segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Oito coisas do Verão 2008 (6)
















Summertime / Summer Madness
Loucura em Veneza

Era o filme que me faltava ver de David Lean. E logo no Verão. E logo na “minha” sala, a grande, na Cinemateca.
Há dois momentos na obra de Lean. Dizem os críticos, duas fases bem diferenciadas. A primeira, de películas de menor duração e com menos meios de produção. Quase todas decorrentes em Inglaterra. Depois, a segunda fase. A das macro-escalas, a dos grandes espaços exteriores e decorrentes no interior da selva asiática, nas areias quentes do deserto, nas gélidas paisagens da Sibéria, na agreste orla costeira da Irlanda e no coração da Índia. Entre uma e outra fase está o filme «Summertime» (ou «Summer Madness» como também ficou conhecido).
A acção decorre em Veneza, uma cidade de todos e de ninguém. Uma cidade do mundo, há décadas orientada para os turistas. É lá que Katharine Hepburn (Jane Hudson, uma turista norte-americana) sonha com o amor de uma vida na Veneza de todos sonhos e de todas as desilusões. No fundo, em todas as fases da carreira, David Lean realizou “sempre” o mesmo filme, ou seja, tal como todos os outros grandes mestres da Sétima Arte – ou de qualquer outra forma de arte – foi fiel ao seu tema. No caso de Lean, os grandes dramas humanos. De filme para filme trocou os actores e as actrizes, mudou os cenários e as formas da acção. Mas a mesma patine está presente em todas as suas obras. E Lean, ao longo da sua prestigiada obra, aboliu como muito poucos a forte tendência maniqueísta no Cinema. Fica uma pergunta para quem já viu o filme «Summertime»: afinal, quem é que consegue condenar a conduta amoral de Renato de Rossi ou a displicência emocional de Jane Hudson?

Summertime/Summer Madness (trailer) - David Lean (1955)




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