segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Na toca do LOBO

















Fotografia de Rita Carmo (XFM, 1994)

Já não é o bichinho da rádio que morde, já sou eu que sou o bicho da rádio!

Anos 80 em Portugal
"Nessa altura divulgar música nova tinha um rótulo de militância e era objecto de admiração, até pelo país que Portugal era, onde o peso do Antigo Regime estava fresco. Através da música existia esforço para acompanhar um comboio de cultura, de alegria de viver que era irreversível. Não era só música, era uma nova maneira de pensar, que tem a ver com livros ou filmes. Esse período foi uma bóia de salvação, uma forma de dizermos "vamos sair daqui", do marasmo dominante em Portugal".

António Sérgio
In: «PÚBLICO» (2006) 






















Primeira parte da "LISTA REBELDE", apresentada por António Sérgio no dia 17 de Outubro de 1984, no histórico programa diário «Som da Frente», nas tardes da Rádio Comercial.

LISTA REBELDE – 1º bloco:

01 – GUN CLUB – Sex Beat
02 – SCRITTI POLLITTI – Sweetest Girl
03 – U2 – Pride (In The Name of Love)
04 – BRONSKI BEAT – Smalltown Boy
05 – WAH! – 7000 Names of Wah!
06 – JOY DIVISION – Atmosphere
07 – THE THE – Perfect0
08 – TONE ON TAILS – Performance
09 – BAUHAUS – Kick In The Eye
10 – CURE – Faith (Live)
11 – ASSOCIATES – Party Fears Two
12 – THIS MORTAL COIL –Song To The Siren
13 – COMATEENS – Late Night City
14 – WATERBOYS – A Pagan Place
15 – VIRGINIA ASTLEY – Love’s a Lonely Place To Be
16 – MOTORHEAD – Please Don’t Touch
17 – PSYCHADELIC FURS – Love My Way
18 – ECHO & THE BUNNYMEN – Back To Love
19 – TALKING HEADS – Great Curve
20 – U2 – Glória

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O que dizem DELE:

"Conheci o António há muitos anos e sempre trabalhámos com grande proximidade. Ele deixa uma marca indelével na rádio portuguesa.
Curiosamente ele começou na Rádio Renascença, onde seguiu as pisadas do pai. Posteriormente encontramo-nos, julgo pela primeira vez no lançamento da revista «Música e Som», publicada em princípios dos anos 70.
Tinha uma voz fantástica e característica. A qualidade inacreditável que sempre teve de estar à frente, de ser capaz de ouvir e perceber aquilo que era algo, que ia ser determinante, uma coisa boa.”
João David Nunes
(Director-fundador da Rádio Comercial)


"Era uma pessoa fantástica, talvez uma das primeiras pessoas que eu conheci da rádio. Foi há 28 anos, quando editámos o primeiro disco da Sétima Legião.
"Era uma pessoa que já não via há muitos anos, mas acompanhava sempre os seus programas de rádio, ultimamente ouvia-o na rádio Radar",
Rodrigo Leão
(Músico fundador dos Sétima Legião e dos Madredeus)


"Era sempre um prazer falar com ele, porque era uma pessoa que amava a música e falava sempre entusiasticamente. A memória mais forte que tenho é que comecei a ouvir rádio a ouvir António Sérgio. Lembro-me de ter 15 anos e ouvir o «Rotação». É uma grande parte da minha formação musical na altura e parte dos meus hábitos musicais."
Joaquim Paulo
(Ex-colega de António Sérgio na Rádio Comercial)


“Era a referência de quando eu era adolescente, de quando o rádio era o instrumento por excelência.
Sempre lhe demos primazia nos trabalhos que íamos fazendo. Era uma espécie de agradecimento pelo trabalho que ele fez e pelo crescimento musical de gerações, nas quais eu me incluo."
Adolfo Luxúria Canibal
(vocalista, letrista e fundador dos Mão Morta)


"Deixa um vazio na rádio portuguesa" por este ser último grande radialista vivo, da rádio que se fazia antigamente, a do programa de autor". "Vai ser um bocado estranho como vai ser o futuro da rádio sem uma pessoa como o António Sérgio. É uma perda muito grande. A melhor homenagem que lhe podemos fazer é continuar a ouvir a música que ele nos deu a conhecer."
Álvaro Covões
(Empresário)


"Era um grande profissional, uma referência, um mestre da rádio. Alguém que deu um contributo enorme para a divulgação de música nova. Tinha grande visão de futuro, era o som da frente. O John Peel português. Estava sempre preocupado com os ouvintes".
Luís Montez
(Ex-colega de António Sérgio na Rádio Comercial e proprietário da RADAR, rádio onde António Sérgio trabalhava)


"Às vezes não acertava, mas na maior parte acertava. Era uma idealista da música e da rádio. É insubstituível."
António Macedo 
(Radialista; antigo colega de António Sérgio na Rádio Comercial)


"No início, era a única personagem do meio a quem dávamos a ouvir as nossas cassetes. Foi ele o "professor" do nosso primeiro disco. Quando arranjou editora [Rossil] produziu-nos e estabelecemos de imediato uma cumplicidade muito forte. A sua morte é uma perda enorme."
Zé Pedro 
(Guitarrista dos Xutos & Pontapés)


"Desde os anos 70 que agentes sorrateiros se agacham atrás dele, tentando puxar-lhe a cadeira, a ver se cai", escreveu. "Mas o homem sempre esteve ocupado de mais para reparar. Fincou os pés, sacou dos discos e fez o que sempre fez: o que lhe estava na real gana."
Miguel Esteves Cardoso 
In: «PUBLICO» (2007)


“Perde-se uma figura ímpar da rádio, de mente aberta e um gosto verdadeiro pela música. As bandas que passava nos seus programas tinham garantidamente o selo de qualidade. Uma voz que dispensa qualquer tipo de apresentação”.
Fernando Ribeiro 
(Vocalista dos Moonspell)


António Sérgio: O Bom Lobo 
Os que agora são jovens não fazem a mínima ideia do que perderam. Só lhes resta ouvir e consumir a pastilha das playlists e olharem para as nossas colecções de vinil e CD com os seus milhares de títulos com nomes estranhos e desconhecidos como um burro olha para um palácio.
Faltar-lhes-á sempre uma hora em companhia de um Lobo.


Por Orlando Leite, Publicado em 02 de Novembro de 2009 no diário «I».
Ler artigo completo aqui

"Não era seu fã (não percebia nada do que dizia nem alinhava nos mesmos gostos musicais), mas curvo-me perante a sua memória.
Luís Pinheiro de Almeida 
(co-fundador com António Sérgio do jornal BLITZ em 1984; ex-radialista)
In: blogue «Ié-Ié»



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