sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
19 de Dezembro de 1968
Faz hoje exactamente 40 anos que ficou gravado para a posterioridade um dos muitos e famosos serões em casa de Amália Rodrigues. Desta vez a ocasião foi ainda mais especial, pois Amália recebia a visita do grande poeta da Bossa Nova Vinicius de Moraes que, de passagem por Portugal antes de ir passar o Natal a Roma, visitou Amália na sua casa, na Rua de São Bento em Lisboa. Havia outros nomes ilustres presentes: David Mourão Ferreira, José Carlos Ary dos Santos, Natália Correia e Alain Oulman. Noite de tertúlia, serão de gente que se ama e admira, uma homenagem aos poetas e à poesia. Um caldo de cultura unindo os dois lados de um imenso oceano de séculos. E a noite foi gravada para ser, posteriormente (1970) ser editada em disco, no formato na altura pouco visto entre nós de duplo LP. Em 2001 o disco «Amália/Vinicius» foi reeditado em CD pela EMI-Valentim de Carvalho. Nele se ouvem textos ditos da autoria de, por exemplo, Alexandre O’Neill, José Régio ou Pedro Homem de Mello. Camões é igualmente evocado. E, claro, poesia do próprio Vinicius de Moraes, como por exemplo este lindíssimo “Poema Dos Olhos da Amada” dito pelo próprio Vinicius, autor dos célebres “O Dia da Criação” ou ainda “ Saudades Do Brasil Em Portugal”.
Aconteceu magia naquela noite… uma noite diferente. As noites assim, de tertúlia e saudável comunhão cultural, acabaram.
Já agora, dizer que a Bossa Nova também foi cantada em Portugal por Amália em “Formiguinha Bossa Nova”, com letra de Alexandre O’Neill (não faz parte da gravação «Amália/Vinicius»).
No dia 8 de Março de 2001 transmiti na íntegra na Rádio esta histórica gravação. Tinha liberdade para isso. Também aí as noites eram diferentes… e acabaram.
Aconteceu magia naquela noite… uma noite diferente. As noites assim, de tertúlia e saudável comunhão cultural, acabaram.
Já agora, dizer que a Bossa Nova também foi cantada em Portugal por Amália em “Formiguinha Bossa Nova”, com letra de Alexandre O’Neill (não faz parte da gravação «Amália/Vinicius»).
No dia 8 de Março de 2001 transmiti na íntegra na Rádio esta histórica gravação. Tinha liberdade para isso. Também aí as noites eram diferentes… e acabaram.
Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais nocturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus
A cantora brasileira Maria Bethânia fala sobre o poeta Vinicius de Moraes e canta o “Poema Dos Olhos da Amada”. Ver & ouvir aqui