Rádio Crítica

O Lobo que ruge

23:00 horas na RADAR. O início de «Viriato 25».
Aquela voz – sigo-a há mais de 25 anos – novamente a rugir no éter. Em Mega Hertz, como diz o lobo.
Primeiro tema on air: “Radio” com “R” grande. António Sérgio na emissão inaugural de «Viriato 25» endereçou agradecimentos iniciais a todos os que têm mantido a chama acesa, ao reconhecimento dos pares, ao acompanhamento por parte da Comunicação Social portuguesa e especialmente a Ana Cristina Ferrão e a Luís Montez.

Rubricas novas:
«Tira Linhas» (já estreada na primeira noite) e «Enigmas no Radar» através da continuada colaboração com Ana Cristina Ferrão;
«Boomerang» e «Na Ponta da Língua» pelo próprio lobo.

SOS RADAR
Crónica diária de António Sérgio por volta das 19:45 de segunda a sexta-feira.

É de louvar a tentativa de salvação – ainda que insuficientemente – desta espécie em extinção, que é a figura do Autor de Rádio. Em vinte anos, a Rádio portuguesa passou do sétimo céu ao rés-do-chão. Mas, infelizmente, há mais para descer. No edifício da degradação, ainda há a cave e a sub-cave.

Viriato 25: O uivo da resistência!

Stay out of trouble!

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O que ELE diz:

António Sérgio é uma figura incontornável do panorama radiofónico português. Durante dez anos manteve o programa de autor "A Hora do Lobo", na Rádio Comercial. Depois de dois meses de ausência brinda-nos hoje com o seu regresso, ansiado por muitos, desta feita com o programa "Viriato 25", na Radar. Neste projecto dará visibilidade à música alternativa, registo a que já nos habituou.

Ainda sente mágoa pela saída da Rádio Comercial?

A mágoa não se apaga facilmente. É uma casa à qual estive ligado muito tempo. Mas vai-se desvanecendo.

A vontade de descobrir música mantém-se intacta?

Sim. Os vícios são difíceis de apagar, só com tratamento de choque. Cada vez tenho mais vontade em descobrir música nova, alternativa.

Como surge "Viriato 25"?

Foi uma brincadeira. Tinha uma lista de 20 nomes, como por exemplo a "A Toca do Lobo". Era chato enveredar por repetições. Também equacionei chamar-lhe "O Sétimo Selo", por ser a sétima edição da minha autoria. "Viriato 25" surgiu por ser a morada da sede da Radar e parece nome de código. Os curiosos podem ir ao "Google Earth".

Quais as principais diferenças em relação ao defunto "A Hora do Lobo"?

Não será uma aposta na continuidade, mas a minha postura será a mesma. O gás de propulsão será maior, tenho fome de rádio. A música será, mais do que alternativa, atrevida, provocatória que alargue horizontes.

O horário, 23/1 horas da manhã, não trava a conquista de audiências?

Julgo que não. Para quem estava habituado ao horário 1-3 horas, este parece-me o 'prime-time'.

Qual é o público-alvo?

É um público transversal. Com as perdas que a rádio vai tendo "tudo o que vier à rede é peixe".

Qual a marca distintiva de "Viriato 25" para o público?

Ainda não fui para o ar, só em Janeiro é que terei um rumo fixo, mas pretendo marcar a diferença. Descobrir novos nomes, tornar a rádio pedagógica através de uma educação musical.

Expectativas elevadas quanto ao sucesso do programa?

Na Radar estou mais apoiado, os meios de produção são mais caseiros, mais na ponta dos dedos. Havendo vontade e assunto, tem tudo para correr bem.

Elsa Pereira
In: Jornal de Notícias
Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007