sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O que ELE diz (cont):

António Sérgio confessa que ser tratado por animador de rádio é “baixar de nível”

Mais música e menos locução é assim que se caracteriza a rádio nos dias de hoje?
Infelizmente é uma formatação, que já não é de agora. Acentuou-se em 1998. Temos praticamente a mesma música a tocar, mas simultaneamente, em várias rádios. Deve-se, por um lado, à contratação de estudos de mercado. Por outro, às batalhas de audiências.


E isso muda o conceito de rádio?
O ouvinte precisa alimentar o seu imaginário.


Acabaram também os programas de autor…
A rádio de autor continua, para mim, a ser muito importante. Cheguei até a duvidar que o programa de autor poderia voltar. Hoje, a questão de ter sido afastado da grelha da Comercial acabou por não ser tão negativa. Acredito que seja necessário haver programas de mensagem.

Nas rádios locais ou nacionais?
As rádios locais estão a conseguir recuperar, não diria que a rádio de autor, mas a de mensagem. O problema são as “playlists”, que encurtam a hipótese de fazer programas de autor.


O termo radialista morreu?
Já não existe um locutor de rádio ou se usa o termo radialista – utilizado por alguma imprensa e que é suficientemente vasto para eu não passar nenhuma vergonha. No meu cartão da RDP eu era realizador de rádio. Passei a ser animador na Comercial. Desanima-me ser tratado por animador. É um baixar de nível em termos de funções…


Gosta de ouvir os animadores mais novos? Exprimem-se bem?
Oiço boas vozes, mas também há uma série de gente que não devia ter acesso aos microfones. Falar bem português é uma boa regra para mim. E muitos não o fazem.

Bruno Contreiras Mateus
In: revista «Domingo» (Correio da Manhã)
02.Dezembro.2007



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