sábado, 9 de novembro de 2019
Hoje em LISBOA
A globalização teve início há quinhentos anos. Percorreu um caminho que se estende da epopeia marítima à facilidade de um “clique”, deixando pelo meio um rasto de transformações civilizacionais profundas. Na sua aparente candura, a música foi reflexo disso mesmo, mas também agente de mudança. Enquanto fenómeno transcultural, projectou-se numa dimensão geográfica sem precedentes, sempre em diálogo com o Outro, como nos recorda o presente programa. Abre com o O Boi no Telhado de Darius Milhaud. O compositor francês viveu no Rio de Janeiro durante cerca de dois anos, em 1917 e 1918, integrado numa missão diplomática. Trouxe consigo o fascínio pelos ritmos latino-americanos, desde o Tango ao Maxixe, e já em 1920 compôs esta «pequena sinfonia de Carnaval» para uma farsa inspirada na então recente Lei Seca dos E.U.A. Naquele período conheceu Heitor Villa-Lobos, quando o músico brasileiro compunha o célebre Choro N.º 1 para guitarra dedilhada. Já o seu concerto para este extraordinário instrumento é mais tardio, bastante posterior à década que passou em Paris. Por fim, não poderia faltar nesta viagem ao Novo Mundo a Sinfonia N.º 9 de Antonín Dvořák, na qual, pela primeira vez, a tradição clássica europeia soou americana.
D. Milhaud - O Boi no Telhado, Op. 58
H. Villa-Lobos - Concerto para Guitarra e Orquestra
A. Dvořák - Sinfonia N.º 9, Op. 95, Do Novo Mundo