domingo, 28 de dezembro de 2008
Bossa Nova – 50 Anos 50 Clássicos (47)
Não é João que deve a vénia. Somos nós que lha devemos fazer. Por tudo o que fez em cinquenta anos de carreira. Meio-século de Bossa Nova não existiria sem ele. O homem que não dá entrevistas e que raramente sai de casa, mata a solidão abraçado ao violão. Um e outro são inseparáveis. João Gilberto não saberia cantar sem o seu eterno violão. O mesmo já não acontece com Caetano Veloso, aqui em dueto com o seu ídolo João. Caetano Veloso, sem violão, mas com muita devoção ao mestre.
“Acontece Que Sou Baiano”, outra composição de Dorival Caymmi e depois “Coração Vagabundo”, uma canção do próprio Caetano Veloso. Ao vivo em Buenos Aires, no ano 2000.
De novo juntos e em palco. João Gilberto – o mito, o mestre; Caetano Veloso – a figura, o discípulo.
Crónica que deveria estar a passar na Rádio. Não passa na Rádio, mas passa aqui durante cinquenta dias até ao fim do ano. Texto inicialmente escrito para Rádio adaptado para leitura on-line.
ACONTECE QUE EU SOU BAIANO
(Dorival Caymmi)
Acontece que eu sou Baiano
Acontece que ela não é
Mas tem um requebrado para o lado
Minha Nossa Senhora
Meu Senhor São José
Tem um requebrado para o lado
Minha Nossa Senhora
E ninguém sabe o que é
Há tanta mulher no mundo
Só não casa quem não quer
Porque é que eu vim de longe
Para gostar dessa mulher
Essa que tem um requebrado para o lado
Minha Nossa Senhora
Meu Senhor São José
Essa que tem um requebrado para o lado
Minha Nossa Senhora
E ninguém sabe o que é
Já plantei na minha porta
Um pézinho de Guiné
Já chamei um pai-de-santo
Para benzer essa mulher
CORAÇÃO VAGABUNDO
(Caetano Veloso)
Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher
Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim