quarta-feira, 19 de abril de 2006

Mais reacções à alegada «pirataria» na Internet



















Para que não restem dúvidas: Piratas e criminosos são pessoas e ou entidades ilegais que fazem pirataria em série para venderem, para ganharem dinheiro com isso. Esses sim, devem ser perseguidos, incriminados, acusados judicialmente e condenados.
Quem compra um artigo pirateado, mesmo que o faça por engano, não é criminoso.
Quem está sossegadamente em casa a gravar música disponível na Internet não é criminoso, é consumidor. Só grava porque está lá!

As editoras e os intermediários já tinham um firmamento de estrelas, mas ainda querem o sol e a lua!

O programa "Prova Oral" da Antena3 dedicou recentemente uma emissão sobre este tema.
(Vejam os 135 comentários!!!)

-------------------------------------------------------------------------------------------

O que eles dizem (16):

«Quem já não ouviu isto nas noticias? As multas poderão ir até aos 5000 euros, quem for "apanhado" a roubar músicas da Internet...
Pois bem, é altura de acalmar o pânico de milhares de pessoas e de pais preocupados com o que os filhos fazem no computador.

- Os chamados "processos" vão ser criados pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) e/ou pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica). Neste ponto, há uma coisa que deve ser clara: nenhuma destas instituições tem autoridade para passar multas a quem quer que seja. O objectivo (imoral) é assustar os utilizadores de Internet e levá-los a pagar uma indemnização até 5000 euros, ou será levado a tribunal. Isto pode ser visto como chantagem, uma vez que ou pagamos, ou levamos com um processo. Estas empresas que vão enviar as tais cartas, não estão a agir através de um processo judicial (pois seria muito dispendioso processar individualmente milhares de pessoas) mas sim através de um processo civil. Que relevância jurídica tem isto? Nenhuma! Simplesmente ameaçam as pessoas e metem medo. Se alguma pagar, melhor. Se ninguém pagar, encolhem os ombros e passam ao próximo. De facto há leis em Portugal, mas não são estas empresas que as escrevem.

- Onde está essa informação, e quem decide que valor é que se vai pagar? Em Portugal só há uma maneira de obrigar as pessoas a pagar multas ou indemnizações: o tribunal! Como o Bill Gates disse: "O nosso computador é tão confidencial como a nossa conta bancária". Sem processo em tribunal, ninguém (nem mesmo estas entidades) podem acusar, vigiar, espiar, exigir, passar multas, pedir indemnização, ter acesso ao vosso computador, ou "consultar" que downloads fazem.

- Para os menos entendidos, quem tem ligação à Internet, liga-se através de um IP (ex. 255.255.255.255) e mais nenhuma informação é transmitida (e atenção a isto).
Quem mantém o registo a quem pertence cada IP ligado, é apenas a empresa de Internet a quem contrataram o serviço (ex. Netcabo, Cabovisão, Sapo, Clix, etc.). Neste caso, só com um processo judicial é que a vossa informação confidencial é disponibilizada. Ou seja: receberam uma carta a pedir uma indemnização. Muito bem, há processo judicial a decorrer em tribunal? Não? Então a carta não vale nada. E se quiserem ir mais além, contactem o vosso fornecedor de Internet e perguntem como é que a determinada instituição obteve os vossos dados, sem autorização do tribunal. E se ainda quiserem ir mais além, iniciem um processo contra o vosso fornecedor de Internet, ou contra a instituição que vos "ameaçou".

- Quem faz download de qualquer tipo de ficheiros da Internet (seja musica, filmes, fotografias) é apelidado de "pirata informático" pela comunicação social. Mas há uma grande diferença entre fazer download e desfrutar desse mesmo download no conforto da vossa casa, e de fazer download de filmes e música e ir vender para a feira da ladra, ou qualquer outro local. Quem lucra com estes negócios de downloads para vender posteriormente, é que deve ser apelidado de pirata informático. Ou será que quando se gravava as telenovelas e os filmes da televisão em cassetes, também era chamado de pirata da televisão? É exactamente a mesma coisa. Em vez de copiarem da televisão, copiam da Internet.

- Neste momento, em Portugal não há nenhuma lei relativamente à pirataria informática (pelo menos explícita) e em que base se suporta, ou que diferenças existem entre consumo próprio ou para venda. Da mesma maneira que não há qualquer precedente de tal situação. Todos aqueles anúncios no cinema, nunca deram em nada nem nunca ninguém foi preso. Eram só campanhas!

- Se estivessem a infringir alguma lei, acham que seriam enviadas cartas para pararem com os downloads e a serem convidados a pagarem de livre vontade? Também ninguém manda cartas a um ladrão para parar de roubar no metro e entregar-se na esquadra mais próxima, ou a um assassino para parar de matar os vizinhos com a caçadeira, e para se dedicar à agricultura. É absurdo! Se neste país nem uma pessoa que viola crianças vai presa, quanto mais nós que nos recusamos a pagar multas! Tirar músicas da Internet dá multa até 5000 euros. E andar a 120km/h dentro de uma localidade dá 500 euros? Passar um sinal vermelho menos que isso? Desencadear um acidente em cadeia na auto-estrada porque se bebeu demais fica-se sem carta? Acham justo? Tirar músicas da Internet é que é mau para a sociedade, e os perigosos somos nós, não?

- Recentemente em França foi aberto um processo pelas indústrias e editoras similar a este, e até foi feita uma petição em tribunal para ser criada uma lei que punisse quem fizesse downloads da Internet. No entanto, o Juiz recusou-se alegando que se estaria a violar a divulgação cultural. Temos o direito de experimentar o produto antes de o comprar, ou não?


- Quem acham que perde com isto tudo? O terror instala-se, as pessoas começam a parar de fazer downloads, e a Internet em casa passa a ser usada para ver páginas e ler o e-mail. Quem precisa de grandes velocidade para isso? Ninguém...assim os consumidores começam a cancelar a Internet, ou a passar para uma mais barata. E quem sofre? O fornecedor de Internet.

- Há vários cantores e grupos de música nacionais que culpam a "pirataria" das baixas vendas que os seus álbuns conseguem no mercado. Esta é a lista de vários artistas que lutam contra a pirataria:

Ágata, Agrupamento Musical Diapasão, Aldina, Alfredo Vieira de Sousa, Ana Moura, António Cunha (Uguru), António Manuel Ribeiro, António Manuel Guimarães (Magic Music), Banda Lusa, Blasted Mechanism, Blind Zero, Bonga, Boss AC, Camané, CantaBahia, Carlos do Carmo, Carlos Maria Trindade, Carlos Tê, Clã, Cristina Branco, Da Weasel, Danae, David Fonseca, Dealema, Delfins, DJ Vibe, Dulce Pontes, Emanuel, Expensive Soul, Fernando Rocha, Filipa Pais, Fingertrips, FNAC, GNR, Gutto, Iran Costa, Íris, Jaguar Band, João Afonso, João Gil, João Monge, João Pedro Pais, João Portugal, Jorge Cruz, Jorge Palma, José Mário Branco, Liliana, Lúcia Moniz, Luís Cília, Luís Represas, Luísa Amaro, Mafalda Veiga, Manuel Faria, Manuel Freire, Manuel Paulo, Mão Morta, Marante, Maria João & Mário Laginha, Mário Fernandes, Mariza, Ménito Ramos, Mesa, Miguel & André, Miguel Guedes (em nome individual), Mind da Gap, Místicos, Mónica Sintra, Paula Teixeira, Paulo Ribeiro, Pedro Abrunhosa, Pedro Ayres Magalhães, Pedro Oliveira, Pedro Osório, Quatro Cantos, Quim Barreiros, Quinta do Bill, Rádio Macau, Rita Guerra, Rodrigo Leão, Rosita, Rui Bandeira, Rui Veloso, Santamaria, Sérgio Godinho, Teresa Tapadas, The Gift, Toranja, Toy, Tozé Brito, UHF, Vitorino, Wraygunn, Xutos e Pontapés, X-Wife e Zé Peixoto.

Por favor, e peço-vos que metam a mão na consciência: Quem é a pessoa com com alguma inteligência que se vai a meter a fazer download de músicas da Ágata? Ou da Rosita? Ou do Agrupamento Musical Diapasão? Ou pior, do Iran Costa.

10º - Ora vejamos:

Fim da Pirataria –> Menos Utilizadores da Internet –> Choque Tecnológico por água abaixo –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu.

Fim da Pirataria –> Menos Utilizadores da Internet –> Menos lucros dos ISP's –> PT apresenta prejuízo -> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu.

Fim da Pirataria –> Aumento dos Processos que se acumulam nos tribunais –> Justiça mais lenta –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu.

Fim da Pirataria –> As pessoas não vão comprar Cd's só porque a pirataria "acaba" ou diminui podendo mesmo criar uma certa "revolta" contra as editoras e afins –> O povo começa a cagar para os artistas –> Menos lucros para editoras e artistas –> Mundo da música e não só com dificuldades –> Portugal país cada vez mais atrasado a nível europeu.

Continuamos...?

11º - Ok, concordo que os direitos de autor têm que ser protegidos. Mas não concordo que um simples CD de música cujo custo de fabrico ronda 1 euro, seja vendido por 15/20 euros, em que apenas cerca de 2 euros vão para os artistas. E ainda têm a lata de chamar piratas a nós?

12º - Concluindo, não se deixem vencer pelo medo. Não digo para olharem para o lado caso recebam essas cartas, mas sim que se informem e que pesquisem as maneiras legais de se fazer o correcto. Informem e mantenham-se informados, pois basta haver um decréscimo dos utilizadores deste tipo para essas empresas pensarem que podem fazer tudo e que podem ganhar.
Eu posso considerar-me culpado, mas sou culpado, não por fazer downloads de musicas e filmes mas pelo facto de fazer parte da classe média que mal tem dinheiro para pagar a renda de casa, e ainda faz um sacrifício enorme em pagar 60€ pela Internet, mais não sei quantos euros pela tv-cabo, mais não sei quantos euros pelo telefone, mais não sei quantos euros pela assinatura mensal do telefone, e de trabalhar de sol a sol. Mas NÃO SOU CULPADO, pelos roubos de ministros, deputados, e administradores de empresas estatais, pelos buracos financeiros que causaram a empresas estatais. NÃO SOU CULPADO, pelo buraco financeiro em que o pais se encontra, e muito menos pelo valor do défice 6,8.

Agora só vos peço para levarem a vossa vida atrás do computador calmamente, não castiguem os vossos filhos por algo que não estão a fazer, e acima de tudo, divulguem toda esta informação, para que essas empresas que vêm do estrangeiro, não pensem que somos uma cambada de saloios e que nos podem meter medo!

PS: Considerem isto uma opinião pessoal... »

in http://clientes.netvisao.pt/pintosaa/Manifesto.htm

Comentários em: http://www.xoose.info/viewtopic.php?t=1497

--------------------------------------------------------------------------

Canal de música do Sapo conta já com 1 milhão de temas Os responsáveis pelo serviço de música do portal Sapo anunciaram que o catálogo de temas disponíveis para download já conta com uma lista com 70 mil artistas e mais de um milhão de músicas.
O canal de música do portal da PT Multimedia trata-se do único serviço de downloads legais totalmente direccionado para o mercado português.
Entretanto, os responsáveis pelo projecto já referiram que estão 100% de acordo com as últimas medidas tomadas pela Associação Fonografica Portuguesa no que respeita à apresentação de queixas-crime contra utilizadores de redes de troca ilegal música.


fonte: vector21
http://www.maxideia.com/novidades/novidade.php?id=3281
17.Abril.2006

---------------------------------------------------------------------------------------------

«Pirataria Musical
Diz-se que menos de 5% de toda a música que se ouve é proveniente de álbuns originais!Tendo a pirataria musical crescido com toda a facilidade que a Internet nos dá, será que ainda ninguém se questionou o porquê deste assunto? Qual a origem e possibilidade de soluções?
Parece que não. Todos os interessados limitam-se a queixar-se da Internet, sem apontar soluções e apenas pedindo às autoridades que actuem drasticamente. Culpa-se a Internet pelo enorme crescimento da pirataria musical e fecha-se os olhos à realidade envolvente da mudança dos tempos. Mas, vamos recuar uns anos. Sem Internet a pirataria também existia! Havia imensa facilidade em fazer cópias com as cassetes. No entanto, o vinil continuava a vender-se bem. A culpa não é da Internet! A Internet só veio dar o meio à necessidade que já existia!Nesses tempos, vivíamos numa realidade diferente...
Em primeiro lugar, tínhamos variedade musical, coisa que hoje em dia é escassa! As pessoas ouviam os programas de rádio que continuamente tentavam ser os pioneiros em passar nova música! Importavam-se álbuns do Reino Unido, França e EUA, e passava-se música nova. A corrida às lojas por essas importações que se tornavam autênticos êxitos era significativa. Depois, o comprador obtinha no vinil sempre “algo” sobre a banda, as letras, e sobretudo a qualidade do som de um vinil novo! Tudo isto era importante! Hoje em dia, temos a massificação da música POP... sempre a mesma música... igual em quase todas as suas vertentes que as rádios divulgam. Como já foi publicado em post anterior, as play-lists vieram trazer a repetição das mesmas músicas e do que "alguém" quer que se ouça! As editoras continuam em apostar em bandazinhas, que lançam um êxito (single) sendo o resto do álbum uma decepção, ou num género musical totalmente diferente do single que passa na rádio. Ora, como é obvio, ninguém compra um álbum por causa de uma música! Para os apreciadores, o CD não traz grande qualidade de som, e sendo esta sempre pior do que a do antigo vinil. Basta dizer que o CD funciona por amostragens de som. Não é um som contínuo mas parece... Se a memória não me falha, acho que falamos em 4096 amostras de som por segundo... Parece um som contínuo mas não é! A adicionar os filtros técnicos (codecs) necessários para gravar o som real em formato CD, há uma perda significativa de qualidade de som, especialmente quando o comparamos com o velho vinil! Por fim... o que é que se ganha em comprar um original nos dias de hoje? Nada. As editoras não colocam "documentação adicional", como por exemplo, textos escritos pela banda adicionais, conjuntos de fotografias, qualquer coisa extra (usem a imaginação) que ajude a valer a pena comprar o álbum! Ainda como factor adicional... Continua a não haver soluções para que se possa ouvir música sem a comprar primeiro! Uma solução que seja prática! Daí, como as pessoas não têm tempo para passar horas enfiadas numa discoteca para ouvir música nova, procuram outras soluções. De facto, a Internet é o melhor meio de se ouvir um álbum antes de o comprar. A Internet é o melhor meio para se ouvir um álbum que não se conhece. Mas é ilegal!?!?!?! Pois é... mas está à mão, é fácil, é rápido e usualmente é de qualidade razoável! E depois de ouvir, compra-se? Eventualmente sim, ou talvez não... tudo depende! Depende das pessoas em questão! Para alguns é tudo uma questão de poupar dinheiro, independentemente da qualidade do "download". Depende da qualidade do álbum... se for um bom álbum, porque não comprar? Conheço que use esta regra muito a sério. Gosta = Compra!!! Esta "pirataria" pode ser muitas vezes até favorável à banda! Como a distribuição da música é mais fácil, passa a ser possível a angariação de novos fans de forma acelerada! Porém, para quem anda atrás de música nova, os conhecidos MP3 não contêm caras bonitas a abanarem o rabo, ou com "danças giras"! O que vais sempre contar aqui é mesmo a qualidade sonora dos músicos!
Já era altura também das editoras lutarem por colocar no mercado novas formas de arquivo áudio, como por exemplo apostarem no SACD (Super Audio CD). Isso poderia resultar num aumento de vendas, visto até não haver meios disponíveis para se proceder à sua cópia. O aumento da qualidade de som era um factor favorável.
Mas essencialmente, enquanto não houver uma mudança de mentalidade, no tipo de artistas em que se aposta, esta música de consumo rápido leva ao rápido "Download->Delete" sem qualquer margem de lucro para ninguém!
Basta referir que nos dias de hoje, poucas são as bandas capazes de encher um estádio!
U2 e Rolling Stones são exemplos já raros de bandas que o conseguem fazer!
Em conclusão:
As editoras estão a pagar o preço do facilitismo e da recorrência à música fácil que lhes é de custo baixo!»

3 Comments:
At 16 Novembro, 2005 08:54, CARMO said...
Mais um brilhante post deste blog. Não poderia estar mais de acordo com o que foi escrito.Lembro-vos o caso do anterior álbum do David Fonseca: mais que um cd, era um álbum de fotografias deslumbrante e comemorativo dos seus 30 anos. De facto, perante aquela "embalagem" ninguém fica satisfeito com um download anónimo...

At 16 Novembro, 2005 13:17, dreams said...
Concordo plenamente com o que escreveste.E se repararem as grandes bandas não se importam com a pirataria musical já que é uma forma de conseguirem mais fãs, como é o caso dos U2.
At 16 Novembro, 2005 17:54, MT/JC said...
Gostei do post! E acrescento o seguinte... isto acontece porque comprar cd's é muito caro aqui em portugal pelo menos... vejamos... há duas semanas atrás encomendei á 2024 records um cd que não existe no nosso mercado... recebi na outra semana... sabem quanto custou? simplesmente 12 euros... pois é sem portes sem nada... imaginem eu ir á Fnac comprar o mesmo cd...importado :)

15.Novembro.2005
in http://ex-sitacoes.blogspot.com

(Ver mais sobre o assunto aqui)
------------------------------------------------------------------------------------------

segunda-feira, 17 de abril de 2006

É irreversível?

















O Caça-Piratas
Nas próximas semanas, os portugueses que tenham carregado ou descarregado ilegalmente músicas na internet irão receber uma carta a convidá-los a pagar uma indemnização por desrespeito dos direitos de autor ou, em alternativa, enfrentar um processo judicial.
John Kennedy, o presidente e administrador executivo da IFPI, a federação que representa a indústria fonográfica em todo o mundo, lança, depois de amanhã, em Lisboa, mais uma vaga de processos judiciais contra as pessoas que partilham ficheiros musicais, de forma ilegal, na internet.
Esta é a primeira vez que Portugal é incluído neste programa de combate à pirataria digital de músicas.

(“PÚBLICO” in revista “PÚBLICA”)
02.Abril.2006

E o que vão fazer aos jovens “prevaricadores”? São na maioria menores de idade. Vão prendê-los? A não poderem fazê-lo, o que farão as autoridades? Prender os pais? Serão os pais, estando a maior parte do dia longe dos filhos e sem terem o menor controlo sobre o que estes fazem, os que vão ser chamados à barra da justiça? E se estes não tiverem dinheiro para pagar as elevadas coimas, vão-se confiscar os computadores caseiros? E os downloads e uploads efectuados em estabelecimentos de ensino? Prendem os professores ou fecham as escolas? Um computador não serve só para ouvir ou gravar música. Os jovens “prevaricadores” também são estudantes, precisam do computador para avançarem nos estudos e progredirem no conhecimento. Mas temos um governo que apregoa aos quatro ventos que quer que todos os lares portugueses possuam pelo menos um computador com acesso à Internet… e já quase que está a obrigar os cidadãos a executarem tarefas exclusivamente via Internet. Veja-se os casos das declarações de I.R.S. ou do Imposto Automóvel (IA). É este o tão famigerado plano/choque tecnológico que está reservado para todos nós? Apreendendo computadores ou prendendo pessoas que gravam música em suas casas?
Temos aqui uma série de contradições e um grande problema.

A esmagadora maioria dos subscritores da proposta de lei das quotas de música portuguesa na rádio – entretanto aprovada e já em vigor – não ganhou nada com isso. Esses artistas musicais que assinaram e defendem a nova lei continuam a não passar na rádio, continuam refundidos nas obscuras prateleiras do esquecimento. A lei aprovada foi só para benefício de alguns, muito poucos. De resto, os que já eram privilegiados e que estão por detrás da mesma lei. Os outros, a tal maioria de subscritores, apenas foram a reboque do manifesto e só serviram para fazer número. Seguiram a cenoura sem trincá-la.
Da mesma forma desenganem-se as grandes editoras e distribuidores de música em Portugal.
Não é por colocarem as autoridades judiciais a desatarem a “caçar” cibernautas que vão ganhar alguma coisa com isso. As pessoas já não vão regressar ao passado e, de repente, recomeçarem a comprar discos a preços que ultrapassam em muito o razoável. Esse tempo acabou. As leis das quotas musicais e da proibição de descarregamentos musicais na Internet correspondem a actos de desespero por parte de uma indústria que descobriu que já não pode explorar mais os consumidores como fez durante gerações. A mesma indústria que não soube – ou não quis – acompanhar os novos hábitos de consumo da população.
O que o Sr. Kennedy se esquece – ou não sabe – é que o preço de um CD é baixo no país dele, ou nos países que a que está acostumado. Inglaterra e Estados Unidos são países com um nível de vida muitíssimo superior ao nosso, mas os CDs e DVDs são mais baratos.
Um CD hoje em dia em Portugal custa em média entre 15 a 20 €. Por exemplo, há CD’s com cerca de vinte anos de edição e que estão ao preço de edições desta semana! Ora, isto faz algum sentido? Ninguém vai deixar de almoçar para comprar um CD!
Agora, mesmo que os preços baixassem, as vendas continuariam a cair inabalavelmente.

Haverá um tempo em que esta lei vingue. Por algum tempo terá o seu efeito dissuasor. Talvez estejamos já a viver esse tempo. Mas também há outras formas da população obter música. Trocando directamente entre elas, ou, mais frequentemente, em fóruns na Internet a isso destinados, ao mesmo tempo que vão poupando muitos euros mandando vir os CDs de fora igualmente pela Internet. Ou será que também vão proibir as pessoas de fazerem compras on-line?
Esta é mais uma lei absurda, como a lei das quotas de música portuguesa na rádio ou a lei do aborto. Foi feita para mais dia, menos dia, abortar.
A rotura da indústria discográfica nos moldes a que assistimos nas últimas décadas é irreversível!

P.S: Comprei o meu primeiro disco em 1977 (em vinil) e o primeiro CD em 1985. Ainda hoje compro CDs, mas muito menos. Levei mais de uma década a readquirir em formato CD quase tudo o que tinha em vinil. Ao longo de todos estes anos gastei milhares de contos em música, mas para mim hoje os preços são proibitivos. É perfeitamente claro que prefiro ter um CD original a ter uma cópia em CD-R, mas muitas vezes – imensas vezes – só consigo encontrar o que quero (e necessito) na Internet. No mercado tradicional de venda de discos nas lojas, ou já não há, ou nunca haverá o que procuro.
O que é a troca de ficheiros digitais senão uma troca directa entre as pessoas? Só com a diferença de um aperto de mão ser substituído por um click!


O que eles dizem (15)

Vergonha
(…)
Compreendo as razões da indústria e o queixume dos artistas (de alguns artistas), mas esta gente já terá reflectido seriamente sobre as razões de fundo da pirataria? Por outras palavras, já alguém fez contas ao dinheiro que pedem no nosso país por um CD, e se esse valor é compatível com o nosso nível de vida? Tenho para mim que o download ilegal de música (censurável, é certo) é, mais que um passatempo, um recurso de quem tenta dar a volta à exorbitância de dinheiro pedido pelo respectivo suporte físico ou digital.
Numa altura em que a Rádio está como está, num plano de censura encapotada muito mais severa que no "pré-25 de Abril"
(ou seja, só se ouve o que a "indústria" quer - a manipulação das playlists é por demais evidente), porque se persegue agora quem procura na internet os sons que a rádio não oferece? O lóbi da indústria movimenta-se, baseado no veredicto legal, para sacar dinheiro, muito dinheiro, a quem precisa da música como um vício, limitando o leque de oferta que, em Portugal, roça o medíocre.
Eu sou um ávido consumidor de música. Gasto largas centenas de euros por ano em CD's. Uso as técnicas de download exclusivamente para "triagem", para escolher para onde devo canalizar o dinheiro que invisto na minha colecção de música. E praticamente não gasto 1 tostão em solo luso. Compro via internet, a preços decentes, em lojas estrangeiras.
As casas comerciais não têm culpa dos preços por cá praticados. Eu, também não. E os distribuidores? E as editoras?

P.E.
In http://oultimometro.blogspot.com/
02.Abril.2006

sexta-feira, 14 de abril de 2006

DIXIT










Ignatio Ramonet

Neste fim-de-semana prolongado, em que multidões se passeiam inocuamente em grandes centros comercias, em que são muitos os que procuram um sol tímido no Algarve, e que milhares desperdiçam tempo – e não só – nas estradas do país, talvez não fosse má ideia ocupar um bocado de todo esse tempo com coisas importantes e que directa ou indirectamente tem a ver com a vida de todos nós, todos os dias.
Recentemente esteve em Lisboa Ignatio Ramonet, jornalista e director do jornal «Le Monde Diplomatique». A intervenção deste reputado jornalista e pensador dos media foi acompanhada pelo “Clube de Jornalistas” e as reflexões de Ignatio Ramonet foram tema do programa «Clube de Jornalistas» transmitido esta semana na RTP2.
O mundo da Rádio tem tudo a ver com isto.

Seguem-se algumas citações obtidas através do site do "Clube de Jornalistas":


Ignatio Ramonet, director do "Le Monde Diplomatique", esteve recentemente em Lisboa, onde, falando sobre os media e a liberdade de expressão, colocou uma questão actualíssima e extremamente interessante: os media, que sempre foram um pilar da democracia, serão, nos nossos dias, um problema da democracia. Porquê? Segundo Ramonet, os media perderam credibilidade e, na sua maioria, deixaram de ser um contra-poder. Já não procuram intervir civicamente na sociedade, contribuindo para que esta seja melhor, mais justa, mais solidária, mais democrática. O seu negócio, hoje, é outro. Os media, integrados em grandes grupos económicos, procuram apenas o lucro e a rentabilidade. São uma mercadoria como outra qualquer. O mercado é o seu reino e o seu senhor. As audiências o seu disfarce. Será assim? O Clube de Jornalistas entendeu que este seria um tema interessante para discussão. Gravou a conferência que decorreu no Instituto Franco-Português (cheio a deitar por fora), escolheu quatro passagens do discurso de Ramonet e convidou, para as analisar em estúdio, três profissionais conceituados: Estrela Serrano, Diana Andringa e Fernando Correia. O jornalista Ribeiro Cardoso moderou o debate. Os quatro excertos da conferência de Ignatio Ramonet escolhidos pelo Clube de Jornalistas para debate em estúdio no programa, emitido na RTP2 nos dias 12 e 13 de Abril, são os seguintes:

I

Os media deixaram de ser fiáveis

"Estamos neste momento numa fase de intensa reflexão sobre o sector dos media, que atravessa uma crise dita económica e estrutural. Mas, no meio dessa crise, existe uma outra, de natureza diferente, que é a crise da credibilidade dos media, razão pela qual, para a maior parte dos cidadãos, sobretudo para cidadãos esclarecidos dos países democráticos e desenvolvidos, os media deixaram de ser fiáveis. Os media tornaram-se por isso, curiosamente, um problema da democracia. Nós sempre pensamos que os media são um pilar fundamental do regime democrático e é inimaginável conceber democracia sem uma comunicação social viva, activa, reactiva e desempenhando uma função. Mas a questão que se coloca hoje é que as democracias actuais conhecem o problema e, entre outros problemas, estamos perante o facto dos media não desempenharem hoje a função e o papel que desempenhavam no passado."

II

Preocupação dos media: a rentabilidade

"No decurso dos últimos quinze anos temos vindo a assistir à chegada de gigantes empresariais à comunicação social, juntando-se a isto, com todas as consequências, a globalização. E o que é a globalização? É essencialmente uma fase da história económica onde as empresas tendem a tornar-se mais importantes do que os Estados. Enquanto as empresas estão por todo planeta, os Estados estão limitados ao seu território e daí não podem sair facilmente. A globalização é o privado contra o público. É o mercado contra o Estado. É a empresa privada contra o serviço público e é esse o papel principal das empresas no domínio económico. Essas empresas, hoje, são sobretudo empresas dos grandes grupos mediáticos. No seio desses gigantes grupos mediáticos, a parte da comunicação social é reduzida. Se tomarmos como exemplo o grupo Murdoch, o aspecto realmente jornalístico, de informação, é extremamente reduzido naquele grupo, em comparação com a produção de filmes, de televisão, música, séries de televisão, livros, grandes séries, etc.… porque hoje em dia, não importa qual seja o grupo de comunicação social, a tendência é a de dominar todos os sectores. Todos os sectores da escrita, todos os sectores do som e todos os sectores da imagem. O que quer dizer que esses grupos têm como preocupação principal, como todos os grupos industriais que se prezam, a rentabilidade. A principal preocupação de um grupo mediático, como de um grupo industrial de outra natureza, é essencialmente a rentabilidade, os accionistas e o investimento. A preocupação não é intervir na sociedade com um ideal cívico, para tornar essa sociedade melhor, mais solidária e fraterna, mais calorosa e democrática. Estas são mesmo as últimas preocupações de uma empresa mediática moderna, que procura, acima de tudo, reduzir os custos, reduzir o número de trabalhadores e proceder de maneira a poder dominar mercados cada vez mais importantes."

III

Poder político já não é 1º poder

"A dimensão económica tornou-se hoje extremamente importante e com o advento da globalização os media deixaram de ter a preocupação de se tornarem um contra-poder. Isto, porque a repartição dos poderes se modificou. O poder político já não é hoje o principal poder. É o mais legítimo em democracia, diria mesmo, o único legítimo, mas já não é o principal poder. Quando se fala da liberdade de expressão, muitas vezes a prova de que vivemos num mundo livre é que nós, hoje, criticamos os políticos como nunca pudemos fazer antes. Ora, essa é a prova de que os políticos não têm poder, porque se eles tivessem realmente poder, não se deixariam criticar. Quem é que tem o poder hoje em dia? Bem, o poder económico é o primeiro poder. Será que hoje, na Imprensa, vemos tantas criticas aos grandes patrões dos media? É muito raro. Porquê? Porque são estes os proprietários da maior parte dos grupos de media. A quem pertencem os média? Não pertencem aos cidadãos nem ao poder político, porque é um princípio de há um tempo para cá, que o poder político não pode dominar os media, e os cidadãos criticam isso com fundamento. Contudo, há excepções. Hoje em dia podemos equacionar a seguinte questão: se se tiver o poder económico, quem for muito rico, facilmente dará como passo seguinte a detenção do poder mediático. E quando se tem os dois, o poder político está do seu lado. Por exemplo, o sr. Berlusconi, o homem mais rico de Itália, que se tornou a principal força mediática de Itália e que se fez eleger democraticamente Presidente do Conselho de Itália por duas vezes. Esta é a situação que vivemos hoje em dia. Por consequência, a ideia de que a liberdade de expressão possa servir para denunciar o principal poder deixou de funcionar. Na maior parte dos media, critica-se este ou aquele governante, esta ou aquela medida, muito facilmente. No entanto, criticar o poder económico é bastante mais difícil."

IV

Quinto poder, precisa-se

"Hoje em dia temos configurações que não são muito complexas. Mas há certos parâmetros que se alteraram profundamente. Por um lado temos a estruturação dos Media e, por outro, a inversão da ordem da hierarquia de poderes. Este facto faz com que tenhamos hoje como primeiro poder o poder económico, como segundo o poder mediático e o poder politico surja apenas na terceira posição. É por essa razão que eu mesmo propus que fosse criado um 5º poder. Ou seja, que se forme de maneira organizada uma associação onde os cidadãos possam reclamar da parte dos media um comportamento e um olhar mais crítico sobre os verdadeiros poderes. De maneira a que exista um contra-poder à pressão dos poderes dominantes de hoje, e mesmo dos media que se tornaram num dos poderes de opressão da sociedade. Bem, nós podemos dizer que a sociedade foi no passado oprimida pelo poder religioso e que os media são hoje o aparelho ideológico da globalização. Ou seja, os media são uma espécie de nova igreja, que representa por exemplo, a responsável pela evangelização da América, e portanto representa o poder ideológico. Mas então, não é aos media que podemos reclamar uma transformação directa. Só a pressão dos cidadãos em conjunto poderá ajudar, como muitos jornalistas desejariam, a recuperar e defender o bom funcionamento dos media."


Ignácio Ramonet, director do "Le Monde Diplomatique"

Fonte: Clube de Jornalistas


quarta-feira, 12 de abril de 2006

OVERDOSE

























A “futebolização” do país. Televisões e rádios quase não falavam de outra coisa, e canais de TV e rádio começaram as emissões especiais com grande antecedência.
Há duas semanas o país “parou” por causa do jogo de futebol entre o Benfica e o Barcelona. Há oito dias, o país voltou a “parar” por causa do jogo de futebol entre o Barcelona e o Benfica. Hoje, quarta-feira, não houve jogo nenhum entre estas duas equipas de futebol. O que difere o dia de hoje com os outros dois dias em que o Benfica jogou é que, por causa de não haver jogo, ficámos a saber da polémica entre o ministro da justiça e a polícia judiciária, ficámos a saber dos maus tratos infligidos a crianças deficientes, ficámos a saber do empobrecimento de urânio e dos mais recentes preparativos nucleares do Irão, entre uma e outra notícia interessante. O que saberíamos disto tudo se o Benfica jogasse hoje uma eliminatória da Liga dos Campeões? E o que não soubemos e não fomos devidamente informados pelos media nesses dois dias em que o Benfica jogou com o Barcelona?
Cerca de CINCO horas antes do início da partida já televisões e rádios em Portugal estavam em emissão especial. O jogo da segunda mão – que poderia ainda ser sujeito a prolongamento – iniciou-se às 19:45. Depois de terminados os dois jogos da eliminatória seguiram-se as inevitáveis análises, intermináveis e previsíveis, cansativamente óbvias, exaustivamente repetitivas, com imensos comentadores e especialistas em directo, treinadores de bancada, etc. No total, e só para contabilizar o tempo corrido de transmissão, gastaram-se NOVE horas em cada um dos dias de jogo, o que faz com que se atinja a desmesurada soma de DEZOITO horas por causa de – neste caso vertente – dois jogos de futebol.
A equipa portuguesa apenas estava a disputar os quartos de final de uma competição. Fosse qual fosse o resultado, o Benfica não ganharia nada a não ser o direito a ter de disputar mais dois jogos e mesmo assim não iria ganhar nenhum título com isso. Este exagero de tempo de cobertura não é razoável, excede em larga escala o admissível, especialmente no chamado “Serviço Público”. Nenhum outro assunto, nenhuma outra notícia ou acontecimento com data e hora marcadas é tratado com tanto espaço. Nem sequer uma jornada eleitoral. Só uma catástrofe natural ou um ataque terrorista pode quebrar esta regra. Mas já que é assim, ou já que tem que ser assim, é caso para perguntar se outra equipa de futebol portuguesa teria direito ao mesmo tempo de antena. Qualquer que fosse a equipa portuguesa a atingir a mesma fase da competição mereceria ser alvo das mesmas atenções por parte da comunicação social?
O mais perigoso de toda esta dose excessiva de futebol (e clubismo) nos media nacionais é que se o Benfica tivesse chegado às meias-finais da Liga de Campeões, lá iríamos ter – pelo menos – mais DEZOITO horas do mesmo. No dia da final, com a presença de uma equipa portuguesa, já se percebia uma cobertura informativa com esta dimensão. Porque seria um feito, um acontecimento raro para um clube português. Mas, neste caso do Benfica, ainda se estava muito longe disso.
Paixão pelo futebol sim, patriotismo também, “benfiquismo” não! E a “futebolização” do país ainda menos!

No dia do jogo da segunda mão ouve-se numa rádio o escritor António Lobo Antunes dizer que não conseguia compreender como é que em Portugal não se consegue ser-se do Benfica!

Ver:O Peso do Futebol na Rádio” no blogue “Rádio e Jornalismo” de Luís Bonixe.

É a cultura? Não, pá… é o espectáculo, estúpido!

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Eles São os Reis da Rádio! Pedro Castelo, António Santos, Cândido Mota, Paulo Fernando e Luís Filipe Costa, é a segunda de várias dinastias a ouvir na Antena 1. Grandes personalidades da Rádio, revelam segredos e memórias pessoais. Um contributo importante para a história da telefonia em Portugal.
«Os Reis da Rádio», de 2ª a 6ª Feira, às 02:20, 07:50,11:32, e 23:20.

In RDP-Antena1

António Sérgio na Rádio Comercial














Acabou a «Hora do Lobo» na Best Rock FM. O "lobo" voltou à toca-mãe, de onde nunca devia ter saído*. Esta já não é uma notícia nova, tratando-se de um facto ocorrido há algumas semanas. António Sérgio, neste seu regresso – totalmente justo – à Rádio Comercial, apresenta algumas mudanças. Deixou cair o nome do programa “A Hora do Lobo”, agora o espaço denomina-se apenas «António Sérgio». Mantém a maioria das rubricas fixas (“Lista Rebelde”; “Debaixo da Língua”, etc.), e ganhou uma hora de emissão. Agora é das 00:00 às 03:00 da manhã, de terça a sábado. É substancialmente uma melhoria esta mudança. António Sérgio regressa ao éter nacional, para gáudio dos muitos ouvintes e fãs do “lobo” que, com a emissão local da Best Rock FM, estavam privados do contacto com o «Mestre». Havia a emissão via Internet, mas todos sabemos que não é bem a mesma coisa (ninguém leva o computador para o carro, pois não?). A liberdade de escolha extra playlist é assim um pouco mais ampla, numa Rádio Comercial minada de playlist em todas as outras horas de emissão.
Sempre acolhi a nomeação de Pedro Ribeiro para director de programas da Comercial como sendo uma boa notícia. E confirma-se. O mesmo sentimento sobre a nomeação de José Mariño para a direcção da RDP-Antena3. E porquê? Porque são pessoas que fazem rádio, que vêm de dentro. Conhecem os cantos à casa e têm muita experiência no fazer. Melhor que ninguém, conhecem a massa a que jogam mãos. E isso faz toda a diferença em relação a outsiders que chegam às direcções com o estatuto de manda chuvas mas que, se calhar, nunca se sentaram frente à mesa quente do estúdio de emissão, nunca tendo conduzido horas e horas em directo e sem rede.
Nestas nomeações, concretizadas ainda no ano passado, encontram-se missões distintas. Parece-me que há, ou havia, mais a mexer na Comercial do que na Antena3. A task force é, à partida, mais penosa para Pedro Ribeiro. A Comercial carecia de alterações urgentes. Aliás, as mudanças não se fizeram esperar. É o caso do regresso de António Sérgio. A mudança na equipa da manhã também, sendo animada agora pelo próprio Pedro Ribeiro. Um exemplo louvável. O director trabalha no duro!
Quanto à Antena3, pelo que me é dado a ouvir na emissão, não houve grandes alterações. Ainda. Aos dois recentemente empossados responsáveis, os votos de bom trabalho e… melhor Rádio para nós, ouvintes.

* O programa de António Sérgio “A Hora do Lobo” iniciou-se na Rádio Comercial (3ª a Sábado, 00:00/02:00) em 1997, após o encerramento da XFM em Julho desse ano. Assim foi até 2003, altura em que este programa transitou para a Best Rock FM. Não concordei com essa mudança, pelo que digo que António Sérgio regressa à casa mãe de onde não devia ter saído. Só acho é que podia manter o nome do programa neste seu regresso.
Todavia, o melhor acontece. Continua a escutar-se a voz do lobo cruzando os ares da noite.

António Sérgio
Rádio Comercial
3ª a Sábado (00:00/03:00)

domingo, 9 de abril de 2006

09/Abril/1984 – 09/Abril/2006

É uma data que nunca posso deixar passar em branco. Hoje o programa de rádio «Íntima Fracção» completa 22 anos de emissões. Acompanho-o desde Janeiro de 1987. Os sinceros parabéns ao seu autor de sempre Francisco Amaral. E é para continuar!

Está on-line uma extensa lista de temas musicais favoritos da «Íntima Fracção»: IF - 22 ANOS REVISTOS.
(Com uma playlist assim não me importava eu de trabalhar!).
------------------------------------------------------------------------------------------

Os textos mais recentes neste blogue suscitaram réplicas noutros blogues e foram vários os “ouvintes” da «Rádio Crítica» a enviarem e-mails de satisfação pelas evocações anteriormente descritas. Agradecimentos públicos aos vários leitores e um sincero Obrigado a alguns blogues que, para mim, são de referência: Paula Cordeiro (NetFM), reflectindo sobre a rádio em geral, dedicando-se à rádio essencialmente na sua vertente electrónica; Rogério Santos (Industrias Culturais) sempre actual sobre todos os mass media; Álvaro José Ferreira (A Nossa Rádio) num espaço partilhado dedicado com pertinência à rádio pública em Portugal. É bom saber que estão atentos e que continuam “sintonizados” nesta paixão comum que é a Rádio. Todos nós ansiamos por um posto mágico!

Devo dizer ainda que muitas vezes tenho recorrido ao passado para reflectir aqui sobre o meio radiofónico no nosso país. É por manifesta saudade (atenção: não saudosismo!) mas também por uma questão de necessidade. É que nos dias correntes são escassos os programas de rádio que me merecem enquanto ouvinte, sendo esta a qualidade em que me apresento aqui. O meu grande prazer é partilhar os meus gostos pessoais enquanto ouvinte de rádio. E passado que está o primeiro ano da «Rádio Crítica», sinto que a maior parte dos programas que ouço já foram trazidos à luz neste blogue. Fosse este espaço público efectuado há vinte ou há vinte e cinco anos e teria muitas dificuldades em não ter que escrever diariamente pelo menos um ou dois textos sobre programas contemporâneos, tal era a riqueza e diversidade que a rádio em Portugal oferecia. Apesar de nesses dias existirem só quatro canais de radiodifusão à escala nacional. O recurso ao passado é uma constante neste blogue, e vai continuar a ser. Para muito breve, um artigo de fundo sobre a Rádio Comercial nos anos 80. Stay tuned!

segunda-feira, 3 de abril de 2006

A segunda dinastia












Chegou ao fim a primeira dinastia de “Os Reis da Rádio” na RDP-Antena1. Começou em Novembro de 2005, contando com relatos na primeira pessoa e de viva voz. Júlio Isidro, Jaime Fernandes, José Nuno Martins, João Paulo Guerra e José Ramos. Estes cinco “J” foram os reis da primeira dinastia. Dão agora lugar a outros cinco, já a partir da próxima segunda-feira, dia 10. Serão eles: Cândido Mota, António Santos, Pedro Castelo, Paulo Fernando e Luís Filipe Costa.

Fiquei a saber isto, em primeira-mão, numa emissão especial dos “Reis da Rádio” que foi para o ar em directo na tarde de Sábado passado (16:00/18:00). Estiveram presentes os quatro reis, numa conversa animadíssima moderada por outro “rei”, António Macedo. Foram contadas histórias incríveis por eles vividas nas longas carreiras radiofónicas que efectuaram. Caricatas, embaraçosas, ridículas, engraçadas. De tudo um pouco. A iniciar esta emissão especial, os presentes homenagearam José Ramos que, como é sabido, morreu prematuramente no passado dia 21 de Março.

Pessoalmente, enquanto ouvinte, fiquei muito contente com o elenco da segunda dinastia. Poucos dias antes tinha expressado aqui a minha admiração e saudade por alguns dos nomes que agora vão regressar – por um tempo curto, é certo – aos ares da rádio. Particularmente Cândido Mota. Instigados a pronunciarem-se sobre os nomes dos sucessores, Júlio Isidro disse, numa frase lapidar, o seguinte sobre Cândido Mota: “É uma voz que nos põe Em Órbita”.
Assim seja.

P.S: Apenas uma coisa: não gosto do nome “Os Reis da Rádio”. É demasiado pomposo, pedante até. Não se arranjaria um melhor?


Os Reis da Rádio
RDP-Antena1, 2ª a 6ª feira
(vários horários ao longo do dia e da noite, a disponibilizar em breve)