sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Parabéns, Miss














«Miss Tapes» completa agora um ano de publicações. É um podcast musical, isento de locução, da autoria de Hugo Pinto. Trata-se de um exercício de liberdade sonora, unipessoal, através do seu autor. O bom gosto e a qualidade estética imperam. As arquitecturas sonoras estão nos antípodas do que podemos encontrar hoje nas estações de rádio portuguesas. É, para já por isso, uma alternativa séria e segura para quem não quer ficar a dormir na forma anestesiante – leia-se: lavagem cerebral – a que os ouvintes hoje em dia estão sujeitos. «Miss Tapes» dirige-se a quem não quer ter a usança de vestir o Hábito do consumidor passivo, adormecido e resignado que as playlists estão a fabricar em série. Vai contra a sociedade auditivamente amorfa. Dirige-se aos inconformados, aos órfãos – e, acreditem, são muitos – da Rádio de autor. É para espíritos recalcitrantes e com fome de infinito. «Miss Tapes» é, pode-se afirmar sem constrangimentos de espécie alguma, descendente natural da «Íntima Fracção» e pertence à irmandade de éter que encontra outros pilares fundamentais em «Vidro Azul», «lado B»; «Percepções»; «O Cubo» e «Bitsound».
Só podemos pois desejar que o primeiro ano de «Miss Tapes» seja o primeiro de muitos.
Apesar de estar aberto ao mundo inteiro através da Web, sabemos que «Miss Tapes» não é um produto de massas. É, por isso, que uma fatal frase de Yourcenar se lhe aplica com toda a propriedade: O mundo está feito de maneira a que as maiores virtudes de alguém sejam um privilégio de muito poucos. Os ouvintes de «Miss Tapes» só se podem regozijar do privilégio. Que a Miss não se perca!

Mais sobre «Miss Tapes» na Rádio Crítica: 03.Novembro.2006



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