sexta-feira, 28 de setembro de 2007
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Durante quase um ano, estiveram semanalmente disponíveis pela primeira vez na Internet, 39 (mais um inédito) das 57 emissões realizadas na TSF nos anos de 2000 e 2001.
Tal como sucedeu com tantas e fascinantes salas de cinema pelo país fora, também as portas do cinema na rádio se fecharam.
You will come. There is only the desert for you.
Mas o deserto não é o fim da linha nem a última fronteira. Daqui a duas semanas, o início de uma outra e nova série – muito diferente desta – com outro nome, outro conceito e um novo podcast.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
O canto do cisne foi anunciado por Mário Fernando aos microfones do CMR – Correio da Manhã Rádio (foi onde ouvi) em Setembro de 1987. Nos órgãos de comunicação social não há nem boas nem más notícias. Há notícias e ponto final. Se são boas ou más depende de quem as ouve. Para mim, que gostava (e gosto) dos Smiths foi uma péssima notícia. Para quem não gostava da banda de Morrissey e Johnny Marr, terá sido uma boa notícia. Quer num caso ou noutro, os Smiths têm um lugar na história da música popular da segunda metade do século XX. Depois dos Beatles e dos Rolling Stones, foram, pelo menos até hoje, a banda mais importante do Reino Unido.
E, todavia, apesar da importância, os Smiths ouvem-se pouco (quase nada) nas nossas rádios. É uma questão apenas de memória, falta dela ou falta de (bom) gosto?
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
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Na próxima semana, a última emissão da série «Como no Cinema», intitulada "O Deserto".
Coisas do Verão 2007 (15)
João Gilberto - Estate
Estate
Sei calda come i baci che ho perduto
Sei piena di un amore che è passato
Che il cuore mio vorrebbe cancellare
Estate
Il sole che ogni giorno ci scaldava
Che splendidi tramonti dipingeva
Adesso brucia solo con furore
Tornerà un altro inverno
Cadranno mille pètali di rose
La neve coprirà tutte le cose
E forse un po' di pace tornerà
Estate
Che ha dato il suo profumo ad ogni fiore
L' estate che ha creato il nostro amore
Per farmi poi morire di dolore
Estate
Coisas do Verão 2007 (14)
Outras (mais) memórias do verão de há 20 anos
Junho de 1987: o meu primeiro contacto directo com a Rádio. Um pequeno estúdio ao cimo de uma escadaria de madeira e um teste de voz. A canção em português de Portugal que mais se ouvia naqueles dias era “40 Graus à Sombra” dos Radar Kadafi e a rádio sensação era o CMR – Correio da Manhã Rádio, então uma novidade fresca, ainda pirata e, em poucos meses, modular para todos os presentes. Comigo estavam pessoas que também viriam a ser profissionais de rádio. Ainda hoje andam por aí, espalhados pelo mercado nacional dos media. Outros seguiram outras profissões, muitos mudaram de vida, de ramo, de meio, de cidade e até de país.
Sem saudosismos. Foi o início material do que se seguiu até hoje. Antes, toda uma vida a ouvir do lado de fora. E continuo.
Mais e melhor sobre o afastamento de António Sérgio da Rádio Comercial descrito por Miguel Esteves Cardos no jornal PÚBLICO na segunda-feira desta semana. Depois, depoimentos de figuras conhecidas e alguns ecos através da blogosfera.
A música de António Sérgio é a melhor
PÚBLICO 17.09.2007
Na madrugada deste último sábado António Sérgio conduziu a última emissão do programa Na Hora do Lobo na Rádio Comercial, que decidiu não o integrar na nova grelha da estação. Os admiradores assumidos só esperam que alguma rádio sortuda se apresse a pôr o lobo a uivar outra vez. E Miguel Esteves Cardoso deixa aqui tudo dito
António Sérgio nunca esteve bem em qualquer estação de rádio. Mesmo quando a rádio era rádio. Porque António Sérgio é uma estação de rádio andante e uma estação não cabe noutra estação. Para mais, é uma estação hostil às outras, contra as quais exerce uma guerrilha permanente. Mais do que meramente ingovernável - ou até uma oposição paciente - António Sérgio e a indissociável Ana Cristina Ferrão são um governo em exílio permanente. E com uma imperdoável agravante: é assim que gostam. E é nisso que insistem teimosamente. É lindo. Os espanhóis da Prisa fizeram bem em despedi-lo. Estando livres de gratidão, memória ou preocupações da representação da boa música em Portugal, tiveram a coragem que faltou aos antecessores portugueses, ainda demasiado constrangidos pelo reconhecimento e pelo medo da superioridade musical de António Sérgio. É importante frisar que não é de agora a tanga do mercado nem o fado do fim da rádio. António Sérgio só durou até 2007 porque se recusou a ir embora. Desde os anos 70 que agentes sorrateiros se agacham atrás dele, tentando puxar-lhe a cadeira, a ver se cai. Mas o homem sempre esteve ocupado de mais para reparar. Fincou os pés, sacou dos discos e fez o que sempre fez: o que lhe estava na real gana. De resto o desprezo pode ser a mais bela das distracções. Ajudou também o facto de António Sérgio ser o melhor divulgador de música popular do nosso tempo - John Peel era magnífico mas tinha lapsos de gosto. Muito se perdoa a quem escolhe música boa tão bem, durante tanto tempo, com tanta arte e tanta inteligência. A música de António Sérgio é a melhor e está tudo dito. Claro que é preciso gostar de boa música - e de querer descobrir boa música nova - para perceber a grandeza e a utilidade brutal de António Sérgio. A nostalgia é um argumento inimigo. Hoje há muito mais música boa e muito mais música nova do que nos anos 80 ou 60. Mas continua a ser 0,1% de toda a música que se faz. Essa proporção continua a mesma. O que mudou é a atitude geral da população. Dantes, a ignorância inibia e produzia falsos respeitos por quem se suspeitava "ter conhecimentos". Havia seguidismos acéfalos e dependências paralisantes, tudo exacerbado pelas dificuldades e desigualdades de acesso à música. Havia mestres: era inevitável. ("Mestres" no mau sentido, de professorzinhos de província.) Na rádio as directrizes dos mestres eram obviamente inseparáveis do acesso à música para que nos dirigiam. Não era bom - até porque os mestres eram mais do que muitos e geralmente pomposos e autoritários, para não falar nos vendidos. Mas é inegável que, entre os pouquíssimos capazes de descobrir e defender música boa, o maior era e é António Sérgio. Por definição é um anti-mestre, desinteressado do tráfego de influências e da concordância dos seguidores. Digo mal desse tempo - que era também o meu - para poder absolvê-lo do maior defeito dos tempos de hoje, apesar de serem musicalmente mais vastos e empolgantes: o relativismo ignorante. É ele que acaba por explicar a atmosfera que leva à lata de despedir António Sérgio. Segundo o relativismo ignorante, ninguém pode dizer se uma música é boa ou não. É tudo uma questão de gosto. Depende das circunstâncias. Depende da idade. Às vezes sabe bem uma coisa que, noutra altura, sabe mal. Cada um é como é e aquilo que agrada a um... perdoem-me se me fico por aqui no blá blá blá. Tem ou não tem graça como esta atitude coincide exactamente com a conveniência comercialista do cliente ter sempre razão; que os números não mentem; que os ouvintes é que sabem; que os anunciantes é que pagam e quem somos nós para dizer que não está bem assim? O pior é que esta humildade é uma subserviência e este deixar decidir, este respeito pelos gostos dos outros, é uma gulosa cobardia. Que vai acabar mal - porque quanto mais a rádio se recusa a ser minoritária mais as minorias vão fugir dela. O problema da massificação é que as massas não existem para depois virem agradecer o que se fez por elas. A apologia do tudo-vale confunde-se sempre com a santificação da ignorância e daí até dizer que António Sérgio sabe escolher música tão bem como eu vai um passinho. A verdade é que sabe muito mais. Escolhe muito melhor. Arrisca mais e engana-se menos. É simples: António Sérgio sabe mais de música popular - no sentido de saber escolhê-la, que é o único que interessa - do que qualquer outra pessoa. É por haver tanta música hoje - e tanto acesso - que a sabedoria selectiva de António Sérgio é mais valiosa e necessária do que nos tempos ditos áureos em que, verdade se diga, não era assim tão difícil separar o trigo do joio. A música de António Sérgio é como a boa música: não se deixa interromper. É ele que não deixa. O homem sabe o que vale e o que tem de fazer. É escusado atravessarem-se no caminho dele. O que menos interessa é a estação de rádio. A música de António Sérgio é a melhor e está tudo dito. Se calhar foi isso que custou à Rádio Comercial engolir. Não soube suportar o desprezo, talvez por saber que o merecia. Às vezes, quando existe uma pontinha de vergonha, é desagradável ter, mesmo ali ao lado, um exemplo tão claro de dignidade. De estatura. Desmotiva muito. Faz lembrar coisas que conviria esquecer, que atrapalham a marcha para a capitulação final. Vai ter sorte a estação de rádio onde voltará a tocar a música de António Sérgio. Mas que fique desde já avisada que escusa de tentar desviar a caminhada do bicho. Em vão agitará no corredor papéis com números de audiências ou os amoques de focus groups. É escusado implorar-lhe que oiça "sem preconceitos" os CD de merda que vos interessa impingir. Não vale a pena atirar-lhe com a história dos tempos terem mudado. Os tempos sim; a rádio outrossim; mas a urgência de descobrir e defender a música boa é a mesma de sempre. Ou maior ainda, dada a massificação da própria desistência de escolher e divulgar a música que vale a pena. E não há ninguém que saiba fazer isso melhor do que António Sérgio. Que não faz outra coisa desde que faz rádio. Que não fará outra, mesmo que tentem impedi-lo. Para nosso bem - e, sobretudo, para bem de quem ainda não se sabe quem. Ou então não - nem isso é preciso. A música de António Sérgio é a melhor e está tudo dito. Haja pressa em poder ouvi-la e saber dela outra vez.
Depoimentos
PÚBLICO 17.09.2007
Danças com Lobos
Das Danças - Em 1979, com a Rádio Comercial no seu início, lançámos o conceito de grelha de programas. Pela primeira vez uma estação organizava a sua programação com objectivos definidos, alvos identificados e criadores em antena. A Onda Média diferente do FM, com grupos etários, sociais e culturais diversos, tentando, na mesma emissora, a convivência entre contrários. Um espelho da própria sociedade. Um reflexo devolvido de uma forma pensada, dirigido à emoção e à razão. Fazendo, finalmente, parte da vida das pessoas. Nesse espaço fizeram-se em OM novos programas de culto: Grafonola Ideal e Febre de Sábado de Manhã do Júlio Isidro, mas mantiveram-se marcas como os Parodiantes de Lisboa, ou Quando o Telefone Toca. Em FM o Rock em Stock do Luís Filipe Barros, o Café Concerto da Maria José Mauperrin, o Morisson Hotel do Rui Morisson foram também novos programas de culto, mas mantivémos a marca do Em Órbita do Jorge Gil. Muitos outros tiveram sucesso : Pão com Manteiga do Carlos Cruz, Flor do Éter e Rebéubéu Pardais ao Ninho do Herman José, Country Music do Jaime Fernandes, Os Cantores do Rádio do José Nuno Martins e, já agora, os que fiz com Maria Elisa Fogo Cruzado, com Miguel Esteves Cardoso Trópico de Dança, ainda com o MEC e com David Ferreira e Margarida M. de Mello Escola do Paraíso, ou as Marcas de um Século com o João Alfacinha da Silva, para dar alguns exemplos. Mas de todos, em termos de verdadeiro culto, nenhum superou as emissões/emoções do António Sérgio: Som da Frente, Lança-Chamas, Rolls Rock. Cumpre reconhecer, no entanto, que hoje, passados mais de 20 anos, nas danças e andanças de programas, uma rádio privada tem opções que nem sempre se compadecem com programas de culto. Dos Lobos - Se calhar foi por isso que o Pedro Ribeiro, um grande profissional de rádio, teve que acabar com o programa do Sérgio, que afinal já não se chamava (que pena!) Hora do Lobo, mas Nas Horas. E ele há horas infelizes! A MCR passa por uma delas. Acaba de dispensar uma das poucas referências que restam na Rádio Portuguesa. Encontrei o Sérgio nos anos 70, no meio do movimento punk, convidei-o para a Comercial, ainda na fase do Rotações e depois foi a explosão da música, vibrante, intimista, pesada, insólita, diferente, criativa, o verdadeiro som da frente. Foi sempre essa, afinal, a marca do António Sérgio : um homem do som, na frente. Um lobo solitário, que teve a sua hora em várias horas. Nas horas más, como agora, os lobos recolhem-se, mas não esquecem. Regressam inexoravelmente. E o António vai ter que voltar! Já que há RDP (olá Rui Pego) espero que em breve o António Sérgio continue a dar o som da frente e a lançar chamas de novo, nas horas da Antena 3. Na Hora do Lobo. Será um serviço público e de defesa do ambiente. Olhem que os lobos têm que ser protegidos porque, pelos vistos, estão em vias de extinção!
João David Nunes
Antigo director da Rádio Comercial
Um farol solitário
Vou ser tendencioso. Da Media Capital - a empresa-mãe da Comercial - não gosto nada. Do António Sérgio só posso dizer bem. Há mais de trinta anos vejo nele a mesma pessoa informada e com a paixão da música que encontrei há dez semanas no Festival da Lusofonia (diz-se que também vai fechar... será possível?!); o Sérgio lá estava - quase só, como de costume, no que toca a radialistas - a ouvir mais longe: e a noite de Kalaf e os Poetas gloriosamente provaria que mais uma vez o instinto o não enganara. O Sérgio descobriu, do inesperado posto de observação que era a Renascença de meados dos anos 70, o punk. Depois, o João David pescou-o para a Comercial e deu-lhe o que é preciso dar a pessoas assim, mãos livres; anos mais tarde, o Luís Montez faria o mesmo. O Sérgio virou farol, abriu ouvidos e apoiou bandas novas, com aquele entusiasmo juvenil hoje tão raro de encontrar. E farol muitas vezes solitário, ainda mais valioso por isso mesmo. Até voltar à antena - que seja depressa! - vai fazer muita falta.
David Ferreira
Ex-director da EMI-Valentim de Carvalho
Aquele "gravão" que me enche as medidas
É uma pena [o programa sair de antena]. Perde-se um grande divulgador e deixamos de ouvir aquela voz vincada, que me é muito agradável. A figura do António Sérgio acorda em mim recordações de quando me liguei ao movimento Punk, em 1978. Ele foi o primeiro a começar a divulgação daquele tipo de música. Foi um tempo curioso. Éramos para aí uns 20, em Lisboa, que ouvíamos sagradamente o António Sérgio, ainda quando ele estava julgo que na Rádio Renascença. Desde então para cá ele tornou-se importantíssimo na minha carreira. Tornámo-nos amigos. É uma personalidade com um grande conhecimento do rock&roll. Tem um ouvido e uma sensibilidade especiais para descobrir o que há de novo e aquilo que vai ser importante. E tem uma voz impecável. À tarde já era boa, mas é especialmente adaptada à noite, com aquele "gravão" todo, que me enche as medidas.
Zé Pedro
Guitarrista dos Xutos & Pontapés
Blogues em papel
PÚBLICO 18.09.2007
Go West
http://o-blog-preto.blogspot.com/
Querido dinossauro de muito pêlo, o António Sérgio. Chegava a escolher a música nova só pelo nome da banda. Faro de verdadeiro Lobo. Agora, um rapazote velho e meio-néscio despediu-o. Oh éter, oh tempo! E o MEC, outro estimado pioneiro, presta-lhe público e honroso tributo. Uivemos!
Com o ouvido colado ao rádio
http://pausa.wordpress.com/
É certo que a rádio não pode voltar a ser o que era. Eu ouço-a com a distância dos quase 20 anos que me separam das noites que passei com o ouvido colado ao rádio a ouvir o Morrison Hotel e o Som da Frente. Nem tenho bem a certeza do que significa o nome do António Sérgio para quem ouve rádio nos dias de hoje. Mas vai ser estranho passar a associar a voz dele apenas às promoções da SIC, tal como hoje é impossível não associar a voz do Morrison ao sítio do costume.
Recordando a homilia
http://rupturavizela.blogs.sapo.pt/
O maior programa de Música na Rádio Som da Frente era escutado como se de uma homilia se tratasse. Bons tempos. Da mesma altura outro ícone da Rádio era Luís Filipe Barros com o seu Rock em Stock. Quem não ouvia estes dois programas não sabia nada deMúsica Moderna.
A Comercial não merece as ondas hertzianas que respira
http://girls-go.blogspot.com/
É o que acontece quando dão razão ao Princípio de Peter, que diz: "Toda a gente é promovida até ao cúmulo da sua incompetência."Sei que gostos não se discutem. Mas sempre achei (eu. É a minha opinião) que o Pedro Ribeiro era um animador de rádio mediano. A puxar para o medíocre. A fórmula que não resultou antes, quando pegaram no Pedro Tojal e fizeram de um animador de uma rádio director de uma outra e todos os absurdos que daí advieram não parecem ter ensinado nada aos senhores da Comercial. Tanto, que insistiram no erro, piorando aquilo que parecia já não ter possibilidade de passar de mau a péssimo, e promovem o tal mediano a director da Rádio. E qual a sua atitude de gestão brilhante? Dispensar aquele que todos os que alguma vez trabalharam com ele chamavam "Mestre". A minha opinião é que uma rádio que não tem lugar para o Senhor António Sérgio não merece as ondas hertzianas que "respira". Passe ou não o meu blog.Para o senhor d"A Hora do Lobo: espero ouvi-lo rapidamente num sítio onde o mereçam.
António Sérgio sai de antena
Após 10 anos ininterruptos de presença "no ar" nas rádios do Grupo MCR), como realizador do programa A HORA DO LOBO (rebaptizado em 2006 pela Direcção de Programas como "Nas Horas"), António Sérgio não integrará a nova grelha da Rádio Comercial.
A última emissão do "Lobo" acontece na madrugada (01:00h-03:00h) de sábado, 15 de Setembro de 2007.
Breve historial da obra de António Sérgio na Rádio em Portugal:
Realizador do programa Rotação (RR) em 1977, António Sérgio abriu o universo radiofónico português a novos sons e estilos que elegem a música como a "estrela da companhia".
Em 1980 mudou-se para a Rádio Comercial onde realizou os programas seminais Rolls Rock e Som da Frente.
Em 1993 participa na criação da XFM, a rádio para uma imensa minoria, que nasceu no seio do grupo TSF. Aí aventurou-se, nos horários diurnos da manhã e da tarde, navegando pelo Grande Delta.
Realizou ainda o primeiro programa da rádio portuguesa dedicado ao Hard rock / Heavy Metal: o Lança Chamas habitou a Rádio Comercial e, mais tarde na Rádio Energia.
Em 1997 é convidado a integrar o Grupo MCR, onde realizou diversos programas tanto na Rádio Comercial como na BEST Rock FM, com especial destaque para a A Hora do Lobo.
António Sérgio na «Rádio Crítica»: 04 Abril 2005; 10 Abril 2006
Neste final de verão, a praia ficou ainda mais vazia e a toca do lobo desabitada.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (13)
Interpretação para voz e seis flautas
MINA
Há alguns anos vi esta senhora numa actuação em Itália. Nasceu no dia 25 de Março de 1940, em Busto Arsizio, em Itália. Editou o primeiro disco em 1960. Chamam-lhe, carinhosamente de o tigre de Cremona.
Aqui uma recordação ao vivo na televisão estatal italiana em 1965, na versão do clássico – sempre actual – da bossa nova “Insensatez”. O seu português do Brasil é irrepreensível para uma transalpina de gema.
Quando a vi a escassos metros de mim, em cima dum palco ao ar livre numa praça da Toscânia, reparei num pormenor que, pelo menos no universo feminino, faz toda a diferença: os anos parecem não ter passado por ela. Na casa dos sessenta, continua incrivelmente bela!
Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado
Vinicius de Morais & Tom Jobim
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (12)
Live Earth
Muito longe da mediatização e da adesão de um Live Aid ou da sequela Live 8. Ainda assim um acontecimento. Em prol da Terra. Servirá de alguma coisa? Serviu para rádios de todo o mundo – Portugal incluído – fazerem emissões especiais durante a silly season.
Lisboa
Artistas nacionais em homenagem a Lisboa. Excelente trabalho de originais que tem passado (passou) ao lado de merecidas atenções por parte dos media portugueses. Na rádio, as excepções do costume não deixaram que o disco se perdesse, mas quanto ao resto… o autismo useiro e costumeiro. Destaque para a dupla – surpreendente – de Armando Teixeira & Rui Reininho. Se o vocalista dos GNR precisasse de uma parceria extra-grupo, aqui está ela. A ideal. De salientar ainda os estreantes Novembro.
Save Darfur
Uma colectânea de temas de John Lennon versado por artistas actuais. A intenção é sempre boa e de louvar, mas os poderes políticos nunca acompanham a velocidade das massas populacionais. Enquanto isso, o desastre humanitário no Darfur prossegue todos os dias.
As versões são, algumas delas, francamente boas. São os casos dos U2 (Instant Karma) e dos REM (#9Dream).
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (11)
Um verão frio e uma noite quente. Pela segunda vez, e sempre sem saber com antecedência, fui apanhado por um Carnaval de Verão na praia de Santa Cruz. Foi o mar duro que me levou ali, não a folia. Mas não havia como escapar à açorda de marisco na pizzaria da rampa e ao desfile carnavalesco… em Julho.
Esteve para ser um dia sem Rádio, mas agora me lembro: antes de sair de casa ouvi as notícias… na rádio.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (10)
Mais de mil páginas em fotocópias fizeram-me perder (perder ou ganhar?) horas e horas de sono ao longo deste verão. Noites em que via o sol a pôr-se e a nascer novamente sem que tivesse tirado os olhos duma interminável equação manuscrita e as mãos de um dicionário de significados físico-matemáticos. Um imenso exercício mental e tão fascinante que faz parecer insignificantes todos os nossos problemas terrenos.
Não serei certamente a sétima pessoa do mundo a compreender a teoria das super-cordas. Não tenho essa pretensão, mas só o facto de a ter começado a ler já produziu efeitos positivos. Entre eles uma mais alargada percepção do existencialismo. Mas não só. Desviou-me em definitivo da TV e pôs-me a ouvir mais música erudita (clássica e contemporânea). As únicas sonoridades compatíveis com este tipo de leitura.
E na Rádio? Até hoje não ouvi uma só palavra sobre esta revolucionária nova teoria. Talvez por ter perdido muito da sua magia, a Rádio agora não goste de mistérios nem queira desvendá-los.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Vozes de Mário Máximo, Maria Azenha e Francisco Queirós.
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quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (9)
Canções do meu verão em 1987
Memórias do verão de há vinte anos
As canções que se seguem não são do ano de 87. São sim algumas das que eu mais ouvi por esses tempos. Férias (escolares) grandes, adolescência na máxima força, inquietações novas e muito tempo a ouvir rádio. E foi assim que conheci estas canções. Na altura só existiam três rádios nacionais. Hoje são canções que já não passam nas rádios portuguesas. Não nas maiores.
O tema dos Stranglers que pretendia aqui apresentar era “La Folie” (1981), mas não existe no YouYube. Existe no entanto uma outra canção quase do mesmo tempo (1982) e que também fazia parte das minhas audições de então.
Os Art Of Noise vêm de 1984. “Moments In Love” ainda hoje perdura nas minhas audições, especialmente a longa versão original com mais de dez minutos de duração, aqui numa actuação ao vivo em 1986.
Por fim, o animal de palco que foi (e ainda é) Bruce Springsteen ao vivo com a sua E-Street Band. “Born To Run” é de 1975, aqui com numa colagem de imagens durante os anos oitenta. Esta versão live data do dia 19 de Agosto de 1985.
The Stranglers – Strange Little Girl
The Art Of Noise - Moments In Love
Bruce Springsteen & The E-Street Band - Born To Run
No próximo dia 2 de Outubro vai ser editado o novo trabalho de Springsteen com a E-Street Band. O álbum chama-se «Magic» e a primeira canção a ser conhecida já está a publicada, chama-se “Rádio Nowhere”.
P.S: Vinte anos depois, nem a música de Springsteen nem a Rádio têm a mesma magia. Why? Why? Why?
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (8)
Quer seja através da escuta de rádio, quer seja através de playlists, ou numa ou noutra viagem ao som dos acasos no auto-rádio, ou nas grandes superfícies fechadas ou a céu aberto, estas canções povoaram os ares, marcando o verão que agora se aproxima do fim. Não interessa agora se são boas ou más canções. Existiram de forma indelével nos meses quentes deste 2007 e, quanto mais não seja por isso, não se lhes pode ignorar a presença nos ouvidos (e agora nos olhos).
Jorge Palma - Encosta-te a Mim
Just Jack - Starz In Their Eyes
Give a Lil' Love - Bob Sinclar
Vanessa da Mata & Ben Harper - Boa Sorte/Good Luck
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (7)
Este foi – para mim – o filme deste Verão. Realizado no ano passado pelo turco Nuri Bilge Ceylan, trata-se da história de um casal que já não comunica. Ele, mais velho, é uma pessoa muito introspectiva e rudimentar na sua abordagem linguística. Ela, mais nova, é muito fechada e manifesta-se através de um desconcertante comportamento infantil. Ambos querem reencontrar-se, mas já é tarde demais. Os estados de alma quer de um, quer de outro, são magistralmente definidos pela paisagem e pelas condições climatéricas. Montagem surpreendente (sim, ainda é possível fazerem-se montagens surpreendentes em cinema sem efeitos digitais!). A banda sonora não lhe fica atrás e é introduzida no filme através de um auto-rádio.
A Turquia pode estar politicamente à porta da Europa Comunitária, mas na sétima arte em nada fica a dever aos seus vizinhos (longínquos) europeus.
Sessão com pouco público no cinema Nimas, em Lisboa, numa noite fria de Agosto em que tive que envergar uma camisola que não vesti em todo o Inverno. Climas…
Imagens de «Climates» com espaço e tempo narrativos.
Ver trailer aqui
Claro que não há bela sem senão e, para manchar a tela da sala escura, lá tinha que aparecer mais uma manifestação de sexo e violência gratuitos. «Death Proof» de Quentin Tarantino só tem para oferecer, para além de um infindável reportório de impropérios e quejandas verbalidades escatológicas, um clímax reduzido a um brutalíssimo choque frontal entre dois automóveis. Ainda lá apareceu uma jovem estrela animadora de rádio, mas essa faceta não chegou sequer a ser explorada. Muito pouco a juntar ao nada. Tarantino já mostrou melhor.
Sessão pipoca com lotação esgotada e um filme completamente a mais no meu cinema.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (6)
Maria Keil
Nasceu em Silves no dia 9 de Agosto de 1914. Frequentou o curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa. Em 1933 casou com o arquitecto Francisco Keil do Amaral. Na área da ilustração de livros para a infância ilustrou mais de 30 obras, destacando-se a longa parceria com Matilde Rosa Araújo. Ilustrou também obras para adultos de vários autores e textos da sua autoria. Ilustrou igualmente para publicidade e imprensa.
Uma retrospectiva da obra de Maria Keil, comissariada por Ju Godinho e Eduardo Filipe (os responsáveis da Ilustrarte) e organizada pela Câmara Municipal do Barreiro. Intitulada “A Arte de Maria Keil", pretendeu apresentar a vasta obra da artista, incluindo trabalhos de ilustração, azulejaria e pintura.
Também teve lugar o lançamento do livro “A árvore que dava olhos”, com ilustrações de Maria Keil e texto de João Paulo Cotrim.
Tanto a sua obra é pura, força de uma natureza de todas as estações, seus traços, suas cores levitam aéreos – mas reais e presentes.
Matilde Rosa Araújo
A exposição retrospectiva “A Arte de Maria Keil” teve lugar no Auditório Municipal Augusto Cabrita entre 5 de Maio e 31 de Julho.
http://www.ilustrarte.web.pt/
“Acompanhar com Intelectuais”; “A utopia, a paz e a imortalidade”; “Os teoremas de Deus”; “Gorda, Grega, Feia, de Boina e com cabelos nas pernas”; “Maria e os fantasmas”; “A Música como uma moral do tempo”.
Poucas vezes a Arte e a Rádio estiveram em tão profunda sintonia.
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Sons do mar e textos de Sophia de Mello Breyner Andresen, Daniel Filipe e Fernando Pessoa entre vários outros autores.
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (5)
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (4)
Para quem esteve em Lisboa em Agosto, este foi o concerto deste verão. Nostálgicos da década de 80, gente na casa dos 30 e 40 anos. Pessoas que, tal como eu, descobriram os Human League através da Rádio, especialmente nas emissões em FM Estéreo, ao tempo nas suas pioneiras incursões nos éteres nacionais. Os videoclips emitidos pela RTP só vieram anos mais tarde.
Philip Oakey, Susanne Sulley e Joanne Catherall satisfizeram a nostalgia desfilando – um a um todos – todos os grandes êxitos (e são muitos) desta banda de Sheffield. Os Human Legue, formados em 1977, entranharam-se em mim no ano de 1981 através do tema “Love Action”. Os Human League estão aí há trinta anos! É com essa memória que vos saúdo, queridos leitores nostálgicos de 80.
Rádio Nostalgia 1981
The Human League - Love Action (I Believe In Love)
04.Agosto.2007, Lisboa, Praça do Comércio. Imagem do concerto aqui!
Im only human
Of flesh and blood Im made
Human
Born to make mistakes
I am just a man
Please forgive me
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (3)
Memórias dos verões de 1984 e 2004, à custa de uma simples canção: "That Summer Feeling" de Jonathan Richman & The Modern Lovers. Entre um e outro ano, vinte anos separam o tempo em que tudo ainda era possível e o tempo em que quase tudo deixou de o ser.
P.S: A melhor versão deste tema não está disponível no YouTube. É do mesmo artista, mas acompanhado pelos Modern Lovers.
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O que eles dizem (26)
O medo é a maneira mais fácil e económica de governar.
(…)
Não há nada mais securizante do que ser agradável ao poder. E saber ser agradável ao poder é saber obedecer. Ser mais papista que o Papa. Talvez ir além do que o próprio governo quer.
José Gil
(Professor de filosofia)
In: «Fórum TSF», 12 de Julho 2007
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Ele disse: Por que é que vocês mulheres tentam sempre impressionar-nos com o vosso aspecto e não com o vosso cérebro?
E ela respondeu: porque é mais provável um homem ser imbecil do que cego!
In: «O Amor É…» de Júlio Machado Vaz e Ana Mesquita
RDP-Antena1
15 Agosto 2007
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- O que é que a literatura, Bernardo Carvalho, nunca poderá dizer?
- Eu acho que a literatura em princípio pode dizer tudo, inclusive a sua dificuldade em dizer coisas.
Bernardo Carvalho
(Escritor brasileiro)
In: «Pessoal e Transmissível» TSF, 21 de Agosto 2007
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (2)
Não foi nada fácil capitanear uma mais que desfalcada equipa, frente à mais forte formação do torneio, que viria a ganhar o troféu na final frente ao Diário de Notícias. O árbitro não favoreceu – e ainda bem – nenhuma das partes. Em nada contribuiu para o descalabro no resultado. Aliás, sendo quem foi, nem se esperava outra coisa. A TV na máxima força, a Rádio derreada. Mas o que conta (na hora da derrota) é a participação. Deu-se o que se podia dar. E até houve um ou outro momento de transcendência, com o nosso avançado a dizer que estava à beira de um iminente colapso cardíaco e, ainda assim, a conseguir o quase impossível: marcar dois golos! No final do torneio, o prémio de Fair-Play para a equipa da TSF. Parabéns à SportTV.
P.S: Em simultâneo, em todas as noites de jogo, ouvia-se ali perto do relvado a voz de uma querida antiga colega de rádio, a fazer soar nos altifalantes da feira do livro, os destaques do dia, o livro do dia, as sessões de autógrafos, etc.
Einstein era bem capaz de estar certo quando afirmou que vivemos em universos paralelos, numa quarta dimensão, e que só muito raramente temos essa percepção... se é que a chegamos a ter.
domingo, 2 de setembro de 2007
Coisas do Verão 2007 (1)
Some Velvet Morning
Breve homenagem a Lee Hazlewood (09.Julho.1929- 04.Agosto.2007) nas «Linhas Cruzadas» do programa «ladoB» nº142. Já disponível em formato podcast e para download.
Some velvet mornin' when I'm straight I'm gonna open up your gate And maybe tell you 'bout Phaedra And how she gave me life And how she made it end Some velvet mornin' when I'm straight
Flowers growing on a hill, dragonflies and daffodils Learn from us very much, look at us but do not touch Phaedra is my name
(...)
Flowers are the things we know, secrets are the things we grow Learn from us very much, look at us but do not touch Phaedra is my name
Some velvet mornin' when I'm straight Flowers growing on a hill I'm gonna open up your gate dragonflies and daffodils And maybe tell you 'bout Phaedra Learn from us very much And how she gave me life look at us but do not touch And how she made it end
Phaedra is my name
Mais sobre Lee Hazlewood por Francisco Amaral no blogue «Íntima Fracção».
sábado, 1 de setembro de 2007
Aí tens, Setembro!
The sun shines high aboveThe sounds of laughter
The birds swoop down upon
The crosses of old grey churches
We say that we're in love
While secretly wishing for rain
Sipping coke and playing games
September's here again
September's here again
David Sylvian – September (1987)
E ele estará cá em Outubro.