segunda-feira, 23 de janeiro de 2006
Mais sobre Podcast em Portugal e não só
O que eles dizem (07)
«Podcasts» afirmam-se nas rádios nacionais
Uma nova técnica de distribuição de conteúdos áudio está a fazer algum furor na Internet. A sua aplicação à rádio permite um novo tipo de experiência e de maleabilidade nas situações em que cada um pode ouvir uma grelha de programação construída à sua medida. O ideal é ter um iPod ou outro tipo de leitor portátil, mas um vulgar PC também serve.
Sabe qual foi a palavra que o "New Oxford American Dictionary" elegeu como palavra do ano 2005? Pois é, "podcasts"... E o termo vai ser acrescentado na próxima actualização on-line deste dicionário, prevista para os primeiros meses de 2006. Bateu "bird flu" (gripe das aves) e "su doku" (o quebra-cabeças de origem japonesa). É uma aglutinação de iPod, o famoso leitor portátil de música em formato digital, com "broadcast", a palavra em inglês para "emissão", em rádio ou TV.A vantagem deste novo sistema de distribuição de programas de rádio, ou de outros ficheiros de som, é que permite aos utilizadores construir grelhas de conteúdos conforme os seus interesses, que podem ser ouvidos quando for mais conveniente, todos de uma vez ou a pouco e pouco. O iPod, devido à popularidade do aparelho, acaba por ser um dos ícones também desta nova tendência.Isto porque quem adere ao sistema subscreve feeds RSS (iniciais de "real simple syndication"), que funcionam como índices automaticamente actualizáveis, neste caso dos arquivos de som de dado programa ou rubrica radiofónica disponibilizados num site, por exemplo de uma rádio. Isto tem de ser feito a partir de um computador, mas o link pode ser transferido para um leitor portátil de mp3 ou outro formato.A partir daqui, de cada vez que o computador/aparelho é ligado à rede, se estiver disponível uma nova versão do programa subscrito, ela é descarregada automaticamente e pode ser ouvida a qualquer momento, onde der mais jeito. A Yahoo! lançou mesmo um motor de busca dedicado a esta nova forma de fazer e ouvir rádio. Em Portugal, a Rádio Comercial, o Rádio Clube Português e a Cotonete (da Media Capital) aderiram à novidade em meados do ano passado, e já este mês a TSF juntou-se-lhes.Assim, se quiser ouvir o Pessoal & Transmissível de Carlos Vaz Marques, na TSF, mas o fim da tarde não é o momento ideal para si, pode ir ao site da estação e subscrever este link, disponível para vários tipos de programas de agregação (RSS). Depois, à medida que vai actualizando o seu leitor, é uma questão de oportunidade e imaginação: no carro, na esplanada, à hora do almoço, no ginásio, a andar de bicicleta...
Primeiro boom foi em 2004
Mas afinal o que é um podcast? Várias fontes apresentam definições que não são totalmente coincidentes, talvez devido à novidade do fenómeno. Um comunicado da Oxford University Press define podcast como "uma gravação digital de uma emissão de rádio ou programa similar, posta à disposição na Internet para ser descarregada para um leitor de áudio pessoal".Mas a enciclopédia on-line Wikipedia diz que o termo foi cunhado em 2004, quando o uso de tecnologias RSS se popularizou como meio de distribuição de conteúdos áudio para serem ouvidos em leitores portáteis (como os de mp3) ou computadores pessoais.Os formatos de ficheiro mais utilizados são os mp3, AAC e OGG, que são disponibilizados num site para quem quiser subscrever, ou mesmo descarregar directamente ou ouvir no momento. Mas, ainda segundo a Wikipedia, é a possibilidade de subscrição de um feed RSS, que distribui automaticamente os conteúdos de cada vez que são actualizados, o que distingue um podcast de um simples download ou de uma audição em tempo real a partir de um site.
Media Capital Rádio avança com programas
A incursão das rádios da Media Capital neste domínio foi pioneira em Portugal. Desde Maio do ano passado, a empresa do grupo para este meio, a Media Capital Rádio (MCR), lançou uma área de podcast, primeiro no seu site de rádio on-line, o Cotonete, e depois na Rádio Comercial e no RCP.Entretanto, a empresa prepara-se para dar um novo passo neste domínio. Além das rubricas que já tem disponíveis, a MCR vai lançar em podcast os programas da manhã da Comercial, do RCP (Rádio Clube Português), da Cidade FM e da Best Rock. "Arrancamos na próxima semana. Os podcasts ficam disponíveis uma hora depois do fim dos programas, que acabam às 10h00", disse ao PÚBLICO o director-geral de Multimédia da MCR, Carlos Marques. Para a versão podcast, é retirada a publicidade e as músicas ficam reduzidas a 30 segundos, "porque legalmente não se pode ultrapassar esse tempo em programas disponibilizados on-line sem pagar direitos", explicou ainda.
"Na Europa, só a rádio Virgin, de Londres, é que já faz isto, pois o que há disponível são rubricas." E adiantou que também vão começar a produzir conteúdos para distribuição exclusiva por podcasting. Carlos Marques descreve como "interessantes" as reacções recebidas, mas explica que não têm maneira de conhecer o número exacto de subscritores das rubricas e de edições descarregadas.Na TSF, que lançou este serviço há duas semanas, está previsto para breve a introdução de novas rubricas, disse ao PÚBLICO o director José Fragoso. Neste período, já disponibilizaram novos agregadores (os programas que permitem fazer a subscrição RSS) no seu site e têm respondido a e-mails de pessoas curiosas em relação ao fenómeno mas que ainda não usaram as ferramentas. Na sua opinião, o podcasting tem tendência para crescer, porque os iPod e os outros leitores de mp3 "multiplicam-se à escala mundial e em Portugal também".A Rádio Renascença não tem este sistema, mas planeia disponibilizá-lo a partir de meados do ano.
Fenómeno alastra nos media
O podcasting é uma técnica recente mas que se transformou já num fenómeno de popularidade, que está a sair dos sites dos adeptos de primeira hora e dos fãs incondicionais para começar a alargar-se a instituições como o Governo dos Estados Unidos, que tem uma página onde reúne links para os seus podcasts, ou mesmo ao Pentágono. E grandes meios, como a agência de notícias norte-americana Associated Press ou o jornal britânico The Guardian, aderiram à novidade.Este jornal conseguiu mesmo evidenciar-se no princípio de Dezembro, quando o show de Ricky Gervais, Steve Merchant (criadores da série The Office, que passou no canal 2) e Karl Pilkington se tornou número 1 dos podcasts mais ouvidos no Reino Unido e nos EUA. Por outro lado, o britânico Daily Telegraph contratou um editor de podcasts e, cerca de um mês depois, o seu concorrente The Sun pôs on-line uma gravação com o primeiro-ministro Tony Blair, a que chamou um podcast.Nos Estados Unidos vai mesmo nascer uma revista impressa sobre podcasting, a ID3 Podcast Magazine, que deve chegar no princípio de Maio e ser bimestral. E há ainda os motores de busca de podcasts, como o ipoder.org ou o Podzinger.Em Portugal, os jornais ainda não entraram nesta era. Mas as rádios já lá estão a chegar (ver texto ao lado). E existe até um directório (www.lusocast.com) com cerca de cem canais listados, e quase 1300 programas, muitos deles em português do Brasil.Na quinta-feira, os canais mais recentes, que a página inicial do Lusocast ostentava, eram o Rádio Cowboy Cantor, inaugurado nesse dia, bem como Estranho Zumbido (de dia 12) e Pessoal e Transmissível, Rádio.com, e Fado Maior, todos de dia 12 e reflectindo a recente chegada da TSF a este mundo. Um canal corresponde a um link através do qual se subscreve um programa, que é actualizado regularmente.A homepage do Lusocast também tem uma lista com as últimas dez actualizações de canais. Na altura da consulta do PÚBLICO tinha quatro programas do dia e quatro da véspera.
Como entrar no sistema
Antes de começar a ouvir conteúdos através do sistema podcasting, precisa de instalar no computador que lhe vai servir de base para esta função um programa agregador de conteúdos, que estão disponíveis gratuitamente. Por exemplo, o juice, o iTunes, o Doppler Radio ou o News Interceptor. Depois, tem de lhe acrescentar o código RSS de cada programa que pretende passar a ter disponível no computador (ou leitor portátil de ficheiros áudio digitais). A partir daí, de cada vez que se liga à internet as edições novas de cada programa são descarregadas automaticamente.
(Paulo Miguel Madeira - "Público" Domingo, 22 Janeiro de 2005)
«Podcasts» afirmam-se nas rádios nacionais
Uma nova técnica de distribuição de conteúdos áudio está a fazer algum furor na Internet. A sua aplicação à rádio permite um novo tipo de experiência e de maleabilidade nas situações em que cada um pode ouvir uma grelha de programação construída à sua medida. O ideal é ter um iPod ou outro tipo de leitor portátil, mas um vulgar PC também serve.
Sabe qual foi a palavra que o "New Oxford American Dictionary" elegeu como palavra do ano 2005? Pois é, "podcasts"... E o termo vai ser acrescentado na próxima actualização on-line deste dicionário, prevista para os primeiros meses de 2006. Bateu "bird flu" (gripe das aves) e "su doku" (o quebra-cabeças de origem japonesa). É uma aglutinação de iPod, o famoso leitor portátil de música em formato digital, com "broadcast", a palavra em inglês para "emissão", em rádio ou TV.A vantagem deste novo sistema de distribuição de programas de rádio, ou de outros ficheiros de som, é que permite aos utilizadores construir grelhas de conteúdos conforme os seus interesses, que podem ser ouvidos quando for mais conveniente, todos de uma vez ou a pouco e pouco. O iPod, devido à popularidade do aparelho, acaba por ser um dos ícones também desta nova tendência.Isto porque quem adere ao sistema subscreve feeds RSS (iniciais de "real simple syndication"), que funcionam como índices automaticamente actualizáveis, neste caso dos arquivos de som de dado programa ou rubrica radiofónica disponibilizados num site, por exemplo de uma rádio. Isto tem de ser feito a partir de um computador, mas o link pode ser transferido para um leitor portátil de mp3 ou outro formato.A partir daqui, de cada vez que o computador/aparelho é ligado à rede, se estiver disponível uma nova versão do programa subscrito, ela é descarregada automaticamente e pode ser ouvida a qualquer momento, onde der mais jeito. A Yahoo! lançou mesmo um motor de busca dedicado a esta nova forma de fazer e ouvir rádio. Em Portugal, a Rádio Comercial, o Rádio Clube Português e a Cotonete (da Media Capital) aderiram à novidade em meados do ano passado, e já este mês a TSF juntou-se-lhes.Assim, se quiser ouvir o Pessoal & Transmissível de Carlos Vaz Marques, na TSF, mas o fim da tarde não é o momento ideal para si, pode ir ao site da estação e subscrever este link, disponível para vários tipos de programas de agregação (RSS). Depois, à medida que vai actualizando o seu leitor, é uma questão de oportunidade e imaginação: no carro, na esplanada, à hora do almoço, no ginásio, a andar de bicicleta...
Primeiro boom foi em 2004
Mas afinal o que é um podcast? Várias fontes apresentam definições que não são totalmente coincidentes, talvez devido à novidade do fenómeno. Um comunicado da Oxford University Press define podcast como "uma gravação digital de uma emissão de rádio ou programa similar, posta à disposição na Internet para ser descarregada para um leitor de áudio pessoal".Mas a enciclopédia on-line Wikipedia diz que o termo foi cunhado em 2004, quando o uso de tecnologias RSS se popularizou como meio de distribuição de conteúdos áudio para serem ouvidos em leitores portáteis (como os de mp3) ou computadores pessoais.Os formatos de ficheiro mais utilizados são os mp3, AAC e OGG, que são disponibilizados num site para quem quiser subscrever, ou mesmo descarregar directamente ou ouvir no momento. Mas, ainda segundo a Wikipedia, é a possibilidade de subscrição de um feed RSS, que distribui automaticamente os conteúdos de cada vez que são actualizados, o que distingue um podcast de um simples download ou de uma audição em tempo real a partir de um site.
Media Capital Rádio avança com programas
A incursão das rádios da Media Capital neste domínio foi pioneira em Portugal. Desde Maio do ano passado, a empresa do grupo para este meio, a Media Capital Rádio (MCR), lançou uma área de podcast, primeiro no seu site de rádio on-line, o Cotonete, e depois na Rádio Comercial e no RCP.Entretanto, a empresa prepara-se para dar um novo passo neste domínio. Além das rubricas que já tem disponíveis, a MCR vai lançar em podcast os programas da manhã da Comercial, do RCP (Rádio Clube Português), da Cidade FM e da Best Rock. "Arrancamos na próxima semana. Os podcasts ficam disponíveis uma hora depois do fim dos programas, que acabam às 10h00", disse ao PÚBLICO o director-geral de Multimédia da MCR, Carlos Marques. Para a versão podcast, é retirada a publicidade e as músicas ficam reduzidas a 30 segundos, "porque legalmente não se pode ultrapassar esse tempo em programas disponibilizados on-line sem pagar direitos", explicou ainda.
"Na Europa, só a rádio Virgin, de Londres, é que já faz isto, pois o que há disponível são rubricas." E adiantou que também vão começar a produzir conteúdos para distribuição exclusiva por podcasting. Carlos Marques descreve como "interessantes" as reacções recebidas, mas explica que não têm maneira de conhecer o número exacto de subscritores das rubricas e de edições descarregadas.Na TSF, que lançou este serviço há duas semanas, está previsto para breve a introdução de novas rubricas, disse ao PÚBLICO o director José Fragoso. Neste período, já disponibilizaram novos agregadores (os programas que permitem fazer a subscrição RSS) no seu site e têm respondido a e-mails de pessoas curiosas em relação ao fenómeno mas que ainda não usaram as ferramentas. Na sua opinião, o podcasting tem tendência para crescer, porque os iPod e os outros leitores de mp3 "multiplicam-se à escala mundial e em Portugal também".A Rádio Renascença não tem este sistema, mas planeia disponibilizá-lo a partir de meados do ano.
Fenómeno alastra nos media
O podcasting é uma técnica recente mas que se transformou já num fenómeno de popularidade, que está a sair dos sites dos adeptos de primeira hora e dos fãs incondicionais para começar a alargar-se a instituições como o Governo dos Estados Unidos, que tem uma página onde reúne links para os seus podcasts, ou mesmo ao Pentágono. E grandes meios, como a agência de notícias norte-americana Associated Press ou o jornal britânico The Guardian, aderiram à novidade.Este jornal conseguiu mesmo evidenciar-se no princípio de Dezembro, quando o show de Ricky Gervais, Steve Merchant (criadores da série The Office, que passou no canal 2) e Karl Pilkington se tornou número 1 dos podcasts mais ouvidos no Reino Unido e nos EUA. Por outro lado, o britânico Daily Telegraph contratou um editor de podcasts e, cerca de um mês depois, o seu concorrente The Sun pôs on-line uma gravação com o primeiro-ministro Tony Blair, a que chamou um podcast.Nos Estados Unidos vai mesmo nascer uma revista impressa sobre podcasting, a ID3 Podcast Magazine, que deve chegar no princípio de Maio e ser bimestral. E há ainda os motores de busca de podcasts, como o ipoder.org ou o Podzinger.Em Portugal, os jornais ainda não entraram nesta era. Mas as rádios já lá estão a chegar (ver texto ao lado). E existe até um directório (www.lusocast.com) com cerca de cem canais listados, e quase 1300 programas, muitos deles em português do Brasil.Na quinta-feira, os canais mais recentes, que a página inicial do Lusocast ostentava, eram o Rádio Cowboy Cantor, inaugurado nesse dia, bem como Estranho Zumbido (de dia 12) e Pessoal e Transmissível, Rádio.com, e Fado Maior, todos de dia 12 e reflectindo a recente chegada da TSF a este mundo. Um canal corresponde a um link através do qual se subscreve um programa, que é actualizado regularmente.A homepage do Lusocast também tem uma lista com as últimas dez actualizações de canais. Na altura da consulta do PÚBLICO tinha quatro programas do dia e quatro da véspera.
Como entrar no sistema
Antes de começar a ouvir conteúdos através do sistema podcasting, precisa de instalar no computador que lhe vai servir de base para esta função um programa agregador de conteúdos, que estão disponíveis gratuitamente. Por exemplo, o juice, o iTunes, o Doppler Radio ou o News Interceptor. Depois, tem de lhe acrescentar o código RSS de cada programa que pretende passar a ter disponível no computador (ou leitor portátil de ficheiros áudio digitais). A partir daí, de cada vez que se liga à internet as edições novas de cada programa são descarregadas automaticamente.
(Paulo Miguel Madeira - "Público" Domingo, 22 Janeiro de 2005)