sábado, 31 de outubro de 2020

Hard Times

Bruce Springsteen, 71 anos de idade completados no dia 23 Setembro deste ano. Tem novo álbum com a mítica E Street Band, editado um mês depois do seu aniversário. A Rádio esteve sempre presente na vida e em muitas canções do maior compositor de Rock'n'Roll norte-americano dos últimos 45 anos. O primeiro artista internacional a conseguir atingir o número 1 no Top britânico de álbuns em cinco décadas consecutivas. 










The radio man finally understands and plays you something you can move to. You lay back, cut loose your drive power. Your girl leans over says, “Daddy, can you turn that radio up any louder?” 

Seaside Bar Song, 1973 

The screen door slams, Mary's dress waves
Like a vision she dances across the porch as the Radio plays
Roy Orbison singing for the lonely
Hey, that's me and I want you only


Thunder Road, 1975

Now there’s something coming through the Air
That softly reminds me
A voice is coming through
So keep me in your heart tonight
So turn up your radio and darling dial me in close
We’re riding on the airwaves
Just let the music take us
And carry us home

There’s a prayer coming through the Air
And it’s shot straight through my heart
Tearing open the evening sky and tearing me apart
Now I’ll ride that signal down the line
I’m home again with you
So turn up your radio
And I’ll save my love for you
Turn up your radio and I’ll save my love for you

Save My Love, 1978

Well I'm feeling might fine 
Got good music on my radio 
Well, I'm feeling might fine 
Got good music on my radio 
Well, I want to kiss you baby 
While you're standing beneath the mistletoe 

Merry Christmas Baby, 1980 

In some motel room therell be a radio playing
And you'll hear me sing this song
Well if you do you'll know Im thinking of you and all the miles in between
And Im just calling one last time not to change your mind
But just to say I miss you baby, good luck, goodbye 

Bobby Jean, 1984

Message just keep getting clearer, Radio's on and I'm moving round the place
I check my look in the mirror I wanna change my clothes my hair my face
Man I ain't getting nowhere I'm just livin in a dump like this
There's something happening somewhere baby I just know that there is 

Dancing in the Dark, 1984

I'm driving in my car, I turn on the radio
I'm pulling you close, you just say no
You say you don't like it, but girl I know you're a liar
Because when we kiss, Fire!

Fire, 1985

I was driving through the misty rain
Yeah searchin' for a mystery train
Boppin' through the wild blue
Tryin' to make a connection with you. 
This is radio nowhere, is there anybody alive out there?

Radio Nowhere, 2007 


sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Este não é o tempo das coisas boas

 
 

Do not go gentle into that good night 

Dylan Thomas 


Quando se entra num túnel escuro, não se sabe o que se encontrará no interior dele, não se sabe quando se sairá dele, nem como. A sociedade actual, que nunca antes vivera uma situação destas a nível planetário, está desorientada, baralhada, fortemente fustigada e fatigada, por causa de um novo vírus. Entrámos mais facilmente no túnel do que quando tentámos sair e não soubemos sair. Confinou-se bem, desconfinou-se mal e de forma atabalhoada. O desconfinamento deixou-nos desconfiados, depois de uma Primavera que não o foi e do Verão mais bizarro de que há memória. Ninguém estava preparado para isto. E continuamos a não estar. Como em todas as situações na Vida, em que se pretende sair de uma situação adversa, só há uma maneira de sair bem: é sair completamente. Tal atitude é agora impossível de concretizar. Não se sabe quando será e não há fim à vista. 
A Rádio, como quase todas as actividades humanas, tem sofrido bastante com a pandemia. A começar pelo Som. Sendo a Rádio o primado do som, este é o que mais tem sofrido em termos de qualidade e percepção, com o recorrente recurso à transmissão em telechamada. Demasiado ruído, imensas falhas sonoras, provocando deficiente recepção e compreensão da mensagem. Ecos, delaysfeedbacks, distonias, prejudicando o produto final, quer seja gravado, quer seja em directo. 
Este vírus que nos entontece tem alterado as normais grelhas de programação, tem feito multiplicar-se o exercício das repetições e reposições de programas mais antigos e outros, não tão antigos, mas anteriormente transmitidos. Ainda assim, com tantas adversidades, os efeitos operacionais da actual pandemia também tem produzido interessantes programas especiais dedicados ao tema, criado outros referentes ao drama e tudo o que isso implica nestes dias sombrios, estranhos, perigosos e incertos. 
O teletrabalho não é um recurso opcional em todas as áreas e sectores da Rádio e esse facto trouxe coisas positivas ao meio. Quer o próprio teletrabalho, quer o seu contrário. 
Há estações que melhoraram a sua oferta, exibindo uma notável capacidade de resposta, como por exemplo o principal canal da Rádio pública, com o regresso das 24 horas em directo, rectificando uma anterior opção injustificada de colocar em antena apenas espaços previamente gravados durante a madrugada, tendo sido, nesse período que durou anos, uma Rádio sem alma, sem chama, sem actualidade. 
Depois do Natal do nosso descontentamento, em que as rádios ilegais foram totalmente silenciadas na noite de 24 de Dezembro de 1988, antes de ressurgirem em Março do ano seguinte já com alvarás atribuídos apenas às estações seleccionadas pelo poder político, este está a ser o ano mais negro da História da Rádio em Portugal. Não só por razões qualitativas ou anterior pobreza de diversidade e oferta, mas por motivos económicos causados pela pandemia. Redução das equipas, cortes orçamentais, soma de prejuízos, diminuição acentuada das receitas, saída de profissionais não colmatadas ou apenas em parte, Layoff, rescisões por mútuo acordo, redução de horários, quarentenas, horários em espelho, turnos suprimidos, afastamento físico, distância social, ausência presencial e crescimento dos espaços vazios em antena. 
Antes da epidemia e da consequente pandemia, a Rádio já estava a ser assolada por uma longa crise desde o ano 2007. Sempre em plano inclinado desde então, a degradação da linha descendente nunca conseguiu um achatamento estável, tendo ido por aí a baixo, continuando no aqui e agora. Eis-nos então chegados às portas de 2021, num cenário impensável há poucos meses. A pandemia acentuou e acelerou quase tudo o que de negativo já havia. Não só na Rádio. 

O mais interessante e belo programa diário de Rádio actualmente existente em Portugal regressou das férias de Verão para a oitava temporada e fê-lo debruçando-se sobre livros recentes que falam sobre o tempo que vivemos agora. Olhares actuais sobre os dias, sobre o Mundo. 

2ª feira, 14 de Setembro de 2020 
Realização de Luís Caetano 
Ouvir aqui