segunda-feira, 10 de outubro de 2005
Queridos Anos 80

Acontece porém que este interessante blogue cobre, na esmagadora maioria, o cenário pop-rock dos 80s mais celebrado pela fama e sucesso comercial: A-Ha, A Flock Of Seagulls, The Adventures, Alphaville, Rick Astley, Bananarama, The Bangles, Berlin, Blondie, Belinda Carlisle, Bros, Classix Nouveaux, The Communards, The Cult, Culture Club, Dead Or Alive, Depeche Mode, Duran Duran, Echo & the Bunnymen, Eurythmics, Fine Young Cannibals, Frankie Goes To Hollywood, Gazebo, The Housemartins, The Human League, Billy Idol, Industry, Jesus And Mary Chain, Kajagoogoo, Cyndi Lauper, Secret Service, Spandau Ballet, Wham!, Wet Wet Wet... e muitos mais. Estão lá todos. Até aqui tudo muito bem, mas também há os outros anos oitenta e, sobre esses, nada ou quase nada. Onde está aquela outra faceta mais alternativa, tão interessante, tão fascinante, misteriosa e sedutora da década de oitenta? Japan, David Sylvian, Robert Wyatt, World Party, Nick Cave & The Bad Seeds, Working Week, Television, Tom Verlaine, Harold Budd, Brian Eno, This Mortal Coil, Cocteau Twins, Dead Can Dance, Wolfgang Press, M.A.R.R.S., Siouxie & The Banshees, John Cale, Cindy Talk, Howard Devoto, Magazine, Clan of Xymox, Mark Eitzel, American Music Club, Pale Saints, Modern English, D.C. Lee, Heidi Berry, The Gist, Rema Rema, Bauhaus, Art Of Noise, Bithday Party, Laurie Anderson, Colourbox... e muitos, muitos outros. Completaria e de que maneira uma visão muito mais abrangente sobre os eighties. É apenas uma opinião. Considero ser uma pecha deste blogue musical, mas sendo um blogue é de livre arbítrio e o seu autor fará sempre nele e dele o que muito bem entender. Assim é e assim deverá ser.
A música dos anos 80 tem presença assídua um pouco por quase todas as rádios em Portugal. Há mesmo espaços dedicados aos temas musicais mais representativos, os que arrasaram os tops durante meses a fio (lembram-se do "I Just Call To Say I Love You" do Stevie Wonder?), ou os que nem pelas melhores razões humanitárias ficaram na memória (Band Aid ou USA For Africa), ou os por péssimas razões estéticas (“You´re My Heart, You´re My Soul” dos Modern Talking!). Ainda hoje é possível encontrá-los, estes e outros, dispersos nas playlists que deambulam na nostalgia “oitentista” dos quadrantes hertzianos. Mas o surgimento das memórias de 80 nas várias frequências nacionais, regionais e locais, vem sempre desguarnecido de enquadramento (não só as canções de 80!). Aparecem amiúde misturadas com coisas de hoje ou de outras datas e que nada têm a ver. Mas isso já é entrar noutro assunto. Voltando ao blog "Queridos Anos 80": era perfeitamente viável adaptá-lo à rádio. Juntando os textos às canções, "cozinhando" o melting pot, saíria daqui um pitéu, mesmo ignorando os outros anos oitenta e até os anos oitenta portugueses, que também teriam o seu justo espaço e interesse!
Estamos a meio da primeira década do século XXI. Daqui a não muito tempo já serão os anos 90 a serem mais recordados e mais marcadamente destacados nas rádios e nos blogues que se proponham a seguir o exemplo deste Tarzan Boy. Ainda assim, e antes que o tempo certo passe de vez, mantém-se a utilidade de contextualizar devidamente e tratar melhor musicalmente os 80s, principalmente na rádio. O espaço de tempo que vai do dia 1 de Janeiro de 1980 até ao dia 31 de Dezembro de 1989 representa a primeira década completa de vida da geração (à qual pertenço) que agora atinge - ou atingiu já - os 30 anos de idade. Musicalmente através da rádio, tenho a certeza que esta "colheita" não deixaria de aderir ao mood.
O que existe nesta matéria em rádio com mais um pouco de espessura, pelo menos do que conheço, encontra-se em duas estações: RNA-Radio Nova Antena (92.0 Lisboa), que se ocupa de um universo musical maioritariamente made in 80, na faceta mais comercial da época; e na RADAR (97.8 Lisboa), no espaço "Radar 20 anos" (2ª a 6ª / 21:00 - 23:00) num menu mais alternativo. Ambos os casos sem reforço informativo, sem contextualização, logo, pobre na apresentação.
Há blogues que dariam bons livros (alguns já o fizeram), outros chegaram à televisão, outros dariam bons filmes. Este ( http://www.dear80s.blogspot.com/ ) estaria reservado à rádio. Vale uma aposta?
Francisco Mateus