quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Bossa Nova – 50 Anos 50 Clássicos (37)












João Gilberto tem esta canção gravada no álbum «Live in Montreux», registado ao vivo no dia 18 de Julho de 1985, no festival de Jazz de Montreux, na Suiça. Nestas imagens vemos uma versão encurtada de “Sem Compromisso” gravada numa sessão informal e sem compromisso por António Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda em 1978. Chico Buarque não pode ser considerado um músico de Bossa Nova, mas a Bossa Nova foi determinante para a sua carreira. Ao contrário de Caetano Veloso e Gilberto Gil – que protagonizaram o contra-movimento denominado de «Tropicalismo» – Buarque manteve-se sempre fiel aos seus mestres João Gilberto, Vinicius de Moraes e, principalmente, António Carlos Jobim, a quem chamava de «Maestro Soberano».
Nesta espécie de ‘Jam Session’ está também presente Miúcha, uma das irmãs de Chico Buarque, que foi a segunda mulher de João Gilberto (depois de Astrud) e que também é a mãe de Bebel Gilberto, filha de ambos (nasceu em 1966).

Crónica que deveria estar a passar na Rádio. Não passa na Rádio, mas passa aqui durante cinquenta dias até ao fim do ano. Texto inicialmente escrito para Rádio adaptado para leitura on-line.



SEM COMPROMISSO
(Geraldo Pereira / Nelson Trigueiro)


Você só dança com ele
E diz que é sem compromisso
É bom acabar com isso
Não sou nenhum Pai-João
Quem trouxe você fui eu
Não faça papel de louca
Para não haver bate-boca dentro do salão

Quando toca um samba
E eu lhe tiro para dançar
Você me diz:
Não, eu agora tenho par
E sai dançando com ele, alegre e feliz
Quando pára o samba
Bate palma e pede bis




RETRATO EM BRANCO E PRETO
(Chico Buarque)

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com os seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retratos
Eu teimo em coleccionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Para lhe dizer que isso é pecado
Trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou coleccionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração




TRISTE
(Antonio Carlos Jobim)

Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, nunca vai dar
O sonhador tem que acordar
Tua beleza é um avião
Demais para um pobre coração
Que pára para te ver passar
Só para me maltratar
Triste é viver na solidão



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