ficheiros em formato MP3, FLAC, AAC (e outros), quer seja através da junção imagem/som do YouTube, ou das redes sociais como o Facebook ou o Twitter. A informação circula a uma velocidade vertiginosa via smartphone e os meios tradicionais (Rádio, TV, Jornais) estão cada vez mais à margem desta torrente digital.
Na Casa da Música, na noite do concerto dos Dead Can Dance, não estiveram presentes nem a Rádio nem a Televisão.
No entanto, nas horas imediatamente seguintes, já circulavam no ciberespaço imagens, sons, comentários e reacções ao que ali se tinha passado.
A dificuldade em classificar num género a música composta pelos Dead Can Dance não pode servir de desculpa para não passar na Rádio. Pelo contrário. É exactamente pelo ecletismo étnico que abarca, pela multi-culturalidade que exala e pelos tempos imemoriais que atravessa que teria na Rádio um meio privilegiado de difusão. E a Rádio, isto é, quem a ouve, agradeceria.
Ficaram muitas pessoas a lamentar por não terem podido assistir ao concerto. Uma única data deixou muita gente de fora e de água na boca. Para muitos desses fãs, que esperam há tanto tempo por uma oportunidade de ver os Dead Can Dance ao vivo em Portugal, ainda não foi desta. Houvesse mais datas em Portugal e as salas encheriam na mesma, como têm enchido quase todas as que os Dead Can Dance visitaram até agora.
Pouco importa se seria no Porto, ou em Lisboa, Braga, ou Guimarães. A distância não é o problema maior para os apreciadores de longa data.
Resta agora a esperança de, segundo o próprio Brendan Perry afirmou em recente entrevista, haver em 2013 ou 2014 um novo álbum e depois, quem sabe em 2014 ou 2015 uma nova digressão mundial que passe por cá outra vez.
A imagem do álbum «Anastasis» dos Dead Can Dance mostra um campo de girassóis mortos, queimados pelo Sol. Um campo de girassóis mortos, mas de pé. A metáfora perfeita para a “ressurreição dos vivos”, como intitulou o jornal «i» na passada quarta-feira.
Resta agora a esperança de, segundo o próprio Brendan Perry afirmou em recente entrevista, haver em 2013 ou 2014 um novo álbum e depois, quem sabe em 2014 ou 2015 uma nova digressão mundial que passe por cá outra vez.
A imagem do álbum «Anastasis» dos Dead Can Dance mostra um campo de girassóis mortos, queimados pelo Sol. Um campo de girassóis mortos, mas de pé. A metáfora perfeita para a “ressurreição dos vivos”, como intitulou o jornal «i» na passada quarta-feira.
If I were not a physicist, I would probably be a musician. I often think in music. I live my daydreams in music. I see my life in terms of music.
Albert Einstein
Albert Einstein
sábado, 27 de outubro de 2012
Hoje no ESTORIL
Se o Rock Português ficar – e eu sou dos que acham que fica – este livro vai ser referência para quem queira revisitá-lo.
David Ferreira
In: Prefácio
Que o livro seja aberto para ser sublinhado, comentado, escalpelizado. Trata-se de um passo importante no resgate da nossa memória colectiva.
Pedro de Freitas Branco
In: Introdução
Book Stage
Nos bastidores do Rock Português vai ser apresentado pelo radialista da Antena3 Nuno Calado.
Um livro de Luís Silva do Ó e Bruno Gonçalves Pereira.
Lançamento esta tarde, às 15:00 no Restaurante Zeno Lounge, no Casino do Estoril.
Música ao vivo com:
Ex-Votos (homenagem a Zé Leonel)
Viralata + Participações surpresa
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Hoje na AMADORA
Há precisamente vinte anos, na 6ª edição do Festival de Banda Desenhada na cidade da Amadora (o maior que se realiza no país), o tema foi a Europa.
Convidado pela organização a fazer uma curta banda desenhada, fiz três pranchas a cores, subordinada ao tema e esteve exposta durante toda a edição. «O Sonho Lusitano» era o título e retratava um pouco do sonho, ainda recente, que se estava a viver: o de Portugal ter finalmente entrado (no dia 1 de Janeiro de 1986) para a então denominada CEE.
Uma das vinhetas noticiava via Rádio a concretização desse desígnio nacional, que escondia vários perigos por trás da aparente felicidade. Entre eles – para além de conflitos armados – o drama económico-financeiro que actualmente se vive.
Este ano, a Autobiografia é o tema escolhido para mais uma edição (a vigésima sexta) do Festival Amadora BD. Até dia 11 de Novembro.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Hoje na RADAR
Esta quarta-feira, o programa «Álbum de Família» é dedicado ao disco «Morrison Hotel» dos norte-americanos The Doors.
Para muitos considerado o álbum mais maduro do grupo do carismático Jim Morrison.
Dele saíram hits que depressa se tornariam clássicos do Rock, naturalmente potenciados pela prematura morte do polémico vocalista logo no ano seguinte à edição deste trabalho.
Volta e meia lá se consegue ainda ouvir na Rádio temas como “Roadhouse Blues”, “Waiting For The Sun” ou “Peace Frog”.
Pessoalmente é o álbum dos Doors que mais gosto. Fez grande parte da minha banda sonora vinte anos depois de ter sido publicado, no também já longínquo Verão do ano de 1990.
O programa «Álbum de Família» de Tiago Castro na RADAR será retransmitido no próximo Domingo ao meio-dia.
Hoje em LISBOA
sábado, 20 de outubro de 2012
Hoje em ALDEIA DAS DEZ
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Música Sem Filme
De modo informal e sem regras rígidas, são divulgadas partes de bandas sonoras em cerca de meia-hora de Rádio, havendo emissões de «Música Sem Filme» que ultrapassam largamente os 30 minutos.
O tom é, como faz jus ao perfil da Antena3, informal. Está a cargo da dupla de apresentadores e realizadores Paulo Castelo e Ricardo Sérgio.
Por vezes há emissões em que apenas um deles está na emissão, perdendo-se assim bons momentos de diálogo que acontecem entre os dois.
A variedade musical é muito diversa, mercê da condição de que se compõem os sons da música feita para filme, inerente às diferentes fases ilustrativas da acção em imagens.
Não existe assim, por definição, um género de música a povoar a emissão, mas sim muitos e diversos. Por alturas naturalmente contraditórios, consoante o momento emocional a que respeita a película, incluindo temas instrumentais e outros cantados.
No que toca aos filmes em si, há uma grande predominância da produção cinematográfica de Hollywood.
Mas é um espaço de descoberta e também de memória auditiva. Desperta a atenção para momentos musicais que, acompanhados das imagens para os quais foram criados, poderiam nem sequer ser apercebidos.
«Música sem Filme» de Paulo Castelo e Ricardo Sérgio.
Antena3, Domingos às 14:00
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A LUGAR COMUM apresenta:
PEGASVS (Esp)
Quinta-feira 18 de Outubro de 2012
23:00
Aqui Base Tango – COIMBRA
Dupla formada por Sergio Pérez e Luciana della Villa, os Pegasvs são hoje uma das mais interessantes propostas da indie espanhola. A edição do seu primeiro álbum homónimo, no passado mês de Fevereiro, culminou uma curta e meteórica ascensão, iniciada a partir da plataforma Soundcloud. Naquela, ao longo de algumas semanas, o projecto catalão antecipou três faixas, que de imediato geraram uma onda de expectativa junto do público e da imprensa.
Passando a integrar as fileiras da editora / produtora CANADA (responsável pelo vídeo "Bombay" de El Guincho), Sergio e Luciana encontraram na label catalã a dimensão visual correspondente ao kraut pop que percorre o seu primeiro álbum. Uma primeira proposta compacta, mecânica e luminosa, que aponta para a electro pop de Gary Numan, as linhas de sintetizadores dos Stereolab ou a componente etérea dos Broadcast.
Após um Verão de concertos, que os levou ao palco do Festival Primavera, em Barcelona, os Pegasvs actuarão pela primeira vez em Portugal, nas cidades de Coimbra (Aqui Base Tango) e Porto (Passos Manuel). Duas noites pontuadas pela pop e pela electrónica.
Preços:
€5,00 (geral) / €4,00 (associados Lugar Comum)
Reservas:
Através do e-mail: geral@lugarcomum.pt (mediante envio de nome completo + nº BI para posterior confirmação)
A subscrição anual da condição de "Associado Lugar Comum" permite o acesso a descontos em bilhetes e outras vantagens. A quota anual (período entre Set 2012 e Set 2013) é de €5,00. Informações adicionais e eventual subscrição na bilheteira do Aqui Base Tango.
Uma organização LUGAR COMUM – Associação de Promoção e Divulgação Cultural
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
10 anos de Prova Oral
Na verdade são 11 anos de «Prova Oral» (o programa começou em 2001), mas é agora que se comemoram os primeiros dez anos de vida.
Estarão presentes todos os animadores que ao longo destes dez anos passaram pela Prova Oral, acompanhando o anfitrião de sempre Fernando Alvim: Nuno Calado, Rita Mendes, Raquel Bulha, Cátia Simão, Rita Moreira e, a actual partner de programa, Xana Alves.
A festa, à qual a «Rádio Crítica» se junta, é hoje à noite no Ritz Clube em Lisboa, a partir das 22:00, onde será oficialmente lançado um Livro + CD + DVD com os melhores momentos seleccionados de uma década de fórum interactivo na Antena3.
Haverá actuações ao vivo com Victor Espadinha, Júlio Resende & Elisa Rodrigues, João Blümel, Charles Sangnoir, Gimba [autor dos criativos jingles/spots do programa], Manuel Duarte e Tânia Barbosa (das Bang Produções), Leandro Morgado, Bro-x e Rosinha.
Antes da festa, a «Prova Oral» de hoje na Antena3, no habitual horário entre as 19:00 e as 20:00, será dedicada exactamente a si própria, contando como sempre com a participação dos ouvintes via telefone.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Queixa sobre a Rádio
A actual Lei (absurda!) da passagem obrigatória de 25% de música portuguesa nas rádios (atenção: música portuguesa, segundo esta Lei, não significa música em língua portuguesa) tem provocado as maiores distorções em antena. Uma delas é a erradicação total das programações de artistas portugueses, que cantam em português em detrimento de, por exemplo, artistas portugueses que cantam em inglês. Mas não é tudo. As sucessivas queixas são oriundas do próprio meio musical nacional que, por ironia do destino, despoletaram a criação de tal Lei e exortavam pela criação desse mecanismo jurídico para salvaguardarem as suas obras por intermédio da passagem com assiduidade nas antenas de radiodifusão. Mas parece que ninguém ficou muito contente com esse dispositivo legal.
Os artistas nacionais continuam a queixar-se e, mesmo com o principal canal de Rádio Pública [Antena1] a emitir 60% de música “portuguesa” – muito para além da obrigatoriedade da Lei – os ecos de desagrado por parte dos criadores não cessaram. Agora é Teresa Salgueiro.
O argumento da qualidade não colhe de todo, porque há muito má música portuguesa, incomparavelmente inferior à de Teresa Salgueiro, a ter larga e repetida divulgação nos ares nacionais.
Não sou responsável pela programação de nenhuma estação e desconheço totalmente o critério que preside às estações de Rádio (se é que preside algum critério, ou se isso existe) para manterem afastada Teresa Salgueiro das chamadas airplay.
Talvez o que as rádios não perdoem é Teresa Salgueiro ter deixado os Madredeus. E um certo tipo de arrogância com que o fez, submetendo o grupo de Pedro Ayres Magalhães a uma longa travessia de cinco anos no deserto, até encontrar uma voz compatível com o reportório (e o mais parecida possível [Beatriz Nunes] com a cantora fundadora), tendo pelo meio ocorrido um desastre ecológico chamado Madredeus & a Banda Cósmica, fê-la tornar-se numa espécie de persona non grata da música portuguesa. Nesse aspecto, Teresa Salgueiro não está sozinha. Longe disso.
Também as opções de, pouco tempo depois, ter alterado o nome para Teresa com Z em vez de S (fraca manobra de Marketing entretanto já desfeita), e de ter gravado um disco em sotaque brasileiro e outro em língua espanhola, não ajudaram muito à sua imagem.
Talvez no Brasil ou em Espanha tenha mais sorte.
O que ela diz:
Tenho sido confrontada com uma grande dificuldade, para não dizer verdadeira barreira, por parte das principais rádios nacionais, no que concerne a passagem da música do meu último disco "O Mistério".
Ou seja, em muitos casos existe uma recusa categórica em passar a música, baseada em justificações como, e passo a citar: 'Esta música não é para o target da rádio; Não é música para o nosso airplay; Temos que dar às pessoas aquilo que elas querem ouvir'.
Dada a variedade da música que é possível ouvir nas diferentes estações, parecem-me bastante subjectivas estas observações.
(…)
Aquilo que escrevi anteriormente dirige-se em particular à passagem regular (ou à falta dela) de música portuguesa nas rádios nacionais e, reitero, não considero de modo algum que esta seja uma situação pessoal. Não me considero uma vítima.
Teresa Salgueiro
In: BLITZ via Facebook
04 de Outubro 2012
Variedade da música que é possível ouvir nas diferentes estações (?!)
Há dias fui assistir a um dos actuais concertos de Teresa Salgueiro, a ver se descobria O Mistério.
Tudo o que vi foi uma banda de quatro elementos (podiam chamar-se Os Noventa Por Cento Soporíferos) a imitarem os Madredeus, com a antiga vocalista dos Madredeus a querer ser uma outra coisa qualquer, sem nunca conseguir deixar de ser o que foi.
Está, pelo menos a meu ver, desvendado O Mistério e, quem sabe, uma explicação para a alegada rejeição por parte das rádios nacionais em transmitirem aquela música. Curiosamente (ou não), a música dos Madredeus continua a ser transmitida com regularidade na Rádio.
Como disse um amigo na noite do concerto, “Esvoaçaram 10 aéreos!”.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Experiência sonora
No âmbito do Festival OUT.FEST, teve lugar no passado Sábado uma interessante experiência sonora, levada a cabo no interior de uma Igreja.
De olhos bem fechados, as pessoas presentes fruíram, ao longo de cerca de 45 minutos, de sons oriundos do campo e da natureza, misturados com ruídos provocados pela actividade humana e animal.
Após uma prévia recolha gravada, o fonografista Luís Antero foi misturando um grande leque de sons seleccionados que captou em diversos cenários naturais e os debitou através de um simples labtop assente numa pequena mesa centralizada no altar.
Concerto Para Olhos Vendados
Por quê concerto para olhos vendados? Porque muitas vezes paramos para ver, mas não paramos para ouvir, justificou o autor da experiência.
Embora a palavra Concerto esteja na denominação da experiência sonora, a música não está presente. Só a música natural dos sons ambiente.
No final, e em conversa informal com o público assistente, ficou a promessa de, em breve, serem apresentados sons de formigas. Algo que, certamente, pouca gente ouviu.
Um trabalho efectuado no projecto Sons do Arco Ribeirinho Sul.
Luís Antero na reportagem da ESEC-TV:
Mais sobre Luís Antero aqui
domingo, 14 de outubro de 2012
14 de Outubro 2002
O programa de Rádio «Vidro Azul», da autoria de Ricardo Mariano, completa hoje uma década de emissões regulares.
Parabéns!
sábado, 13 de outubro de 2012
Hoje em LISBOA
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Hoje no BARREIRO
Começa hoje a 9ª edição do Festival OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro.
Durante quatro dias as experiências sonoras são muito diversificadas e expandem-se por vários territórios, desde o Jazz ao Rock, passando pelo Ambient e Fusão, em diferentes locais de apresentação.
Durante o mês de Outubro a cidade do Barreiro celebra, desde há muitos anos, o mês da Música.
Ouvir notícia da Rádio AQUI
Programa:
10 OUTUBRO
BE JAZZ CAFÉ
21h30
Concerto:
RED TRIO
[Hernâni Faustino, Rodrigo Pinheiro, Gabriel Ferrandini]
11 OUTUBRO
TEATRO MUNICIPAL DO BARREIRO
21h30
Concertos:
STEVE GUNN
HELENA ESPVALL
12 OUTUBRO
CONVENTO DA MADRE DE DEUS DA VERDERENA
22h00
Concertos:
KEVIN DRUMM
HELM
YONG YONG
13 OUTUBRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
DA MATA DA MACHADA
10h00-13h30
RECOLHAS SONORAS PEDAGÓGICAS
[no âmbito do projecto SONS DO ARCO RIBEIRINHO SUL]
IGREJA DA Nª SRª DA GRAÇA DE PALHAIS
17h30
CONCERTO PARA OLHOS VENDADOS
por LUÍS ANTERO
[no âmbito do projecto SONS DO ARCO RIBEIRINHO SUL]
ESCOLA DE JAZZ DO BARREIRO
22h00
Concertos:
MAN FOREVER
RODRIGO AMADO
BE JAZZ CAFE
00h00
Concerto:
THE FISH
[Jean-Luc Guionnet / Benjamin Duboc / Edward Perraud]
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Já passa na Rádio
Já passa na Rádio um dos temas da reedição do álbum «Born to Die» da cantora norte-americana Lana Del Rey.
O disco (dito de estreia, apesar de na verdade ser o segundo de originais) foi editado em Janeiro deste ano, mas é agora reeditado numa versão revista e aumentada, com edição oficial agendada para dia 12 de Novembro próximo.
Inclui uma curiosa versão do clássico “Blue Velvet” de Bobby Vinton (1963), que também serve de suporte a um anúncio publicitário de TV.
Há uma outra versão conhecida de “Blue Velvet” na voz da actriz Isabella Rossellini, no filme com o mesmo nome, de David Lynch (1986).
Nada aqui surge ao acaso. O anúncio de TV tem muito do universo Lynchiano e Lana Del Rey tem muito ar de anos 50/60 norte-americanos.
Lana Del Rey – “Blue Velvet” (2012):
[Anúncio da H&M]
She wore Blue Velvet
Bluer than velvet was the night
Softer than satin was the light
From the stars
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Sonatas de Outono
Canções de Outono que não passam na Rádio
Jackson C. Frank – “Milk and Honey”:
[vídeo não oficial]
Gold and silver is the autumn
Soft and tender are her skies
Yes and no are the answers
Written in my true love's eyes
Lee Hazlewood – “My Autumn's Done Come”:
[vídeo não oficial]
Let my blood pressure go on its way
For my autumn's done come
My autumn's done come. Done come
---------------------------------------------------------------------------------------------
O que eles dizem (93):
O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia.
Leonardo Da Vinci
Jackson C. Frank – “Milk and Honey”:
[vídeo não oficial]
Gold and silver is the autumn
Soft and tender are her skies
Yes and no are the answers
Written in my true love's eyes
Lee Hazlewood – “My Autumn's Done Come”:
[vídeo não oficial]
Let my blood pressure go on its way
For my autumn's done come
My autumn's done come. Done come
---------------------------------------------------------------------------------------------
O que eles dizem (93):
O casamento é como enfiar a mão num saco de serpentes na esperança de apanhar uma enguia.
Leonardo Da Vinci
sábado, 6 de outubro de 2012
Hoje em VALADO DOS FRADES
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Margarida Marante
1959 - 2012
Neste último dia feriado de 5 de Outubro [implantação da República em 1910] recheado de peripécias na comemoração oficial da data, a notícia da morte da jornalista Margarida Marante.
Dela recordo com mais frescura o início dos anos 80 na RTP, onde desassombradamente enfrentou em directo os maiores vultos políticos da época, como por exemplo Álvaro Cunhal, Mário Soares ou Francisco Sá Carneiro.
Essencialmente mulher da Televisão – especialmente na condução de entrevistas políticas – Margarida Marante também foi uma figura da imprensa escrita e da Rádio. Esteve na TSF em 1991 e, depois de nove anos na SIC – onde foi uma das pessoas fundadoras no dia 6 de Outubro de 1992 –, em 2003/2004.
Um desaparecimento prematuro aos 53 anos de idade e, profissionalmente, uma grande perda. Não pelo que Margarida Marante estava actualmente a realizar, mas pelo que poderia estar e não estava, resultante de um conjunto de várias circunstâncias.
Como alguém disse: “Ela começou a morrer quando saiu da SIC”.
São muito frágeis os pedestais onde assentam os pés das figuras mediáticas.
The Beatles - Love Me Do
Meio-século de Beatles na vida da Rádio
Completam-se hoje exactamente 50 anos da edição do primeiro disco dos lendários The Beatles.
O single “Love Me Do” foi editado no dia 5 de Outubro de 1962.
O inicio oficial na industria musical de uma carreira fulgurante, de quatro jovens, oriundos da cidade inglesa de Liverpool.
The Beatles – “Love Me Do” (1962):
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Hoje no ESTORIL
terça-feira, 2 de outubro de 2012
No próximo Sábado
3º Aniversário Rádio Amália
Concerto de Aniversário da Rádio Amália
Transmissões dos Concertos em Directo na Rádio Amália
6 de Outubro, Salão Preto e Prata do Casino Estoril
Já se encontram esgotados os bilhetes para o 3º aniversário da Rádio Amália.
No dia que marca o desaparecimento da grande voz da Alma Portuguesa, Amália Rodrigues, nasceu a Rádio Amália, cujo contributo mantém viva a grandeza do Fado.
É já no dia 6 de Outubro que o fado se celebra em dose dupla: pela primeira vez, o aniversário da Rádio Amália leva ao Salão Preto e Prata do Casino Estoril não só as vozes mais distintas da canção nacional, como os seus mais recentes talentos, assegurando a Final do Grande Premio do Fado, e que será transmitido em directo na Rádio Amália e na RTP.
O evento, que contará com transmissão em directo na RTP1, contará assim com a presença e actuação de fadistas consagrados como Maria Da Fé, António Pinto Basto, Ana Sofia Varela, Pedro Moutinho, Marco Rodrigues e José Gonçalez, que aproveitará o momento para a apresentação oficial do seu novo trabalho.
A estes juntar-se-ão os mais novos finalistas do Grande Prémio do Fado: ao todo são oito as jovens vozes que procuram a sua oportunidade no fado, depois de ultrapassadas as etapas no programa Portugal no Coração.
Amália, quis Deus que fosse o seu nome.
92.0 Lisboa, 100.6 Setúbal.