Fala-se que estamos na terceira vaga da pandemia, depois da segunda, mas a verdade é que não chegámos a sair da primeira. O novo vírus veio, viu, chegou e venceu. Está por aí, descontrolado, a espalhar-se e a disseminar-se com sucessivas mutações e novas estirpes. Imparável.
Para a Rádio, é o regresso a estratagemas de recurso adoptados desde o primeiro confinamento, que têm perdurado em grande medida desde então, reforçando-se agora. É o regresso em força de todos os fantasmas da carne e do osso que já conhecemos: quebra de receitas, reduções orçamentais, redução de conteúdos, alteração de horários, Layoff, redução de pessoal, saída de profissionais, rescisões de comum acordo ou nada amigáveis, despedimentos, atropelos aos direitos laborais, aprofundamento da precariedade, crescimento de espaços vazios em antena, perda de qualidade sonora, pobreza de programação, repetição continuada de programas, redução da oferta de diversidade e muita imprevisibilidade. A cama é de espinhos e a almofada tem bicos.
Não nos iludamos. Apesar da ainda longínqua luz ao fundo do túnel com a descoberta da vacina, 2021 é já outro ano perdido. Será mais um inesquecível ano para esquecer.
A actual pandemia tem costas largas, servindo de pretexto para tudo o que se quiser e puder. É terreno fértil para onzenários e agiotas, despotismo e arrivismo, exploração e calotes, vigarice e demagogia, propaganda populista e fake news, ressabiamento e revanchismo, oportunismo e golpismo.
E logo para começar mal, acoberto dos apoios estatais à Cultura, o Governo anunciou o aumento da quota obrigatória por Lei da passagem de Música portuguesa na Rádio. O desastre continua!
Há muito tempo que as estações de referência deixaram de apresentar novas grelhas em cada temporada. Na generalidade, o que se fazem são pequenos ajustes cosméticos, alterações de horários para dar a ideia de que se mudou alguma coisa, desfidelizando ouvintes e, principalmente, suspensão e supressão de conteúdos.
O canal erudito do serviço público de radiodifusão é a única estação de Rádio a nível nacional a apresentar acrescentos novos à programação.
Como tem sido hábito nos anos mais recentes, a Antena2 estreia em Janeiro novos espaços de programação. Início de novo ano com os já anteriormente divulgados programas «Libertango» e «O Último Século». Também neste mês regressou para uma segunda temporada «Sexta Santa», para além das estreias de «Ambos na Mesma Página», «Palavras Cruzadas», «Contraconto», «Kinorama» e «Bolha Gular».
Sexta Santa
De Belmiro Ribeiro, Bernardo Gavina e Jorge Louraço Figueira
Breves histórias e micro-peças realizadas pelo CeDA-Centro de Dramaturgia e Argumento
Uma série de treze programas dedicados à transição da tradição musical erudita iniciada no Século XX, com realização e apresentação de Henrique Silveira.
O Último Século Antena2 Domingo 22:00/23:00 | 4ªfeira 13:00 | Sábado 05:00 Mais informação aqui
Este é o ano do centenário do nascimento do músico e compositor argentino Astor Piazzolla (1921-1992). A Antena2 apresenta uma série de treze programas dedicados à vida e obra do grande revolucionário do Tango, com realização e apresentação de João Gobern.
O Manual de Reportagem do REC (Repórteres em construção)
será apresentado na próxima sexta-feira, dia 15 de Janeiro, às 18h00, numa
sessão que será realizada online. A apresentação estará a cargo da jornalista
Maria Flor Pedroso.