quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Rádio Nostalgia - Outubro 1980/2007
Este começa por ser um texto cujo início não deveria ser assim. Se tudo tivesse corrido como estava previsto, estaria a escrever algo sobre o concerto que esteve para acontecer no passado domingo à noite, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. David Sylvian cancelou de véspera a actuação agendada para dia 21. A digressão mundial “The World Is Everything” já tinha visto as duas datas antecedentes (Moscovo e San Sebastian) serem anuladas por motivo de doença do músico inglês, causada por cansaço. Manteve-se, no entanto, a segunda data prevista para Portugal, no Teatro Circo em Braga, na passada terça-feira. Foi noite de casa cheia. Haverá nova data de Sylvian no CCB, a anunciar em breve, mas que só terá lugar depois das datas a efectuar no Japão, que terminam a 30 deste mês em Tóquio.
David Sylvian é uma das maiores referências musicais chegadas até mim através da Rádio. Ouvi-o pela primeira vez há vinte e sete anos, em Outubro, por ocasião da edição do álbum «Gentleman Takes Polaroids» dos Japan. Não posso precisar a estação radiofónica em que escutei o tema título do álbum da banda de Sylvian, Karn, Jansen e Barbieri (e nesse trabalho ainda com o guitarrista Rob Dean). Mas foi certamente numa destas duas: Rádio Comercial ou Rádio Renascença, ambas nos seus primeiros tempos em FM.
Esse disco de 1980 foi o primeiro contacto que tive com a obra de Sylvian, continuada no ano seguinte com o derradeiro e seminal «Tin Drum». Depois, a carreira a solo de um dos maiores estetas da orgânica pop. Até hoje. Domingo passado seria o segundo concerto do ex-frontman dos Japan em Lisboa. O primeiro foi em Setembro de 2001, no Coliseu dos Recreios (e Porto no dia seguinte). Braga foi agora contemplada com a sua presença e, provavelmente daqui a semanas, novamente Lisboa.
Em mais de trinta anos de carreira, distinguem-se com nitidez as várias vertentes de uma carreira multifacetada. Desde a fase inicial quase irreconhecível, na febre reminiscente do movimento Glam Rock, seguindo-se uma breve passagem Neo-Disco-Sound, desembocando depois na sofisticação primordial da estética visual e sonora, então designada de New Romantic. Estes foram os patamares alcançados por David Sylvian no tempo dos Japan. A solo, nos anos 80, Sylvian estruturou a sua carreira através de um perfil mais sóbrio, estabelecendo vitais parcerias com, por exemplo, Robert Fripp e Holger Czukay, sendo a estreita colaboração com Ryuichi Sakamoto a que mais se destaca. Uma colaboração que começou ainda no tempo dos Japan, precisamente no álbum de 1980, através do tema “Taking Islands In Africa”.
A colaboração da dupla Sylvian/Sakamoto é transversal a todas as fases da carreira a solo de David Sylvian e que ainda hoje perdura.
Nos anos 90, Sylvian experimentou vários registos, incluindo a electrónica e encetou outras novas parcerias, não evitando contudo, alguns hiatos prolongados.
Na primeira década do novo milénio, Sylvian realizou até agora novas experiências e novos projectos. No colectivo, o projecto Nine Horses.
De todas as várias fases na já longa carreira de David Sylvian, a que mais aprecio – apreciando todas as outras – é a da primeira metade de 80. Pela estética, pelo arrojo cenográfico, pela plasticidade, pela arquitectura electrónica muito avançada para a época, pelos arranjos minimalistas e pelo espírito de vanguarda.
Vai daí, eis uma das melhores recordações desses dias futuristas, através do tema “Nightporter” dos Japan, no álbum «Gentleman Takes Polaroids»:
Japan – Nightporter (1980)
Could I ever explain this feeling of love?
It just lingers on
The fear in my heart that keeps telling me
Which way to turn
We'll wander again
Our clothes they are wet
We shy from the rain
Longing to touch all the places we know we can hide
The width of a room that can hold so much pleasure inside
Here am I alone again
A quiet town where life gives in
Here am I just wondering
Nightporters go
Nightporters slip away
I'll watch for a sign
And if I should ever again cross your mind
I'll sit my room and wait until nightlife begins
And catching my breath, we'll both brave the weather again
Here am I alone again
The quiet town where life gives in
Here am I just wondering
Nightporters go
Nightporters slip away
Na noite da Rádio, foram muitas as canções dos Japan que incluí nas emissões de continuidade (antes do aparecimento das playlists).
Esta, a par de “Ghosts”, foi a que seleccionei mais vezes.
[Aqui uma muito recomendável versão ao vivo do mesmo tema].
David Sylvian é uma das maiores referências musicais chegadas até mim através da Rádio. Ouvi-o pela primeira vez há vinte e sete anos, em Outubro, por ocasião da edição do álbum «Gentleman Takes Polaroids» dos Japan. Não posso precisar a estação radiofónica em que escutei o tema título do álbum da banda de Sylvian, Karn, Jansen e Barbieri (e nesse trabalho ainda com o guitarrista Rob Dean). Mas foi certamente numa destas duas: Rádio Comercial ou Rádio Renascença, ambas nos seus primeiros tempos em FM.
Esse disco de 1980 foi o primeiro contacto que tive com a obra de Sylvian, continuada no ano seguinte com o derradeiro e seminal «Tin Drum». Depois, a carreira a solo de um dos maiores estetas da orgânica pop. Até hoje. Domingo passado seria o segundo concerto do ex-frontman dos Japan em Lisboa. O primeiro foi em Setembro de 2001, no Coliseu dos Recreios (e Porto no dia seguinte). Braga foi agora contemplada com a sua presença e, provavelmente daqui a semanas, novamente Lisboa.
Em mais de trinta anos de carreira, distinguem-se com nitidez as várias vertentes de uma carreira multifacetada. Desde a fase inicial quase irreconhecível, na febre reminiscente do movimento Glam Rock, seguindo-se uma breve passagem Neo-Disco-Sound, desembocando depois na sofisticação primordial da estética visual e sonora, então designada de New Romantic. Estes foram os patamares alcançados por David Sylvian no tempo dos Japan. A solo, nos anos 80, Sylvian estruturou a sua carreira através de um perfil mais sóbrio, estabelecendo vitais parcerias com, por exemplo, Robert Fripp e Holger Czukay, sendo a estreita colaboração com Ryuichi Sakamoto a que mais se destaca. Uma colaboração que começou ainda no tempo dos Japan, precisamente no álbum de 1980, através do tema “Taking Islands In Africa”.
A colaboração da dupla Sylvian/Sakamoto é transversal a todas as fases da carreira a solo de David Sylvian e que ainda hoje perdura.
Nos anos 90, Sylvian experimentou vários registos, incluindo a electrónica e encetou outras novas parcerias, não evitando contudo, alguns hiatos prolongados.
Na primeira década do novo milénio, Sylvian realizou até agora novas experiências e novos projectos. No colectivo, o projecto Nine Horses.
De todas as várias fases na já longa carreira de David Sylvian, a que mais aprecio – apreciando todas as outras – é a da primeira metade de 80. Pela estética, pelo arrojo cenográfico, pela plasticidade, pela arquitectura electrónica muito avançada para a época, pelos arranjos minimalistas e pelo espírito de vanguarda.
Vai daí, eis uma das melhores recordações desses dias futuristas, através do tema “Nightporter” dos Japan, no álbum «Gentleman Takes Polaroids»:
Japan – Nightporter (1980)
Could I ever explain this feeling of love?
It just lingers on
The fear in my heart that keeps telling me
Which way to turn
We'll wander again
Our clothes they are wet
We shy from the rain
Longing to touch all the places we know we can hide
The width of a room that can hold so much pleasure inside
Here am I alone again
A quiet town where life gives in
Here am I just wondering
Nightporters go
Nightporters slip away
I'll watch for a sign
And if I should ever again cross your mind
I'll sit my room and wait until nightlife begins
And catching my breath, we'll both brave the weather again
Here am I alone again
The quiet town where life gives in
Here am I just wondering
Nightporters go
Nightporters slip away
Na noite da Rádio, foram muitas as canções dos Japan que incluí nas emissões de continuidade (antes do aparecimento das playlists).
Esta, a par de “Ghosts”, foi a que seleccionei mais vezes.
[Aqui uma muito recomendável versão ao vivo do mesmo tema].