sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Novas estações de Rádio em 2011
















É preciso clarificar sem peias que não são novas estações/canais de radiodifusão que surgem para além dos que existiam anteriormente. São aparecimentos novos de rádios sim, mas à custa do desaparecimento de outras. Não se verifica um somatório acrescentado de novas estações, mas sim de substituições.

A Vodafone FM começou a emitir à meia-noite do dia 26 de Janeiro [extinguindo-se para isso a Rádio Romântica FM], também pertença da Média Capital Rádios (MCR). Pelo menos para já, é só um gira-discos gigante que está dirigido para um público jovem (ou lá o que isso é. Para muita gente isso não significa nada!). Há a Cidade FM, a Mega FM, a Mega-Hits, a Best Rock FM, alguns pedaços da Antena3 e a RFM a tratar os ouvintes por “tu”. Como é fácil de constatar, uma estação jovem de Rádio [“mexe com a música”] era o que estava agora mesmo a fazer mais falta no espectro radiofónico e no mercado.
Ainda da volátil MCR vem agora a notícia de uma reestruturação da Best Rock FM, depois de há dias o único animador do canal ter batido com a porta.
Já agora, não há nomes em português para os canais de Rádio da MCR? Tirando a Comercial e a Cidade, são só nomes estrangeiros. Do inglês: Best, Star, Mix; da congénere espanhola: M80.















É à terceira?
Na mesma semana, desenvolvem-se pormenores na imprensa sobre a fundação de um novo grupo de Media em Portugal [Dream Rádios], que incluirá uma estação de Rádio de cariz informativo. Partindo do princípio lógico que toda e qualquer estação de Rádio que se diz informativa é uma potencial concorrente com a única Rádio Notícias que existe em Portugal.
Desconheço por completo o que está para vir ou se chegará mesmo a vir alguma coisa, mas a acontecer, é “só” a terceira vez que nos últimos 15 anos surge uma nova estação a querer concorrer directamente com a TSF.
A estação de Rádio portuguesa mais imitada e cobiçada desde 1988 continua, ao longo da sua história, a ultrapassar – até à presente data – todas as contendas deste tipo com que foi confrontada.
A primeira tentativa ocorreu ainda antes das três a que me refiro hoje.
Em 1990 o CMR-Correio da Manhã Rádio alterou o seu rumo, até então, de sucesso. Deixou de ser a estação de charme [com interessantes programas de autor] da cidade de Lisboa, para se tornar mais informativa, incluindo relatos de futebol e outro tipo de conteúdos informativos e outros inaugurados pela TSF. A inflexão de trajectória custou-lhe a identidade e as audiências. Foi encerrada em 1993 com a fusão (após compra) da Rádio Comercial. Um processo algo estranho, já que foi a compradora a desaparecer em prol da estação adquirida. O estatuto de Rádio nacional da Comercial não explica tudo. Em pouco tempo ambas as estações, como eram, desapareceram. A Comercial manteve-se, mas num formato totalmente diferente.
Existe no seio da rádio pública, há já vários anos, o desejo de se criar uma estação noticiosa e esse projecto é defendido por gente (incluindo directores) da casa, mas até hoje ainda não houve coragem (e/ou outras razões) para levar a cabo tal empreendimento. Enquanto isso, e ao longo de alguns anos consecutivos, praticou-se uma política de contratações específicas e cirúrgicas junto de profissionais da TSF. Uma verdadeira – e eficaz, diga-se – OPA silenciosa da RDP à TSF. Actualmente o que de melhor se faz na Rádio pública sai do saber de ex-profissionais da TSF. Ao escutar, no mesmo pedaço de emissão da Antena1, um animador ex-TSF, ao lado de um editor ex-TSF e um repórter ex-TSF, não é Antena1 que estou a ouvir. É a TSF sob outras vestes. Acontece e é recorrente (também um pouco na Antena2, mas menos). É o que sinto na minha posição de mero ouvinte.
Em suma, até hoje, todas as tentativas de igualar ou ultrapassar a TSF revelaram-se desastrosas aventuras e dolorosas quimeras.
Voltando às três tentativas de confrontar directamente a TSF:
Em 1996 surgiu a Central FM [extinguindo-se para isso a Rádio Mais da cidade da Amadora], a partir de um conjunto de profissionais (na maior parte) da própria TSF, descontentes ou saturados do projecto a que pertenciam. Teve vida curta e final repentino. O projecto informativo apenas durou meses. Em seu lugar ainda se ouviu um mega gira-discos New Age (instrumental) chamado Lights FM, até desaparecer por completo sem se dar por isso e retomar-se a Rádio Mais, que por sua vez voltaria a desaparecer para dar lugar ainda a outra estação.
Em 2007 ressurgiu na Média Capital Rádios um renovado RCP-Rádio Clube Português. Um projecto megalómano e irrealista que nunca teve um rumo certo e definido. De trambolhão em trambolhão até à queda final.
Terminou da forma que se sabe – abrupta e selvagem – no Verão de 2010. Em seu lugar ficou uma cópia reles e maltratada da também há anos extinta Rádio Nostalgia.
Agora é o próprio principal fundador da TSF a lançar no mercado uma nova estação informativa [extinguindo-se para isso a Rádio Europa-Lisboa], juntamente com um jornal semanário, um portal e um canal de Televisão. Novos tempos e o recurso natural à convergência de meios.
É a terceira tentativa, na última década e meia, de fazer braço de ferro com a Rádio Notícias.
A ERC-Entidade Reguladora para a Comunicação Social já aprovou a venda da Rádio Europa-Lisboa à Dream Rádios, incluindo a alteração de projecto temático musical para temático informativo, a ter início em Abril próximo.
Acreditam em provérbios?



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