segunda-feira, 31 de março de 2014
Quando a Rádio Toca
Reportagem na Antena1 sobre Rádios Locais
Em Março de 1989, há exactamente vinte e cinco anos, eram oficializadas as licenças atribuídas às rádios locais em Portugal, depois de um silenciamento forçado, decretado pelo Governo de então. O silenciamento teve início no dia 24 de Dezembro de 1988. O pior presente de Natal para quem gosta de Rádio e estava a vibrar intensamente com a multi-oferta das rádios piratas.
Um quarto de século depois, o foco está num relatório da ERC, que informa terem encerrado nove rádios locais em 2013 (quatro do Algarve, duas no Norte, duas no Centro e uma no Alentejo) Cinco delas emitiam desde Março de 1989.
Este relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social não tem em conta, para esta contabilidade, as rádios cujas frequências foram adquiridas por outras estações já existentes, pelo que o número real de rádios locais encerradas é superior ao agora divulgado.
A reportagem, que a Antena1 emitiu esta segunda-feira, visitou a Rádio Antena Miróbriga, em Santiago do Cacém, a Rádio Voz de Alenquer e Rádio Brigantia, em Bragança, onde se encontra o famoso programa «Tio João».
Mas parece que ficou a faltar uma parte à reportagem.
A reportagem não diz quais as rádios locais que fecharam em 2013. Não há referência à actual Lei da Rádio que permite a compra de rádios locais por parte de grandes grupos económicos, nem diz que grupos são esses.
Mesmo sem poder contar com a contribuição do ministério da tutela, faltou ouvir-se uma análise atentada sobre o futuro próximo. Qual o caminho que se segue. O que vai acontecer a seguir. O que é necessário fazer. Que futuro para as rádios locais em Portugal?
Quando a Rádio Toca
Reportagem de Rita Roque
Antena1
Ouvir aqui
Lê-se no site da Antena1: Contactado pela Antena 1, o ministério de Miguel Poiares Maduro, que tem a tutela da Comunicação Social, não se mostrou disponível para comentar as críticas e os números que a rádio pública apurou.
domingo, 30 de março de 2014
Hoje em SANTA MARIA DA FEIRA
sábado, 29 de março de 2014
Hoje no BARREIRO
Ontem no BARREIRO
A assinalar o encerramento da exposição dos Sons do Arco Ribeirinho Sul no Auditório Municipal Augusto Cabrita um espectáculo muito especial: nada menos que um Concerto Para Olhos Vendados, com música composta exclusivamente a partir do arquivo sonoro gravado no âmbito deste projecto que retrata, em sons, a cidade do Barreiro.
Será, exactamente, como o título diz: o público coloca uma venda nos olhos, e durante aproximadamente 45min deixa-se comandar, precisamente, pela audição, escutando uma peça que o leva a viajar por entre lugares e recantos da cidade.
Uma experiência que aqueles que, em 2012, tiveram oportunidade de assistir ao anterior espectáculo do músico e arquivista sonoro Luís Antero, na Igreja da Nª Srª da Graça de Palhais, recomendam fervorosamente.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Hoje no SEIXAL
A Naifa – “Monotone”
Álbum: «3 Minutos Antes De A Maré Encher» (2006):
Antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior para debaixo da cama
Guardas o coração ainda adormecido bem dentro do teu corpo
E esqueces essa canção que já não passa na Rádio
Mas que vive secretamente dentro de ti.
quinta-feira, 27 de março de 2014
Emídio Rangel DIXIT
Extractos da entrevista do fundador da TSF ao jornal «i»:
A RDP não reconhecia a iniciativa das pessoas, era uma estrutura muito pesada, manietada pelos sucessivos governos. Comecei a pensar que Portugal não podia continuar a viver com uma emissora do Estado e outra da Igreja. Era necessário libertar a rádio, fazer um combate para que fosse possível criar novas emissoras. Depois do boom das rádios piratas concorremos a uma frequência e ganhamos uma local. Foi uma batalha que durou mais de seis anos, para conseguirmos que isso fosse possível e termos condições para fazer a TSF.
Mas nesse concurso não ganharam a frequência maior, regional, que ficou para a Rádio Correio da Manhã, e quedaram-se com uma local.
Deram-nos apenas uma frequência local, quando éramos uma emissora que privilegiava a informação. Houve uma clara manipulação política do concurso, aos governos da altura não interessava uma rádio independente do ponto de vista informativo, preferiam outro tipo de projectos menos dedicados a fazer informação. Aqui ganhou o Correio da Manhã, no Norte ganhou a Lusomundo. Decidiram a solução que lhes dava mais tranquilidade e segurança.
Como tentaram ultrapassar essas limitações?
Nós não aceitámos essas limitações. Passamos a fazer as coisas de uma maneira diferente. Não aceitávamos o "Portugal sentado" da agenda dos outros órgãos de comunicação social. Queríamos dar voz às pessoas. Ter gente dentro das nossas notícias. A informação que havia era uma informação cheia de hierarquias e muito respeitinho: primeiro apareciam as notícias do Presidente da República, depois eram as do primeiro-ministro, e a cadeia alimentar seguia com ministros, secretários de Estado, deputados, presidentes de câmara até aos chefes de repartição. Nós introduzimos uma pequena revolução: abríamos jornais com o que fosse importante. Tanto podíamos abrir com uma greve como com desporto. Isto era para muita gente um crime de lesa-pátria.
In: jornal «i»
Portugal 25 de Abril. 40 Anos
Por Nuno Ramos de Almeida, publicado em 25 Mar 2014
Fotografia de Rodrigo Cabrita.
Na íntegra aqui
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Emídio Rangel no Canal Q (propriedade das Produções Fictícias), entrevistado por Aurélio Gomes.
Emissão do dia 24 de Abril de 2010:
A TSF-Rádio Jornal (estação local de Lisboa), dirigida por Emídio Rangel, começou a emitir no dia 29 de Fevereiro de 1988.
O CMR-Correio da Manhã Rádio (rede regional Sul), administrado por Carlos Barbosa, encerrou em 1993.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Hoje na RADAR
O programa «Álbum de Família» dedica-se esta semana ao músico João Ribas, falecido há dias, através de um dos seus projectos musicais mais conhecidos. O álbum dos Censurados, editado em 1990.
RADAR
«Álbum de Família»; realização de Tiago Castro.
Hoje às 14.00 / Domingo ao meio-dia / Segunda-feira da próxima semana às 23.00.
terça-feira, 25 de março de 2014
Até ao fim do mês na GALIZA:
segunda-feira, 24 de março de 2014
Informação e Radiojornalismo na era Digital
Ecos do Colóquio «Informação e Radiojornalismo na era Digital» promovido pelo Group de Recherche et d’Etudes sur la Radio (GRER), que decorreu nos passados dias 20 e 21 em França:
Entre as vantagens de estar presente na Internet encontradas pelos jornalistas respondentes [Inquérito], sublinham-se a rapidez, a autonomia e a qualidade do trabalho, mas é curioso verificar que os jornalistas responderam que as principais vantagens são para as entidades empregadores e menos para os profissionais. Por outro lado, os jornalistas da rádio entendem que a principal desvantagem desta relação entre rádio e Internet é o facto de ser pedido aos jornalistas que possuam capacidades e competências técnicas e tecnológicas que muitos não possuem.
(…)
Outras temáticas do congresso versaram sobre os novos modelos de participação na rádio decorrentes da criação de sites e da presença nas redes sociais, em particular o Facebook.
Mais no blogue «Rádio e Jornalismo» de Luís Bonixe aqui
domingo, 23 de março de 2014
Hoje em LISBOA
sábado, 22 de março de 2014
Hoje no BARREIRO
sexta-feira, 21 de março de 2014
Hoje em LISBOA
E se de repente acordasse num quarto estranho, sem saber como lá foi parar, sem conhecer ninguém à sua volta e pior… nem sequer sabe como sair! Assustado? Pois, é assim que começa (DES)CONHECIDOS, o novo espectáculo do Pequeno Palco de Lisboa, com Alexandra Rocha, Mafalda Vilhena, Pedro Bargado e Rui Luís Brás, com estreia marcada para dia 20 de Março no Teatro Turim, em Benfica.
Dia 20 de Março estreia (DES)CONHECIDOS, uma comédia repleta de suspense e tramas que vão prender a atenção do espectador, com interpretação de Alexandra Rocha, Mafalda Vilhena, Pedro Bargado e Rui Luís Brás.
Dois homens e duas mulheres acordam num quarto decrépito de onde não conseguem sair. Não se conhecem, nem têm ligações entre si. Várias teorias começam a surgir nas suas cabeças para justificar a presença naquele lugar, desde as mais plausíveis até às mais disparatadas, mas à medida que o tempo vai passando, vão caindo por terra. (DES)CONHECIDOS é uma divertida comédia que procura explorar o que de mais sensível e perverso há em cada um de nós – polos que por vezes se podem tocar.
Mafalda Vilhena e Alexandra Rocha dão vida às duas personagens femininas da peça, a primeira depressiva e amarga e a outra sedutora e ambiciosa. Pedro Bargado interpreta um homem carente, aparentemente agressivo e com um humor infantil, que contrasta com a personalidade dominante da personagem de Rui Luís Brás, um homem nervoso, muito inteligente, que se torna obcecado em descobrir a verdade.
(DES)CONHECIDOS com Alexandra Rocha, Mafalda Vilhena, Pedro Bargado e Rui Luís Brás, estreia a 20 de Março no Teatro Turim e estará em cena 5ªs, 6ªs, Sábados às 21h30 e Domingos às 17h00, até final do mês.
Encenação: Rui Luís Brás
Texto: Hugo Barreiros e Rui Luís Brás
Cenografia: Natércia Costa
Figurinos: Vera Duarte
Interpretação: Alexandra Rocha, Mafalda Vilhena, Pedro Bargado e Rui Luís Brás
Datas: 20 a 30 de Março, 5ª a Sábado às 21h30 e Domingos às 17h00.
TEATRO TURIM – Estrada de Benfica nº 723, 1500 Lisboa.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Hoje em ESTRASBURGO
quarta-feira, 19 de março de 2014
Prova madura
Em qual outro programa de Rádio em Portugal, nos dias de hoje, seria possível entrevistar um ministro do Governo em exercício e tratá-lo por tu? Ainda por cima, sendo o ministro da tutela? Só na «Prova Oral»!
O forum interactivo mais descomplexado da Rádio portuguesa teve, há duas semanas, outra emissão memorável. O que não surpreende. Já por lá passaram muitos ilustres – e menos ilustres, ou não tão ilustres assim – convidados. Mas nem todos se deixaram tratar directamente de forma tão informal.
O que mais surpreendeu foi o próprio ministro Miguel Poiares Maduro embarcar na onda. E não é que foi pela positiva? Surpreendeu também por algumas das revelações pessoais que fez. Entre muitas das coisas que disse, declarou-se fã dos Dead Can Dance! Desta é que não estava à espera.
Ouvir aqui
terça-feira, 18 de março de 2014
Hotel Babilónia
O programa da dupla Pedro Rolo Duarte e João Gobern completou este mês cinco anos de existência na Antena1.
O programa comemorativo foi transmitido em directo do renovado mercado do bairro de Campo de Ourique, em Lisboa. Boa iniciativa! Na história do «Hotel Babilónia» já antes houve outros exteriores.
Trata-se de uma espécie de tertúlia semanal entre dois bons amigos, que se conhecem há muito. Curiosamente, a maior parte das emissões são feitas com uma distância de trezentos quilómetros entre os protagonistas. Rolo Duarte nos estúdios em Lisboa, Gobern em Vila Nova de Gaia.
Paralelamente à boa relação pessoal que transparece na emissão que realizam em conjunto, ambos percorreram no passado estrada juntos na Rádio Comercial e no extinto CMR-Correio da Manhã Rádio.
Nunca pude ser o melhor dos ouvintes do «Hotel Babilónia», mas das vezes que fui escutando ao longo destes últimos cinco anos, tive sensações contraditórias. Desde irritabilidade nos momentos mais excessivamente descontraídos, que roçaram a boçalidade, aos momentos de riso aberto por tiradas engraçadas muito bem aplicadas.
Há aqui um aparente paradoxo entre o correcto e o incorrecto por se estar em ambiente de serviço público.
Tratando-se de uma estação pública, os excessos de informalidade nem sempre caem bem. Expressões como “arrotar postas de pescada” não são bem-vindas ao principal canal da rádio pública, especialmente num horário de final da manhã de Sábado. Por ventura, soariam menos mal num programa descomplexado por natureza, como é a «Prova Oral» na Antena3, por exemplo, ou noutra tertúlia ou debate conjunto no canal mais jovem da RDP. Mas na Antena1 parece-me sempre excessivo. Numa estação privada tudo bem (ou não), consoante os casos.
A Antena1 possui aquele pesado ónus de ter que dar o melhor dos exemplos, porque é paga pelos contribuintes e também porque não tem como desígnio (não devia ter) concorrer com operadores privados.
Mas o que seria uma saudável tertúlia sem alguns excessos?
Há, no entanto, uma pratica no «Hotel Babilónia» que sempre achei mal. Não é exclusiva deste programa. Acontece em vários outros, como se fosse uma inevitável tradição radiofónica. Um mau vício.
O programa tem duas horas. Na primeira, Pedro Rolo Duarte e João Gobern vão falando sobre os principais acontecimentos da semana, entre-cruzando as palavras com música. Ora apresenta um, ora apresenta outro. São escolhas assumidamente pessoais e livres. E é assim que deve ser.
A segunda hora conta com a presença de um convidado(a). A conversa a três é sempre muito interessante. O único senão, o tal “vício”, é a saborosa conversa ser interrompida, pelo menos uma ou duas vezes, para os realizadores meterem no ar mais música que escolheram. Para quê? Com que necessidade? A primeira hora já tinha tido espaço para isso. Assim se corta um bom raciocínio, uma boa frase, uma boa ideia que estava a ser exposta pela pessoa convidada. Retira-se tempo ao convidado(a) para ser introduzida mais música. Sinceramente, acho mal. São minutos preciosos de conversa a troco de música, por muito boa que ela seja (normalmente é).
Seria muito mais agradável a segunda hora ficar totalmente dedicada à conversa a três. Debelava-se a “tradição”, davam-se mais uns minutos à conversa que, de tão boa, parece nunca conseguir caber no tempo a que lhe está destinada e acabar-se-ia com um malfadado vício de “cortar a boa onda” da palavra.
Este é, notoriamente, mais um exemplo dos muitos casos em que, na Rádio, a música está a mais.
Hotel Babilónia
Antena1, Sábado das 10:00 às 12:00.
Repete na madrugada de Domingo para Segunda-feira, das 03:00 às 05:00.
segunda-feira, 17 de março de 2014
DISCOTECA
Neste mês de Março em que a Rádio Comercial celebra o 35º aniversário, a memória de mais um dos programas que fizeram a História da Rádio em Portugal.
Depois, dado o sucesso do espaço da autoria de Adelino Gonçalves, «Discoteca» passou para um horário diário, de segunda a sexta-feira, das 13:00 às 15:00. Foi neste horário que se tornou numa emissão de culto, ainda hoje lembrada por todos quanto a escutaram durante anos a fio no FM da Rádio Comercial
Também contou com as colaborações de José Maria Corte-Real [O Espião Que Veio do Frio], Eduardo Guerra e Darwin Cardoso. Dos vários apontamentos, por exemplo o top Funktastico, o mais apreciado era o Power-Play.
No programa eram divulgadas listas da revista norte-americana Bilboard como a Black Singles, o histórico Hot 100 e ainda o top inglês.
Havia também os destaques que marcavam os dois mercados mais importantes (Londres e Nova Iorque).
Foi o primeiro programa de música de dança a ter grande projecção na Rádio nacional, num período em que o país estava musicalmente dominado pelo chamado ‘boom’ do Rock português.
Adelino Gonçalves, voz de ouro, era então um jovem de vinte anos de idade. Mostrou-nos o que mais ninguém mostrava na altura: boa música negra, dançável. Mas não só. «Discoteca» foi um programa ponta-de-lança na Rádio. Inovador e moderno.
Extractos de uma entrevista de Adelino Gonçalves ao jornal PÚBLICO em Janeiro de 2003:
Eu estava a fazer o Contacto na onda média [da Comercial] e o Jaime Fernandes queria que eu fosse para o FM. Havia um espaço ao domingo à tarde, de quatro horas, e que era um alternativa ao Passeio dos Alegres, do Júlio Isidro, na RTP1, e aos relatos de futebol.
(…)
Decidi experimentar num espaço tão longo a música que só se ouvia nas discotecas, que as pessoas tinham que ir às discotecas ou 'boîtes' para dançar e tomar conhecimento, porque não se ouvia em rádio. Achei interessantíssimo, era um filão, e que se adaptava à experiência.
(…)
Não havia música. Havia um circuito de importação para os DJ, muito restrito, um bocado à candonga, porque era contra a lei... E eram preços exorbitantes, vinham coisas da América, algumas de Londres. Fui ter com alguns DJ e disse: 'Eis uma óptima ideia para fazer um programa – música negra em todas as vertentes, soul, funk.' E nos primeiros programas socorri-me do José Maria Corte-Real e do Darwin Cardoso. E foram passando a palavra e foi-me chegando muita música.
(…)
Não queria fazer um programa como os outros. Queria fazer divulgação, comecei a fazer pesquisa, pedia informação às editoras dos artistas lá fora, lá me punha a fazer grandes especiais.
E assim criou público que não havia?
Havia um público que ia ao Charlie Place, ao Antigo Charlie Brown, ao Bananas, os frequentadores das discotecas, e que gostavam de ouvir essa música na rádio; e criei um novo tipo de ouvintes, que era a malta que não estava sintonizada com esse tipo de música e que passou a ouvir o programa. Foi ao contrário: começou a ouvir o programa e depois a ir à discoteca.
E agora?
Não sou um revivalista militante. Acho que nos anos 80, na música negra havia muito mais por onde escolher, quer fosse a soul music, a mais tradicional, a mais ortodoxa, quer fosse o funk com raízes no jazz, quer fosse a mais deliberadamente de dança. Em muitas situações agora há 'déjà vu'. Por exemplo, Morcheeba... já ouvi isto. O próprio Robbie Williams, com o 'Rock DJ', foi buscar a métrica ao 'Saddle up', do David Christie.
Terminada a década de 80, Adelino desapareceu...
Passei pela Rádio Energia. A ideia do Luís Montês [director] era eu reformular a música, porque aquilo vinha com alguns vícios metaleiros. Fui à experiência, e não queria ficar com o odioso de impor às pessoas que tinham transitado o meu gosto e ao fim de um ano preferi ir embora. E aí acabou a rádio.
Está desiludido com o rumo que a rádio em Portugal tomou?
Completamente. Perdeu-se a personalidade, não há espaço. Não quero com isto dizer que não deva haver rádios onde se siga a 'playlist' - mas não apenas a 'playlist'. E dentro dela poder-se personalizar. Era esse o encanto, o 'opinion maker'. A voz que está na rádio A é igual à da rádio B. Há colegas que se queixam, as directrizes são no sentido de falar o menos possível.
In: PÚBLICO, Suplemento Y
Eurico Monchique
10 de Janeiro 2003
Em 2002 foi editada uma colectânea dupla, em CD, com alguns dos mais emblemáticos temas divulgados pelo programa, incluindo “On The Beat” do colectivo nova iorquino The B.B. & Q. Band.
domingo, 16 de março de 2014
As Noites Longas do FM Estéreo
Neste mês em que a Rádio Comercial celebra o 35º aniversário, vem à memória outro dos programas mais famosos da História da Rádio em Portugal.
Teve início em 1982 e acabou em Fevereiro de 1988, quando a Rádio Comercial já estava a sair da sua fase fulgente.
Os domingos à noite, das 21:00 às 00:00, eram sagrados. Histórias com disco ao meio, era uma das frases descritivas. Ou ainda esta: Um programa feito nas calmas. O final de cada emissão era com: Então bom soninho… se for caso disso.
As histórias eram curtos contos, ditos por António Santos.
António Santos foi o realizador de sempre nos seis anos de programa, com as participações nos textos de João Viegas, Eduarda Ferreira e Guerra Carneiro.
Apresentação sóbria e música de toada lenta e suave.
Sublime.
AS NOITES LONGAS DO FM ESTÉREO
Ao contrário do que se poderia pensar, trata-se de histórias curtíssimas, de fino humor, que procuram não a gargalhada, mas o sorriso cúmplice. "Essas pequenas histórias, que como pontuam belíssimos momentos musicais ao longo de todo o programa, são um exemplo de utilização inteligente, e diferente, do ‘non-sense’.
Rui Cartaxo
In: Se7e
Com António Santos à cabeça e João Viegas na "sombra", sempre na mesma linha, "quem conta um conto aumenta um disco" e já está uma emissão de realização simples e linear e, no entanto, boa como poucas.
In: Diário de Notícias.
Ou como se pode ser simultaneamente terno e mordaz, divertido e atrevido, paliativo e chocante. Uma taça de ternura seguida de um balde de água fria.
In: Diário de Lisboa
As noites longas do FM Estéreo é daquelas emissões que o "contra" não perde. Boa música no horário certo, os textos curtos, bem lidos, quase sempre a merecer, pelo menos, um sorriso.
In: Correio da Manhã
Dois exemplos do estilo de textos debitados no programa:
On The Rocks
Quero mais gelo, por favor!" O empregado colocou duas pedras no copo. "Mais gelo. Estou cheio de calor. Mais gelo!" Dezoito pedras depois, o cliente continuava a pedir: "Mais gelo, ó homem, um pouco mais de gelo!"
Sub-repticiamente o empregado carregou no botão oculto pelo reposteiro. O icebergue que caiu do tecto raspou na testa do cliente, de leve, e aterrou no copo com grande estrondo.
O burro
Sempre lhe tinham chamado burro. Na escola os colegas riam-se dele. As namoradas troçavam do comprimento das orelhas. Consideravam-no teimoso e pouco inteligente. Quando não o apelidavam de burro, os nomes escolhidos eram ainda piores. Triste, abanou as orelhas e zurrou prolongadamente.
In: «Telefonia»
Matos Maia
sábado, 15 de março de 2014
Hoje em LISBOA
sexta-feira, 14 de março de 2014
Hoje em VENEZA
quinta-feira, 13 de março de 2014
Hoje, amanhã e depois em LISBOA
quarta-feira, 12 de março de 2014
Pão com Manteiga
Agora que a Rádio Comercial celebra o 35º aniversário, vem à memória um dos programas mais famosos da História da Rádio em Portugal.
Teve início em Maio de 1980 na Onda-Média da Rádio Comercial e conheceu várias fases de transmissão. A primeira, de Maio a Dezembro de 1980; A segunda, de Maio a Dezembro de 1982; A terceira, de Outubro de 1982 a Maio de 1983; A quarta e última, de Maio a Agosto de 1988. Nesta última fase com um suplemento em papel no jornal vespertino A Capital.
Era transmitido nas manhãs de Domingo, das 10:00 às 13:00.
Pão com Manteiga foi uma autêntica pedrada no charco na rádio portuguesa. O humor estilo non sense não existia na rádio, poucos estavam habituados, muitos, talvez, ignorassem do que se tratava.
As primeiras reacções do auditório não foram muito positivas… Grande parte dos textos, das citações, dos curtos diálogos ou das frases breves escapavam ao ouvinte comum.
Matos Maia
In: «Telefonia»
Círculo de Leitores, 1995
A equipa teve renovações ao longo do tempo do programa. Ficam aqui os nomes de todos os membros: Carlos Cruz, José Duarte, Mário Zambujal, Bernardo Brito e Cunha, Eduarda Ferreira, Orlando Neves, Joaquim Furtado, José Fanha, Artur Couto e Santos, Clara Pinto Correia, Luís Macieira, e João Miguel Silva.
São realmente textos tão surpreendentes que ainda hoje vivem por si, como se fossem fulgurantes retratos de fantasia e permanecem como então, à frente do tempo dos próprios fotógrafos.
José Nuno Martins
Ao estilo inovador de humor – nem sempre bem compreendido – da época, hoje em dia chamar-lhe-iam Humor inteligente. Sarcástico, mordaz e acutilante. Mas sempre com muita graça.
Uma selecção de textos foi originalmente publicada em dois volumes nos anos de 1980 e 1981. Anos mais tarde, houve uma reedição pela Oficina do Livro.
João David Nunes, o fundador e primeiro director da Rádio Comercial, explica em entreva televisiva a origem do nome do programa «Pão com Manteiga»:
João David Nunes entrevistado no Canal Q por Aurélio Gomes, também ele um excelente profissional de Rádio que, curiosamente, passou em tempos pela Rádio Comercial, mas já na fase da pós-privatização.
Não tão curiosamente assim é o facto de Aurélio Gomes estar fora da Rádio desde o encerramento / “descontinuação” do RCP-Rádio Clube Português em Julho de 2010. Que desperdício!
terça-feira, 11 de março de 2014
Rádio Comercial 2014
Três décadas e meia depois da fundação da Rádio Comercial, o humor é o prato forte da estação privatizada em 1993.
Humor feito por humoristas nas manhãs de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 10:00.
A equipa realizadora é sólida. Faz um bom trabalho, dentro do estilo, e fá-lo muito bem feito. Nenhuma dúvida quanto a isso. Apesar de nem toda a gente apreciar intervenções humorísticas na Rádio logo pela manhã a caminho do trabalho.
A dúvida é outra, de natureza bem diversa. E não é de agora.
Tem sido muito apregoado, a partir do mês de Julho de 2012, que a Rádio Comercial é a mais ouvida pelos portugueses. Segundo as sondagens [Bareme Rádio da Marktest] desde essa altura, destronou a rival RFM, que liderava isoladamente há cerca de uma década. Pode-se acreditar facilmente que são as manhãs mais ouvidas nos auto-rádios durante esse período matinal nos dias úteis, muito à conta de Ricardo Araújo Pereira, o melhor humorista português dos últimos doze anos.
Mas o que é a Rádio Comercial nas restantes horas do dia e da noite? E ao fim-de-semana? Uma Rádio que emite música comercial do ano 2000 em diante. E então? É isso que faz uma estação de Rádio ser a mais ouvida dos portugueses? Por exemplo, é a Rádio Comercial a mais ouvida quando joga o Benfica ou a Selecção Nacional de Futebol? É a Rádio Comercial a mais ouvida, por exemplo, quando há acesos debates políticos ou outros, ou quando acontece uma novidade de última hora?
Enquanto não houver – se é que algum dia haverá – um método mais fidedigno em conseguir-se apurar as audiências reais de Rádio, a verdade que não convém a ninguém continua a persistir. Continua a ser uma e apenas esta: A Rádio mais ouvida é coisa que não existe. Independentemente de qual for a estação que estiver no topo da lista. Seja a Comercial, a RFM, a Renascença, ou outra qualquer.
Afirmar o seu contrário, e querer convencerem-nos disso, é pura manobra de Marketing.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Mixórdia de Temáticas
Há pouco mais de um mês que a crónica humorística «Mixórdia de Temáticas» regressou às manhãs da Rádio Comercial, após um ano de intervalo.
A Rádio com o nome de Rádio Comercial faz esta semana 35 anos. Chamo-lhe Rádio com o nome de Rádio Comercial porque o perfil inaugural de 1979 nada tem que ver com o actual. Mas esse assunto das estações de Rádio que mantêm o nome de baptismo, apesar das várias alterações de perfil, não é agora para aqui chamado.
Apenas se pretende referir o aniversário da melhor Rádio portuguesa da década de 80, fundada por João David Nunes, a par do agradecimento por, nas actuais manhãs, estar presente o melhor humorista português da última dúzia de anos.
Este agradecimento é ainda mais visível (o termo visível tem aqui uma especial razão de ser) porque, contra todas as regras básicas e clássicas da Rádio, são disponibilizados no YouTube os vídeos dos episódios da dita crónica, sem ter que se ouvir em directo na emissão matinal.
Ricardo Araújo Pereira é uma espécie de €uromilhões para a Rádio Comercial. É ele que – dizem – fez desta estação nacional a mais ouvida pelos portugueses actualmente. Mas atenção: a mais ouvida de manhã entre as sete e as dez horas, de segunda a sexta-feira (nisso ainda consigo acreditar), não a Rádio mais ouvida em Portugal. Isso é, como já anteriormente aqui se disse, matéria do insondável.
sábado, 8 de março de 2014
Boas canções de 2014… que não passam na Rádio
Sun Kill Moon – Micheline
Spain – In My Soul
Linda Perhacs – River
of God
Charles Bradley – Victim of Love
sexta-feira, 7 de março de 2014
Boas canções de 2014… que não passam na Rádio
Damien Jurado –
Metallic Cloud
Dean Warham – My Eyes
Are Blue
Snowbird – Porcelain
Real Estate – Talking Back Wards
quinta-feira, 6 de março de 2014
Boas canções novas… que não passam na Rádio
Low – Just Make It Stop
Goldfrapp –
Annabel
Billy Bragg
– Goodbye Goodbye
Bill Callahan – The Sing
quarta-feira, 5 de março de 2014
Boas canções novas… que não passam na Rádio
Julia Holter – Hello Stranger
Roy Harper – January Man
Prefab Sprout – Billy
My Bloody Valentine – Only Tomorrow
terça-feira, 4 de março de 2014
Boas canções novas… que não passam na Rádio
The Shouting Matches – "Gallup, NM":
Mazzy Star – "California":
John Grant – "GMF":
Josephine Foster – "I'm A Dreamer":
segunda-feira, 3 de março de 2014
Também queremos pizza!
Pelo segundo ano consecutivo, a Rádio ficou fora dos Óscares.
No ano passado aconteceu pela primeira vez em mais de duas décadas. Poderia ter sido uma circunstância pontual, uma vez sem exemplo. Mas não. A ausência da transmissão da cerimónia por parte da Rádio este ano confirmou o que já se suspeitava: uma aposta em não apostar!
Ao fim de mais de duas décadas já nem sequer se tratava de uma aposta. Era uma certeza. Era uma tradição, assegurada pela RDP há quase dez anos (até 2012).
Lá diz a gasta frase que a tradição já não é o que era e em 2014 chegou a confirmação definitiva. Um erro. Uma decisão totalmente fora da inteligência.
Justificar com “A Crise” é argumento inaceitável. Os meios para a realização desta emissão especial já existiam. O orçamento para o mês ou para o ano já estava fechado. Não se trata de uma despesa extra ou suplementar. É desinteligência (para não chamar outra coisa) de quem decide e manda.
A última palavra está a caber, vezes demais, a quem não percebe o que está a fazer. Ficou muito mal na selfie!
O assunto morre assim e acaba aqui. Só poderá a ser novamente abordado se algum dia a Rádio voltar a brilhar na noite das estrelas. Por ora, reina a fome e a escuridão.
Nota: A compreensão da frase “Também queremos pizza!” está reservada a quem acompanhou em directo as imagens da 86ª cerimónia da entrega dos Óscares via TV.
Ver Os Óscares na «Rádio Crítica» (2009) + (2013).
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O que eles dizem:
Nós todos estamos convencidos de que, depois de um período de intenso desenvolvimento científico e económico, a sociedade sai reforçada, as pessoas mais contentes, seguras delas próprias, os valores colectivos mais estáveis. Porém, é exactamente o contrário que é verdade. As épocas de um impetuoso desenvolvimento económico e científico criam bem-estar, mas, ao mesmo tempo, alteram a estrutura profunda da sociedade, os modos de vida. Fazem emergir novas classes sociais e fazem declinar outras, promovem novas actividades e tornam obsoletas as velhas. Mas, sobretudo, comprometem os valores consolidados, os modos de viver tradicionais e tranquilizadores sem que outros lhes tenham tomado o lugar. Por isso difunde-se um obscuro mal-estar social e o futuro apresenta-se ameaçador e incerto.
Francesco Alberoni
In: «La Speranza», 2000.
domingo, 2 de março de 2014
Todas as noites são dias de Rádio
Where was I when the lights went out?
Up in my room listening to twist and shout
Out on the airwave, a big dance band
On the All Night Rádio!
sábado, 1 de março de 2014
Hoje em LISBOA
Do Amor é a celebração em jeito de aventura adolescente de um grupo de incuráveis românticos – é exactamente como nos poemas, é como nos filmes, é quase como na Disney, da matéria dos sonhos. Isto é amor em tempos de cólera, em tempos sem tempo. Um dia, Platão diz, fundamental, Platão diz que o amor é fundamental – e antes que nunca encontremos aquele-das-nossas-vidas, decidimos fazer amor, like there’s no tomorrow. E vivermos felizes e para sempre, porque estamos no teatro, e lermos todas as cartas de amor, que são ridículas, e cantarmos, sem segredo, as músicas das viagens de carro à chuva e morrermos, ao menos um dia, por amor – quase como se dele não nascesse agora nenhuma descrença.
Interpretação: Catarina Rôlo Salgueiro, Cátia Terrinca, Mário Abel, José Leite, Ricardo Boléo
Coordenação Dramatúrgica: Cátia Terrinca, Ricardo Boléo
Fotografia: Alípio Padilha
Luz: Sara Garrinhas
Coprodução: UmColetivo, Teatro Turim
TEATRO TURIM – Estrada de Benfica nº 723, 1500 Lisboa.