domingo, 5 de março de 2006

Eram manhãs assim













Aos Domingos, levantávamo-nos bem cedo, por vezes para apanhar o primeiro autocarro da manhã, ou para chamar um táxi. Havia um ponto de encontro bem definido na cidade para o qual nos dirigíamos. Dávamos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos para poder ir mais além, para podermos evoluir um bocado mais. Era paixão pura, dedicação quase extrema, chegando mesmo a prejudicar as nossas vidas pessoais. Muito jovens ainda, na alvorada dos anos 90, sentíamos, talvez por um instinto inocente, que poderíamos fazer a rádio dos nossos sonhos. E fazíamos! E fizemos, naquelas manhãs de Domingo, das 07:00 às 11:00 horas. E era assim, porque as manhãs a que devíamos ter direito, durante os chamados "dias úteis", estavam ocupadas por uma opção de “estética pimba”, muito em voga na época (e que persiste ainda hoje em muito lado), que literalmente assoberbava tudo quanto era horário mais ouvido. Enfim, uma contingência inultrapassável para nós. Não esmorecemos. Fomos em frente com o vigor dos 20 anos. Queríamos dar provas do nosso valor. Queríamos provar a nós próprios do que éramos capazes. Esta odisseia durou mais de um ano. E não terminou porque nos tivessem imposto um fim. Fomos vencidos pelo cansaço, o que não é coisa pouca quando se está a remar contra a maré. Mas valeu a pena.
O tempo passou, é certo, e tudo isto é já passado, mas os resultados deram o seu proveito.
Volvidos mais de 15 anos, o meu colega dessa “aventura”, Luís Bonixe, é jornalista, colabora no jornal “Público”, é professor de comunicação, cronista semanal numa rádio local e recentemente, desde Dezembro passado, autor do blogue “Rádio e Jornalismo”. Preocupado com os contornos e evolução actuais no mundo da rádio e do jornalismo radiofónico em particular, temos agora à disposição da blogosfera um novo espaço de reflexão. É assim, virtualmente, que agora nos reencontramos nesta outra aventura, certamente com menos constrangimentos.



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