terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Grelhas
A imagem acima serve para mostrar uma realidade que já não ocorre mais na Rádio em Portugal. Tem pouco mais de três décadas, o que até não é muito tempo se quantificarmos o tempo de existência da radiodifusão nacional, mas que em termos reais corresponde a um passado que nos parece ser muitíssimo remoto. Não pela distância, mas pela distanciação que a realidade vigente impõe. A começar pela duplicidade de canais e programação diferenciada em Onda Média e Frequência Modulada.
Vão assim longe os tempos em que as novas grelhas de programação estimulavam profundamente a população ouvinte, a cada nova temporada. Entre meados de Setembro e Outubro de cada ano, surgia a chamada "nova grelha" de programação de cada estação. Se acabava um bom programa, aparecia outro bom programa em seu lugar. Com os mesmos ou com outros protagonistas. Podiam mudar-se os nomes, os figurinos ou os conteúdos, mas a qualidade era mantida e os programas anteriores mantinham-se, na maior parte, nos mesmos horários.
Hoje em dia, cada vez mais em cada ano que passa, o que acontece são apenas operações de cosmética ligeira, o que corresponde a pequenos retoques na programação que já existia antes da habitual pausa no Verão. Pequenas mudanças nos alinhamentos. Pequenas novidades, sempre escassas. São mais os espaços que já não regressam das férias do que as novidades que entram nas grelhas das rádios. E o que mais acontece é o que deveria ser evitado a todo o custo: a mudança indiscriminada e quase sem razão dos horários. Uma infeliz prática, que só favorece a desmobilização de quem ouve. Há sempre a moderna desculpa que depois se poderá ouvir na Internet, mas nunca é a mesma coisa e assim se perdem ouvintes. As sucessivas mudanças de horário são, no fundo, um desrespeito por parte dos operadores.