quarta-feira, 20 de outubro de 2010
A escuridão na Rádio
Foi há uma semana, mas está sempre a acontecer

No dia 13 de Outubro a comunicação social de quase todo o mundo estava focalizada na transmissão em directo na incrível operação de resgate de 33 mineiros no deserto de Atacama, no Chile [considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo].
As principais cadeias internacionais de TV transmitiram a retirada um a um dos mineiros. As rádios (as que têm informação actualizada) acompanharam todas as etapas. Inclusivamente as portuguesas. E novamente ouviu-se na Rádio aquilo que não devia nunca ouvir-se. Expressões como "não há palavras para descrever a emoção"; "as imagens falam por si"; "as imagens valem por mil palavras"; etc.
Isto é a negação da Rádio. É abdicar do maior predicado da Rádio - que é a palavra - que substitui e até dispensa a necessidade da observação dos factos.
Equivale a dizer: "Veja na Televisão, não ouça na Rádio!"
Infelizmente são expressões recorrentes na Rádio que vamos ouvindo todos os dias.
A Rádio não tem imagem e é essa a sua razão de existir.
A força primordial da Rádio é saber contar o que não se está a ver, mostrando. A eficácia da descrição é poder dispensar o recurso das imagens.
Como num bom relato de Futebol. Se for bem feito, para que servem as imagens se já estamos a "ver" tudo?
No Sábado a TSF relatou o encontro de Futebol da Taça de Portugal entre as equipas do F.C. Porto e Limianos e teve como convidado um comentador cego. Domingos Silva comenta os jogos de Futebol baseando-se nas imagens que o ralatador produz através da narração do jogo. Haverá exemplo mais cabal do que atrás foi dito?
Sobre este assunto, ver e ler mais aqui
33 canções para 33 mineiros
Os norte-americanos Pixies estavam a actuar em Santiago do Chile na noite do resgate dos mineiros e fizeram o mais longo concerto de sempre da carreira (iniciada em 1985) em honra dos 33 mineiros chilenos.
Os Pixies não são uma banda de causas, nem lá perto, mas não ficaram indiferentes ao que se estava a passar no país onde se encontravam para tocar.
Há um pouco de tragédia Shakespeariana na apreciação à distância daquela noite - para muitos histórica. Enquanto mais de trinta pessoas lutavam para sobreviver e saírem ilesas de um grave acidente, há umas largas centenas ou milhares a celebrarem um espectáculo musical sob esse mesmo acontecimento.
No vídeo, a apresentação em castelhano de Frank Black no início do concerto dessa noite:

No dia 13 de Outubro a comunicação social de quase todo o mundo estava focalizada na transmissão em directo na incrível operação de resgate de 33 mineiros no deserto de Atacama, no Chile [considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo].
As principais cadeias internacionais de TV transmitiram a retirada um a um dos mineiros. As rádios (as que têm informação actualizada) acompanharam todas as etapas. Inclusivamente as portuguesas. E novamente ouviu-se na Rádio aquilo que não devia nunca ouvir-se. Expressões como "não há palavras para descrever a emoção"; "as imagens falam por si"; "as imagens valem por mil palavras"; etc.
Isto é a negação da Rádio. É abdicar do maior predicado da Rádio - que é a palavra - que substitui e até dispensa a necessidade da observação dos factos.
Equivale a dizer: "Veja na Televisão, não ouça na Rádio!"
Infelizmente são expressões recorrentes na Rádio que vamos ouvindo todos os dias.
A Rádio não tem imagem e é essa a sua razão de existir.
A força primordial da Rádio é saber contar o que não se está a ver, mostrando. A eficácia da descrição é poder dispensar o recurso das imagens.
Como num bom relato de Futebol. Se for bem feito, para que servem as imagens se já estamos a "ver" tudo?
No Sábado a TSF relatou o encontro de Futebol da Taça de Portugal entre as equipas do F.C. Porto e Limianos e teve como convidado um comentador cego. Domingos Silva comenta os jogos de Futebol baseando-se nas imagens que o ralatador produz através da narração do jogo. Haverá exemplo mais cabal do que atrás foi dito?
Sobre este assunto, ver e ler mais aqui
33 canções para 33 mineiros
Os norte-americanos Pixies estavam a actuar em Santiago do Chile na noite do resgate dos mineiros e fizeram o mais longo concerto de sempre da carreira (iniciada em 1985) em honra dos 33 mineiros chilenos.
Os Pixies não são uma banda de causas, nem lá perto, mas não ficaram indiferentes ao que se estava a passar no país onde se encontravam para tocar.
Há um pouco de tragédia Shakespeariana na apreciação à distância daquela noite - para muitos histórica. Enquanto mais de trinta pessoas lutavam para sobreviver e saírem ilesas de um grave acidente, há umas largas centenas ou milhares a celebrarem um espectáculo musical sob esse mesmo acontecimento.
No vídeo, a apresentação em castelhano de Frank Black no início do concerto dessa noite: