terça-feira, 30 de janeiro de 2007
RCP
Primeiras impressões (a quente)
«Minuto a Minuto» (07:00/10:00): Manhã forte na palavra, muitas pessoas e muitas vozes. Bons convidados (mas não os 25 convidados anunciados há meses) e comentadores (Maria João Avillez e Carlos Magno) com tempo para conversar. João Adelino Faria naturalmente nervoso no arranque. O pivô esteve bem nas perguntas, na informalidade e na resistência à longa emissão em directo durante cinco horas. Bom acompanhamento e desempenho do jornalista Nuno Domingues. Pouca publicidade em antena, coisa que não chateou nada os ouvintes.
A máquina não está oleada. Falta ganhar rotina.
Do meio-dia às cinco da tarde: «Escolhidos a Dedo» é a dupla de animadores Aurélio Gomes (sempre excelente!) e Teresa Gonçalves. Boa dupla, já entrosada, vinda do anterior formato do RCP (faziam as manhãs desde o ano passado). A cada hora um convidado, sendo o destaque dado a Fernando Correia, que assim regressa ao RCP. Uma boa conversa com esta figura histórica da rádio portuguesa. Uma conversa que passou sobretudo sobre a Rádio e os novos desafios do novo RCP. Nesta hora com Fernado Correia, o narrador desportivo explicou o figurino do seu novo espaço no RCP e anunciou publicamente em primeira-mão a realização de uma emissão especial no próximo dia 6 de Fevereiro (das 19:00 às 00:00) aquando do jogo particular de futebol entre Portugal e o Brasil em Londres, com direito a relato em directo. Na hora seguinte, Rui Zink numa outra interessante conversa, em atmosfera “non-sense”.
«Janela Aberta» A vida tal como ela é: Das 17:00 às 20:00 com Célia Bernardo. Bons temas em discussão. Óptima prestação de José Luís Saldanha Sanches como convidado principal.
O humorista Luís Filipe Borges em «O Melhor da Vida» conversa informal/entrevista das 19:00 às 20:00, tendo Luísa Castel-Branco como primeira convidada. Também com participação de ouvintes.
«Banda Sonora» é um espaço preenchido por escolhas musicais de pessoas convidadas. Este espaço é conduzido pelo radialista Nuno Infante do Carmo. NIC traz-me sempre à memória os bons velhos tempos de «O Último Metro» no FM da Renascença/RFM. É isso – ou um pouco disso – que sempre procuro quando o ouço. Ainda não foi desta vez que encontrei. «Banda sonora» (música e conversa) preenche um espaço em que o jantar e os telejornais ganham aos pontos. É aquilo a que sempre ouvi chamar de horário “buraco negro” da Rádio. Um bom convidado pode disfarçar essa fatalidade. Nesta primeira emissão foi uma convidada, a cantora Maria João (a partir das 20:30).
«Lugar Cativo» (22:00/00:00) é a Bancada Central no RCP. Moderação de Fernando Correia, convidados em estúdio e participação dos ouvintes. A fórmula de sucesso já era conhecida, e os ouvintes do costume não faltaram. Na noite da Rádio – que tão desolada tem estado no panorama nacional – é um êxito de bilheteira. Inclui um jornal de desporto com edição de Artur Teixeira. Foi um regresso emocionado e evocativo do passado, presente e futuro. Em emissão inaugural, muitos convidados especiais, entre eles, o director do RCP, Luís Osório, neste regresso de Fernando Correia aos estúdios da Rua Sampaio e Pina. Foi pena não podermos ter escutado a introdução de Fernando Correia desde o início devido a uma falha técnica.
«Posto de Escuta» (00:00/02:00): Espaço interactivo – mais um – este de tema livre. A apresentadora pareceu-me algo mal preparada para este tipo de (e)missão, totalmente aberta e sujeita a muitos perigos. O espírito confessional não ainda ganhou corpo na primeira (atribulada) emissão, mas não tardará a surgir em força. A lembrar vagamente o «Passageiro da Noite», este novo «Posto de Escuta» oferece espaço de intervenção directa aos órfãos da rádio na imensa noite.
Das duas às cinco da manhã: música a metro sem animação, utilizando a playlist do anterior formato do RCP e com noticiários de hora a hora.
Uma primeira conclusão incompleta ao fim das primeiras 19 horas do renovado RCP:
É uma estação nitidamente de palavra, procura intensamente a interactividade com o auditório (resta saber se exageradamente ou não). Não aposta na música como informação. A música no RCP tem o papel de último reduto, isto é, aparece quando não há mais nada e serve para ganhar tempo e/ou para alinhavar o que se vai seguir (ATENÇÃO: esta prática não é exclusiva do RCP). Este renovado Rádio Clube Português ainda vai encontrar a melhor forma nos tons e nos modos, mas o caminho está lançado. Já existe uma quarta estação a disputar o mesmo público e mercado.
Noticiários: Na maior parte são de curta duração e com escassos directos. Em geral são fracos. Em determinados painéis também acontecem às meias horas.
Música: Muito pouca, mas ainda não completamente dissociada dos tempos da extinta Rádio Nostalgia.
Informação de Trânsito: Mantém o mesmo esquema de funcionamento do anterior formato. Paulo Ferreira de Melo em directo do helicóptero (manhã) e Paulo Miranda em directo da rua (tarde).
Vozes: Boas, na esmagadora maioria.
Falhas técnicas: As falhas técnicas que aconteceram foram extensíveis a todo o dia de emissão, o que é compreensível num primeiro dia. Cortes repentinos, sobreposições; desníveis sonoros; etc. Nada mais natural quando é tudo novo, desde a linguagem aos materiais técnicos e aos estúdios. É um dado importante que se ultrapassa com a mecanização diária.
Estética: Falta anunciar os noticiaristas; é desnecessário ouvir-se os sinais horários às meias horas quando não vai haver noticiário e dois sinais horários diferentes às horas certas.
Projecto: É ambicioso e tem profissionais à altura, mas também tem muito para trabalhar. Assim como nunca devemos julgar uma pessoa na primeira vez que a vemos, também não é ao primeiro dia que se julga uma estação de Rádio.
Designação: É «Rádio Clube»?; é «Rádio Clube Português»? «É RCP»? Convinha uniformizar totalmente a designação da estação.
O que eles dizem (23)
(...)
O RCP é uma rádio que as pessoas escutam pela música. Vai dar-lhes informação – o público pode estranhar.
Esse é o meu grande problema! Até os meus amigos dizem que tem música espectacular – mas vai acabar. É um risco muito grande porque as pessoas que agora ouvem o RCP podem querer ouvir outra rádio com música. Mas também sei que se lhes der uma informação diferente pode resultar. Eu e o Luís Osório [o director] queremos fazer esta rádio à semelhança da Cadena Ser, que tem muito sucesso em Espanha e que fui conhecer. Vamos para o ar no dia 29. As nossas manhãs vão ser mais parecidas com o modelo que tinha na Edição da Noite da SIC Notícias: das 8h às 10h temos hard news, ou seja, as notícias que marcaram a manhã com uma manchete, concorrer com os jornais, porque não? Quero ter notícias diferentes e não ler notícias – ter uma notícia que marque a manhã. Vou ter vários colaboradores em estúdio, a falar do tema da manhã, como o Pacheco Pereira, o Dias Loureiro, a Filomena Mónica, que já deram o ok. Depois, vou ter, como tive na SIC Notícias, os comentadores de vários jornais, os chamados opinion makers, que vão analisar o que aconteceu nessa manhã. Estou a tentar recuperar a reportagem de rádio, com um tema que não tem de ser o do dia, e um debate em estúdio sobre o mesmo. E também vamos ter cultura, com um actor, um cantor… À Noite teremos o Fernando Correia, que tive o prazer de convencer quando saiu da TSF.
(...)
Entrevista de: Ana Cristina Câmara e Vítor Rainho
In: revista TABU do semanário SOL
Sábado, 27 de Janeiro 2007
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Rádio Clube Português relança batalha da informação na rádio
(...)
"Mais do que uma rádio generalista, o novo Rádio Clube é uma estação de actualidade; não uma rádio de notícias, mas uma estação com notícias", define o director, Luís Osório. Acrescenta que a grelha é pensada para todas as classes, para todos os tipos de público e apressa-se a especificar que é esse leque de programas diferentes que fazem "a coerência do projecto".
"Tudo o que acontece não vai acontecer no Rádio Clube", diz Luís Osório, brincando com o slogan da TSF para dizer que a sua estação vai privilegiar as notícias próprias - a redacção tem 50 pessoas, entre jornalistas e produtores - em detrimento da agenda geral. "Não estou à espera de grandes scoops, mas não quero passar as manhãs a falar das notícias dos outros", acrescenta João Adelino Faria A comparação com a concorrência é incontornável: nas audiências, o Rádio Clube (3,7 por cento de share) está atrás da TSF (5,4), Antena 1 (6,6) e Renascença (14,7). Mas Luís Osório acredita que em dois anos ultrapassa as primeiras duas. Como? "Com uma abordagem diferente da actualidade. Hoje oiço a mesma abordagem na TSF e na A1, com os mesmos temas, hierarquias e protagonistas."
Na procura da diferença, o Rádio Clube tem a vantagem de o grupo ser agora participado pela espanhola Prisa, que detém a Cadena Ser, uma das principais estações do país vizinho. "Na nossa grelha há alguma inspiração do que aprendemos com a Cadena Ser, embora sejam realidades diferentes. Os espanhóis têm grande propensão para as tertúlias, por exemplo, e nós vamos ter um cunho muito acentuado de participações em directo, com pessoas no estúdio.".
(...)
Texto de Maria Lopes
In: PÚBLICO
Domingo, 28 de Janeiro 2007
sábado, 27 de janeiro de 2007
Rádio Nostalgia
Janeiro 2007
Na madrugada do dia 17 deste mês frio, apareceu-me diante dos olhos – no mero acaso navegante pelo ciberespaço – uma imagem, um som e uma explosão emocional. Esperei perto de 28 anos para voltar a ver isto e assim saber o nome desta canção e quem a cantava. Quase cheguei a pensar que era tudo mentira, que não passava de uma miragem ou de um sonho mal aguentado pelo sono. Mas não. Era mesmo verdade. E soube-o assim que os meus joelhos estremeceram como quem revê um amor há muito perdido mas não esquecido. Se naquele momento estivesse de pé, acho que teria caído. O mais curioso é que dias antes desta “explosão” eu tinha-me lembrado desta canção e tinha entoado de forma certamente muito tosca o seu refrão, já tão empoeirado pelo tempo. Há alguns anos, entoado a mesma ladainha a um amigo um pouco mais velho, ele reconheceu-a logo, mas não conseguia lembrar-se do nome. Caramba… fico atónito com os poderes do acaso. Devo este pequeno momento de felicidade a José Alexandre Pereira, um dos autores do blogue «Dias Atlânticos». Não sei como lhe ser grato. JAP não o fez por mim, não sabe desta minha pecha de quase três décadas nem por ventura sabe quem eu sou. Foi seguindo uma ligação casual que cheguei a estas imagens vindas dos tempos da minha infância. E logo na primeira visita a esse blogue deparo com uma coisa que nunca quis esquecer.
A primeira vez que vi este videoclip – na altura apenas a preto e branco – deve ter sido em finais de 1979, inícios de 1980. Adorava esta música, mas como só tive a primeira aula de Inglês em Outubro de 1981, ouvir os nomes da banda e tema através da Rádio (onde se ouvia esta música com frequência) era igual a 汉语/漢語华语/華語 e, quando já sabia alguma coisa da língua de Shakespeare, a moda já tinha passado e esta canção já era coisa do passado. Com isto fiquei estes anos todos sem a poder identificar. Entoando-a e dizendo que no vídeo havia uma vocalista com indumentária justa a sacudir as ancas era por demais insuficiente para que alguém me pudesse ajudar. E quem se lembrava, tal com já disse, também não sabia ou não se lembrava dos nomes. E eis que o portal YouTube nos proporciona uma (re)descoberta destas.
Podendo identificar “Quem” e o “Quê”, corri em busca do tempo perdido. Estive à beira de lançar aqui um grito de alerta, do género: “Socorro! Quem me arranja esta música?” Mas ainda não foi desta. Felizmente que há sempre alguém atento às minhas desenfreadas recuperações desses anos ou de momentos que por diversas razões – sendo a mais forte a tenra idade – me passaram entre os dedos de ambas as mãos. A memória fez o seu trabalho. Felizmente que existe a Internet, e o YouTube, e os CD’s regraváveis, e os variadíssimos formatos de áudio que possibilitam a ressurreição de pérolas sonoras que, de outra maneira, estariam irremediavelmente mortas e enterradas para um incontável número de interessados. Todas estas múltiplas possibilidades dão uma outra dimensão ao tempo e à noção de efemeridade que dele temos. Pelo menos, no vasto mundo da música, deixou de haver passado. O passado torna-se vivamente presente e atinge novos ouvidos pela primeira vez. Novo não é o que é recente. Novo é o que nunca foi visto ou ouvido.
Earth and Fire – “Weekend”
Estas imagens datam do dia 29 de Outubro de 1979. É uma canção contemporânea de “Video Killed The Radio Star” dos Buggles e, talvez pelo sucesso dessa canção de Trevor Horn, este tema dos holandeses Earth and Fire tenha obtido menos impacto. Mas ainda assim esta canção “Weekend” foi um grande sucesso e chegou a nº1 em tops. Estoirou em Portugal nos primeiros meses de 1980, exactamente com esta actuação no programa «TopPop» da televisão holandesa [AVRO]. A actuação, num playback descarado e assumido (repare-se: nem um microfone para amostra) ficou como videoclip definitivo (já agora: quem é que toca o Xilofone?). “Weekend” (álbum «Reality Fills Fantasy») foi o maior sucesso de sempre dos Earth and Fire. Uma espécie de one Hit band, numa carreira que começou em 1969 e acabou em 1983.
No que se refere estritamente à música, os Earth and Fire (cujo nome não ajuda, sendo muitas vezes confundido com um outro agrupamento muito mais importante e famoso chamado Earth Wind and Fire) passaram por várias correntes sonoras. Foram tardo-psicadélicos; rock-progressivos; new-wave quanto baste; meio festivaleiros (e até foleiros, muitas das vezes a roçarem a piroseira) em estilo e poses que, se estivessem em Portugal, em nada ficariam a dever a uns ligeiríssimos «Broa de Mel». Nota-se ali ainda uns vagos laivos de Disco-Sound. Mas atingiram o Nirvana à custa deste tema. A letra é, pode-se dizer, banal. Fala de uma mulher que não quer ser amante de fim-de-semana mas que é feliz durante esses dias. Enfim, deve haver milhares de letras parecidas. O que destaca esta canção é o facto de – se calhar sem os Earth and Fire saberem e/ou quererem – estar um passo à frente do que aí vinha (e veio) nos anos 80, particularmente nos primeiros anos dessa década. Eles captaram com incrível precisão e eficácia o ambiente e conceitos The look and the Sound of the eighties.
Eu, que sou um autêntico pé de chumbo, só me apetece dançar (sem a sensual coreografia e sem o fato azul metalizado de Jerney Kaagman) o irresistível refrão pop-kitch de “Weekend”:
Love in a woman’s heart
I wanna have the whole
And not a part
It’s strange that this feeling
Grows more and more
‘Cause I’ve never loved
someone like you before
Pareço uma criança a quem deram um brinquedo. Não sei o que mais dizer sobre isto.
É difícil explicar a sensação que se tem ao tropeçarmos numa coisa destas. Especialmente quando a pensávamos irremediavelmente perdida na bruma do tempo. De repente somos transportados de volta ao baile de garagem, à matinée dançante, à pista de carrinhos de choques ou ao rinque de patinagem, no intervalo das partidas de futebol de salão. Lembramo-nos quando adormecíamos com o ouvido colado ao rádio a pilhas, ouvindo o Quando o Telefone Toca. Foi onde os conhecemos, já lá vão quase trinta anos.
Observem bem a moça, de sua graça Jerney Kaagman, e a sua dança meneante, o visual dos músicos e toda a atmosfera deste feliz momento, captado ao vivo no programa televisivo Toppop, em 29 de Outubro de 1979. E que dizer deste feliz cruzamento entre o reggae e o calypso, obtido pelos holandeses Earth and Fire?
(...)
José Alexandre Pereira
In: http://diasatlanticos.blogspot.com 08 Dezembro 2006
P.S: E agora observem bem a moça, em 2006, pouco mais de 27 anos depois da actuação acima exibida. Eu era uma criança e ela, uma jovem elegante. Agora já vejo a ternura dos quarenta ali ao virar do próximo quarteirão da Avenida da Vida e Jerney está com quase sessenta anos de idade. Ah, pois é…
O tempo não passa. Nós é que somos passageiros do tempo
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
Mais pormenores em: http://comonocinema.blogspot.com/
Ouvir/download/podcast: http://comonocinema.libsyn.com/
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
20 PERGUNTAS/20 RESPOSTAS (II)
Recordo que todas as respostas têm de ser assinadas e autorizadas para publicação; o conteúdo integral das mesmas é da exclusiva responsabilidade dos seus autores; não serão publicadas mensagens anónimas.
Paula Cordeiro, do blogue NetFM:
Caro Francisco, gostei particularmente de algumas perguntas que coloca e, embora não me proponha responder a todas, aqui fica uma primeira colaboração.
Ao ler a primeira pergunta, sorri, uma vez que estive, esta tarde, debruçada sobre a problemática que enuncia, reflectindo sobre a nova "coqueluche" dos formatos radiofónicos nos E.U.A.: o adult hits/Jack,/Bob ou o que lhe quiserem chamar. Estou há cerca de três horas a ouvir a Bob FM (99.9) e concluo que corresponde à sua descrição, nesta primeira pergunta.É assumida e comprovadamente um formato de grande sucesso em terras do tio Sam e, quanto a mim, por uma simples razão: as pessoas que gostam de ouvir a "sua" música, encontram aqui algo que nenhum sistema aleatório (shuffle) consegue - a surpresa. Estejamos a ouvir música em CD, no computador ou através de um leitor áudio digital, a surpresa é limitada. Afinal, fomos nós quem seleccionamos a música. Neste formato, são mais de mil músicas, com uma rotação que evita a repetição. O que falta? Palavra. Pessoas. Contudo, são muitos os que ouvem rádio, apenas para escutar música.
Paula Cordeiro
http://netfm.blogspot.com
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Carlos Manuel Leitão:
01. Por que é que não acabam as “rádios” gira-discos vazias de vozes e de conteúdos?
A maioria delas são controladas pela MCR que não vende as frequências, pois tem medo de que o seu império se esfume.
02. Por que é que o programa «Rittornello», da Antena2, deixou de ter duas horas de emissão?
Raramente ouço Antena 2, acho tudo muito cinzento e monocórdico…
03. Por que é que o programa do Provedor da RDP não tem um horário mais favorável?
Para não espantar a audiência.
04. Por que é que o RCP não se assume claramente como sendo uma rádio informativa em vez de generalista?
Ou muito me engano, ou estamos perante um fenómeno tipo Central FM.
05. E o que é uma rádio generalista?
Uma rádio que vai a todas, sem na pratica ir a nenhuma.
06. Por que é que a TSF não fez o programa especial da revista do ano 2006 – com edição em CD – como fez, excelentemente, nos dois anos antecedentes?
A TSF continua a definhar dia após dia.
07. Por que é que a RFM usa o slogan “Só grandes músicas” se a melhor música de todos os tempos é emitida pela Antena2?
Eu alteraria para “Só musicas chatas” ou “Sempre a mesma cassete”.
08. Por que é que as redacções dos media continuam a “dar” impunemente estágios fantasma (não remunerados) a jovens licenciados só para obterem mão-de-obra de borla?
A culpa é de quem aceita, não de quem propõe.
09. Por que é que continuam a existir tantos – demasiados – cursos superiores de Comunicação Social se o mercado está mais que saturado e não há empregos?
Não é só na comunicação social, esse fenómeno é extensível à generalidade dos cursos, que são pouco ou nada adequados ás ofertas de mercado.
10. Por que é que os accionistas/administrações/proprietários dos órgãos de comunicação social não distribuem dividendos aos seus funcionários (chamam-lhes “colaboradores”) se estes contribuíram decisivamente para os lucros obtidos por essas empresas?
Como cantava Zeca : “Eles comem tudo e não deixam nada”.
11. Por que é que não se redefine e clarifica de uma vez por todas a totalidade da chamada Lei da Rádio?
Isso existe em Portugal? Alguém cumpre?
12. Alguém acredita no cumprimento das quotas de música portuguesa nas rádios?
Já nem no pai Natal…
13. Por que é que o jornalista Francisco Sena Santos não regressa à Rádio?
A Rádio actual é pequena demais para o seu talento.
14. Por que é que o narrador desportivo Fernando Emílio não regressa à Rádio?
Não conheço. Não ouço relatos de futebol há anos.
15. Alguém consegue dar credibilidade aos noticiários da Rádio Renascença, nomeadamente quando informa sobre o referendo ao aborto, sabendo-se que a estação católica é assumidamente contra o aborto?
Antes ser do que parecer.
16. Como é possível que uma rádio como a RFM – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a mais ouvida em Portugal?
Há 20 anos atrás quando o canal foi criado seria inimaginável que o “Outro canal da RR” se tornasse na “nº1 do ouvinte”.
17. E como é possível que a Rádio Renascença – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a segunda mais ouvida neste país?
Há uma década atrás quem dissesse que a Rádio do António Mala seria ultrapassada pela sua irmã mais nova, seria enviado para o manicómio.
18. Por que é que nos órgãos de comunicação social (incluindo a Rádio) se vive com um sistema interno, uma espécie de Apartheid, em que alguns dos que lá trabalham – façam o mal que fizerem – são sempre tratados com as mãos, e outros – façam o bem que fizerem – são sempre tratados com os pés?
Isso reflecte-se no tratamento que têm dado aos melómanos da Rádio: convidam-nos a desligar o Rádio.
19. Por que é que na rádio (não só na rádio) se ouve muitas vezes, por exemplo, isto: “Amanhã, previsão de nuvens a norte (…) e céu limpo a sul”. É linguagem habitual nas previsões meteorológicas para Portugal continental. Ora, a norte de Portugal continental está Espanha (Galiza); Golfo da Biscaia; Irlanda; parte da Escócia; Ilhas Faroé; Mar do Norte; Oceano Glaciar Árctico e o Pólo Norte. A previsão refere-se a qual destas regiões do planeta a norte de Portugal? A sul fica Marrocos e restante costa ocidental africana (hemisfério norte); Ilhas Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha; Oceano Glaciar Antárctico e o Pólo Sul. A previsão do estado do tempo que se ouve na rádio refere-se a qual destas regiões do planeta a sul de Portugal?
Na Rádio actual tudo é uma cassete, desde a música, tempo e informações de trânsito.
20. Alguém responde? Porque é que ninguém responde?
Caro Francisco Mateus, aqui está o meu modesto contributo sobre as enigmáticas questões que colocou acerca do estado actual da Rádio. Saudações Radiofónicas.
Carlos Manuel Leitão.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
20 PERGUNTAS/20 RESPOSTAS (I)
Leitores/"ouvintes" da «Rádio Crítica» quiseram expressar por escrito o seu contributo e ele aqui está publicado. Seguem abaixo as primeiras respostas, da autoria de Carlos Faria.
As respostas estão a azul, mas por elas não passou nenhum lápis da mesma cor.
01. Por que é que não acabam as “rádios” gira-discos vazias de vozes e de conteúdos?
R.: Porque a propriedade das frequências de radiodifusão na nossa terra foi ‘ofertada a medíocres ambiciosos (pedantes). Os melhores do meio (aristocratas) estão de fora. Isto é assim porque a literatura e o jornalismo são as duas forças educativas mais importantes. Ora, os detentores do poder sabem que as pessoas tendem a ver somente a aparência das coisas. Sabem também que para tomar conta da opinião pública, é preciso torná-la perplexa. Isso tem sido feito, usando técnicas de propaganda que exprimem, de diversos lados e pelo tempo que se torne necessário, o maior número possível de opiniões contraditórias. Resultado, o público acaba perdido no seu labirinto e convencido de que, em política, o melhor é não ter opinião. Por outro lado, é sabido que um homem muito agitado perde a faculdade de raciocinar. Facilmente se abandona à sugestão. Então, a fim de que nada consiga pela reflexão, o poder trata de desviar a atenção do público pelos jogos, pelas diversões, pelas paixões, pelas casas da ‘celebrocracia’, criando uma literatura louca, suja, abominável, entre torpezas que tais. Uma vez aniquilado o hábito de pensar, (a reflexão cria a oposição), passa-se à distracção das forças do espírito em vãs escaramuças de eloquência, tocando as cordas mais sensíveis da alma humana: o cálculo, a avidez, a insaciabilidade dos bens materiais, todas essas fraquezas humanas, cada qual, capaz de abafar o espírito de iniciativa, pondo a vontade dos homens à disposição de quem compra a sua actividade. E com esse tipo de propaganda se molda um povo entregue a si próprio, isto é, aos ambiciosos do seu meio, sujeito ao jugo dos açambarcadores, dos velhacos enriquecidos, que o oprimem de modo impiedoso. A influência ‘perniciosa da imprensa particular - que poderia alertar o público para a covardia, a instabilidade, a inconstância da multidão, a sua incapacidade para compreender e discernir as condições da sua própria vida e da sua prosperidade – é assim magistralmente neutralizada. Para os mentores desta estratégia de poder pelo poder, os fins justificam os meios. Eles consideram-se providenciais. É curioso notar que o homem que promoveu a liberalização da Rádio na nossa terra ocupa hoje o topo da hierarquia do Estado. Eleito apenas por 35% da população é a consagração clara do reino da mediocridade - que é o próprio de quem ‘nunca se engana, nem comete erros. No entanto, a democracia significa votarmos na pessoa que consideramos melhor para o trabalho...
02. Por que é que o programa «Rittornello», da Antena2, deixou de ter duas horas de emissão?
R.: Se calhar a Cultura, assim de um trago, pode tornar-se ‘indigesta...
03. Por que é que o programa do Provedor da RDP não tem um horário mais favorável?
R.: Podia alguém ouvir e, ao que parece, as pessoas «não gostam de muita realidade»...
04. Por que é que o RCP não se assume claramente como sendo uma rádio informativa em vez de generalista? R.: Desculpa a pergunta, o RCP, é uma rádio informativa?...
[A razão de ser desta questão prende-se com notícias vindas a público sobre o novo modelo do RCP, que tem o perfil de uma Rádio Informativa, mas o novo modelo – que era para ser posto em prática a partir do dia 15 deste mês – foi adiado para o dia 29. Nessas notícias vindas a público, o director Luís Osório afirmou que o RCP seria, todavia, uma rádio generalista].
05. E o que é uma rádio generalista?
R.: Deve ser o que a ‘generalidade dos pedantes entende por tudo o que não seja Antena2.
06. Por que é que a TSF não fez o programa especial da revista do ano 2006 – com edição em CD – como fez, excelentemente, nos dois anos antecedentes?
R.: Porque, afinal, a TSF serviu apenas para acabar com o monopólio da Rádio detido pelo Estado e pela Igreja Católica, dando lugar ao exemplo mais caótico de exploração comercial da Rádio que até hoje me foi dado conhecer.
07. Por que é que a RFM usa o slogan “Só grandes músicas” se a melhor música de todos os tempos é emitida pela Antena2?
R.: «Se Deus não fosse um absurdo, quem lhe ligaria importância ou acreditaria nele?» (Teixeira de Pascoaes)
08. Por que é que as redacções dos media continuam a “dar” impunemente estágios fantasma (não remunerados) a jovens licenciados só para obterem mão-de-obra de borla?
R.: A pergunta já dá a resposta: TRABALHO ESCRAVO!
09. Por que é que continuam a existir tantos – demasiados – cursos superiores de Comunicação Social se o mercado está mais que saturado e não há empregos?
R.: Assim se controla a Informação. Com uma oferta maior que a procura se garantem redacções ‘domesticadas e funcionais, ao mesmo tempo que se cria um ‘exército de jornalistas famélicos dispostos a tudo – até a alugar a pluma.
10. Por que é que os accionistas/administrações/proprietários dos órgãos de comunicação social não distribuem dividendos aos seus funcionários (chamam-lhes “colaboradores”) se estes contribuíram decisivamente para os lucros obtidos por essas empresas?
R.: Deixa-me rir... Já ouviste falar em ‘mais valia, por certo. Bem, isso é assunto de capitalista. Jornalista não entra! (Para nos consolarmos, sempre podemos ir trauteando o “Imagine” do Lennon.)
11. Por que é que não se redefine e clarifica de uma vez por todas a totalidade da chamada Lei da Rádio?
R.: Nada há que clarificar. Há apenas que aplicar. Clarificá-la só serviria para a tornar ainda mais ‘embrulhada. Devemos evitar ‘enredarmo-nos’ nesse argumento. É um falso argumento criado por aqueles que controlam os media e, pasme-se, disseminado pelos próprios jornalistas. Os jornalistas dignos desse nome deveriam, antes, averiguar a origem dessa ideia. Ao descobrirem a sua fonte, perceberão a manipulação, pois o Poder é exercido por aqueles que possuem e controlam os media. Quando ouço falar das «dificuldades das rádios locais» em Portugal, eu que comecei a fazer rádio numa estação local de Luanda, interrogo-me sempre por que carga de água é que as rádios aqui em Portugal, - que são também empresas comerciais -, não rendibilizam os seus tempos de antena, alugando-os a produtores independentes que os queiram explorar... A Lei da Rádio impede os proprietários de o fazerem? Bem, então, não se pode falar em rádios locais. Nem regionais, nem o que quer que seja. Apenas numa caricatura disso.
12. Alguém acredita no cumprimento das quotas de música portuguesa nas rádios?
R.: Eu acredito. Tal como acontece com a Rádio italiana, espanhola, francesa, etc., é possível passar só música portuguesa ou cantada em Português. Na verdade, existe produção discográfica em língua portuguesa bastante para preencher milhares de horas de emissão de qualquer estação ‘generalista. Agora, é preciso que se entenda que a música portuguesa não começa no “Chico Fininho” do Rui Veloso. E que brasileiros, angolanos, moçambicanos, guineenses, santo-menses e até cabo-verdianos (não obstante, estes, cantarem sobretudo em crioulo) também cantam em Português. A menos que, por música portuguesa, se entenda apenas fado e folclore... Se a Antena1 se lembrasse disto, lá se volatilizaria a liderança da RFM éter afora, mais as suas ‘grandes músicas que eu ouço aqui em Londres na BBC2 em primeira mão e lá se acabava a ’colonização anglo-saxónica tão do agrado dos preguiçosos portugueses a soldo das multinacionais da indústria fonográfica.
13. Por que é que o jornalista Francisco Sena Santos não regressa à Rádio?
R.: Porque o modelo de Rádio (Informação) sensacionalista, tartamudeante, histérica, ansiosa e trapalhona que o Sena Santos protagonizou até finais do século passado se esgotou com ele próprio. Sena Santos não é o único equívoco de ‘grande jornalista (não há grandes jornalistas mas, ‘jornalistas dignos desse nome simplesmente) em Portugal. Tal como todos os outros, ele é a prova de como aqueles que controlam os media na nossa terra têm sido bem sucedidos em tornar as massas perfeitamente amorfas em relação à Rádio. O desgaste sistemático da estética radiofónica em Portugal afastou os ouvintes deste medium, migrando para a televisão no que respeita às suas necessidades de informação, formação e recreação. Ora, isto é uma ficção. A Rádio continua a ser o mais poderoso meio de comunicação em todo o mundo dadas as suas características. É transversal: atinge indistintamente intelectuais e analfabetos, velhos e jovens, mulheres e crianças; é instantânea: transmite a informação imediatamente, sem demoras, quando e onde quer que se esteja - ao contrário da televisão cuja característica principal (imagem) é redutora, obrigando a que se lhe preste exclusiva atenção. Mesmo essa frase feita de ‘uma imagem vale mil palavras é uma corruptela do Tao. A ‘imagem aí referida não é física (pictórica), mas a que se obtém por analogia. Tal como quando o Cristo fala em dar a outra face (da moeda, é claro!) e não a do rosto.
14. Por que é que o narrador desportivo Fernando Emílio não regressa à Rádio?
R.: Não sei quem é esse camarada. Provavelmente, porque deixou de ter valor comercial na lógica dominante das cifras: ‘máximo rendimento com o mínimo investimento.
15. Alguém consegue dar credibilidade aos noticiários da Rádio Renascença, nomeadamente quando informa sobre o referendo ao aborto, sabendo-se que a estação católica é assumidamente contra o aborto?
R.: A credibilidade da RR é igual ao postulado da Igreja que anda há mais de 2000 anos a dizer que está aqui para acabar com a pobreza. Uma missão suicidária, de resto, pois se o conseguisse acabaria também a sua razão de ser. A verdade, é que todas as formas de religião organizada visam apenas a luta pelo PODER. Nada têm a ver com religio (aquilo que nos ‘re-liga’) enquanto seres humanos.
16. Como é possível que uma rádio como a RFM – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a mais ouvida em Portugal?
R.: Já respondi na n.º13.
17. E como é possível que a Rádio Renascença – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a segunda mais ouvida neste país?
R.: «A religião é o ópio do povo»...
18. Por que é que nos órgãos de comunicação social (incluindo a Rádio) se vive com um sistema interno, uma espécie de Apartheid, em que alguns dos que lá trabalham – façam o mal que fizerem – são sempre tratados com as mãos, e outros – façam o bem que fizerem – são sempre tratados com os pés?
R.: É a lei da selva. A natureza do mais forte. O princípio de que ‘quem não está connosco, é contra nós.
19. Por que é que na rádio (não só na rádio) se ouve muitas vezes, por exemplo, isto: “Amanhã, previsão de nuvens a norte (…) e céu limpo a sul”. É linguagem habitual nas previsões meteorológicas para Portugal continental. Ora, a norte de Portugal continental está Espanha (Galiza); Golfo da Biscaia; Irlanda; parte da Escócia; Ilhas Faroé; Mar do Norte; Oceano Glaciar Árctico e o Pólo Norte. A previsão refere-se a qual destas regiões do planeta a norte de Portugal? A sul fica Marrocos e restante costa ocidental africana (hemisfério norte); Ilhas Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha; Oceano Glaciar Antárctico e o Pólo Sul. A previsão do estado do tempo que se ouve na rádio refere-se a qual destas regiões do planeta a sul de Portugal?
R.: Desgaste da rotina, quiçá. Chega-se a um ponto em que o significado já não tem significância; deixa-se de crer na bondade do que se está a fazer.
20. Alguém responde? Porque é que ninguém responde?
R.: Aqui tens. E podes publicar. Porque gosto de gente com inquietações – uma das características dos jornalistas dignos desse nome.
Quem quiser continuar a dar respostas, pode fazê-lo para o correio electrónico: radiocritico@sapo.pt.
Não serão publicadas mensagens anónimas.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
Agora escolha
Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2007
Das 19:00 às 20:00, o mesmo homem em dois locais ao mesmo tempo.
O músico J.P.Simões na TSF em entrevista (não anunciada como sendo gravada) e o músico J.P.Simões na Antena3 (em directo) no fórum interactivo «Prova Oral».
O dom da ubiquidade na Rádio. Para um ouvinte comum, no natural comportamento do zapping, que é o que quase toda a gente faz, o que sentirá? Ficará confuso? Talvez sim, e com toda a razão. As duas conversas em questão tiveram o mesmo motivo: o lançamento – nesse dia – no mercado do primeiro disco a solo «1970» do ex-líder dos Belle Chase Hotel.
Ser maior não significa ser melhor. Semanas antes, o mesmo motivo e o mesmo homem esteve também na Rádio no programa «Fala com Ela» de Inês Meneses na Radar e, nesse dia, J.P Simões não foi ubíquo.
Mais: o disco de J.P. Simões é cantado em português e é bom. Muito bom mesmo, ou seja, reúne todas as condições para ser marginalizado pelos poluídos éteres nacionais. J.P. serve para conversas simultâneas nas rádios, mas o mesmo J.P. (em disco) já não serve para passar nas mesmas rádios que lhe soltaram falas. Lá ouviremos um singlesito ou outro. Nada mais do que isso. Daqui a poucas semanas ou poucos meses, «1970» (disco) será – por diferentes razões – menos recordado que 1970 (ano).
sábado, 13 de janeiro de 2007
Há 20 anos as notícias de hoje
Vítor Soares foi um dos nomes históricos da Rádio portuguesa, nomeadamente na Rádio Comercial durante a década de 80. Foi profissional de Rádio durante 35 anos e afastou-se há pouco tempo.
Este noticiário é um dos vários registos sonoros da década de 80 recebidos ao longo dos últimos meses aqui na «Rádio Crítica».
Ouvir aqui
(Este registo permanecerá em linha até ao fim deste mês)
Faz hoje 20 anos, o mau tempo atacava fortemente Portugal, ventos fortes atingiram os 70 quilómetros por hora durante a madrugada e esse rigoroso Inverno matava pessoas na Europa e Ásia ocidental. No mundo vivia-se em plena Guerra-fria; o Iraque estava a ferro e fogo com o Irão, Khomeini (aos 86 anos) estava a perder capacidades físicas; Portugal vendia armamento aos contras da Nicarágua; a justiça nacional – tal como hoje – funcionava com grandes deficiências; nascia a Agência Lusa; a moeda era o Escudo; etc, etc.
Nesta edição ouve-se a intervenção do jornalista João Carlos Barradas, actualmente comentador de política internacional na TSF; a intervenção a partir de Roma da jornalista Manuela Paixão (o que é feito dela?) e o correspondente Virgílio de Lemos (o que é feito dele?) em Paris. Repare-se ainda nos anúncios publicitários da época, abrindo, intercalando e fechando o bloco noticioso.
Em pouco mais de catorze minutos, o país e o mundo há vinte anos.
Registos
Leitores/"ouvintes" da «Rádio Crítica» responderam ao repto aqui lançado há meses. Esparsa no tempo, tem chegado até mim uma já apreciável quantidade de registos. São programas de rádio já extintos, pedaços de rádio indistinta, programas inteiros, outras emissões e até noticiários. Quase todos os registos sonoros são da década de 80, que era o que se pedia. Nem todos reúnem a qualidade mínima para serem aqui difundidos, outros não acrescentam nada e estão descontextualizados de tudo. São apenas pedacinhos de emissões, com vozes cortadas e som roufenho. É, apesar de tudo, louvável a atitude destes ouvintes que assim quiseram disponibilizar o que puderam. A todos, o meu muito obrigado. Há no entanto sons muito interessantes, com elevado grau de qualidade e de grande interesse. A única desvantagem – e aqui o problema já me pertence – é que não disponho de meios técnicos para os publicar na «Rádio Crítica». Todos os registos que me foram (ou continuarem a ser) enviados têm de ser em formato MP3. De outro modo, e com muita pena minha, não os poderei reproduzir. No entanto, os sons que não estejam em formato MP3 ficarão religiosamente guardados à espera da primeira oportunidade técnica que tenha para os colocar em linha.
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
Destaque para Récitas de libretos das óperas «Aída; «Rigolletto», «La Traviata», «Il Trovatore», «Nabucco», «Macbeth» e «Othello».
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quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
E agora, Rádio?
O iPhone chega à Europa no fim do ano: permite ouvir música e ver vídeos, tem um sistema operativo de computador, Internet e também serve para conversar.
E agora, Rádio? Adversário ou parceiro?
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
20 PERGUNTAS PARA 2007
01. Porque é que não acabam as “rádios” gira-discos vazias de vozes e de conteúdos?
02. Porque é que o programa «Ritornello», da Antena2, deixou de ter duas horas de emissão?
03. Porque é que o programa do Provedor da RDP não tem um horário mais favorável?
04. Porque é que o RCP não se assume claramente como sendo uma rádio informativa em vez de generalista?
05. E o que é uma rádio generalista?
06. Porque é que a TSF não fez o programa especial da revista do ano 2006 – com edição em CD – como fez, excelentemente, nos dois anos antecedentes?
07. Porque é que a RFM usa o slogan “Só grandes músicas” se a melhor música de todos os tempos é emitida pela Antena2?
08. Porque é que as redacções dos media continuam a “dar” impunemente estágios fantasma (não remunerados) a jovens licenciados só para obterem mão-de-obra de borla?
09. Porque é que continuam a existir tantos – demasiados – cursos superiores de Comunicação Social se o mercado está mais que saturado e não há empregos?
10. Porque é que os accionistas/administrações/proprietários dos órgãos de comunicação social não distribuem dividendos aos seus funcionários (chamam-lhes “colaboradores”) se estes contribuíram decisivamente para os lucros obtidos por essas empresas?
11. Porque é que não se redefine e clarifica de uma vez por todas a totalidade da chamada Lei da Rádio?
12. Alguém acredita no cumprimento das quotas de música portuguesa nas rádios?
13. Porque é que o jornalista Francisco Sena Santos não regressa à Rádio?
14. Porque é que o narrador desportivo Fernando Emílio não regressa à Rádio?
15. Alguém consegue dar credibilidade aos noticiários da Rádio Renascença, nomeadamente quando informa sobre o referendo ao aborto, sabendo-se que a estação católica é assumidamente contra o aborto?
16. Como é possível que uma rádio como a RFM – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a mais ouvida em Portugal?
17. E como é possível que a Rádio Renascença – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a segunda mais ouvida neste país?
18. Porque é que nos órgãos de comunicação social (incluindo a Rádio) se vive com um sistema interno, uma espécie de Apartheid, em que alguns dos que lá trabalham – façam o mal que fizerem – são sempre tratados com as mãos, e outros – façam o bem que fizerem – são sempre tratados com os pés?
19. Porque é que na rádio (não só na rádio) se ouve muitas vezes, por exemplo, isto: “Amanhã, previsão de nuvens a norte (…) e céu limpo a sul”. É linguagem habitual nas previsões meteorológicas para Portugal continental. Ora, a norte de Portugal continental está Espanha (Galiza); Golfo da Biscaia; Irlanda; parte da Escócia; Ilhas Faroé; Mar do Norte; Oceano Glaciar Árctico e o Pólo Norte. A previsão refere-se a qual destas regiões do planeta a norte de Portugal? A sul fica Marrocos e restante costa ocidental africana (hemisfério norte); Ilhas Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha; Oceano Glaciar Antárctico e o Pólo Sul. A previsão do estado do tempo que se ouve na rádio refere-se a qual destas regiões do planeta a sul de Portugal?
20. Alguém responde? Porque é que ninguém responde?
Nota: Se alguns dos leitores/"ouvintes" da «Rádio Crítica» quiserem responder e, se para isso derem a devida autorização, serão publicados aqui os contributos recebidos através do e-mail: radiocritico@sapo.pt
Não serão publicadas mensagens anónimas.
domingo, 7 de janeiro de 2007
Uma viagem de comboio à janela da vida, por paisagens e sons que se entrelaçam como no cinema. Destaque para textos de Almeida Garrett da obra “Viagens na Minha Terra”.
"Viagem de Comboio" é a mais recente emissão do programa «Como no Cinema» agora disponibilizada pela primeira vez na Internet.
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O que eles dizem (22)
Há muita melancolia na blogosfera. Sempre achei.
Carla Quevedo
In: Bomba Inteligente