domingo, 18 de maio de 2014
Hoje no BARREIRO
Cineclube do Barreiro | Domingo, 18 de Maio, 16h00
Realização: Tiago Cravidão
Género: Documentário
Língua original: português
Classificação: M/12
Portugal e Brasil, 2013, cor, 91 min.
Sinopse:
Estamos ao lado de Eduardo Gageiro quando o major Pato
Anselmo lhe aponta a sua Walther de 9mm. Mas é Gageiro que dispara, fixando
para sempre a última ameaça da ditadura portuguesa que, segundos depois, e bem
à nossa frente, se rende a Salgueiro Maia obrigando-o a morder o lábio para não
chorar.
São agora os bancos de madeira do eléctrico 28 que nos
transportam. Alfama, o Tejo, Campo de Ourique, Martim Moniz: é a preparação do
próximo livro de Eduardo Gageiro. Aqui, constatamos a passagem da doença, e
vamos assistindo ao ato fotográfico que das imagens quotidianas depura sínteses
de vida. Presenciamos a espera, a escolha, o corpo em esforço para fixar a
imagem imaginada. Matéria e ideia condensadas ao abrir do obturador. Gestos que
este fotojornalista ensaia há mais de 65 anos.
Mas Eduardo fotografa ainda, é presente, actual, vivo, e por
isso, ao lado da grande escala, assistimos às sessões fotográficas na humilde e
lotada mesquita da Mouraria, nos desgrenhados cabeleireiros para negros do
Martim Moniz e nas desarrumadas das lojas chinesas. «O dia-a-dia que soletramos
sem dar por isso», escreve o amigo José Cardoso Pires. Fragmentos unidos em
torno do ponto de vista que este projecto, que durou cerca de cinco anos, foi
instalando.
É este o olhar do filme sobre Eduardo Gageiro. Um filme que
parte das histórias de duas imagens e que as cruza com a da preparação do seu
último livro. Um filme que mostra como o olhar profundamente português deste fotógrafo
viu as transformações em Portugal e no mundo nos últimos 60 anos. Um olhar que
imaginou e que por isso viu e fotografou, o beijo de Dona Maria ao cadáver de
Salazar em 1970, o rapto dos israelitas nos Jogos Olímpicos de 1972, o momento
decisivo da revolução de 74 e as sedutoras revelações dos retratos de 95. Um
olhar que, na precisão científica de Álvaro Cunhal, só pode ter origem num
«observador atento e incansável que, com talentosa criatividade, não só colhe
como cria a imagem e com ela interpreta a pessoa e o acontecimento».
Tiago Cravidão
Nasceu em 1976, em Coimbra. É formado em Direito pela
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, instruído pela revista
literária 'Morfema', de que foi fundador, e, acompanhado pelos filmes que viu
na sala Salgado Senha da Associação Académica de Coimbra, concluiu, em 2003, o
estágio profissional de ingresso na Ordem dos Advogados.
Depois de uma frequência assídua da Videoteca de Lisboa, de
festivais de cinema, da Cinemateca Portuguesa e de um iluminado 'workshop'
denominado «História e princípios da montagem cinematográfica», da
responsabilidade de Pedro Marques, realizou a sua primeira curta-metragem:
'Maria morreu duas vezes'.
Em 2004 ingressou na Escola Superior de Teatro e Cinema,
onde se especializou na área de montagem. Dos anos de escola destaca a montagem
do filme 'Morrer', vencedor em 2006 do prémio «Take One» no Festival de Curtas
de Vila do Conde –, a realização do documentário 'Mount of Oaks' – seleccionado
para o festival Cine’Eco 2007 –, a produção dos episódios web «Série 27» e a
realização dos primeiros telediscos da produtora musical Amor Fúria: de que, em
paralelo com o Cineclube CinemAlfa, foi membro fundador.
Iniciou a sua actividade profissional na área do cinema em
2006, como assistente de realização e montador do cineasta Bruno de Almeida.
Trabalhou também como assistente de produção no filme 'O meu amigo Mike ao
trabalho', de Fernando Lopes, e como argumentista sob a orientação do
realizador Edgar Pêra. Foi montador Avid do canal TV Ciência financiado pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia.
Em 2008 produziu e realizou o filme 'Miss Trouxemil 2008',
vencendo em 2009 o prémio de «Melhor Grande Reportagem no Festival Grande
Angular» com o filme 'O mar é nosso!'. Com 'Magiae Naturalis' ganhou o primeiro
prémio do «Ciclo Imagem e Pensamento», organizado pelo Centro de Estudos de
Comunicação e Linguagens. Frequentou ainda o 'workshop' «The Writer's Journey:
Mythic Structure For Writers», orientado por Christopher Vogler, e redigiu
cerca de 30 folhas de sala para as sessões do Cineclube Fila K.
Em 2010, com financiamento do Instituto do Cinema e
Audiovisual, realizou o filme 'Aguarde! Por favor', que estreou na abertura da
XVII edição dos «Caminhos do Cinema Português». No ano seguinte, concluído o
mestrado em Estudos Cinematográficos na Universidade Lusófona, inicia uma
colaboração no projecto ItunesU: uma parceria entre a Universidade de Coimbra e
a Apple.
Em 2013, com o apoio financeiro da fundação Calouste
Gulbenkian, estreará o seu documentário 'As coisas não são feitas por acaso'.