sábado, 29 de maio de 2010

Liga dos Campeões na Rádio















O Rádio Clube Português foi a única estação de Rádio portuguesa a transmitir a final da Liga dos Campeões de futebol realizada no passado Sábado à noite em Madrid.
Em campo não estavam equipas portuguesas, nem jogadores portugueses. O jogo disputava-se num país estrangeiro. Apenas o treinador de uma das equipas e um dos seus adjuntos eram de nacionalidade portuguesa. Nada que se relacionasse directamente com Portugal estava em campo. Então qual o interesse em transmitir o relato do encontro? Aparentemente e o objectivamente nenhum. Nem o argumento que era para quem não pudesse ver pela TV colhia, porque ao contrário do que foi tradição em todas as edições anteriores da prova, desta vez – e pela primeira vez – a final não se disputou numa quarta-feira mas sim num Sábado. Havia, pois, mais gente a poder estar a assistir pelo pequeno ecrã.
A vantagem de tal transmissão tornou-se relevante de forma inusitada, a partir do momento em que começaram a surgir problemas técnicos com o som da TV. Microfones avariados – um apenas disponível – para os dois comentadores, à vez, com grande espaço entre um e outro (a chamada “branca” na gíria radiofónica).
Quem sabia e podia, recorreu à transmissão sonora via rádio. Um hábito a cair em desuso mas sempre muito útil quando as imagens apenas se ficam por aí. Acresce a isto que desta vez não havia o actualmente recorrente desfasamento de tempo entre o som da Rádio e as imagens da Televisão, uma vez que o relato do RCP estava a ser não em directo do estádio Santiago Barnabéu, mas sim através das imagens da RTP (outra bifurcação que está na moda).
Em campo venceu uma das equipas, nos media nacionais entre TV (RTP-1) e Rádio (RCP), o resultado foi um empate técnico.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Rádio Nostalgia / Maio 2010 (II)














Queridos Anos 80
Outra festa organizada pelo autor do tal blogue que dava um grande programa de Rádio, agora num outro local do grande Porto, na cidade de Matosinhos.
A ilustrar a época, seguem-se as imagens do mítico programa da TV inglesa «Top of the Pops».
Billy McKenzie e o seu grupo Associates, em 1982, nos seus tempos áureos antes de ter caído numa profunda depressão que o levaria ao suicídio em 1997, aos 39 anos de idade.
Eram os tempos pungentes da electro-pop britânica da primeira metade dos anos 80, onde tudo ainda era uma festa de ritmos, luzes e cores garridas.
O videoclip está com pouca qualidade na imagem e tem a ponta final cortada, mas vale pelo momento histórico.

Associates – “Party Fears Two” (1982)


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Outra canção que me anima















Mão Morta – “Novelos da Paixão” é uma canção que, por estes dias, me anima estar a passar e a ouvir na Rádio

Há muitos anos que esta banda minhota deixou de ser para Braga e tudo à volta. Vêm dos anos 80 e, de tempos a tempos, surpreendem-nos com temas como este. Uma espécie de Killing Joke à portuguesa, os Mão Morta de Adolfo Luxúria Canibal estão actualmente a perfumar algumas das ‘playlists’ mais criteriosas (leia-se: atentas) aos movimentos do mercado nacional.
Os Mão Morta e A Naifa estão nestes dias a fazer a diferença nas (algumas) rádios nacionais com novos temas cantados em português, numa ditadura de ‘playlists’ submetida a uma absurda Lei de 25% de música portuguesa. Se esta percentagem estivesse ao nível dos nomes aqui citados não estaríamos mal. Mas não é isso que acontece. Por isso, estamos mesmo mal.



Mão Morta – «Pesadelo em Peluche» (2010)
Alinhamento do disco:

01. Novelos da Paixão
02. Teoria da Conspiração
03. Paisagens Mentais
04. Biblioteca Espectral
05. Tardes de Inverno
06. Como um Vampiro
07. Penitentes Sofredores
08. O Seio Esquerdo de R.P.
09. Fazer de Morto
10. Metalcarne
11. Estância Balnear
12. Tiago Capitão

Próximos concertos:
09 de Julho - Oeiras - Festival Alive - Passeio Marítimo de Algés
24 de Julho - Mirandela - Parque Dr. José Gama

Mão Morta: site oficial
Mão Morta: MySpace

Texto originalmente publicado no blogue «Irmandade do Éter» (25.Maio.2010)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Esta canção que me anima














A Naifa – “Esta Depressão Que Me Anima” é uma canção que, por estes dias, me anima estar a passar e a ouvir na Rádio

Um ano após a morte de João Aguardela, A Naifa está de volta. Um retumbante regresso neste mês de Maio.
Com Sandra Baptista no baixo (no lugar de Aguardela) e Samuel Palitos na baeteria, a Naifa edita agora um livro e um DVD biográfico centrado nos quatro primeiros anos de vida da banda de Luís Varatojo e Maria Antónia Mendes.



A digressão “Esta depressão que me anima” arrancou dia 07 deste mês e estende-se até ao início de Junho.

MAIO
07 - BARREIRO, Auditório Municipal Augusto Cabrita
08 - CARTAXO, Centro Cultural
13 - FARO, Teatro Municipal
14 - PORTALEGRE, CAEP
15 - AVEIRO, Teatro Aveirense
22 - HORTA, Teatro Faialense
26 e 27 - COIMBRA, Oficina M. Teatro
28 - GUIMARÃES, CC Vila Flor
29 - CALDAS DA RAINHA, CCC

JUNHO
05 - LISBOA, Castelo de São Jorge

A Naifa: site oficial
A Naifa: MySpace
A Naifa: Blogue

Texto originalmente publicado no blogue «Irmandade do Éter» (16.Maio.2010)

terça-feira, 18 de maio de 2010

LINHAS CRUZADAS #34












A Vida e a Arte do encontro na Música
Piano Magic & Brendan Perry

Vem do ano passado o álbum «Ovations» dos Piano Magic. É o décimo disco desta banda britânica, formada em Londres no Verão de 1996.
Dos três membros fundadores, actualmente resta apenas um. Os Piano Magic tiveram ao longo dos anos várias formações e editaram até 2009 uma dezena de álbuns originais.
Os Piano Magic passaram por várias editoras, entre elas a independente 4AD.
Abraçando múltiplas influências e estabelecendo pontes com variadas colaborações, no álbum «Ovations» encontram-se dois temas interpretados por Brendan Perry. O fundador dos Dead Can Dance é uma dessas múltiplas influências na carreira de catorze anos dos Piano Magic.
Brendan Perry como convidado de honra no álbum «Ovations» dos Piano Magic, em 2009, na canção "You Never Loved This City".

DOWNLOAD

(clicar na imagem para ouvir o tema)
















LINHAS CRUZADAS #34
Tempo total: 05:20"

Ouvir/download/podcast

Piano Magic - "You Never Loved This City"

Make haste, the light is fading
The traders turn the sign
The clouds are lost to darkness
The bars they spring to life
You never loved this city
But angel, it loves you
Your smile, a Roman candle
Your eyes are Prussian blue

Beware, the crack of lightning
Three miles but drawing near
The first rain blacks the pavement
The birds, they disappear
And in the doorway, lovers
They share a cigarette
Below, the rush of gutter
Above, a silhouette

You never loved this city
But angel, it loves you
Your smile, a Roman Candle
Your eyes are Prussian blue
I never loved this city
But you can keep me here
Your love, a stained glass window
Your heart, a chandelier

Piano Magic: site official
Piano Magic: MySpace

Brendan Perry: site official
Brendan Perry: MySpace

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Rádio Nostalgia / Maio 2010 (I)















Queridos Anos 80: o tal blogue que dava um grande programa de Rádio
O organizador é o mesmo que já nos habituou a grandes noites na cidade do Porto. O programa também.
Só para indefectíveis saudáveis da nostalgia do outrora agora.

A ilustrar este anúncio, o Maior hit da longa carreira dos irlandeses Clannad. A banda que vem dos anos 70, mas que só em 1985 encontrou – no álbum «Macalla» – o abraço do sucesso comercial à escala mundial, com um tema “patrocinado” pelo compatriota Bono Voxx dos U2.

Clannad & Bono - "In a Lifetime"


quinta-feira, 13 de maio de 2010

LINHAS CRUZADAS #33

A Vida e a arte do encontro na Música
Wolfgang Press & Elizabeth Fraser





















Terceira e última de três colaborações da cantora Elizabeth Fraser, ex-vocalista dos Cocteau Twins, com outros artistas nos anos 80.
Agora com os Wolfgang Press, uma banda que editou álbuns entre 1983 e 1995.
Os três membros fixos da banda derivaram de anteriores projectos independentes: os Rema-Rema, os Mass e os In Camera.
Desde o primeiro ao último disco mantiveram-se sempre fiéis a uma sólida imagem de provocação pós-moderna, de conceitos imprevisíveis e desconcertantes. O non-sense era a imagem de marca dos Wolfgang Press, apesar de terem evoluído progressivamente de ano para ano, atingido uma perfeição técnica e estilística aquando do fim da banda.



Voltando à colaboração com a ex-vocalista dos também já extintos Cocteau Twins:
Elizabeth Fraser participa em dois temas do álbum «Standing Up Straight». Um desses temas é “I Am The Crime”, em que Fraser faz dueto com Michael Allen, o vocalista dos Wolfgang Press.
“I Am The Crime”: Os Wolfgang Press com Elizabeth Fraser no álbum «Standing Up Straight», editado em Maio de 1986.

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The Wolfgang Press - MySpace
Elizabeth Fraser – Site oficial

LINHAS CRUZADAS #33
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LINHAS CRUZADAS #32

A Vida e a arte do encontro na Música
Felt & Elizabeth Fraser





















Segunda de três colaborações da cantora Elizabeth Fraser, ex-vocalista dos Cocteau Twins, com outros artistas nos anos 80. Ainda em 1985, dá-se o encontro com os Felt, no álbum “Ignite the Seven Cannons”, que teve produção de Robin Ghutrie, também ele membro dos Cocteau Twins.
Os Felt foram uma banda alternativa britânica. Estiveram no activo uma década, entre 1979 e 89. Esta banda teve vários elementos ao longo do tempo, mas o vocalista Lawrence foi sempre a figura dominante do primeiro ao último disco. Com ele esteve também o baterista Gary Ainge e pelos Felt passou ainda o talentoso pianista Martin Duffy.
O tema “Primitive Painters” é a canção de maior sucesso dos Felt em dez anos de carreira. É o clássico dueto de Elizabeth Fraser com Lawrence Hayward, o líder e vocalista dos Felt, em 1985.

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Vídeo oficial (sem a presença de Elizabeth Fraser):


Felt - Last FM
Elizabeth Fraser – Site oficial

LINHAS CRUZADAS #32
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LINHAS CRUZADAS #31

A Vida e a arte do encontro na Música
Dif Juz & Elizabeth Fraser



































Neste ano está prevista a edição de um muito aguardado e retardado álbum a solo de Elizabeth Fraser, a ex-vocalista dois extintos Cocteau Twins.
Nas Linhas Cruzadas lembramos, em três capítulos, três colaborações de Fraser com outros músicos na década de 80. A começar pelo encontro com os Dif Juz, no álbum «Extractions».
Os Dif Juz eram um quarteto ‘pós-rock’ formado em 1979 e que editou trabalhos entre 1981 e 1986, ano em que cessariam actividade.
Um quarteto de instrumentais ambientais, entre o Rock e o Jazz. Aliás, o nome Dif Juz deriva das palavras Diferent Jazz. Não foi a banda mais famosa ou a banda mais rentável da editora britânica independente 4AD, mas deixaram sempre uma boa impressão. Simon Raymonde, dos Cocteau Twins, definiu os Dif Juz como a melhor banda instrumental que alguma vez viu em palco.
A proximidade sonora e os ambientes entre as duas bandas eram evidentes e as colaborações recíprocas foram mais que naturais.
E foi sob essa lógica que Elizabeth Fraser gravou o tema “Love Insane” no álbum «Extractions» dos Dif Juz, em 1985.

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Elizabeth Fraser não participa nesta actuação.
Uma curiosidade em relação a estas imagens: foram obtidas por Simon Raymonde, músico dos Cocteau Twins, numa actuação ao vivo dos Dif Juz (Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 1985 / Chancellor Hall Chelmsford, em Londres), através de uma câmara portátil de vídeo. Uma novidade para o tempo. Talvez não seja demais lembrar que naquela altura, em 1985, não havia telemóveis, nem PDA’s, nem todo o tipo de mini-aparelhos que actualmente existem para a fácil obtenção de imagens em qualquer sítio e a qualquer hora.
Dif Juz – MySpace
Elizabeth Fraser – Site oficial
LINHAS CRUZADAS #31
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segunda-feira, 3 de maio de 2010

UNO























Trago ao espaço da «Rádio Crítica» memórias de um passado que vivi e um outro, anterior a esse. Começando pelo mais antigo, quando o Conjunto Universitário Hi-Fi surgiu em Coimbra nos finais de 1966. Era formado por Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo), António Manuel Freitas (bateria), Luís Manuel Paula de Matos (viola-ritmo), Carlos Manuel Correia (solista) e Ana Maria (voz). A qualidade vocal da cantora deu nas vistas e não passou despercebida.
Surgiram elogios de todos os lados, mas Ana Maria (mais tarde conhecida por Ana Maria Delgado) não seguiu a carreira musical, preferindo a vida académica e a docência. Ana Maria Delgado, doutorada na Alemanha (Germânicas) e, até há poucos anos, docente na Universidade de Viena (Áustria), rumou posteriormente para o outro lado do Atlântico onde reside e continua a leccionar.
Ana Maria Delgado realizou entre 1989 e 1993 um dos mais belos programas dos últimos vinte anos na rádio portuguesa. O programa «UNO» esteve na grelha de fim-de-semana da RJC – Rádio Jornal do Centro e da TSF – Rádio Jornal. Uma hora semanal de palavra e música. A palavra era em forma de texto curto, poético ou em prosa, nas vozes de várias pessoas convidadas pela autora. De aura romanesca, os textos seleccionados eram de teor predominantemente melancólico, nostálgico e saudosista.
De carácter intemporal, o requintado programa «UNO» poderia ter sido realizado nos anos 50 do Século XX, ou hoje mesmo. Ou até amanhã. Trespassa por ele a beleza dos grandes musicais da Broadway e o charme da Boulevard. O «UNO» acabou de forma abrupta em 1993, aquando da unificação da emissão nacional da TSF, acabando com os períodos de emissão regional no Porto e em Coimbra (Faro esteve previsto mas nem chegou a arrancar). Aliás, a maior parte das emissões de autor ao fim-de-semana (a «Íntima Fracção» manter-se-ia por mais dez anos) também terminaram na mesma altura, muito por causa da fragmentação dos horários das transmissões dos jogos de futebol do campeonato português. Como, aliás, acontece hoje em dia, com os encontros a disputarem-se separadamente na maior parte dos dias da semana. Uma modificação em nome do negócio comercial que não tornou a “telefonia” mais “bonita”.
Mas isso não serve de desculpa. O programa poderia ter continuado a existir. Caberia muito bem na programação. Não faltaria oportunidade de incluir um conteúdo desta natureza. E que falta fazem estes espaços!
Actualmente só existe um espaço radiofónico com características semelhantes – musicalmente falando – ao «UNO», que é o programa «A Menina Dança?» de José Duarte [RDP-Antena1], que de resto é pouco posterior ao nascimento de «UNO». A questão da permanência deste tipo de sonoridade na Rádio em Portugal é mais pertinente do que se julga. A começar pelo serviço público de radiodifusão. Se não existisse Rádio pública não existiria este conceito na rádio em Portugal e enquanto houver um homem como José Duarte, lúcido e de boa saúde, a menina continuará a dançar. Mas quando já não houver o Jazé? Como será? Onde iremos continuar a ouvir os grandes standards do Jazz vocalizado, as canções e as danças de salão, do Swing, os grandes vocalistas e os grandes compositores clássicos norte-americanos da primeira metade do século XX, para além das grandes orquestras dos anos 20, 30 e 40? Deixo-vos no rodapé deste texto a ligação para a escuta (também dá para guardar) do indicativo de «UNO».
Belíssimo! Só pelo genérico de abertura (e fecho) o programa arrebatava. Um fragmento de um tango, de nome “Uno”, e um texto lapidar na voz de Francisco Amaral, numa só frase:

Sem música não há vida
Não há vida sem música
Uno
Uma emissão de Ana Maria Delgado











Ouvir o Conjunto Universitário Hi-Fi na Internet no sítio MySpace
(Destaque para a versão de “I Call Your Name”, original dos Beatles, também versado pelos The Mamas and Papas)

Mais sobre o Conjunto Universitário Hi-Fi no blogue «IÉ-IÉ» do ex-radialista [Renascença/RFM] Luís Pinheiro de Almeida aqui

Mais sobre Ana Maria Delgado aqui
Indicativo «UNO»: ouvir e/ou guardar aqui

Texto originalmente publicado no blogue «Irmandade do Éter» (24 de Abril 2010)