quarta-feira, 9 de maio de 2007
Eles em minha casa
Numa destas noites, com chuva incessante e relâmpagos frenéticos, as palmas soaram na sala como se os tormentos duma primavera volátil quisessem dar licença a uma outra dança. Sons, vozes, ecos, imagens e sombras, como poucos se podem orgulhar de conseguir reproduzir num palco de teatro. O teatro do mundo, tão defunto quanto outros tantos, cuja história foi derreada pela especulação imobiliária e em nome de um sempre mais que apregoado “progresso”. Fintando essa “obra” do destino, aqui estão eles em minha casa, espalhando magia e fazendo-me levantar os pés do chão. Não há dinheiro que pague isto. Não havia (nem há) nada que pudesse pagar o gosto que tive – há mais de dez anos, em absoluta estreia nos éteres nacionais – de poder passar, como passei, esta música em noites de Rádio que pareciam que nunca poderiam algum dia ter fim. Ao meu lado, Baby Sandy, ouvinte de tantas noites de rádio e companheira em vozes heterónimas de Como no Cinema. Esta noite o DVD, deste concerto dos Dead Can Dance, venceu a TV, que por sua vez vencera a Rádio, que por sua vez vencera o sono. Aos que puderem e conseguirem, Goodnight.
Dead Can Dance – “Don’t Fade Away”; ao vivo no demolido Mayfair Theatre, Santa Mónica, Califórnia, na noite de 24 de Outubro de 1994
No mundo não há nada mais perigoso que um homem que não tenha nada a perder, nada por que viver e nada para provar.
Brendan Perry
As coisas mais bonitas do mundo são sombras
Charles Dickens
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Ainda na América
Está disponível na Internet uma emissão sobre Música Portuguesa, Portugal e a cidade do Porto. Bob Boilen é o seu autor, em parceria com o radialista português Álvaro Costa, aquando da presença deste radialista e podcaster norte-americano, no Festival «Black & White» que se realizou no Porto no passado mês de Abril.
Ouvir aqui The Music of Portugal