domingo, 5 de janeiro de 2025
"A vida ao vivo"
Antes de mais, sublinhar que a actual (com designação feminina) Correio da Manhã Rádio, cujas emissões regulares iniciaram-se no passado dia 11 de Novembro, nada tem de igual nem sequer parecido com o extinto (com designação masculina) Correio da Manhã Rádio que existiu entre 1987 e 1993. São histórias completamente diferentes, projectos totalmente distintos, apenas o nome é igual.
A actual CMR é um formato inédito no panorama radiofónico nacional e não pelas melhores razões. Querendo ser uma extensão da Correio da Manhã TV (CMTV) não é nem uma coisa nem outra. Ao sintonizar a CMR nas duas frequências em que emite em Frequência Modulada (FM), ou no sítio na Internet, o ouvinte comum depara-se com um formato híbrido, indestrinçável entre o som que é oriundo da Televisão e o som que é oriundo da Rádio.
A maior parte das 24 horas de programação é uma integral retransmissão da CMTV, onde se ouve expressões exclusivas da Televisão como "vamos ver as imagens", "como mostram as imagens", "como se vê no vídeo", "as imagens mostram", "vemos nas imagens", etc, etc. Uma amálgama que não é nem Rádio nem Televisão, extremamente confusa para quem ouve, utilizando linguagem indistinta dos dois meios, atirando para quem escuta o esforço de encontrar as devidas diferenças. Ou seja, o ouvinte que seleccione.
A programação está desprovida de referências básicas orientadoras de uma estação de Rádio, sem sinais horários, sem previsibilidade de quando há noticiários ou outro conteúdo qualquer. O discurso utilizado é uma mescla de informalidade demasiado banal fora dos espaços noticiosos, sensacionalista dentro da informação, sendo que neste aspecto em particular a CMR em nada surpreende, estando em linha com o formato que o Correio da Manhã habituou os consumidores do jornal diário e da emissão televisiva da mesma marca.
É uma meia-rádio desconcertante, perturbante, desorientadora, difícil de fidelizar, que assim não oferece conforto, pontos de referência, orientação programática, confiança e segurança auditiva.
Lamentável para alguns profissionais, forçados a trabalhar num estilo com o qual - e com toda a legitimidade - dificilmente se conseguem identificar, lamentável para o formato Rádio que, repetidamente, de cada vez que se mistura com a TV fica sempre a perder e lamentável para o mercado, mais uma vez distorcido por um produto desadequado à Rádio e com o qual está desconectado. Uma espécie de roda quadrada desenquadrada.
Foi para isto que se venderam as Rádios SBSR em Lisboa e Festival no Porto?
Lamentável para alguns profissionais, forçados a trabalhar num estilo com o qual - e com toda a legitimidade - dificilmente se conseguem identificar, lamentável para o formato Rádio que, repetidamente, de cada vez que se mistura com a TV fica sempre a perder e lamentável para o mercado, mais uma vez distorcido por um produto desadequado à Rádio e com o qual está desconectado. Uma espécie de roda quadrada desenquadrada.
Foi para isto que se venderam as Rádios SBSR em Lisboa e Festival no Porto?
A Rádio necessita de tempo para se afirmar, é uma viagem de longo curso até atingir níveis estáveis. A nova CMR, querendo, vai sempre a tempo de corrigir a sua actual orientação e centrar-se em princípios radiofónicos basilares, mas o primeiro passo - que é fundamental para a afirmação e fixação de ouvintes - já está dado e foi em falso.
CMR Lisboa 90.0 FM
CRM Porto 94.8
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