domingo, 16 de março de 2014
As Noites Longas do FM Estéreo
Neste mês em que a Rádio Comercial celebra o 35º aniversário, vem à memória outro dos programas mais famosos da História da Rádio em Portugal.
Teve início em 1982 e acabou em Fevereiro de 1988, quando a Rádio Comercial já estava a sair da sua fase fulgente.
Os domingos à noite, das 21:00 às 00:00, eram sagrados. Histórias com disco ao meio, era uma das frases descritivas. Ou ainda esta: Um programa feito nas calmas. O final de cada emissão era com: Então bom soninho… se for caso disso.
As histórias eram curtos contos, ditos por António Santos.
António Santos foi o realizador de sempre nos seis anos de programa, com as participações nos textos de João Viegas, Eduarda Ferreira e Guerra Carneiro.
Apresentação sóbria e música de toada lenta e suave.
Sublime.
AS NOITES LONGAS DO FM ESTÉREO
Ao contrário do que se poderia pensar, trata-se de histórias curtíssimas, de fino humor, que procuram não a gargalhada, mas o sorriso cúmplice. "Essas pequenas histórias, que como pontuam belíssimos momentos musicais ao longo de todo o programa, são um exemplo de utilização inteligente, e diferente, do ‘non-sense’.
Rui Cartaxo
In: Se7e
Com António Santos à cabeça e João Viegas na "sombra", sempre na mesma linha, "quem conta um conto aumenta um disco" e já está uma emissão de realização simples e linear e, no entanto, boa como poucas.
In: Diário de Notícias.
Ou como se pode ser simultaneamente terno e mordaz, divertido e atrevido, paliativo e chocante. Uma taça de ternura seguida de um balde de água fria.
In: Diário de Lisboa
As noites longas do FM Estéreo é daquelas emissões que o "contra" não perde. Boa música no horário certo, os textos curtos, bem lidos, quase sempre a merecer, pelo menos, um sorriso.
In: Correio da Manhã
Dois exemplos do estilo de textos debitados no programa:
On The Rocks
Quero mais gelo, por favor!" O empregado colocou duas pedras no copo. "Mais gelo. Estou cheio de calor. Mais gelo!" Dezoito pedras depois, o cliente continuava a pedir: "Mais gelo, ó homem, um pouco mais de gelo!"
Sub-repticiamente o empregado carregou no botão oculto pelo reposteiro. O icebergue que caiu do tecto raspou na testa do cliente, de leve, e aterrou no copo com grande estrondo.
O burro
Sempre lhe tinham chamado burro. Na escola os colegas riam-se dele. As namoradas troçavam do comprimento das orelhas. Consideravam-no teimoso e pouco inteligente. Quando não o apelidavam de burro, os nomes escolhidos eram ainda piores. Triste, abanou as orelhas e zurrou prolongadamente.
In: «Telefonia»
Matos Maia