sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Actualizações

Alguns programas na RDP-Antena1 e Antena2 já referenciados neste blogue mudaram recentemente de horário e dias de transmissão. A saber:

PORTO SEM ABRIGO
3ª p/ 4ª feira (00:00/01:00)
Antena1

1001 ESCOLHAS
Sábado (10:00/11:00)
Antena1

A MENINA DANÇA?
Sábado p/ Domingo (00:00/01:00)
Antena1

O AMIGO DA MÚSICA
Domingo (11:00/12:00)
repetição (23:00/00:00)
Antena1

EM SINTONIA COM ANTÓNIO CARTAXO
Domingo (11:00/12:00)
3ª feira (22:00/12:00)
Antena2


Algumas considerações enquanto ouvinte destes programas: A mudança de horário de "Porto Sem Abrigo" não alterou em nada a escuta do programa de Álvaro Costa. O mesmo não posso dizer sobre "A Menina Dança" de José Duarte. O sábado à noite já foi bom para a rádio de autor, mas agora só a prejudica. A incontornável TV e outras distrações nessa noite remetem a rádio para um canto ínfimo. Qualquer programa de rádio nesse período está remetido à escuridão quase absoluta. Já não pode ser uma aposta, muito menos colocando lá um programa com o requinte de "A Menina Dança". Merecia outro horário, ou para compensar, uma repetição.

Minha querida menina: lamento imenso, mas agora não me é possível acompanhá-la mais na dança!
Não se preocupe, menina...Sinatra continua a dançar e a cantar, mas só no meu leitor de
CD' s..."I´m sorry, but it´s true".

Os programas "1001 Escolhas" de Madalena Balça (agora também em formato televisivo na RTP-N) e "O Amigo da Música" de José Nuno Martins ganham com a mudança de horário, embora a concorrência seja maior nesses períodos.
"Em Sintonia com António Cartaxo": quanto a mim, enquanto ouvinte deste programa, perde com a alteração de horário. Às 11:00 da manhã de Domingo é um pouco cedo para esta escuta. Preferia o horário anterior à hora do almoço, mas ganha com a emissão de 3ª feira à noite.

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O que eles dizem (5)

"O artigo 4º do projecto socialista define uma percentagem das cotas para música recente (ler produção do último ano) ressalva fundamental, ou, no actual panorama de nostalgia FM generalizada, correríamos o risco de ouvir o Chico Fininho, ou o Dunas ou os Cavalos de Corrida de hora a hora…
O texto abre ainda excepções justas para programas temáticos., espécie em vias de extinção no éter nacional…
Com estações nacionais a ignorar ostensivamente a música portuguesa, o "apertão" tornou-se pedagógica e culturalmente obrigatório. Mas não basta regular a música portuguesa na rádio para salvar a indústria discográfica nacional nem mesmo o cada vez mais desinteressante éter nacional.
Para a rádio impõe-se cada vez mais uma definição e controle de identidade das frequências, sendo cada vez mais urgente travar a transformação sistemática das estações em Rádios Nostalgia… Legislação igualmente urgente neste capítulo!"

Nuno Galopim
In DN:música, 3 de Junho 2005
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Quando não vai a jeito…

"Introduzir quotas de radiodifusão e cortar a livre escolha de programação de quem emite pode ser um acto de violência contra a liberdade de expressão. Porém, perante o panorama radiofónico nacional, com estações (algumas com grandes audiências) a prestar serviços menos que mínimos à difusão da música portuguesa, era urgente pôr ordem na casa. Pela cultura, pelo património, pela economia."

Nuno Galopim
In DN, 3 de Junho de 2005

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LEI DA RÁDIO (2)

"Tal como no texto socialista, os restantes revelam dificuldade em definir criteriosamente o que é música portuguesa, defendendo o BE, PCP ou CDS que ter letra escrita em português é condição suficiente para se considerar uma canção como música portuguesa. Alerta aqui à clara abertura de flanco à música brasileira (mais que a proveniente da CPLP).
Os responsáveis das estações esfregariam as mãos de contentes e aproveitariam a quota obrigatória de "língua portuguesa" para nos dar doses alargadas de Marisas Montes, Caetanos Velosos ou Chicos Buarques (que nem são musicalmente nada de deitar fora, convenhamos), mas também todo o azeite importado, das Ivetes Sangalos às outras ainda bem piores que por aí andam. Será isto proteger a música portuguesa? Cautela! Não será melhor definição a que aponte simplesmente a música portuguesa como "a que é criada ou executada por cidadãos portugueses ou com residência permanente em Portugal"? Sobre esta última ressalva, recorde-se que Thilo Krasmann ou Mike Sargeant, para citar apenas dois exemplos, não deixaram nunca de fazer música "portuguesa"!

Nuno Galopim,
In DN:música, 10 de Junho 2005
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21 POR CENTO

Num mesmo mês, os políticos portugueses dão o cravo e a ferradura pelo mercado discográfico nacional e, de certa maneira, pela saúde da música que ainda se faz deste lado da fronteira. Os cinco partidos com representação parlamentar conseguiram encontrar alguma transversalidade (não confundir com unanimidade) sobre a necessidade de definir novas normas para a radiodifusão de música portuguesa (mesmo reconhecendo que a aplicação de quotas é horror e atentado à liberdade de expressão, chegámos à triste conclusão que hoje é um "mal necessário" perante o desgoverno do panorama radiofónico nacional). A "normalização" da desordem poderá abrir espaço de exposição a discos que simplesmente acabam ignorados (alguns mesmo depois de elogiados na crítica e/ou eleitos pelas vendas continuam excluídos do éter).
Se por este departamento se esperam agora as cenas dos próximos capítulos, num outro, igualmente urgente para garantir a recuperação de um mercado de música gravada que nos dois últimos anos perdeu 40 por cento da sua facturação (rombo assinalável e assustador), as notícias não podiam ser piores. Ao anunciar uma subida do IVA para 21 por cento, e não incluindo os discos (e fonogramas gravados em geral) entre os artigos "poupados" ao agravamento do imposto, o governo socialista aproxima o machado do pescoço de toda uma indústria que hoje pede pela vida… Num exercício de matemática cultural, podemos dizer que existe hoje uma injustiça de 16 por cento entre as letras (a cultura "séria" para quem pensa política e define impostos) e a música (coisa "divertida" para abanar o capacete e dar à perna). 16 por cento, entenda-se, a separar a taxa de IVA aplicada aos livros (cinco por cento) e o novo valor a cobrar aos discos. Mas os equívocos entre música e políticos não ficam por aqui…

Nuno Galopim,
In DN:música, 17 de Junho de 2005.

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RÁDIO PORTÁTIL

"Não vale a pena bater mais na má rádio que temos. Até porque, acreditando na velha máxima que pede aos incomodados que se mudem, mais não temos a fazer que mudar de frequência rumo aos raros oásis em FM ou, se não houver estações locais minimamente vitaminadas, desligar o aparelho. E antes o silêncio que mais doses do mesmo. Ou, em vez do silêncio, alternativas apelativas.
Primeiro foram as Web rádios em finais de 90. Floresceram pela web, com um sentido de urgência, com vontade de mudar hábitos, de devolver à rádio (mesmo sem éter) o seu velho e fundamental papel de divulgadora de música. Contrariando a sua transformação em mera auxiliar de manutenção de targets para lhes vender mais uma esfregona, um berbequim, um psiché ou umas férias não sei onde… Como todas as operações online de 90, com mais olhos que barriga e carroças à frente dos bois, as web rádios começaram a implodir, a falir. Calaram-se quase todas as que não estão ligadas a grandes grupos empresariais, e o sonho acabou mudo…
Com outra solidez, num tempo de evidente desvio de procura e consumo de música através da Internet, reconhecendo ainda o cada vez mais frequente recurso da blogosfera à difusão de ficheiros áudio seleccionados a gosto, uma nova ideia entrou em cena. Rádio portátil… Ou melhor, programas de rádio, geralmente em ficheiros mp3, para descarregar da web e ouvir, depois, em leitores portáteis.
Chamam-se podcasts, são um fenómeno nascido em 2003 e em franco crescimento desde finais de 2004, reflexo natural da explosão de consumo de leitores portáteis de música digital. O formato permite aos programadores de rádio (profissionais ou amadores) um novo veículo de distribuição de programas que tanto podem ter uma origem em estações hertzianas convencionais, por cabo, ou mesmo ser criações específicas para consumo via Internet.
(…)
A oferta de podcasts é tão vasta quanto a imaginação, de programas sobre cinema a solilóquios sobre o que o autor resolver contar, de jardinagem a economia, das artes à informática.
(…)
Como nos dias de ouro das web rádios, o grande problema que a crescente oferta de podcasting nos coloca é o da triagem, da selecção do que eventualmente nos interessa. Hoje, uma busca pelo termo "podcast" no Google pode dar-nos 61 milhões de entradas… Mas as ofertas de plataformas de programas já disponíveis limitam-se a arrumá-los por grandes temas. Haja espíritos bibliotecários capazes de arrumar a oferta, classificando-a. Haja guias que nos sugiram consultas e descobertas. Haja filtros e destaques. Ou a revolução acabará perdida entre milhões de ficheiros online."

Nuno Galopim,
In DN:música, 7 de Outubro 2005.

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(…)
"A concorrência é saudável, mas eu não sei se o mercado português publicitário permite as rádios muito especializadas. A Renascença não é uma rádio de notícias, é uma rádio que tem notícias.
(…)
Queremos ser uma rádio de causas. Em relação ao aborto, por exemplo. A Renascença é contra a liberalização do aborto, mas na informação ouvimos toda a gente, todos os pontos de vista. Alguns ouvintes até acham estranho. Não somos uma rádio sectária.
(...)
Temos uma aposta diferente das outras rádios. Entre as 23.00 e a meia-noite, oferecemos uma hora de informação. É um horário que não tem grandes audiências de rádio, mas há algumas dezenas de milhares de pessoas que nos ouvem. Resolvemos fazer aqui uma informação mais reflectida, mais pausada. As outras rádios ocupam este espaço com música."

Sarsfield Cabral (Director de Informação do Grupo Renascença)
In DN, 18 Novembro 2005.

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(…)
"O nosso caminho vai claramente diferenciar-se do da TSF. Até porque não somos uma rádio de Informação, somos uma rádio com muita informação, o que é diferente.
(…)
As rádios perderam protagonistas para a televisão e há novas gerações cheias de potencial. Isso ainda não teve consequências, não explodiu essa capacidade dinamizadora. Estou convencido de que está para acontecer, possivelmente nos próximos dois anos.
(…)
Hoje em dia, acho que as generalistas não fazem mais sentido, querem ser tudo, acabam por não ser nada e isso é um problema. As rádios têm de se especializar."

João Barreiros (Director de Informação da RDP)
In DN, 11 Novembro 2005.

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(…)
"As outras rádios tentam aproximar-se do modelo da TSF, porque é um modelo de sucesso.
(…)
As cotas (de música portuguesa) é que não fazem sentido, porque implicam a intervenção do poder legislativo numa área de programação de conteúdos e as rádios devem ser livres de programar os seus conteúdos."

José Fragoso (Director da TSF)
In DN, 4 de Novembro 2005.

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(…)
A rádio não pode apenas queixar-se do grande poder da televisão, não pode armar-se em coitadinha. Até porque o meio rádio tem virtualidades que a TV não tem. Não se pode é esconder.
(…)
A Antena 1 é uma music news e deve assumir-se como tal, não pode variar ao sabor das conveniências. Eu não me permito viver sem ambição, sem a boa ambição, a vontade de fazer mais, melhor e de chegar primeiro. Eu não me contento com a mesma audiência da TSF. Não nego que os nossos adversários são a Renascença e a TSF.
(…)
A Antena 1é muito mais que uma rádio notícias. Se é que a TSF hoje em dia é uma rádio notícias…
(…)
A Antena 1 tem claramente que se posicionar como uma rádio generalista, com uma forte componente noticiosa.
(…)
E estamos a trabalhar internamente para corresponder às novas exigências tecnológicas. Temos o caminho definido e há que aprofundá-lo. Não há qualquer preocupação do tipo «agora, vou fazer isto para combater a TSF ou a Renascença».
(…)
É evidente que há coisas erradas na programação das rádios portuguesas, que estão afuniladas, formatadas todas no mesmo sentido.
(…)
Nesse aspecto, a rádio regrediu muito nos últimos 15 anos. Não há nenhuma dúvida sobre isso. Importaram-se uns consultores internacionais e formataram rádios iguais às de Miami ou Nova Iorque.
(…)
O mercado costuma ser implacável nestas coisas. Quem tomou essas opções vai pagar por elas. Não tenho a menor dúvida. Mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer."

Rui Pego (Director de Programas da RDP)
In DN, 25 Outubro 2005.

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(…)
As rádios da Media Capital não são de informação, são rádios musicais, mas têm bastante informação. É mais difícil fazer boa informação em tempos curtos do que com todo o tempo disponível.
(…)
Mantinha a Antena 1 e privatizava a 2 e a 3. Esta última tem um parque de emissores brutal com tecnologia do melhor que existe. A Antena 2 é o que é: aparece com audiências residuais. Para quê existir se não tem ouvintes? Os serviços da Antena 2 e da Antena 3 podiam ser incluídos na Antena 1.
(…)
De repente, percebeu-se que a música portuguesa não vende, há pouca música portuguesa, logo só há aqui um responsável para dar a volta à questão, que é a rádio. Não é verdade, porque isto começa anteriormente, no preço dos discos, nos impostos, no investimento que se faz na música portuguesa face à música anglo-saxónica. A fórmula ideal, proposta aos grupos parlamentares, era nós darmos espaço publicitário para a promoção dos discos. Isso sim, não nos penalizava."

Pedro Tojal (Administrador da Media Capital Rádios)
In DN 20 Outubro 2005.

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(…)
"Quem não gostaria de ter uma rádio como a TSF? É uma das melhores rádios de informação da Europa. Com uma rede fantástica. Esse é o sonho de quem gosta de rádio.
(…) Já não há espaço para criar uma nova rádio de informação. O investimento para criara notoriedade e credibilidade levaria anos e seria tão alto que seria incomportável. Já existem três estações com boa informação: A TSF, a Antena 1 e a Renascença. É oferta suficiente.
(…)
O estado devia libertar ou arranjar mais uma frequência. Há espaço para mais uma rádio nacional em Portugal. Privatizar a Antena 3 é uma hipótese ou então criar-se uma frequência nova."

Luís Montez (Presidente da Lusocanal)
In DN, 8 Outubro 2005.

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