domingo, 29 de dezembro de 2013
Vertigem
Com o ano a chegar ao fim, algumas considerações a nível de programação na Rádio portuguesa.
No primeiro semestre havia mais a destacar de positivo que no segundo.
Os primeiros seis meses de 2013 produziram uma sequência programática que, fruto de alterações várias, já não é mais possível seguir por parte dos ouvintes desde o passado Verão. O fim-de-semana era o conjunto de dias que mais rica oferta tinha.
Por exemplo, ao Sábado, a sequência de programas de Rádio em várias estações começava cedo, às sete da manhã na Antena1, com a reposição do famoso «Lugar ao Sul» de Rafael Correia. Prolongava-se a selecção de escuta manhã fora no principal canal da rádio pública com programas que acabaram com a chegada do Verão e já não regressaram: «Estranha forma de Vida» de Jaime Fernandes, «A Ilha dos Tesouros» de Júlio Isidro, «Matrizes» de Rui Vieira Nery. Ou ao Domingo, com «Em Sintonia» de António Cartaxo e «Descobertas» de Maria Augusta Gonçalves. Estes três últimos programas na Antena2.
Por motivos distintos, a verdade é que no regresso total das programações após o Verão, a oferta perdeu quantidade e qualidade.
Nesta permanente vertigem da vida quotidiana há pouco espaço para a escuta contínua e prolongada de Rádio, apesar de ainda ser possível encontrar sequências de programas interessantes durante muitas horas consecutivas. Em alguns casos com sobreposições pontuais. Porém, rivalizando sempre com muitas outras solicitações causadoras de dispersão, como são as plataformas digitais.
Mas o maior incómodo para o ouvinte que se dedica à escuta prolongada de Rádio é ter que estar constantemente a mudar de estação para fazer a sua selecção.
Actualmente, a sequência de programas de autor ao fim-de-semana tem interrupções. Já não é sequencial, mantendo-se a necessidade de mudar de sintonia para a escuta desses conteúdos semanais. Uma pratica pouco amiga do ouvinte, mas que veio definitivamente para ficar.
Outra contrariedade para a audiência de Rádio continua a ser a constante alteração de horário dos programas. Um autêntico convite para fugir.
Ainda assim, é possível elaborar uma lista actualizada de espaços radiofónicos de interesse, uns mais que outros, a partir de uma selecção exclusivamente pessoal.
SABADO:
06:00/07:00 Antena1 – Lugar ao Sul
09:00/10:00 Antena1 – A Vida dos Sons
10:00/12:00 Antena1 – Hotel Babilónia
12:00/13:00 RADAR – Fala Com Ela
13:00/14:00 RADAR – Radarzine
13:00/14:00 Antena1 – Começar de Novo
14:00/15:00 TSF – A Playlist de… (dependendo das escolhas musicais da personalidade convidada).
14:00/16:00 Antena2 – Musica Aeterna
16:00/18:00 Antena2 – A Força das Coisas
18:00/20:00 RADAR – Discos Voadores
20:00/21:00 RADAR – Palco Radar (compacto)
22:00/23:00 RADAR – Agência Lusa (compacto)
23:00/00:00 Antena2 – Argonauta
00:00/01:00 Antena2 – A Fuga da Arte
DOMINGO:
08:00/07:00 RADAR – Em Transe
09:00/10:00 Antena1 – Vozes da Lusofonia
10:00/11:00 Antena1 – O Amor É
10:00/12:00 Antena2 – Musica Aeterna (repetição da emissão do dia anterior)
11:00/12:00 Antena3 – Sétimo Dia
12:00/13:00 Antena1 – Visão Global
13:00/14:00 RADAR – Comércio Livre (compacto)
14:00/15:00 Antena1 – Viva a Música
14:00/14:30 Antena3 – Em Nome do Ouvinte
14:30/15:00 Antena3 – Música Sem Filme
15:00/17:00 RADAR – Planeta Pop
17:00/18:00 RADAR – A Hora do Bolo
18:00/19:00 Antena3 – Portugal 3.0
20:00/22:00 RADAR – Discos Voadores (repetição da emissão do dia anterior)
23:00/00:00 Antena2 – Argonauta (emissão distinta da do dia anterior)
00:00/02:00 RADAR – Vidro Azul
O ano não podia terminar sem mais um projecto radiofónico ter cessado funções ou, como é agora moda dizer-se, ser descontinuado.
Desta vez foi a Star FM, do grupo Média Capital.
A empresa de radiodifusão sediada na Rua Sampaio e Pina em Lisboa detém o recorde nacional de canais que abre e fecha com a maior das facilidades. Antes da Star FM já havia fechado os canais Nostalgia, Romântica, Mix, RCP-Rádio Clube Português (entre outros locais), para além de modificar completamente perfis de estações que detém.
A Star FM foi o “projecto” que se seguiu ao fecho do RCP em Julho de 2010. Um canal musical com 24 horas de canções de sucesso das décadas de 50 (muito pouco), 60 (muito) e 70 (pouco).
Já não havia animadores a apresentar, mas teve, numa determinada fase, manhãs com a locutora Inês Cordeiro (foi o que consegui apanhar de ouvido).
A Star FM era a herdeira da entretanto alienada Rádio Nostalgia (actualmente pertença de outro grupo) e fazia uso do seu espólio musical.
Enquanto existiu, a Star FM garantia à Média Capital Rádios um leque musical que provinha dos anos 50, albergava a década de 60, na maior parte do tempo de emissão, e fazia parte da cobertura da década de 70. Aí passava o testemunho à M80, que abarca parte dos êxitos musicais de 70, tendo como eixo principal a década de 80 e atinge ainda boa parte dos anos 90. Por sua vez, a partir daí, a M80 entrega o testemunho à Rádio Comercial. A principal estação de Rádio da Média Capital (e única estação nacional do grupo) aposta na música do ano 2000 em diante, ou seja, até aos dias de hoje.
Calando-se a Star FM (porquê um nome em inglês?) a Média Capital Rádios abdica do canal de êxitos mais antigos em favor da agora concorrente Nostalgia. Se existe, não se compreende a “estratégia”.
No lugar da Star FM encontra-se a emissão da Smooth FM (não há designações em português?), acumulando a transmissão com a frequência que já tinha.
Já agora: a Smooth FM é concorrente directa da Marginal, que por sua vez pertence ao grupo detentor da renovada e ressuscitada Nostalgia.
Mosaico algo confuso este. Vertigem!