sábado, 30 de dezembro de 2006















Mais um ano que chega ao fim, mais uma emissão da série «Como no Cinema» disponibilizada pela primeira vez na Internet.
Uma reflexão sobre «O Tempo» que faz e o tempo que passa, com vozes de Aníbal Cabrita e Maria Azenha; textos de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) e Marguerite Yourcenar; música de Vivaldi, Beethoven e Philip Glass.




















Quando uma estátua é acabada, começa de certo modo a sua vida

Mais pormenores em: http://comonocinema.blogspot.com/
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Está o tempo passado. Até ao ano que vem.
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O que eles dizem (21)

Eu queria saber se era capaz de começar tudo de novo. Quinze anos de televisão é muito tempo. Estava numa fase em que já me sentia muito seguro a fazer televisão. Precisava de voltar a sentir-me inseguro profissionalmente. Isso é um grande desafio, para quebrar o comodismo que se instala nas pessoas.
(…)
Nunca vi a televisão como um lugar seguro. Mas é verdade que há esse olhar, senti muita gente surpreendida. As pessoas acham que deve haver qualquer agenda escondida, que sou um bicho esquisito do zoo, que troca a televisão pela rádio. Houve alguém que me perguntou: "Mas porque é que queres ir para a telefonia?" (risos) E eu expliquei-lhe que a telefonia é uma paixão, e quem já passou pela rádio (e eu saí do Correio da Manhã Rádio há 17 ou 18 anos) sabe que o bichinho fica cá dentro.
(…)
É uma redacção muito nova. Todos estes jornalistas e produtores que aqui estão têm tanta vontade e acreditam tanto neste projecto, que me fizeram acreditar ainda mais que tomei a decisão certa. O que nós queremos é que a rádio volte a ter o peso que já tem e que perdeu em Portugal. E este investimento da Prisa em mim e neste projecto é um sinal de que é possível mudar o panorama da rádio em Portugal. Veja-se o caso de sucesso da Cadena Ser, em Espanha.
(…)
Eu serei o mesmo, vou fazer o mesmo tipo de informação que sempre fiz. Se puder ter como ouvintes os espectadores que me viam, tanto melhor.
(…)
Vejo as pessoas a falar muito em audiências e liderança. Estou mais preocupado em fazermos um bom trabalho. O que quero é que o RCP dê notícias, marque o dia, dê manchetes. O que se passa hoje é que a rádio e as televisões, normalmente, desenvolvem no dia as manchetes dos jornais. Queremos poder competir com os jornais em informação que marque o dia. Se isso acontecer, as pessoas vêm atrás.
(…)
É evidente que vamos disputar um mercado já existente e que também é o da TSF, mas o RCP não será uma rádio só de informação, vai ser uma rádio generalista que vai apostar muito na informação, na entrevista, no debate, em determinados períodos do dia. Mas é uma rádio mais generalista, como a Antena 1 ou a Renascença.


João Adelino Faria, entrevistado por Nuno Azinheira
In: Diário de Notícias
Quinta-feira, 28 de Dezembro 2006

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Dizem-se hoje, na rádio, coisas assombrosas. Há "animadores" ou "locutores de continuidade" que não resistem a um microfone aberto e julgam-se ao nível dos humoristas da Nação. Era dia 26 de Dezembro, estava o autor destas linhas numa "loja dos chineses", em busca de uma daquelas trivialidades domésticas difíceis de encontrar, mas que, por norma, está à venda nos "chineses". O som ambiente reproduzia uma qualquer rádio, onde a música era interrompida por frequentes diálogos do "casal" de locutores - e é quando "ele", falando do dia que passava, caracterizou-o como um "feriado transexual". Explicação do radialista: é um feriado "que não se assume". Riu muito, ouviu risinhos da parceira e voltou a música. Estarrecido, paguei e saí à pressa, a caminho do carro e de uma estação de rádio decente.


Mário Bettencourt Resendes
In: Diário de Notícias
Quinta-feira, 28 de Dezembro 2006
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A minha paixão não é o futebol, é a rádio.
(…)
Ao longo de 50 anos fiz muitos programas, a diversas horas do dia, mas este é o primeiro interactivo. E a Bancada Central marca de facto a parte final da minha carreira, que já devia ter terminado há muito tempo, mas a TSF não me deixa ir embora. Não só por causa da Bancada, como também por causa dos relatos de futebol que ainda vou fazendo.
(...)
A rádio mudou muito essencialmente depois do 25 de Abril, com o advento das rádios locais e o aparecimento de grandes emissoras. Antigamente a grande preocupação era o culto da voz. Depois veio a revolução e democratizou-se a rádio. E o que passou a ser essencial foi ter-se aptidão para escrever e ler os seus próprios textos. Deixou de ser preciso ter uma grande voz, mas também deixou de ser necessário ter uma grande cultura. E começaram a dizer-se grandes disparates ao microfone. Não sou saudosista e estou de acordo com a democratização da rádio, mas é preciso perceber que a possibilidade que se deu a toda a gente fazer rádio fez com que a qualidade deixasse de ser uma exigência. Mas entre a rádio de antes e a de agora, respondo sem hesitação que estou mais feliz com a rádio actual.


Fernando Correia, entrevistado por Sónia Correia dos Santos
In
Diário de Notícias
Sábado, 23 de Dezembro 2006



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