quarta-feira, 8 de abril de 2015
Em Órbita 50 anos
01 de Abril 1965 - 2015
No dia 1 de Abril, às 19:14 começava a primeira emissão do programa «Em órbita», no FM do Rádio Clube Português.
Pedro Castelo foi a primeira voz do programa, “Kind of Girl”, dos Zombies, a primeira canção.
Pedro Castelo esteve no programa até ao dia 1 de Abril de 1966, rumando depois para a Rádio Renascença.
Cândido Mota foi o segundo locutor.
Meio-século após a emissão inaugural, a Antena1 dedicou uma emissão especial de duas horas, no passado dia 1 deste mês. Há exactamente uma semana.
Mês, dia e hora exactamente iguais, ao fim de cinco décadas, alguns dos fundadores estiveram presentes em directo no programa evocativo, moderado por António Macedo.
Pedro Albergaria, Pedro Castelo e Cândido Mota foram os convidados em estúdio. Jorge Gil declinou o convite e um dos técnicos, José Ribeiro, participou por telefone, também em directo.
Especial 50 anos de «Em órbita» na Antena1 (01.Abril.2015)
Ouvir em duas partes aqui
O primeiro indicativo do «Em órbita»:
The Kinks – “Revenge”
O primeiro tema a passar no «Em Órbita»:
The Zombies – “Kind of Girl”
Apontado por muitos como o melhor programa de sempre da Rádio Portuguesa, o programa «Em órbita» conheceu várias fases, que foram descritas em dois artigos publicados anteriormente aqui na «Rádio Crítica»:
EM ÓRBITA
O MELHOR DE TODOS?
03 de Março de 2006
Em Órbita (1965 - 2010)
O MELHOR DE TODOS?
01 de Abril de 2010
Outros artigos sobre o programa «Em Órbita»:
"Em Órbita" faz 35 anos
Artigo do jornalista Luís Pinheiro de Almeida
PÚBLICO, 01 de Abril 2000
Evocando o programa "Em Órbita"
Blogue «A Nossa Rádio»
01 Abril 2015
O primeiro (e único!) tema cantado em português no programa «Em Órbita»:
Quarteto 1111 – “A Lenda de El Rei D. Sebastião”
No dia 1 de Abril, às 19:14 começava a primeira emissão do programa «Em órbita», no FM do Rádio Clube Português.
Pedro Castelo foi a primeira voz do programa, “Kind of Girl”, dos Zombies, a primeira canção.
Pedro Castelo esteve no programa até ao dia 1 de Abril de 1966, rumando depois para a Rádio Renascença.
Cândido Mota foi o segundo locutor.
Meio-século após a emissão inaugural, a Antena1 dedicou uma emissão especial de duas horas, no passado dia 1 deste mês. Há exactamente uma semana.
Mês, dia e hora exactamente iguais, ao fim de cinco décadas, alguns dos fundadores estiveram presentes em directo no programa evocativo, moderado por António Macedo.
Pedro Albergaria, Pedro Castelo e Cândido Mota foram os convidados em estúdio. Jorge Gil declinou o convite e um dos técnicos, José Ribeiro, participou por telefone, também em directo.
Especial 50 anos de «Em órbita» na Antena1 (01.Abril.2015)
Ouvir em duas partes aqui
O primeiro indicativo do «Em órbita»:
The Kinks – “Revenge”
O primeiro tema a passar no «Em Órbita»:
The Zombies – “Kind of Girl”
Apontado por muitos como o melhor programa de sempre da Rádio Portuguesa, o programa «Em órbita» conheceu várias fases, que foram descritas em dois artigos publicados anteriormente aqui na «Rádio Crítica»:
EM ÓRBITA
O MELHOR DE TODOS?
03 de Março de 2006
Em Órbita (1965 - 2010)
O MELHOR DE TODOS?
01 de Abril de 2010
Outros artigos sobre o programa «Em Órbita»:
"Em Órbita" faz 35 anos
Artigo do jornalista Luís Pinheiro de Almeida
PÚBLICO, 01 de Abril 2000
Evocando o programa "Em Órbita"
Blogue «A Nossa Rádio»
01 Abril 2015
O primeiro (e único!) tema cantado em português no programa «Em Órbita»:
Quarteto 1111 – “A Lenda de El Rei D. Sebastião”
O Quarteto 1111 no «Em Órbita»
Texto lido por Cândido Mota:
Em Órbita vai proceder hoje à transmissão de um trecho de música popular portuguesa. Porque se trata de uma medida sem precedentes neste programa, e por termos o maior respeito pela nossa própria coerência e por todos quantos nos acompanham com a sua adesão consciente e construtiva, tem pleno cabimento algumas palavras introdutórias ao trecho que vamos apresentar. Desde sempre que alguns dos mais conhecidos intérpretes e conjuntos portugueses de música ligeira nos têm procurado, seguindo modalidades várias de aproximação no sentido de Em Órbita divulgar as suas respectivas realizações, em amostra, em disco ou em registo magnético. Em face dessas sucessivas tentativas, sempre nos recusámos em elas aludir, por considerarmos que a totalidade dessas realizações não justificava o nosso interesse em abrir excepções, quer por entendermos que a sua transmissão iria ocupar tempo que poderia ser preenchido com larga vantagem pela nossa música habitual, quer por considerarmos que nenhuma delas reunia as condições mínimas para poder representar qualquer coisa de semelhante a uma tentativa honesta e inédita do lançamento das bases da música popular portuguesa que todos nós em boa consciência queremos renovada por inteiro de alto a baixo.
Por varias vezes e sob diversos pretextos temos aqui exprimido alto e bom som que somente transmitiríamos qualquer modalidade de música popular portuguesa que tivesse um mínimo daqueles requisitos que poderemos condensar assim:
1 ° - Autenticidade aferida em função do ambiente e da sociedade portuguesa e da tradição folclórica do nosso país.
2° - Afastamento radical da utilização puramente oportunista de padrões internacionais e pseudo internacionais, impossíveis de transpor com verdadeira honestidade para o nosso meio.
3° - Rompimento frontal com as formas de música popular comercial mais divulgadas em Portugal e que se caracterizam pela teimosa insistência em seguir os figurinos caducos e provincianos de Aranda do Douro, San Remo ou Benidorm.
4° - Demonstração de um poder criador e interpretativo que ultrapassasse de forma a não deixar dúvidas, apelando a uma imitação grotesca que se faz no estrangeiro, quer na forma de copiar pura e simples, quer na de adaptações apressadas, quer na utilização de uma língua, de um estilo ou de um som de importação, tudo defeituosamente assimilado.
Estes portanto os requisitos mínimos que sempre exigimos a nós próprios e aos que nos procuraram com pedidos de transmissão. Nunca nos limitámos porém a uma recusa seca é peremptória. Os nossos pontos de vista sempre os exprimimos desenvolvidamente em particular e em público.
Os que nos ouvem com regularidade, devem recordar-se do que aqui foi dito sobre este mesmo tema no ano passado. As nossas sugestões sobre os caminhos a seguir na nossa opinião ficaram então bem claras. Recordemos algumas delas:
Recurso ao folclore português nas suas múltiplas variedades e manifestações.
A ligação intima à realidade portuguesa nos seus mil e um aspectos e facetas.
Recurso à poesia portuguesa popular ou erudita, medieval, clássica ou contemporânea.
O aproveitamento das formas melódicas e rítmicas da musica popular portuguesa, ainda não adulterada.
A revisão total dos temas e respectiva forma de expressão com base na construção lírica dos poetas da literatura portuguesa, do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende aos poetas da actual geração de Coimbra. Sem preocupações de síntese, estas são algumas das formas possíveis no nosso entender de encarreirar a música popular portuguesa para alguma coisa de novo, de verdadeiro e de autêntico. Há anos que vimos proclamando. Nunca ninguém demonstrou ou procurou demonstrar que no plano dos princípios e em concreto, estávamos errados.
Posto isto temos, temos para nós, que o trecho que vamos hoje apresentar, preenche os requisitos mínimos para a sua divulgação por este programa com todas as implicações que a sua transmissão através de Em Órbita acarretam.
Tendo por título A Lenda del Rey D. Sebastião, é escrito por um português é tocado e cantado por portugueses. Não vamos fazer uma apreciação exaustiva desta gravação, das suas qualidades que são muitas, e dos seus defeitos que terá alguns.
Vamos apenas apontar o que nela se nos afigura existir de importante e de novo. Assim é desde logo um apontamento especial sobre os aspectos puramente interpretativos, instrumentais e vocais, e num período em que neste programa se dá cada vez mais importância aos criadores e cada vez menos aos intérpretes, a gravação que vamos apresentar tem qualidade interpretativa mais do que suficiente, e uma nota que sobressai com rara evidência.
O que neste trecho impressiona mais, o que nele se inclui de mais nitidamente inédito, é que em cima de uma melodia de encantadora simplicidade, há uma história singela, popular, portuguesa, dita em versos precisos, directos, certeiros, desenfeitados. Conta-se uma história, uma lenda. Como lenda que é trazida até hoje pela herança popular, pertence ao folclore, ao património mais íntimo da comunidade e dos costumes do nosso país.
Depois, é um tema eterno, de criação nacional e de validade perene e universal. É um Sebastianismo colectivo que na lenda se retrata.
É a ideologia negativista dos que têm uma crença irracional em coisas, em valores e em poderes que não existem, dos que se deixam enganar pelos falsos Messias do oportunismo e da mistificação. A lenda del Rey D. Sebastião, escreveu José Cid, é o Quarteto 1111.
Texto lido por Cândido Mota:
Em Órbita vai proceder hoje à transmissão de um trecho de música popular portuguesa. Porque se trata de uma medida sem precedentes neste programa, e por termos o maior respeito pela nossa própria coerência e por todos quantos nos acompanham com a sua adesão consciente e construtiva, tem pleno cabimento algumas palavras introdutórias ao trecho que vamos apresentar. Desde sempre que alguns dos mais conhecidos intérpretes e conjuntos portugueses de música ligeira nos têm procurado, seguindo modalidades várias de aproximação no sentido de Em Órbita divulgar as suas respectivas realizações, em amostra, em disco ou em registo magnético. Em face dessas sucessivas tentativas, sempre nos recusámos em elas aludir, por considerarmos que a totalidade dessas realizações não justificava o nosso interesse em abrir excepções, quer por entendermos que a sua transmissão iria ocupar tempo que poderia ser preenchido com larga vantagem pela nossa música habitual, quer por considerarmos que nenhuma delas reunia as condições mínimas para poder representar qualquer coisa de semelhante a uma tentativa honesta e inédita do lançamento das bases da música popular portuguesa que todos nós em boa consciência queremos renovada por inteiro de alto a baixo.
Por varias vezes e sob diversos pretextos temos aqui exprimido alto e bom som que somente transmitiríamos qualquer modalidade de música popular portuguesa que tivesse um mínimo daqueles requisitos que poderemos condensar assim:
1 ° - Autenticidade aferida em função do ambiente e da sociedade portuguesa e da tradição folclórica do nosso país.
2° - Afastamento radical da utilização puramente oportunista de padrões internacionais e pseudo internacionais, impossíveis de transpor com verdadeira honestidade para o nosso meio.
3° - Rompimento frontal com as formas de música popular comercial mais divulgadas em Portugal e que se caracterizam pela teimosa insistência em seguir os figurinos caducos e provincianos de Aranda do Douro, San Remo ou Benidorm.
4° - Demonstração de um poder criador e interpretativo que ultrapassasse de forma a não deixar dúvidas, apelando a uma imitação grotesca que se faz no estrangeiro, quer na forma de copiar pura e simples, quer na de adaptações apressadas, quer na utilização de uma língua, de um estilo ou de um som de importação, tudo defeituosamente assimilado.
Estes portanto os requisitos mínimos que sempre exigimos a nós próprios e aos que nos procuraram com pedidos de transmissão. Nunca nos limitámos porém a uma recusa seca é peremptória. Os nossos pontos de vista sempre os exprimimos desenvolvidamente em particular e em público.
Os que nos ouvem com regularidade, devem recordar-se do que aqui foi dito sobre este mesmo tema no ano passado. As nossas sugestões sobre os caminhos a seguir na nossa opinião ficaram então bem claras. Recordemos algumas delas:
Recurso ao folclore português nas suas múltiplas variedades e manifestações.
A ligação intima à realidade portuguesa nos seus mil e um aspectos e facetas.
Recurso à poesia portuguesa popular ou erudita, medieval, clássica ou contemporânea.
O aproveitamento das formas melódicas e rítmicas da musica popular portuguesa, ainda não adulterada.
A revisão total dos temas e respectiva forma de expressão com base na construção lírica dos poetas da literatura portuguesa, do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende aos poetas da actual geração de Coimbra. Sem preocupações de síntese, estas são algumas das formas possíveis no nosso entender de encarreirar a música popular portuguesa para alguma coisa de novo, de verdadeiro e de autêntico. Há anos que vimos proclamando. Nunca ninguém demonstrou ou procurou demonstrar que no plano dos princípios e em concreto, estávamos errados.
Posto isto temos, temos para nós, que o trecho que vamos hoje apresentar, preenche os requisitos mínimos para a sua divulgação por este programa com todas as implicações que a sua transmissão através de Em Órbita acarretam.
Tendo por título A Lenda del Rey D. Sebastião, é escrito por um português é tocado e cantado por portugueses. Não vamos fazer uma apreciação exaustiva desta gravação, das suas qualidades que são muitas, e dos seus defeitos que terá alguns.
Vamos apenas apontar o que nela se nos afigura existir de importante e de novo. Assim é desde logo um apontamento especial sobre os aspectos puramente interpretativos, instrumentais e vocais, e num período em que neste programa se dá cada vez mais importância aos criadores e cada vez menos aos intérpretes, a gravação que vamos apresentar tem qualidade interpretativa mais do que suficiente, e uma nota que sobressai com rara evidência.
O que neste trecho impressiona mais, o que nele se inclui de mais nitidamente inédito, é que em cima de uma melodia de encantadora simplicidade, há uma história singela, popular, portuguesa, dita em versos precisos, directos, certeiros, desenfeitados. Conta-se uma história, uma lenda. Como lenda que é trazida até hoje pela herança popular, pertence ao folclore, ao património mais íntimo da comunidade e dos costumes do nosso país.
Depois, é um tema eterno, de criação nacional e de validade perene e universal. É um Sebastianismo colectivo que na lenda se retrata.
É a ideologia negativista dos que têm uma crença irracional em coisas, em valores e em poderes que não existem, dos que se deixam enganar pelos falsos Messias do oportunismo e da mistificação. A lenda del Rey D. Sebastião, escreveu José Cid, é o Quarteto 1111.