sexta-feira, 30 de maio de 2008
Frank Sinatra
É dele a voz que mais atrás no tempo me lembro de ter ouvido na Rádio… a Voz, não a canção
No passado dia 14 de Maio assinalaram-se os dez anos da morte de Frank Sinatra. Um pouco por todo o mundo em que era conhecido, isto é, na maior parte do planeta, sucederam-se as homenagens e as lembranças da primeira figura artística com dimensão verdadeiramente global. Começou a cantar em público nos anos trinta e obteve um enorme sucesso imediato. Isto num tempo em que a Televisão na América era ainda uma miragem, existia a Rádio (Sinatra foi artista de Rádio) e o Cinema como as duas grandes forças de divulgação artística e cultural. Escusado será dizer que estávamos num tempo que distava seis décadas do aparecimento de meios (que hoje são-nos banais) de difusão em massa e em tempo real, como por exemplo os telemóveis e a Internet.
Frank Sinatra foi o melhor de sempre no seu estilo. Melhor que Bing Crosby, Dean Martin ou Tony Bennette? Sem dúvida! Melhor que Elvis Presley? Não. Sinatra não era um rocker, embora fosse muito melhor actor que Elvis. E Elvis ficou a perder quando se quis tornar num cantor romântico-baladeiro.
Sinatra tem, para mim, uma ligação directa na minha própria relação com a Rádio. É dele a primeira voz (em música cantada) que me lembro de escutar através da radiodifusão em Portugal. Um facto ocorrido em meados da década de 70 do século XX. Muitos anos depois desse dia, nos meu dias da Rádio, Sinatra foi numerosas vezes uma escolha recorrente – enquanto pude (leia-se: antes das playlists) – nas emissões de espaço musical que editei.
Actualmente Sinatra não é um recurso recorrente na Rádio. Só por excepção, não por regra. Nem ele, nem Elvis Presley nem os Beatles. São nomes incontornáveis, mas estão a ser há anos severamente contornados nas escolhas dos playlisters. E é pena, pois trata-se de uma grandessíssima lacuna ou, dito de outra forma, uma vergonha.
Foi também na Rádio que soube da morte de Sinatra, na manhã do dia 14 de Maio de 1998, ouvindo a TSF, pela voz do então animador de serviço Mário Fernando.
Ironia do destino… ou, talvez não: A última canção que Frank Sinatra cantou ao vivo foi “The Best Is Yet To Come”.
As suas últimas palavras antes de morrer: I'm losing it...
Há o Sinatra da Voz, da música e há o Sinatra do Cinema. As duas carreiras não se confundem, mas andaram lado a lado durante meio século. Seguem-se – cronologicamente – alguns desses momentos para ouvir e ver:
The Night & The Day
1943 - “Night And Day”
The House
1945 – “The House I Live”
The City
1949 – «On The Town»
The Look
1955 - «The Man With the Golden Arm»
The Partner
1955 - «Guys and Dolls»
The Girl
1956 - «High Society»
The Friends
1960 - «Ocean's 11»
The Voice
1969 - "My Way"
The Song
1974 - "New York"
The Last
1980 - «The First Deadly Sin»
São só curiosidades, ou só aparentes coincidências [no universo não há coincidências. Apenas casualidades da relação causa-efeito]: O meu padrinho de baptismo nasceu no mesmo dia do mesmo ano que Frank Sinatra e morreu três dias depois dele. Foi a primeira pessoa que me falou de Frank Sinatra (era eu ainda muito criança) e ele gostava muito de o ouvir, embora a sua grande paixão artística fosse a fadista Teresa Tarouca. Nada que ver, portanto… mas as coincidências… Talvez os dois fossem duas almas gémeas, separadas por um imenso oceano de distâncias, unidas no Wiskey, nos olhos azuis, bom- vivantismo e paixão por mulheres bonitas.
Se hoje, na Rádio, pudesse escolher uma canção de Sinatra para partilhar com quem estivesse na minha sintonia, seria “It Was a Very Good Year”.
Stay Tuned, O’ l blue eyes