terça-feira, 4 de outubro de 2011
Os 20 anos deste disco
1991 - 2011
No passado dia 24 de Setembro celebraram-se os vinte anos da edição oficial de «Nevermind», dos norte-americanos Nirvana. O álbum emblemático da banda de Kurt Cobain, que fez explodir em massa nas camadas jovens das sociedades ocidentais um movimento que teve o nome de Grunge.
A data foi devidamente assinalada em Portugal através dos media tradicionais, incluindo a Rádio.
Houve Nirvana nos éteres nacionais durante esse dia de Sábado. Coisa rara!
Nirvana – "About a Girl" (MTV Unplugged /1994):
08 de Abril de 1994
O fim inesperado dos Nirvana
No dia seguinte de manhã (Sábado, 09 de Abril de 1994) encontrava-me a apresentar o magazine de informação «Registos» na RSS, dando destaque evidente à notícia da morte por suicídio de Kurt Cobain. Uma colega de então ouviu a música dos Nirvana passar mais vezes na estação do que na altura era normal (embora os Nirvana estivessem na berra e fossem assíduos na antena) e dirigiu-se pessoalmente ao estúdio de emissão. Ficou incrédula com a notícia. E se ela era fã! Comoção inevitável e um dia triste.
Nas imagens:
Capa do disco «Nevermind», editado no dia 24 de Setembro de 1991;
Spencer Elden: o bebé da capa 17 anos depois numa fotografia idêntica;
Capa da revista portuguesa BLITZ deste mês, com Kurt Cobain também dentro de uma piscina.
A capa de «Nevermind» foi eleita a melhor de sempre numa votação levada a cabo há anos pela revista norte-americana «Rolling Stone».
O dono da dor
Kurt Cobain (que bem se pode conhecer como K.C. para os amigos) e os seus dois companheiros Krist Novoselic (guitarrista baixo) e Dave Grohl (baterista) tornaram-se durante algum tempo os portadores na Terra do testemunho da grande Dor.
Nirvana, assim se chamava o fenómeno saído duma Seattle claustrofóbica e desamada. Se bem que com os outros dois protagonistas, a estrela passava a ser Kurt Cobain, o vocalista, letrista, guitarrista e compositor de quase toda a música que Krist e Dave engrandeciam.
Porque é que se continua a falar em Nirvana?
O que vale um simples nome duma banda rock no imaginário de milhões de pessoas mundo fora?
Tudo ou quase tudo!
De tempo a tempo há um artista, seja de que área cultural ou estética que consegue abrir as cerradas fileiras dos uniformizados do rock com rajadas de melodia e loucura, de paz e conflito, de encanto e desencanto, silêncio e ruído. Um abrir de alas na turba silenciosa.
Nirvana era um abanar de estruturas, primeiro com certa timidez e muito no seio do metal, depois descaradamente nos territórios comerciais do rock e porque não da pop?
Era um conto de fadas que teria um final de film noir.
António Sérgio
In: «Nirvana Kurt Cobain», edição Assírio & Alvim (1995)