quinta-feira, 31 de maio de 2007

IF – o seu regresso, não a sua repetição









«Íntima Fracção» de novo nos éteres nacionais. Quando soube da notícia através da M&P temi perder-se a edição em formato podcast e esperei para ver. Mas isso não se verificou e ainda bem. Seria um passo atrás. Assim, são dois passos dados em frente. A IF sai da programação da RUC, mas continua a ouvir-se em Coimbra. Mantém o acesso via Internet, quer para escuta no sítio do RCP, quer em podcast (GavezDois) e também disponível para descarga no sítio do costume. Mais: voltou a ter duas horas por emissão e regressou ao melhor horário que conheceu, as noites de domingo para segunda-feira (00:00/02:00). Todos ficam a ganhar com este regresso. Ouvintes, cibernautas, a Rádio e o autor.
Depois de um percurso com mais de vinte anos, ela aí está, continuando a riscar a noite.

P.S: Faço votos para que as constantes oscilações na programação do renovado RCP não atinjam a IF. Quantas vezes será preciso dizer que as constantes trocas de horários confundem e desfidelizam os ouvintes?


Enquanto uns recomeçam/continuam, outros acabam. Chegou ao fim a série de programas [percepções] de Nídio Amado, podcast vindo da RUM. Foram 122 emissões, todas sob um título, projectadas em acetatos (layers) que se colavam e sobrepunham. Um exercício de pleno espelho cromático-sonoro como pouco se vê e ouve. Um fotoshop auditivo que abordou várias correntes musicais, nunca conformado com comensalidades. Esperemos que o seu autor queira regressar com novo projecto e que mantenha o elevado nível a que nos habituou durante mais de dois anos. Foi sem dúvida nenhuma, um dos melhores produtos da primeira geração de podcasts nacionais.

Apesar desta despedida (até quando?), podemos contar com podcasts similares (estritamente musicais, isto é, sem locução) em qualidades e propósitos, entre eles os recomendadíssimos «Miss Tapes» e «Bitsound».















Outro assunto que deriva de forma muito indirecta do RCP

Quando estive como convidado no programa «Banda Sonora», Nuno Infante do Carmo despertou-me a curiosidade ao falar-me de um tema estranhíssimo, mas ao mesmo tempo belo e triste, chamado “Jesus Blood Never Failed Me Yet”. Conheço grande parte da obra de Gavin Bryars, tenho vários discos, utilizei música por ele composta em programas de Rádio, mas não conhecia este disco e este tema. Como em tudo o que Gavin Bryars faz na música, isto é um assunto muito sério e que só em incautos poderá ter uma conotação religiosa. É a voz de um sem-abrigo em Londres – em repeat – que Bryars misturou com uma composição orquestral própria, adicionando-lhe a mesma frase na voz de Tom Waits, resultando num feliz jogo de sobreposições.












Oiçam aqui um pouco disto, mas sugiro que esta curta escuta (na íntegra são 74 minutos) não dispense a totalidade deste trabalho de Gavin Bryars.



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