
Mais um ano que chega ao fim, mais uma emissão da série «Como no Cinema» disponibilizada pela primeira vez na Internet.
Uma reflexão sobre «O Tempo» que faz e o tempo que passa, com vozes de Aníbal Cabrita e Maria Azenha; textos de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) e Marguerite Yourcenar; música de Vivaldi, Beethoven e Philip Glass.

Quando uma estátua é acabada, começa de certo modo a sua vida
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Está o tempo passado. Até ao ano que vem.
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O que eles dizem (21)
Eu queria saber se era capaz de começar tudo de novo. Quinze anos de televisão é muito tempo. Estava numa fase em que já me sentia muito seguro a fazer televisão. Precisava de voltar a sentir-me inseguro profissionalmente. Isso é um grande desafio, para quebrar o comodismo que se instala nas pessoas.
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Nunca vi a televisão como um lugar seguro. Mas é verdade que há esse olhar, senti muita gente surpreendida. As pessoas acham que deve haver qualquer agenda escondida, que sou um bicho esquisito do zoo, que troca a televisão pela rádio. Houve alguém que me perguntou: "Mas porque é que queres ir para a telefonia?" (risos) E eu expliquei-lhe que a telefonia é uma paixão, e quem já passou pela rádio (e eu saí do Correio da Manhã Rádio há 17 ou 18 anos) sabe que o bichinho fica cá dentro.
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É uma redacção muito nova. Todos estes jornalistas e produtores que aqui estão têm tanta vontade e acreditam tanto neste projecto, que me fizeram acreditar ainda mais que tomei a decisão certa. O que nós queremos é que a rádio volte a ter o peso que já tem e que perdeu em Portugal. E este investimento da Prisa em mim e neste projecto é um sinal de que é possível mudar o panorama da rádio em Portugal. Veja-se o caso de sucesso da Cadena Ser, em Espanha.
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Eu serei o mesmo, vou fazer o mesmo tipo de informação que sempre fiz. Se puder ter como ouvintes os espectadores que me viam, tanto melhor.
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Vejo as pessoas a falar muito em audiências e liderança. Estou mais preocupado em fazermos um bom trabalho. O que quero é que o RCP dê notícias, marque o dia, dê manchetes. O que se passa hoje é que a rádio e as televisões, normalmente, desenvolvem no dia as manchetes dos jornais. Queremos poder competir com os jornais em informação que marque o dia. Se isso acontecer, as pessoas vêm atrás.
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É evidente que vamos disputar um mercado já existente e que também é o da TSF, mas o RCP não será uma rádio só de informação, vai ser uma rádio generalista que vai apostar muito na informação, na entrevista, no debate, em determinados períodos do dia. Mas é uma rádio mais generalista, como a Antena 1 ou a Renascença.
João Adelino Faria, entrevistado por Nuno Azinheira
In: Diário de Notícias
Quinta-feira, 28 de Dezembro 2006
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Dizem-se hoje, na rádio, coisas assombrosas. Há "animadores" ou "locutores de continuidade" que não resistem a um microfone aberto e julgam-se ao nível dos humoristas da Nação. Era dia 26 de Dezembro, estava o autor destas linhas numa "loja dos chineses", em busca de uma daquelas trivialidades domésticas difíceis de encontrar, mas que, por norma, está à venda nos "chineses". O som ambiente reproduzia uma qualquer rádio, onde a música era interrompida por frequentes diálogos do "casal" de locutores - e é quando "ele", falando do dia que passava, caracterizou-o como um "feriado transexual". Explicação do radialista: é um feriado "que não se assume". Riu muito, ouviu risinhos da parceira e voltou a música. Estarrecido, paguei e saí à pressa, a caminho do carro e de uma estação de rádio decente.
Mário Bettencourt Resendes
In: Diário de Notícias
Quinta-feira, 28 de Dezembro 2006
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A minha paixão não é o futebol, é a rádio.
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Ao longo de 50 anos fiz muitos programas, a diversas horas do dia, mas este é o primeiro interactivo. E a Bancada Central marca de facto a parte final da minha carreira, que já devia ter terminado há muito tempo, mas a TSF não me deixa ir embora. Não só por causa da Bancada, como também por causa dos relatos de futebol que ainda vou fazendo.
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A rádio mudou muito essencialmente depois do 25 de Abril, com o advento das rádios locais e o aparecimento de grandes emissoras. Antigamente a grande preocupação era o culto da voz. Depois veio a revolução e democratizou-se a rádio. E o que passou a ser essencial foi ter-se aptidão para escrever e ler os seus próprios textos. Deixou de ser preciso ter uma grande voz, mas também deixou de ser necessário ter uma grande cultura. E começaram a dizer-se grandes disparates ao microfone. Não sou saudosista e estou de acordo com a democratização da rádio, mas é preciso perceber que a possibilidade que se deu a toda a gente fazer rádio fez com que a qualidade deixasse de ser uma exigência. Mas entre a rádio de antes e a de agora, respondo sem hesitação que estou mais feliz com a rádio actual.
Fernando Correia, entrevistado por Sónia Correia dos Santos
In Diário de Notícias
Sábado, 23 de Dezembro 2006