Rádio Crítica

A crueza da vida na beleza das palavras. Uma das canções da dupla Jobim/Moraes mais interpretadas ao longo do último meio século, principalmente pelo universo Jazz norte-americano. Uma das mais interessantes versões deste clássico é a de Billy Eckstine, que cantou “A Felicidade” totalmente em português. Para um cantor norte-americano, coragem foi coisa que não lhe faltou.
Há duas estruturas no tema “A Felicidade”. Uma - a menos conhecida - tem a letra prolongada. João Gilberto consagrou-a em 1959, numa gravação efectuada em estúdio no dia 2 de Julho. A outra – a mais conhecida – interpretada por Jobim, leva a letra da canção até a meio, tornando-a mais sociologicamente marcante. É perfeitamente visível que a segunda parte da canção é menos eficaz que a primeira. A primeira fica-se pelo Carnaval e condensa assim toda a importância que aquela quadra festiva tem na cultura brasileira. É notável a comparação que Vinícius de Moraes faz entre a vida real e a fantasia do Carnaval.

Crónica que deveria estar a passar na Rádio. Não passa na Rádio, mas passa aqui durante cinquenta dias até ao fim do ano. Texto inicialmente escrito para Rádio adaptado para leitura on-line.