quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Provocações na Rádio
É a guerra aberta entre os sexos. Uma aterradora batalha
de morte que não vai ser ganha nem por homens nem por mulheres.
Tem havido uma torrente de acusações que vão do mais
trivial até ao plano criminal contra homens poderosos em todos os sectores da
vida. A grande questão é saber se a actual onda de revelações,
que muitas vezes consiste em alegações sem substância acerca de coisas que
aconteceram há décadas, irá apoiar as ambições das mulheres a longo prazo ou se
está já a criar mais problemas ao fazer reviver os velhos estereótipos das
mulheres como seres voláteis, histéricos e vingativos.
A minha filosofia do
feminismo equitativo exige a retirada de todas as barreiras que impeçam as
mulheres de avançarem nos domínios político e profissional. Contudo, oponho-me
a protecções especiais para mulheres no local de trabalho. Tratar as mulheres
como mais vulneráveis, mais virtuosas ou mais credíveis que os homens é
reaccionário, retrógrado e, em última análise, contraproducente.
A apresentação
de queixa ao Departamento de Recursos Humanos após a ocorrência não substitui a
necessidade de as mulheres traçarem elas próprias um limite em relação ao
comportamento ofensivo no próprio local e no próprio momento. As mulheres da classe trabalhadora são por vezes tão
dependentes dos empregos que não conseguem ripostar. Mas não há desculpas para
as mulheres com estudos, de classe média, quando colocam as vantagens na
carreira ou o medo do embaraço social acima da sua própria dignidade. E do
respeito por si próprias enquanto seres humanos. Falem agora, ou calem-se depois.
A Democracia moderna baseia-se nos princípios de processo justo e presunção de
inocência.
Camille Paglia
In: «Provocações»
A Ronda da Noite
Antena2
03 de Julho 2020
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